Esse é o Meu Pai escrita por Virgo


Capítulo 6
Bônus: Canção


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora T-T
Não foi intenção minha, mas aconteceu, né?
Bem, sem mais delongas, eu espero que me perdoem e que gostem do cap. novinho ^.^



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Nem tudo que queremos, somos capazes de ter...

Fukano tinha 3 anos e era treinado para se tornar um Cavaleiro desde que aprendeu a andar. Seguia o treinamento a risca, tinha vários “professores”, Cavaleiros de Ouro, Cavaleiros de Prata e Amazonas, a quem prestava muito respeito, mas sua Mestra era sua Mãe, a quem devia um grande carinho. Nunca questionou a vida que levava, sempre fazendo de tudo para se tornar um eximiu Cavaleiro. Sua força e seu caráter sempre o distinguiram, o tornando um dos Aspirantes mais dedicados e admirados.

Fukano agora chorava. Chorava no cemitério dos Cavaleiros de outrora, perdido entre lapides, chorando por tudo que lhe era inatingível, chorando por tudo que lhe era impossível, tal como seu nome. Fukano, o “Impossível”.

Mais cedo, tinha ido com Marin de Águia à vila próxima ao Santuário, onde comprariam mantimentos. Enquanto andava, viu crianças de sua idade correndo e brincando, se divertindo com coisas aparentemente tolas, rindo junto a amigos, irmãos, pais, família. Crianças que só conheceriam metade da responsabilidade que Fukano carregava nos ombros na vida adulta, crianças cuja única preocupação era: Do que brincarei após o almoço? Quando eu, papai e mamãe vamos passear? Qual brinquedo devo escolher? Com quem devo brincar?

Crianças que possuíam um tesouro inimaginável, um tesouro que mais parecia um sonho aos olhos de Fukano. Infância.

Fukano só treinava e estudava, não tinha tempo para brincar, não tinha tempo para ser o que era, uma criança. Sempre foi assim. Da hora em que acordava até o entardecer, era treino. Do entardecer até a calada da noite, era estudo. Na calada da noite, prestava respeito aos Cavaleiros que jaziam no cemitério, colocando sobre cada uma das lapides uma flor diferente, sempre eram Rosas para os Peixes. E depois, cama, para que seguisse a mesma rotina no outro dia. Sempre centrado no dever, tinha total consciência de sua responsabilidade e total consciência do que sua falha poderia acarretar, mesmo que desconhecesse os fatos. Mal pode voltar para o alojamento que dividia com a mãe. Queria apenas desistir.

Fukano queria ser uma criança ao menos um dia na vida, não um Aspirante 24h por dia, 7 dias por semana. O que não daria por um dia sendo apenas uma criança? Suas perguntas, dúvidas e dores se condensavam em lágrimas, que mesmo sendo limpas voltavam a brotar e escorrer, marcando o rosto infantil.

Porque não podia ser como as outras crianças de sua idade? Porque tinha que se tornar um Cavaleiro? Porque tinha que lutar por uma deusa que pouco via e conhecia? Porque tinha que treinar para conseguir uma armadura, se tinha muitos outros que eram mais fortes e capazes do que ele? Porque tinha sido escolhido para algo assim? Porque tinha que ter tanta responsabilidade? Porque tinha que suportar tudo sem dar um pio? Porque? Porque?

Tantas perguntas. Nenhuma resposta. Tantas incertezas. Nenhuma paz. Tanta culpa...

Chorava não só por nada saber, por nada entender, chorava também por questionar a quem tanto amava, respeitava e admirava. Não sabia o que fazer, não sabia o que pensar. Como aquietar seu coração se nada sabia, tudo questionava e por todos se culpava? Como aquietar seu coração se ele estava se afogando em tristeza e lágrimas? Como?

Passou tanto tempo chorando escondido que começaram a procurá-lo. Tinha vergonha de chorar na frente dos outros, por isso, sempre que passavam junto ao cemitério, ele se escondia atrás das lapides. Já era madrugada e não desistiam de procurá-lo, estava sentado atrás de uma pedra que ficava entre as lápides de Dégel de Aquário e Kardia de Escorpião, apenas tentando conter as lágrimas.

¬ Porque choras, minha criança? - uma voz doce questionou.

Fukano conhecia bem aquela voz, a ouvia desde que nascera. Ainda de cabeça baixa e corpo curvado se ajoelhou formalmente perante a mulher a quem devia respeito.

¬ Lady Atena. - não pode disfarçar a voz embargada. - O que desejas?

Ela se aproximou, se ajoelhando de frente para ele e segurou seu queixo com gentileza, fazendo-o erguer o rosto. Fukano soltou um soluço estrangulado ao perceber que deixava suas lágrimas caírem na frente de Saori Kido, na frente de Atena.

