Marvin Therino estava especialmente irritado naquela manhã. A primeira ligação do dia, foi de Falco Vernutti, querendo saber porque raios aquela matéria super constrangedora saiu na coluna social.

Marvin era editor-chefe do jornal. Filho de Aston Therino, o dono do jornal, assim como o pai, ele era linha dura e de gênio difícil. Tinha uma boa amizade com Falco, além de uma promessa de sigilo, onde nada referente aos irmãos Vernutti seria publicado em qualquer coluna social ou coisa do tipo. Mas, por algum motivo, as fotos constrangedoras estavam postadas, em tamanho considerável, na coluna social do jornal.

Queria descontar a raiva em alguém. Gritou seus redatoes, e três jovens entraram na sala, aos tropeços. Marvin olhou severamente para as três figuras assustadas a sua frente durante alguns segundos, para dar tensão.

– Expliquem-se.

– Nós… Não sabemos o que aconteceu. Não fomos nós que publicamos. - Disse Natalie.

Natalie Evans era uma jovem ambiciosa e que sempre sabia o que queria. Era bonita, inteligente e escrevia muito bem. Era praticamente a líder entre os redatores, e sempre tomava a palavra nas confusões e explicações que tinham que dar.

– Como assim? - Marvin levantou uma sobrancelha, desconfiado.

– Parece que alguém entrou no sistema do pessoal da diagramação, e alterou o jornal que iria para a gráfica. - Dessa vez foi Brian que respondeu.

Brian Reverie era meio avoado as vezes, mas tinha ótima experiência com escrita e programação de computadores. Trabalhava bem com as outras redatoras, e gostava do seu emprego.

Marvin pensou por alguns segundos, e depois soltou uma exclamação. Já sabia o que tinha acontecido. Seu humor irritado mudou, e ele deu uma risada.

– Tá certo, estão dispensados, voltem ao trabalho.

E quando os três iam saindo da sala, Marvin chamou Lily, dizendo que precisava conversar com ela mais tarde. A garota ficou vermelha como um pimentão, concordou com a cabeça e saiu.

Lily Elswood conhecia Marvin desde que era pequena, mas mesmo assim era a que mais se deixava intimidar facilmente. Era uma garota fofa, tímida e delicada, que detestava escrever matérias polêmicas.

Marvin pegou o telefone e discou um número que sabia de cor. Quando a pessoa atendeu, ele foi direto.

– Tem um tempo para almoçar comigo?

Natalie estava debruçada sobre a mesa de Brian, enquanto ele depurava o sistema, procurando quem podia ter editado o jornal.

– Não é possível - reclamou a garota - Será que foi alguém aqui no jornal, tentando ferrar a gente? Apesar de quê, graças ao nosso hacker misterioso, o jornal vendeu mais exemplares que o normal!

Os redatores do jornal Passolargo, assim como os repórteres, tinham um sério problema: A cidade de Belavista era tão desinteressante, que não acontecia nada de novo por ali, tornando as notícias do jornal chatas e inossas. Sem falar, que as vezes, quando uma matéria interessante aparecia, como a prisão de alguém, Marvin barrava a publicação. Mas, mesmo assim, todas as casas de Belavista recebiam e liam o jornal.

Natalie sempre buscava pelo furo de reportagem perfeito. O furo que a consolidaria como a reporter-redatora do século. Mas ficava difícil naquela situação. Enquanto observava os dados pulando na tela, imaginava se essa história tinha alguma coisa por trás de tudo. Se aquele talvez fosse "O Furo".

– Marvin disse que está tudo ok… - Disse Lily. - Porque vocês querem saber quem fez isso?

– Para evitar que aconteça de novo, ué. - Disse Brian, digitando tão ferozmente no teclado, que parecia que ia quebrar a qualquer segundo.

– E, - completou Natalie, com ênfase - Pode ser a nossa pista inicial para encontrar a história perfeita!

Lily suspirou. Natalie era uma obscecada. Virou-se para seu computado e continuou a digitar sua matéria sobre a importância do consumo de vitaminas. Estava imaginando o que Marvin queria conversar com ela.

– Achei! - Brian gritou, triunfante, e depois de um segundo, murchou. - Mas não tem nome de nada. Só o usuário, L8CV.

– L8, significa que é da diagramação. CV são as iniciais do nome dele, esse é o padrão de todos os usuários. Mas, quem trabalha na que tem o nome com CV? - perguntou Natalie.

– Acho que ninguém. Lá é só o Théo, e Anya e o Francis. Pode ser uma pessoa que trabalhou aqui anteriormente.

– Você tem acesso aos nomes de quem já trabalhou lá?

– Acho que sim, mas tenho que procurar.

Brian procurou mais um pouco, e encontrou uma lista. Tinha um bocado de gente. Pulou para a letra V, onde estavam as pessoas com o sobrenome V.

Haviam três nomes com as iniciais CV. Quando Natalie os viu, já sabia quem era o responsável.

Abriu um grande sorriso. Aquilo daria uma ótima história.