A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 77
Capítulo especial: A vanguarda do herói


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo especial não se trata apenas de uma luta lateral em meio a Guerra Santa contra Ares. Ele traz elementos importantes que serão abordados tanto na guerra atual, quanto na que está por vir. Fiquem atentos aos detalhes.



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Capítulo especial: A vanguarda do herói


Região norte do Santuário – Grécia

Um grupo de cavaleiros estava enfrentando berserkers rasos e soldados de Ares quando avistaram ao longe uma coluna de luz subindo em direção ao céu.

— Vocês sentiram isso? — perguntou Láthos, o Cavaleiro de prata de Flecha, aos seus companheiros. Ele era um jovem de corpo magro, cabelos loiros e curtos, e olhos azuis. — Esse cosmo... Ele me é familiar. E parece pertencer a um cavaleiro de ouro.

Láthos foi cercado por um grupo de soldados que saltaram em sua direção. Um dos soldados tentou golpear o cavaleiro de prata pela direita, mas Láthos interceptou o ataque e desferiu um chute, arremessando o inimigo contra outro soldado que se aproximava.

Mais dois guerreiros de Ares avançaram para uma investida, entre eles um berserker, mas Láthos desviou e atacou, desferindo dezenas de flechas cósmicas.

— Suas flechas não inúteis. — disse o berserker.

As flechas ilusórias se esvaíram, mas as flechas verdadeiras atravessaram o peito dos guerreiros de Ares e se materializaram em flechas douradas. O berserker e os soldados cuspiram sangue e desabaram sem vida.

— Eu também reconheço esse cosmo. — disse Ryuho, o Cavaleiro de Bronze de Dragão e filho de Shiryu. Ele estava rodeado de soldados berserkers mortos. — É o cosmo daquele homem que me salvou na noite em que tentei entrar no Santuário. O Cavaleiro de Virgem. Mas... Sinto perigo. Láthos! Temos que ir até lá.

— Jikan! — gritou Láthos, chamando um cavaleiro que trajava a armadura de bronze de Relógio.

Jikan era um jovem de porte médio, pele clara, cabelos verde-claros e olhos lilás. Ele estava enfrentando um berserker, mas seu oponente parecia estar paralisado. O cosmo de Jikan havia formado a imagem cósmica de um relógio mecânico composto por engrenagens em torno do guerreiro de Ares, retardando seus movimentos.

O cavaleiro de bronze avançou e saltou, girando e desferindo um chute cortante que atingiu a garganta do berserker e o decapitou.

— O que aconteceu? — perguntou Jikan.

— Eu explico no caminho. Vamos!

Ryuho correu na frente, sendo seguido por Láthos e Jikan. Eles percorreram as ruas reviradas do Santuário. Estava um caos. Havia corpos de soldados, berserkers, e aspirantes a cavaleiros espalhados pelo caminho. Além de prédios destruídos e pontos de incêndio.

Sinto um cosmo maligno se aproximando do senhor Shalom. pensou Ryuho. Espero que ele esteja bem.

—...—

Shalom ainda estava se recuperando da árdua batalha contra Anatole quando sentiu uma presença poderosa rodeando a região. Ele se virou e avistou um adolescente, com mais ou menos 15 anos de idade, agachado ao lado do corpo sem vida do berserker de Quimera.

O jovem tinha pele clara como se nunca tivesse tomado banho de sol, porte físico forte, longos cabelos loiros platinados, olhos azuis gélidos e vestia uma toga grega preta com um cinto dourado na cintura. Shalom lembrou de ter visto uma criança com uma vestimenta semelhante àquela no início da luta contra Anatole.

Será que... Aquela criança... É ele? pensou Shalom, observando o jovem em silêncio.

— Eu sei que você está pensativo, mas não tenho o poder de ler a mente das pessoas. — disse o garoto para Shalom, ainda olhando para o cadáver do berserker. — O que você quer saber?

— É você que está me acompanhando desde Jamiel até aqui, não é?! Por que está fazendo isso?

— Eu estava a caminho de 48 graus, 38 minutos e 10 segundos ao Norte, e 1 grau, 30 minutos e 41 segundos ao Oeste, quando fui atraído pela sua... Energia. Tinha algo muito familiar em você. Então decidi continuar observando, mas vejo que não é nada demais. Você é só uma fagulha.

