Esse é o Meu Pai escrita por Virgo


Capítulo 13
Embate


Notas iniciais do capítulo

Discupa o atraso >.< Não foi intenção minha...



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Aquilo parecia o Coliseu Romano em seus tempos de glória.

A arena estava apinhada de Cavaleiros e Aspirantes, todos estavam ali para ver o embate final pela Armadura de Sírius. Shun não gostava nem um pouco daquilo, uma decisão tão importante quanto aquela, que colocava a vida de seus participantes em jogo, tinha se transformado em uma espécie de entretenimento, só faltava as apostas, os animais, os escravos e os cristãos, para que aquilo realmente parecesse o Coliseu.

Shun pode ver que Saori assistiria a luta, assim como seus irmãos de bronze – já pode descartar “cristãos” da lista, pois Hyoga estava bem ali – e até tencionou se juntar a eles, mas se recusava a deixar Fukano sozinho um minuto se quer, tinha um medo irracional de que o menino desaparecesse no ar caso se afastasse.

Fukano e o servo de Apolo, Hélio se Shun não estivesse enganado, usavam roupas de treino com algumas poucas proteções – que não protegiam nada, diga-se de passagem – e não desviavam o olhar um só instante, aumentando a tensão antes da luta, o que estava deixando muitos dos presentes em plena agonia. Se isso fazia Ikki Amamiya – o Cavaleiro de Fênix, o cara mais mau humorado do Santuário, o cara mais respondam para com a deusa, o cara mais turrão do mundo – roer as unhas de nervoso, comentários são dispensáveis se tratando de Shun Amamiya.

Apenas quando o Grande Mestre Dhoko se colocou no meio da arena, entre os dois meninos, é que o silencio se fez presente e a tensão foi aliviada em parte, pois toda a atenção foi voltada para o libriano.

¬ Não há o que explicar sobre estarmos todos reunidos para presenciar uma luta por uma armadura. - ditou o libriano. - Todos já sabem que esta luta não só coloca vidas em jogo, mas o destino do mundo também. Independente do Campeão que a Armadura de Sírius escolher, não será aceitas qualquer tipo hostilidade para com o representante de Apolo, para com outro Cavaleiro ou Aspirante. - o olhar que o libriano lançava para todos os presentes não deixava espaço para retóricas. - Só podem fazer uso da força física e de seus cosmos para intensificar socos, chutes e defesa, jamais para realizar um golpe. - agora ele falava diretamente com os garotos. - Eu peço à Zeus, que nenhuma vida seja perdida nesta luta. E peço que sejam prudentes e guerreiros honrados. - era agora.

Shun sentiu seu chão sumir e o coração sair do peito por alguns instantes, quis intervir na luta antes mesmo dela começar, mas Ikki segurou seu braço, aquilo era um claro “Nem pense nisso”. Só restou ao virginiano observar a mão do Grande Mestre se erguer e baixar velozmente, dando início a luta.

Os meninos não se mexiam, se colocaram em posição de ataque, mas não se mexiam.

¬ Espero que seja determinado. - falou o servo de Apolo. - Porque numa luta, fraco não é aquele que não sabe lutar, mas aquele que não tem determinação. Então, me responda. - exigiu o mais velho. - Acha que pode vencer?

Fukano não respondeu de imediato, nem alterou sua postura, ele apenas percorreu o lugar com o olhar, demorando um pouco ao fitar sua deusa reencarnada, alguns dos Cavaleiros que o “criaram” e, é claro, os Amamiya mais velhos. Sabia que mesmo que as pessoas não falassem nada, mesmo que o mundo estivesse em silencio, o futuro de todos estava naquela luta, se perdesse, a Terra poderia mergulhar em uma nova guerra e milhares de vidas, inclusive a daqueles que ama, seriam perdidas. Aquilo não era só uma luta, tinha muita coisa envolvida, muita coisa em jogo e uma coisa que sempre foi lhe dita era: “Sempre tenha certeza das coisas, principalmente em uma batalha, pois achar é o mais baixo nível de conhecimento”.

Por fim voltou sua atenção ao rapaz e respondeu tão mal educado quanto o sangue Amamiya lhe permitia.

¬ Eu não luto porque acho que vou vencer. - afirmou. - Eu luto porque tenho que vencer.

O outro menino sorriu de canto, parecia muito satisfeito com a resposta.

