Esse é o Meu Pai escrita por Virgo


Capítulo 5
Mudança




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Shun acordou com o som de risadas. Levantou meio cambaleante e foi até a cozinha, de onde provinham as risadas, estava todo dolorido por ter de carregar Fukano na noite passada, por essa razão chegar a cozinha foi quase um castigo.

Encontrou Ikki e Fukano, os dois faziam panquecas, que pareciam ótimas e com um cheiro bem convidativo. Fukano tinha um pouco de massa de panqueca nas bochechas e Ikki tinha da mesma massa na ponta do nariz e queixo. Os dois riam, pelo que parecia, as custas de Shun.

¬ Seu pai então me perguntou: “Você tem boas memorias de mim, Ikki?” - Ikki sorria para o menino, um sorriso que há muito tempo não era visto. - E eu respondi: “Claro. Você tinha 2 anos, era um amor de criança, não dava trabalho algum, não falava e não saia para beber absinto, vodka, cerveja, pinga, vinho, champanhe e outras bebidas com Afrodite e Milo. TUDO! Numa porrada só. Não sei nem como não entrou em coma alcoólico.”. A cara que ele fez foi mais ou menos assim: - Ikki fez uma careta de surpresa misturada com confusão e decepção.

O menino começou a dar risada da careta e logo foi acompanhado pelo mais velho, que parou de rir assim que percebeu a presença de Shun.

¬ Shun! - era impossível negar o susto que ele levou com a aparência do irmão. - Pelos deuses, Shun, mostre-se mais apresentável. - ele chegou a tampar a vista de Fukano para que ele não visse o estado do Cavaleiro de Andrômeda.

Shun não precisava do memorando, sabia que estava terrível de se ver, parecia o zumbi mais feio de The Walking Dead. Achou prudente voltar e se arrumar, do contrario, era capaz de matar um do coração, ou a vizinha velha e tarada.

¬ O café esta pronto e não se preocupe a gente te espera. - Fukano falou, ainda com a visão tampada.

¬ Por mim, eu comia tudo antes que ele voltasse. - comentou Ikki.

¬ Que maldade, Tio Ikki.

Shun deu de ombros, se arrastou de volta para o quarto e se arrumou, agora parecia um ser humano, mas ainda estava dolorido e cansado, voltou para cozinha se arrastando e se sentou a mesa, onde seu prato já estava posto. Enquanto isso, Ikki e Fukano tiravam a massa de panqueca do rosto.

Ao voltar, Shun viu Fukano devorando as panquecas, parecia que alimentara o menino, já Ikki ainda estava se servindo. Shun não se lembrava da última vez que compartilhara uma refeição com o irmão.

¬ O que está fazendo!? - aquela pergunta saio involuntariamente.

¬ Comendo na minha casa. - Ikki terminou de se servir e olhou o irmão de forma matreira. - Afinal, este apartamento também é meu. - e colocou-se a comer.

¬ Disso eu sei! - exclamou um pouco irritado e tentando disfarçar, não gostava de joguinhos logo cedo, ainda mais quando estava exausto. - O que faz com o menino?

Ikki parou de comer e sorriu para o irmão caçula. Sabia tudo o que acontecia naquela casa através de Fukano, que lhe dizia tudo o que era perguntado, por isso sabia, por conclusão, que Shun estava se apegando ao menino, aos pouquinhos, mas estava. E uma coisa que Ikki sabia e tinha certeza era: quando Shun está com ciúmes, o monstro aparece. Então, sendo Ikki do jeito que é, porque não cutucar onça com vara curta?

¬ Fazendo-lhe companhia.

Shun sabia que com aquelas respostas, não valia a pena insistir numa discussão, Ikki acharia maneiras cada vez mais IRRITANTES de se desviar. Resolveu comer em silencio.

Em pouquíssimo tempo as risadas tinham voltado a vigorar na cozinha, até Shun, que não estava tão bem humorado quanto gostaria, riu de algumas lembranças e de algumas das piadas feitas por Ikki. Ao termino do café, Ikki se levantou e saio arrastando os dois consigo.

¬ Pra onde está nos levando!? - a voz de Fukano era um tom de alegria com confusão.

Shun demorou um pouco para perceber o que estava acontecendo, afinal o sono tem efeito a longo prazo, quando se deu conta de que o irmão o estava levando para fora do apartamento e já estava trancando a porta, Shun quase surtou.

¬ Eu tenho que trabalhar!

¬ Como trabalhar, Shun!? - Ikki olhou incrédulo para o irmão caçula. - Hoje é feriado.

Pensando bem, era verdade, Shun teria dois dias de paz da faculdade e do trabalho, não da família. Sem muita escolha ou escapatória, Shun apenas seguiu Ikki e Fukano.

Eles foram para garagem do prédio, onde o Volvo SC90 de Ikki repousava com uma lona por cima. Shun nunca ralava a mão naquele carro, primeiro porque gostava de andar e segundo porque sofreu um acidente de carro, depois disso, carro nunca mais. Já Fukano ficou bestificado com o carro depois da lona ser retirada, ficou até com medo de tocar, nem sabia que eles tinham carro.

