Estamos todos aguardando o professor chegar para mais uma aula chata, apesar dos livros recomendados durante a mesma serem bons. Na minha extrema concentração em um deles, Conte-me Seus Sonhos, não percebi quando a distração começou. Eu estava concentrado lendo o livro de meu autor preferido, único do qual tenho orgulho de dizer que li e que carrego para todos os cantos em que vou.

No canto de minha visão, posso ver uma luz semelhante a de uma lanterna, a me distrair com crescente vontade. Na minha inocência, acreditei que era somente um dos desordeiros da sala tentando tirar a minha concentração para dizer que finalmente ganhou uma aposta. Seja parada ou em movimento, a maldita parece estar bem na minha cara, como um aviso para que eu deixe o livro e comece a prestar atenção nela.

Cansado daquilo, arrisco uma olhadela na direção da "luz" e tudo o que vejo é uma garota linda de cabelos extremamente vermelhos e olhos verdes luminosos. Ela olha em minha direção, dividindo comigo um sorriso travesso e convidativo. Atras dela, a porta da sala esta aberta, como se nunca tivesse existido e uma iluminação amarela irradia de dentro, como uma lampada das antigas; no meio da luz posso ver uma cidadezinha cheia de telhados vermelhos e arvores. O que seria o batente da porta, se tornou ramos de espinhos entrelaçados dos quais ela nem parece se dar conta.

–Vem.

A garota estende uma mão em minha direção ainda com aquele sorriso travesso em seu rosto, como se me convidasse a entrar. Surpreso, pisquei um instante para ver melhor o rosto e para onde a garota esta me convidando a ir.

Grande erro, pensei. Logo que o fiz, ela sumiu. E tudo o que vi foi a porta cinza da sala e um monte de alunos conversando.

O livro que estava lendo esta ainda na pagina que me deixei ser distraido, uma pagina que não me recordo de iniciar a ler. E a partir dela, reiniciei minha leitura com esperanças de ter a mesma distração de instantes atras. Aquela garota de cabelos tão vermelhos quanto o sangue e olhos verde luminosos não saem de minha mente, como um constante lembrete daquilo que poderia ter tido caso a acompanhasse.