¬ Isso pode ser interessante. - comentou já partindo para o primeiro ataque.

Era um soco. Todo mundo pode dar um soco, ainda mais um como aquele, corra com o punho levantado e procure acertar o alvo, porém era uma armadilha muito óbvia para quem está habituado a lutar. Fukano podia ser novo e pouco entender sobre o mundo, mas nunca foi burro. Ele via na postura do rapaz que ele não teria saída por nenhum dos lados, o outro poderia pular se ele tentasse escapar por cima, o chutaria se tentasse escapar por baixo, o encurralaria se tentasse escapar pelos lados, só tinha uma saída.

Sabia que se sobrevivesse, iria morrer de tanto apanhar de Ikki ou de Shun, por ter feito algo tão irresponsável e mal pensado, mesmo assim a frase “O ataque é a melhor defesa” não saia de sua mente. Tencionou as pernas e partiu pra cima do outro.

Tinha certeza que o acertara no rosto e tinha certeza que ele lhe acertara a boca do estômago. Foi para um lugar mais alto, ficando agachado no topo de uma pilastra, onde vomitou um pouco de sangue, se levantou o mais rápido que podia, assumindo uma postura de defesa no alto da pilastra. O servo de Apolo, Hélio, estava encarando-o com ódio e tristeza velados, ele cuspiu pro lado e voltou com a postura de ataque, fazendo um “Vem” com a mão.

O pequeno virginiano não era louco de cair na provocação, mas que agora ele arrancava pelo menos um dente daquele desgramado, ele arrancava.

Vendo que Fukano não cairia naquele golpe barato, Hélio avançou com tudo contra a pilastra, partindo sua base em pedacinhos e fazendo a pilastra tombar. Muitos pedaços da base voaram para as arquibancadas, não acertou ninguém por sorte, e a pilastra tombou na arena. Distraído com a fumaça decorrente de sua destruição, Hélio não viu o menor chegando. Fukano tinha aproveitado sua queda e acertado um chute do rosto de Hélio, que vou 3 metros e rolou os outros 5 metros pra trás, ao se levantar, o mais velho tinha um filete de sangue escorrendo da boca e cuspiu dois dentes, fazendo um risinho brotar dos lábios do Amamiya Filho.

Agora o mais velho estava possesso, avançou sem pensar duas vezes. Primeiro tentou acerta-lhe o rosto com um chute, depois um soco, girou para tentar um chute com mais impacto e tentou uma sequencia de socos, fazendo com que Fukano só pudesse se defender e recuar cada vez mais, logo não teria escapatória. Quando Hélio parou de atacar para dar espaço a sua racionalidade, os dois voltaram para o centro da arena em passos calculados e prontos para um ataque.

Hélio partiu para mais uma sequencia violenta de ataques, dos quais Fukano só conseguia se defender. Só em um momento que ele conseguiu revidar, ao defender um ataque por cima, aproveitou a posição das mãos e empurrou o mais velho com força, fazendo uso de todo seu cosmo para mandá-lo longe, precisava de pelo menos 2 minutos de descanso, tempo concedido no período em que Hélio saia da parede. O mais velho atacou novamente e foi muito bem recebido com um chute na lateral do corpo, que lhe garantiu cinco costelas trincadas. Mas o oponente de Fukano era orgulhoso, já estava de pé antes mesmo de cair.

Fukano achou que estava mais do que na hora de começar a contra atacar, porém provou de seu próprio remédio. O seu último golpe foi usado como alavanca, fazendo com que o mais velho erguesse o corpo ao ponto de acerta-lhe o peito com os dois pés, fazendo-o cambalear e cair para trás. Hélio não lhe deu muito tempo para se recompor, perfurando a terra ao seu lado, já que o mais novo conseguiu desviar por um triz. Fukano se levantou o mais rápido que podia depois daquilo, mas se Hélio queria partir para a ignorância, então ele partiria para ignorância.

Fukano não esperou, nem se quer se posicionou direito para um novo ataque, apenas avançou. Acertou muitos socos no mais velho, e poucos o mesmo conseguiu defender, o mais dolorido ataque de Fukano, certamente foi o que ele enganou o mais velho ao simular que o atacaria por cima, quando na verdade o atacou por baixo, fazendo Hélio cair e o atacando mais uma vez, acabou trincando seu osso esterno, porém o rapaz não era tolo e com o punho posicionado, quebrou três costelas de Fukano, que por pouco não perfuraram-lhe o pulmão.

