Dois Laços escrita por Murtaugh


Capítulo 4
4/17 Linha do Horizonte




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Natalie estava atônita, com a câmera na mão. Brian estava ao seu lado, com uma expressão parecida. Lily nem quisera vir. Eles haviam saído do escritório para cobrir em primeira mão o assassinato de Dorothea Betchelluff, uma ricassa que morava sozinha em uma mansão gigantesca no topo da colina Veranosa. Ela havia sido morta com apenas um tiro.

E como se acordasse de um sonho, ela começou a tirar fotos. Ditava ordens para Brian, para que ele entrevistasse pessoas, e logo eles já tinham material suficiente para uma excelente matéria.

E no final da tarde, já estava pronta, com todas as fotos editadas. Natalie estava parada como um ás de paus na frente de Marvin, enquanto ele revisava e rabiscava vários trechos.

– … não, isso você tira. - Disse Marvin, passando a caneta em mais um trecho. - Reescreve isso aqui, deixa mais drámatico, falando o quanto ela sofreu depois que ficou viuva.

Marvin entregou a versão revisada para Natalie que saiu da sala, frustrada. Marvin havia retirado várias partes que ela queria colocar. Tinha horas que a redatora odiava com todas as forças as atitudes do chefe. Suspeitava que ou ele era um medroso que não queria mexer com gente grande, ou um corrupto e sem escrúpulos que favorecia certas matérias do jornal.

– Marvin é tão irritante! Vamos ter que mexer na matéria inteira. - disse ela, assim que entrou na sala.

– Ah, não me diga. - Brian protestou, encostando a testa no monitor.

Lily tremeu na cadeira. A mençao do nome Marvin a deixava de cabelo em pé. Principalmente quando lembrava da conversa que tiveram recentemente.

Marvin pedira para Lily para ficar até mais tarde, para que pudessem conversar. Lily estava sentada em uma das poltronas da sala dele, ansiosa. Marvin terminava de enviar alguns e-mails, e quando acabou, virou-se para a redatora.

– Lily, sabe que eu te conheço faz muito tempo, desde quando éramos crianças, né?

– S… Sim… - ela sentiu as mãos tremerem. Aquele tipo de situação a deixava muito nervosa.

– Eu confio muito em você, sabe. Por isso eu queria te propor uma coisa.

– Q… Que coisa?

– Bem, tanto eu quanto meu pai, temos aliados muito fortes que ajudam o jornal se manter. Você sabe, depois dessa era de internet, as pessoas não querem mais saber de jornal. Acontece, que favores não são de graça, e acho que você já sabe disso.

Marvin fez uma pausa para atender o telefone, e depois de algumas respostas curtas, voltou sua atenção para Lily.

– Enfim, esses aliados nossos querem ajuda. Querem que escrevamos matérias favoráveis a eles, e desfavoráveis aos inimigos deles, mesmo que nada esteja acontecendo. Eu queria te chamar para fazer essas matérias, sem seus colegas saberem.

– Você quer dizer, escrever matérias falsas? - Lily foi firme ao dizer. Não queria fazer parte de alguma coisa ilícita.

– Não é falsa, é tendenciosa. É diferente.

– Não, obrigada. - disse, ríspida.

E quando foi se levantar para sair da sala, Marvin lançou a ela um olhar furioso.

– Lily, senta aí! - disse, severo.

Lily deu meia volta, e sentou, assustada. Marvin se inclinou na mesa, olhando para ela fixadamente, até dizer.

– O que sua mãe ia dizer, se você perdesse a vaga que meu pai te deu no jornal com tanto carinho?

– O… O que quer dizer com isso?

– Quero dizer que não preciso de você aqui a não ser para fazer isso. Se não aceitar, tudo bem, mas não terá mais seu emprego.

Lily cerrou o punho. Aquilo era chantagem! Mas, o que iria dizer para a mãe se perdesse o emprego? Não tinha escolha.

– Ok, então.

– Que bom que estamos nos entendendo. - ele sorriu - Agora você trabalha para eles, não para mim. Tudo o que eles mandarem, você faz. Eu serei apenas um mediador.

Lily suspirou. Devia ter largado o emprego.

– LILY!!!

Lily saiu de seu devaneio, e prestou atenção em Natalie, que estava sacudindo os braços na sua frente.

– Tava no mundo da lua, fofa? - Perguntou Natalie, fingindo preocupação.

– Desculpa… O que você disse?

– Perguntei o que você acha sobre o que o Brian acabou de encontrar sobre a Dorothea.

– O que era?

Natalie deu um longo suspiro.

– Explica para ela, Brian.

– Eu encontrei umas transações bancárias bem estranhas na conta dela. Feita para algumas empresas que eu sei que são só de fachada.

– Como assim? - Lily ficou curiosa.

– Empresas que só servem para lavagem de dinheiro, sabe?

– E como vocês sabem dessas empresas?

– A gente investigou elas para uma matéria - disse Natalie - mas o Marvin não deixou a matéria ir ao ar. Então, conhecemos em segredo várias empresas daqui de Belavista que fazem isso. Mas faz muito tempo que pesquisamos isso, então achamos que algumas nem existiam mais.

Lily pensou por um minuto. Será que esses eram os tais "aliados" que Marvin citara? E se fossem criminosos? E se agora ela também havia se tornado criminosa também?


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