Esse é o Meu Pai escrita por Virgo


Capítulo 2
Fome




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O menino estava se instalando no quarto/despensa do apartamento, era um lugar bem pequeno, mas o menino parecia satisfeito.

Shun o observava encostado no batente da porta, ele ainda estava chocado com tudo o que levará a aquela situação. Mesmo que Ikki tivesse explicado, ou melhor, desenhado, a história toda, Shun ainda estava confuso.

Ikki disse que Shun tinha 15 anos na época e estava em Atenas, por alguma razão ele bebeu, o que já era errado, além da conta, fazendo com que ele se comportasse de maneira totalmente oposta ao que era normal. Nisso, ele acabou ficando com June, que também se encontrava em Atenas, ela foi embora antes que Shun acordasse na manhã seguinte. Algum tempo se passou, e ela descobriu que aquela única noite tinha gerado um fruto, June decidiu esconder isso dos Cavaleiros, que poderiam perder o respeito por ela, mas não hesitou em contar para as outras Amazonas, que a acolheram de braços abertos, e a própria a Atena, que a ajudou da melhor maneira possível.

O tempo se passou, a criança nasceu e cresceu, sabia de quem era filho, mas isso foi mantido em segredo, fazendo os outros pensarem que era apenas mais um candidato a Cavaleiro de Atena. O menino vivia com a mãe, muitas Amazonas e Cavaleiros, que ensinaram tudo o que podiam para o menino, este aprendia rápido para sua idade, o que deixava os adultos espantados.

Sua vida teria seguido assim, mas nem tudo sai como o planejado. Desde que descobriu estar gravida, June passou a viver no Santuário. Na semana anterior um grande terremoto atingiu a Grécia, e consequentemente o Santuário. Para salvar o filho dos destroços que caiam, June o empurrou para um lugar mais estável, porém ao tirar o filho do perigo, este se focou nela e sem piedade ceifou sua vida, deixando o menino sem a mãe que tanto amava.

O menino não tinha para onde ir, sua Mestra era sua mãe, e não tinha ninguém em Atenas com o mesmo saber e treinamento dela para ensiná-lo, a única pessoa que restará para treiná-lo, coincidentemente e ironicamente era ninguém menos, ninguém mais, que seu pai. Atena chamou Ikki, para que pudesse lhe contar a história e apresentar a tão falada criança, mas ele não deveria dizer nada a mais ninguém, apenas para o irmão. Ikki, então, depois de tomar conhecimento de tudo, levou o menino consigo para Osaka, onde deixaria o irmão a par da situação e partiria, voltando vez ou outra, para ver como o irmão e o sobrinho estavam.

As últimas palavras de Ikki antes de sair porta a fora não abandonavam da mente de Shun.

“¬ Ele é sangue de seu sangue e carne de sua carne. - Ikki nunca falou de forma tão convicta. - Crie-o, ame-o, de a ele um pai. Ele é seu legado, sua responsabilidade. - Ikki apontou para o irmão. - De hoje em diante, sua vida é esse menino.”

Shun tinha escutado o irmão, mas aquilo não entrava, ou melhor, ele não queria aceitar aquilo. Ele não queria ser pai, ele não queria dar a vida dele por algo assim e do nada esse menino chega de paraquedas, ou de Fênix, depende do ponto de vista. Shun entendia que só restava ele na vida do menino, assim como, anos atrás, só restara Ikki à Shun. Mesmo ele não querendo aquilo, as palavras de Ikki tiveram alguma repercussão, mínima, mas tiveram.

O menino precisava dele, isso era inegável. Shun tinha que assumir aquele papel querendo ou não, gostando ou não, era um dever que ele tinha que assumir, e aos olhos dele não passaria disso, um dever.

O menino retirou duas mascaras de Amazonas de seu baú, o que chamou a atenção de Shun.

¬ O que isso significa? - o menino o olhou de forma inocente.

¬ Uma é da minha mãe. - sua voz era tristonha. - A outra foi as Amazonas que deram para minha mãe, achando que eu seria uma menina. Só ela acreditava que eu seria um menino.

¬ Hun. - nada mais disse, continuou apenas observando, logo se cansou e foi embora.

O menino terminou de arrumar suas coisas como podia, no pequeno espaço que lhe fora concedido, se considerando sortudo de não ter que dormir na sala, ou algo do tipo. Ele sorria, não era o melhor quarto que já tivera na vida, mas dava para o gasto.

Ouviu a barriga roncar, sinal de que já estava naquilo a um bom tempo. Foi até a cozinha e encontrou Shun preparando o jantar, pelo cheiro era spaghetti. O pequeno não pode evitar de lamber os lábios, estava faminto, Ikki de Fênix não era de parar para comer.

Chegou perto de Shun, que estava de costas, não sabia como se referir ao pai, ou até mesmo como chamar sua atenção. Não precisou falar nem fazer nada, seu estômago agiu sozinho.

Shun se virou depois de ouvir o ronco, encontrando o menino corado segurando a barriga, só então percebeu que ele também tinha que comer, o que o deixou preocupado, tinha feito spaghetti o bastante para uma pessoa só. Ele podia fazer mais, o problema é que iria demorar e seu coração, que sempre foi mole, jamais permitiria que ele comece primeiro que uma criança, evidentemente, com fome.

Com um suspiro cheio de pesar, por se lembrar que agora tinha uma boca a mais para alimentar, e que essa boca era um filho indesejado, Shun se rendeu.

¬ Sente que já esta saindo. - o menino sorriu e fez o que o mais velho disse.

Shun continuou a mexer nas panelas até ficar pronto, parecia delicioso, mas ele jamais saberia se estava realmente bom. Colocou a comida em um prato e serviu o menino, que com os olhos brilhando comia com muito gosto. Shun ficou assustado com a fome do menino, chegou a temer por ele querer mais.

Na metade do prato o menino ergueu os olhos para o adulto, que estava encostado no fogão. Ele o olhava, mas parecia distraído.

¬ Seu nome é Shun Amamiya. - Shun despertou imediatamente. - Shun de Andrômeda, irmão caçula de Ikki de Fênix, companheiro de Seiya de Pégaso, Hyoga de Cisne e Shiryu de Dragão, é candidato a Cavaleiro de Virgem, é considerado o mais forte Cavaleiros de Bronze de Atena, seus feitos viraram lenda. Mas... não sei como devo te chamar. - Shun ergueu a sobrancelha.

¬ Não tenho a mínima ideia. - sua resposta foi fria e distante, fazendo o menino baixar o olhar. - O que seria normal na sua opinião?

¬ Não sei bem. Mas podemos começar tentando falar o nome um do outro.

Shun deu de ombros, era melhor do que tratá-lo de forma tão fria, Ikki certamente o mataria se percebesse que o menino não o tratava como um filho geralmente trata o pai.

¬ Tudo bem, Fukano. - o menino o olhou espantado, mas logo depois sorriu confirmando.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^.^



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