Se levantaram cambaleantes e sem um único traço de desistência por nenhum dos lados. Shun estava começando a sentir o gosto de sangue, de tão forte que mordia o lábio, e Ikki não tinha mais unhas pra roer, então estava quebrando pedrinhas em milhares de pedaços ainda menores e juntava-os novamente para formar novas pedrinhas.

A luta estava indo de mal à pior, para ambos os lados. Escoriações? Nem mais incomodavam. Hematomas? Nem dava pra contar por conta do excesso. Ossos? Quebrados, trincados, esmagados, mas isso era fichinha. Sangue? Se é que sobrou alguma gota dentro do corpo. Estados? Em uma palavra, acabados.

Só os deuses sabiam como ainda estavam de pé.

Fukano agora estava montado sobre Hélio, socando-lhe o rosto sem parar, dando pequenas pausas para estalar os ossos trincados da mão, foi em um desses intervalos, que Hélio conseguiu chutá-lo para longe. O pequeno virginiano se levantou com alguma dificuldade e logo foi recebido com um chute no estômago, fazendo-o cair novamente. Quando Hélio ameaçou acerta-lhe com um soco, ele tomou impulso, levantando-se ao chutar o rosto do mais velho. Mais uma vez estavam frente a frente, não se mexiam, se colocaram em posição de ataque e se encaravam, mas não se mexiam.

Partiram para o ataque. Ambos atacavam, ambos defendiam, e estava cada vez mais difícil se manter. Em um dos ataques, Hélio conseguiu agarrar uma das pernas de Fukano, chutou a outra para que ele caísse de mal jeito e começou a dar cotoveladas sem parar sobre o osso da perna que segurava. Fukano berrava de dor, se não fosse por Ikki, Hyoga e Shiryu, Shun teria invadido a arena. Fukano gritava de dor, sentia seu fêmur trincar aos poucos para só então quebrar, mas tinha que se manter firme; quando Hélio ergueu o braço para desferir uma nova cotovelada, o pequeno Amamiya se apoiou nos próprios cotovelos, tomou impulso e deu-lhe uma cabeçada forte o suficiente para que ele o soltasse. Hélio tombou para trás com o nariz quebrado e jorrando sangue, mas logo se levantou cambaleante, parecia um bêbado, e fitou o mais novo esconder o rosto de dor enquanto segurava a perna ferida.

Aquela visão fez o coração de Hélio pesar, no fundo, ele não era diferente de Fukano. Chegou até ali sem matar um único oponente, não gostava de lutar, mas foi criado para isso, foi criado para lutar pela Armadura de Sírius, sua honra e lealdade perante Apolo dependiam disso, e mesmo assim ele queria parar, não queria mais aquilo, não queria ferir um igual. Só queria que Fukano desistisse logo, não queria machucá-lo mais, diferente de Hélio, Fukano ainda tinha uma família, uma vida, o servo de Apolo não queria tirar isso dele, porém, se continuasse com essa teimosia toda, a única maneira de vencer seria matando o mais novo.

Já tinha dado as costas ao menor com um suspiro e rumava até a caixa da armadura na intenção de tocá-la e ser aceito pela mesma, porém sentiu uma quantidade insana de cosmo-energia cair sobre si. Quando se virou, encontrou os olhos azul relâmpago de Fukano o encarando determinados.

¬ Não vá pensar que eu estou acabado. - ditou.

Fukano estava de “pé”. Ele estava meio curvado, a perna ferida tocava levemente o chão, um dos olhos estava fechado, pois o sangue que escorria atrapalhava a visão, dava para ver muitas feridas abertas jorrarem mais sangue ainda e muitas das demais feriadas variavam do roxo para o preto. Ele estava muito mal, dava pena só de olhar.

¬ Eu não vou lutar com você. - declarou o mais velho. - A luta já acabou. Olhe para si mesmo e chegara a essa conclusão.

¬ Você também não está nada bonito. - rebateu mal educado. - É bom ter cuidado, pois não vou desistir, eu não pretendo desistir.

Hélio suspirou, não tinha jeito, teria que machucar ainda mais o menor. Voltou a atacar o mais novo, que para sua surpresa, estava se defendendo e atacando muito bem, chegando ao ponto de quebra-lhe mais alguns ossos e derrubá-lo inúmeras vezes, o servo de Apolo estava levando uma verdadeira surra. Hélio agora estava tentando sair de uma cratera no chão, ele estava com os olhos da cor do ouro e agora derrubaria Fukano de vez.