¬ Porque choras, minha criança? - perguntou docemente.

Tentou engolir as lágrimas e o soluço que queria subir por sua garganta, mas falhava miseravelmente, tentava se controlar o máximo possível, com pouco sucesso. Pensou em como resumiria tudo o que sentia para mulher de olhos turquesa.

¬ Choro por saber que nada sei, Lady Atena.

Ela nada falou, apenas abriu os braços e esperou. Fukano tentou se conter, mas seu coração não permitiu, o menino se agarrou a deusa e chorou, chorou e chorou. Ela o abraçava e acariciava seus cabelos, a única coisa que podia fazer por hora era acalmar o coração de seu pequeno e futuro Cavaleiro. Não tinha muita pratica com crianças, mas decidiu fazer algo que a acalmava quando tinha a idade de Fukano. Atena cantou para o menino em seus braços.

Hajimaru yo kimi to boku wo - Está começando agora

Tsunagu tobira nokku sureba - Se eu bater na porta que nos interliga

Donna mirai ga bokura wo matteiru no? - Qual será o futuro à nossa frente?

Otona ga sou motomeru no ha kanpekina STYLE - Conforme vamos crescendo, o que procuramos é um estilo perfeito

Itsuka haguruma no youni - Algum dia, como engrenagens girando

Subete ga kasanaru youni - Tudo irá se ajeitar

Kamisama iru nara kiite yo itsu itsumademo kono shunkan - Deus, se estiver aí, ouça-me, você deve sempre observar esses momentos

REPEAT dekinai mainichi wo miokuranakucha - Esses dias que jamais iremos repetir

Dakara ato mou sukoshi dakette kodomo de itai BOYS & GIRLS ga nannin mo - Então, só por mais algum tempo eu quero ser criança, ainda há tantos meninos e meninas

Kono yo ni kakurehisonde ha yume wo miteirutte iu STORY - Escondidos neste mundo que sonham, essa é minha história

Yuuyami ni kieteiku kyou ha - Hoje meu crepúsculo está diminuindo

Ittai nani wo nokoshiteiku no? - O que continua indo embora?

Chikazuitekuru kimi no tashikana ashioto - Eu consigo ouvir suas pegadas se aproximando

Takusan no hibi dakishimetara - Você segura e fecha vários momentos todos os dias

Yoru no sora mo warukuhanai - O céu à noite não é tão ruim

Kansei ga kagayaku zekkou no haikei de - Como um planeta brilha com um perfeito plano de fundo

Kamisama HAPPY SONG kiite yo towa hozonban no RECODING - Deus, você está ouvindo a Canção Feliz que estou gravando para a preservação eterna

TAKE 1,2, FOR YOU! Koe takaraka ni utatteitai yo - PEGUE 1, 2,...PRA VOCÊ! Agora, depois de um pouco mais

Ima ha ato mou sukoshi dakette awai omoi ni ushiro kami hikarenagara - Eu quero cantar mais alto mesmo se meu cabelo estiver sendo puxado

Nagareru hibi wo oto minna he LALA MELODY narasou - Você está pensando demais, se cansando demais todo dia a vida flui, lala a melodia estará na escala musical

BLACK OR WHITE kono sekai ni - Esse mundo é preto e branco

Hitotsu hitotsu imi wo ataete PAINT MY LIFE - De significado para todo e cada momento, pinte minha vida

"3D" guree no aimaisa ha nashi sa - Não de nenhuma ambiguidade para o '3D' cinza

Otona ni itsumo kimari monku nandakara - Esse é um costumeiro chavão adulto

Kamisama iru nara kiite yo itsu itsumademo kono shunkan - Deus, se estiver ai, ouça-me, você deve sempre observar esses momentos

REPEAT dekinai mainichi wo muokuranakucha - Esses dias que jamais iremos repetir

Dakara ato mou sukoshi dakette kodomo de itai PETER PAN no tame ni - Então, só por mais algum tempo eu quero ser criança assim como Peter Pan

MOORNING mata mezametara kono sekai wo terashite ne ALL RIGHT? - E quando a luz banhar esse mundo você irá me acordar, certo?

Quando deu conta, Fukano se viu no Templo de Atena, ainda no colo da deusa, sendo consolado pela mesma. Ela o trouxera até ali sem que ninguém os visse e ouvisse, na verdade, como foi parar ali era um mistério, sendo que a deusa nem se mexeu.

¬ Porque choras, minha criança? - essa pergunta de novo?

¬ Naze? - ele já estava mais calmo, mas ainda se escondia na curva do pescoço dela. - Porque não posso ser como as outras crianças?

Atena pareceu ficar um pouco tensa, era complicado de explicar, mas o menino sofria por desconhecer as razões, não era justo com ele, Fukano merecia saber, mesmo que só uma parte bem pequena da história.