¬ Desde quando temos um carro? - Ikki olhou para Shun com a maior interrogação em cima da cabeça.

Ele olhou para o irmão e devolveu o olhar enquanto apontava para o carro.

¬ Você realmente acha que eu vou dirigir depois do que aconteceu!?

¬ Pelos deuses, Shun! - Ikki pareceu ter se irritado. - Faz 4 anos desde o acidente, acidente causado pelo outro motorista ainda por cima, você já devia ter superado esse trauma.

Shun cruzou os braços e fechou a cara. Ikki sabia que aquela postura significava encrenca, Shun tinha um argumento para prolongar aquela conversa.

¬ Não foi você que ficou preso nas ferragens por 18 horas. - tá vendo?

¬ De fato, mas foi o outro cara que avançou no sinal vermelho, sem contar que ele estava bêbado. - enquanto falava, Ikki fez o clássico sinal da bebedeira, mão erguida na altura da boca simulando uma garrafa. - Foi azar nosso passar quando aquele louco apareceu.

Shun começou a discussão, agora terminaria uma briga. Dormir mal e sentir dor logo cedo, nunca fiz bem ao humor de Shun, tinha dias em que ele parecia ter trocado de personalidade com Ikki de tão mal humorado que estava.

¬ Você conseguiu sair do carro depois que capotamos. - o acidente foi bem feio, ainda bem que existe cinto de segurança. - Porque não me ajudou a sair? Porque chamou os bombeiros, sendo que você poderia muito bem abrir caminho e me tirar de lá? Vai me dizer que não queria estragar a lateral do carro que já estava irreconhecível?- Ikki parecia indignado.

¬ Quer mesmo tocar nesse assunto agora!?

Fukano, que estava mais interessado no carro, tentou abri-lo e conseguiu, mas acabou disparando o alarme, o que acabou com a discussão de Ikki e Shun. Ikki pegou o controle do carro em desespero para desligar o alarme que quase o matou do coração, já Shun tinha parado até o raciocínio com o susto. Ikki aproveitou a deixa e, depois do alarme desligado, entrou no carro.

¬ Entrem logo. - não houve discussão quanto a isso.

Fukano não sabia como abrir a porta traseira, e olha que ele tentou, então Shun pegou o menino no colo, entrou no carro e depois o colocou no banco de trás. Arrumou o menino no banco, colocou o cinto, verificou se estava preso direito e só então se arrumou no carro.

Ikki, que parecia nem se quer estar prestando atenção, observava tudo pelo retrovisor do carro, deixando um sorriso discreto enfeitar seu rosto. Com todos acomodados no carro, Ikki deu a partida e saíram do prédio na maior velocidade. Ikki não saio da cidade, mas os levou por caminhos desconhecidos, caminhos que os levaram a um bairro isolado cercado por uma pequena floresta. Era um bairro que ficava a poucos minutos a pé da faculdade de Shun e 1h a pé de seu trabalho e da escola de Fukano.

¬ Tio Ikki. - Fukano olhava para fora com uma curiosidade muito mal contida. - Pra onde estamos indo?

¬ É surpresa. - Ikki sorriu. - Para os dois.

Shun se dignou apenas a arquear uma sobrancelha, mas não podia negar a curiosidade que agora crescia. Via que o irmão estava claramente aprontando e não sabia se ficava ou não preocupado.

Logo eles chegaram ao fim da estrada, um portão definia esse termino. Ikki saio do carro, empurrou o grande portão de madeira e voltou, adentrando ainda mais o lugar.

¬ Ikki... - Shun olhou confuso para o irmão e depois para frente. - O que é essa casa?

A casa não era grande, mas também não era minúscula, era o que se chamava de confortável. Uma construção rústica e muito bonita, toda feita de madeira e camuflada a pequena mata que a cercava. Tinha dois andares, o terreno possibilitava um desenho interessante, em que parte do segundo andar era sustentada por pilares e vigas, formando uma garagem, essa mesma parte do segundo andar tinha uma gigantesca janela de vidro e uma pequena sacada.

Ikki saio do carro, caminhando até casa e abriu a porta da frente. Shun e Fukano saíram do carro sem entender direito, Ikki deu espaço para que eles pudessem entrar com um grande sorriso, só então é que a ficha começou a cair.

¬ É onde vamos morar a partir do mês que vem. - Shun olhou incrédulo para o irmão. - Sei que não parece, mas eu também trabalho. - respondeu meio carrancudo. - Juntei dinheiro o bastante para custear uma casa sem a ajuda da Saori e só agora pude comprar uma, ou melhor, Fukano me fez comprar uma. - os olhares caíram sobre o menino, que se encolheu um tanto quanto envergonhado. - Precisávamos de um lugar adequado para criá-lo e treiná-lo, não acha?

¬ Tenho certeza. - a resposta de Shun saiu baixa, porém audível o bastante para tirar um mini sorriso de Ikki e uma cara de espanto de Fukano.

¬ Então o que estão esperando!? - perguntou Ikki. - Entrem logo.