Seu ataque era muito ousado, mas faria de tudo para não matar o mais novo. Hélio se concentrou na perna ferida de Fukano, todos os seus ataques agora se dirigiam a ela. Foi preciso muitos golpes para acertar o primeiro soco, mais alguns para quebrar a perna do menor com um chute e apenas uma voadora para deslocar o osso e fazê-lo tombar.

Fukano gritava de dor, mas não desistiu, mostrando o quanto podia ser teimoso, ele colocou o osso no lugar e tencionou levantar mais uma vez. Hélio estava começando a ficar irritado, porque ele não desistia? Caminhou até o menor e chutou-lhe com força, fazendo-o se chocar contra a arquibancada e vendo-o tentar se levantar de novo.

¬ IDIOTA!!

Chuto-o mais uma vez, dessa vez para cima, fazendo-o voar vários metros antes de atingir o chão mais uma vez. Fukano ficou imóvel por algum tempo, até tentar se levantar novamente, o esforço fez com que cuspisse uma grande quantia de sangue. Hélio não conseguia acreditar no que via.

¬ Ainda se levanta? - indagou com verdadeira preocupação e desespero na voz. - Não apanhou o bastante? Porque continua quando sabe que está acabado?

¬ Ninguém vai me deter, eu sou livre para escolher o meu caminho e eu escolho lutar pelo que acredito.

O pequeno virginiano avançou com tudo, acertando o rosto de Hélio, que devolveu com um forte soco. Fukano caio tossindo sangue e com dificuldades em respirar, o servo de Apolo pensou ter acabado e mais uma vez deu as costas, porém sentiu seu pé ser agarrado e foi obrigado a olhar para baixo.

Fukano estava, mais uma vez, tentando levantar. Sangrava e tremia muito, mesmo assim teimava em se levantar, mas o que mais chamava a atenção era o olhar do menino, era pura determinação e coragem. Pelo jeito, o ditado de que os olhos são as janelas da alma era verdade.

¬ E eu escolho lutar pela Terra e por Atena! - afirmou entre dentes.

Hélio sentiu lágrimas se formarem, não queria matá-lo, mas não tinha jeito. Se soltou de Fukano e se afastou, concentrou o máximo de cosmo que podia em uma mão, olhou uma última vez para Fukano e atirou aquela enorme quantidade de energia na direção do menor. A visão de todos foi cegada por uma forte luz, gerada pelo impacto, um grito foi ouvido, assim como um uivo e o som da explosão.

Shun tombou, chorava sem parar, mas sem fazer som algum, estava em choque, perdera seu filho, seu único filho e nem se quer disse que o amava, nunca disse isso a ele e nunca mais poderia dizer. Ikki não estava muito diferente, ele não chorava, mas não se mexia, parecia nem se quer respirar. Os demais Cavaleiros, Amazonas e Aspirantes que viveram com o menino estavam em igual estado, simplesmente não conseguiam acreditar.

Ninguém ali conseguia sentir a cosmo-energia de Fukano, só a de Hélio, que chorava sentado, ele nunca quis matar Fukano. Achava que poderia ser uma luta interessante e que poderia lhe trazer conhecimento, mas só trouxe dor e arrependimento.

A luz foi se dissipando aos poucos.

¬ Mas o quê?! - a voz de Hélio ecoou pelo lugar, chamando a atenção de todos.

Fukano não só estava vivo – muito ferido e mal, porém vivo – como também estava sendo sustentado. O menino estava com o braço apoiado na Armadura de Sírius, que tinha a forma de um Dobermen Pinscher, esta estava em posição de defesa e se movia sozinha, no momento ela o cutucava preocupada com o focinho metálico e só voltou sua atenção para frente, ainda em postura de defesa, quando Fukano sorriu e lhe fez carinho. A armadura não saio do lado do pequeno Amamiya um único minuto depois disso.

Aquela era uma clara declaração de que já tinha escolhido seu Cavaleiro.


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Notas finais do capítulo

Eu tentei ser detalhista, sem ser maçante, e tentei ser objetiva, sem ser vazia. Acabou que saio... isso.
Bem, eu espero que tenham gostado e que eu possa voltar a escrever com mais frequência, porque eu vou te contar, tá difícil.

Bjs. :3



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