¬ A armadura que treina para obter é a Armadura de Sírius, uma armadura muito poderosa, comparável as Armaduras de Ouro e o principal, uma armadura feita as escondidas, forjada com metais raros e sangue de semideuses, tudo por carinho e amor. - aquilo era só 1% da história. - Zeus, após saber da existência de tal armadura e sabendo que todos os deuses a queriam, tomou a armadura e propôs um acordo aos demais deuses. Cada um escolheria um Campeão que lutaria contra os demais, se este saísse vitorioso, a armadura pertenceria ao Campeão e seu deus. - Fukano apertou as vestes de Atena em seus dedos. - A cada 600 anos, lutas são travadas ao redor do mundo para se determinar o Campeão, qualquer um poderia tentar, mas há um porém. Todos que estão atrás dessa armadura tem forças inimagináveis, o Campeão teria que ser o mais forte.

¬ Onde eu entro nessa história? - perguntou receoso.

¬ Quando você foi gerado, ainda não tínhamos nosso Campeão, faltava uns 7 anos para este evento e estávamos ficando sem tempo, mesmo tendo os mais fortes Cavaleiros ao meu lado, nenhum deles seria capaz de conquistar a armadura. - porque quando mais precisa nunca tem? - Quando você nasceu, nasceu com uma força que abalou até meus Cavaleiros de Ouro, uma força que não deveria existir em um bebê. - o menino se afastou para olhá-la nos olhos. - Você é especial, Fukano. Seu cosmo é comparável ao de um deus, sua força a de um Cavaleiro de Ouro. Sua determinação é seu escudo, sua coragem é sua espada, sua fé é sua coroa e a honra seu estandarte. Você nasceu destinado a conquistar a Armadura de Sírius.

O menino abaixou a cabeça, sempre soube que seu fardo era pesado, só não sabia qual era o fardo. Agora que sabe, se sentia ainda pior. Ele era uma criança. Porque colocar tanta responsabilidade sobre seus ombros?

¬ Sei que seu fardo pesa. O meu também pesa. - ele a olhou um pouco envergonhado. - Ainda menina assumi meu posto de deusa da sabedoria e da guerra. Ainda menina passei por uma guerra, vi amigos caírem e inimigos levantarem. Sua grata por nunca vê-los triunfar. - ela limpou uma lágrima teimosa que escorria pelo rosto de Fukano. - Você é um menino obrigado pelas circunstâncias a carregar o peso do mundo nas costas, obrigado a abandonar sua infância para possuir uma armadura, obrigado a deixar de ser criança para ser capaz de proteger. Mas quero que saiba, não o importa o quão pesado é seu fardo, estamos todos aqui para te ajudar.

Atena levou a mão para trás e acima da cabeça, o que atraio o olhar do menino. As constelações brilhavam intensamente, bem mais que o normal, e mesmo com tantas estrelas se misturando no céu, Fukano conseguia ver cada uma das constelações nitidamente, como se fosse somente ela no céu noturno. As constelações que mais se destacavam eram as de Andrômeda, Fênix e Camaleão, juntamente com uma estrela, a mais brilhante de todo céu. Sírius.

¬ Você pode não ter uma infância normal agora, Fukano, mas eu sei que logo poderá aproveitar a infância que lhe resta de forma moderada devido as responsabilidades de Cavaleiro e será feliz mesmo assim. - Fukano não mais chorava.

¬ Lady Atena. - ele mantinha o olhar gentil. - Obrigado.

Ela sorriu para o menino e o abraçou.

¬De nada, minha criança.

Voltou a cantar a mesma música só que de forma mais suave, sendo capaz de ninar o menino, que em pouco tempo adormeceu nos braços da deusa. Sendo que a última parte tinha sido assistida pelo Grande Mestre Dohko – recém nomeado mestre seria mais adequado –, que tinha vindo no intuito de informar o sumiço do menino.

¬ Grande Mestre. - ele despertou de seu devaneio e se curvou perante a deusa sentada no trono. - Informe June de Camaleão que seu filho esta em segurança comigo e que se ela quiser pode vir buscá-lo a qualquer hora.

¬ Como queira. - e se retirou.

Pouco depois, June adentrou o Templo da Deusa aos prantos, o menino dormia, mas isso não a impediu de tomá-lo nos braços, abraçar e beijar, até não poder mais. Pensou em aplicar um bom castigo na criança, mas ele sempre fora tão bonzinho, não a deixaria naquele estado por querer nem se ela fosse o inimigo, então ficou se questionando o real motivo do sumiço.

¬ Porque ele sumiu? - perguntou mais para si do que para os outros.

¬ Por saber que é diferente das demais crianças. - Atena respondeu com um sorriso tristonho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^.^



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