A conclusão ao entrarem foi: Aquele casa era maior do que aparentava, era muito bonita e era bem cara.

¬ O primeiro andar da casa tem uma cozinha completa, dois quartos de hospedes com duas camas, um banheiro e um escritório. - Ikki parecia orgulhoso. - No segundo andar fica uma sala de estar com uma sacada de vista maravilhosa, dois quartos, casal e solteiro, e um banheiro. Os cômodos são todos grandes, com tudo de necessário para de viver na era moderna e com um toque rústico bem marcante. Ainda tem uma piscina atrás da casa e um quintal grande, ideal para se ter crianças. E o mais importante, uma garagem que cabe DOIS carros. Pick-up aqui vou eu! - essa última parte foi sussurrada.

¬ Falou como um vendedor. - Shun comentou meio distante, a casa era perfeita.

¬ Tio Ikki. - Fukano puxou a manga da jaqueta do mais velho. - Eu tenho um quarto?

Ikki se abaixou na altura do menino sorrindo e com o olhar de Shun sobre si. Ele fez um pequeno carinho nos cabelos da criança e respondeu.

¬ Mas é claro. Você faz parte dessa família sem pé nem cabeça. - o menino riu tímido. - Seu quarto fica no segundo andar, junto ao de Shun, pois eu sou mais visita que morador. - arrancou mais risos da criança. - Eu e Shun vamos “construir” um lugar atrás da casa para que possamos treinar e também vamos fazer um QG pra você em uma das arvores. Vamos organizar a rotina para que possamos te levar e buscar na escola, aliais, estarei mais presente a partir do mês que vem, mas não garanto milagres. - coçou a bochecha e logo voltou a sorrir. - Vamos fazer tudo o que as pessoas normais fazem. Vamos te tornar um Cavaleiro. E o mais importante, tentaremos ser uma família.

Fukano sorriu ainda mais abertamente, pouco depois se desvencilhou de Ikki e passou a explorar a casa sem pudor algum. Começou pelo interior e terminou com o exterior, onde deixou toda a sua alegria e cosmo extravasar. Ele correu, pulou, deu cambalhotas, subiu em arvores, tudo sem parar de rir.

Shun o observava sério pela janela do segundo andar, estava de braço cruzados e cara amarrada, estava assim desde que Ikki se agachara para falar com o menino. Mal viu o irmão chegando e parando ao seu lado, tanto que levou um susto ao vê-lo ali, sorrindo enquanto olhava o menino aproveitando o lugar. Pouco depois voltou a ficar serio.

Ikki cutucou as costelas do irmão, como quando eram crianças, - uma das muitas coisas que Shun pensou ter se perdido no tempo – sorria brincalhão quando ganhou a atenção do mais jovem, aquele sorriso era sinal de que Ikki queria se divertir com irritação dos outros. Era o melhor irmão que Shun podia querer, não tinha o que reclamar de Ikki, mas como ele gostava de irritar os outros só para dar risada.

¬ Ciúmes? - estava totalmente despreocupado.

Shun era meio possessivo quanto as pessoas que o cercavam, sendo assim muito ciumento. Quando foi questionado sobre seu ciúme, Shun quase disse o que sentiu em relação ao irmão e em relação ao menino. Ikki sabia que o mundo podia explodir, mas Shun jamais diria ou admitiria alguma coisa, no máximo desconversaria.

¬ Ele te adora. - comentou.

Ikki riu. Shun era muito previsível aos olhos do irmão. Voltou a olhar Fukano, que agora estava deitado na grama sorrindo e respirando com esforço justificável.

¬ Verdade. - concordou. - Só que ele nunca vai gostar de você assim.

Shun deu um tranco tão grande no pescoço naquela hora só para olhar na cara do irmão, que sentiu até arder, mas não deu muita importância. Como assim Fukano não gostava dele? O menino tentava de tudo que era jeito estabelecer algum contato. Era impossível a criança ser tão falsa e mentirosa a aquele ponto, mesmo assim, o coração de Shun se tornou um pouco pesado.

Shun chegou a abrir a boca para rebater a resposta de Ikki de maneira grossa, porém o Cavaleiro de Fênix foi mais rápido.

¬ Afinal, ele te ama. - completou com um sorriso atrevido no rosto.

Shun sentiu uma vontade insana de estrangular e bater no irmão até ele apelar para sua armadura, mas se conteve com um sorriso de descrença.

¬ Cala boca, seu infeliz. - respondeu simplesmente.

Aquelas palavras fizeram Ikki rir debilmente por minutos a fio. Conseguiu irritar e, até mesmo, assustar o irmão.


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Notas finais do capítulo

Minha amada irmãzinha sempre lê as minhas fics antes deu postar, e ela me sugeriu ainda hoje que eu fizesse uns cap. bônus sobre a vida do Fukano antes de morar com Shun. Depois de muito pensar, resolvi fazer uso dessa ideia de irmãzinha amada de mi corason. Então começarei agora mesmo a escrever um cap. bônus e postar, de preferência, ainda hoje :)
Espero que tenham gostado. ^.^



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