— E quem é você?

O garoto se levantou e encarou Shalom com um olhar frio.

— Eu tenho muitos nomes, mas pode me chamar de... Heosphoros. Ou apenas Heos.

— Por acaso você é um aliado de Ares?

— Aliado?! Não.

— Então, o que você quer?

— A minha ascensão. — disse Heos, caminhando até Shalom. — Eu fui confinado em um lugar inóspito e hostil antes mesmo da criação da alvorada. Com muito esforço eu pude me manifestar espiritualmente através dos milênios, e assim tive a oportunidade de andar neste planeta em raros momentos. Acompanhei a evolução da humanidade em grandes saltos de tempo. — o garoto parou a poucos metros do Cavaleiro de Virgem e olhou fixamente em seus olhos. — A última vez foi há mais de dois mil anos atrás.

— E pretende tirar proveito desta guerra? — indagou Shalom.

— Essa guerra santa contra Ares é algo pequeno se comparado ao que está por vir. Achei que você pudesse enxergar. — disse Heos, erguendo o braço e tocando na lateral da testa de Shalom. — Veja.

Os olhos de Shalom se arregalaram, o espaço-tempo se alterou ao seu redor, e imagens aleatórias passaram rapidamente diante dos seus olhos: Uma mulher gritando com dores de parto dentro de uma cabana em meio a uma forte nevasca; Uma carruagem de ouro puxada por quatro cavalos rasgando o céu, deixando rastro de fogo, e liderada por um jovem de cabelos dourados; Centenas de guerreiros alados feridos caindo do céu; Um eclipse; Um abadia erguida no topo de uma ilha rochosa na foz de um rio; Um tribunal liderado por uma mulher de expressão ríspida, cabelos negros trançados, olhos brancos como mármore e trajando uma armadura prateada; Uma prisão onde se encontra um homem de longos cabelos azuis ajoelhado e com os braços suspensos em correntes; e dezenas de corpos empilhados diante de um grande trono dourado.

Assustado com as imagens, Shalom se afastou do toque de Heos e deu passos para trás, se distanciando do garoto.

— O que foi isso que eu acabei de ver? — perguntou Shalom. Seu corpo tremia descontroladamente.

— Um perigo iminente que não pode ser impedido. O céu será partido ao meio e eu irei me aproveitar disso para finalmente me erguer por completo. A contagem regressiva começará ao nascer do sol de hoje. Será o prólogo do céu.

— Esses acontecimentos não podem ser impedidos, mas você é um mal que pode ser detido. — disse Shalom, elevando o seu cosmo. — Já que está diante de mim, não posso perder essa oportunidade. Vou enviar a sua alma de volta para o lugar de onde você não deveria ter saído. Mali spiritus, ego praecipitus, exitus!

O corpo de Shalom emitiu um forte brilho dourado que se expandiu como uma onda cósmica, mas sua técnica foi bloqueada pela palma da mão de Heos. O bloqueio gerou um forte abalo, provocando tremor na região.

— Não vai funcionar. É necessário bem mais do que isso para me exilar.

A técnica de virgem se concentrou na palma da mão de Heos e o garoto a repeliu na forma de uma rajada de cosmo. Shalom foi atingido em cheio e arremessado contra a parede de um edifício grego, caindo nas escadas de acesso.

— Parece que o meu toque despertou uma habilidade que estava dormente em você. A precognição. Interessante. Nos veremos em breve, Shalom de Virgem.

O cosmo de Heos rodopiou ao seu redor e seu corpo desapareceu.

— Senhor Shalom! Senhor Shalom! — gritou Ryuho, ao avistar o cavaleiro de virgem caído.

O cavaleiro de dragão se aproximou de Shalom e o ajudou a se levantar.

— O senhor está bem?

— O garoto... Onde ele está?

— Que garoto, senhor? — perguntou Láthos, olhando ao redor. — Não tem ninguém aqui além de nós.

— Eu não diria isso, Láthos.

Jikan apontou para um grupo de cavaleiros de prata se aproximando.

— Droga! — exclamou Láthos preocupado.

— Quem são eles? — perguntou Ryuho.

— Aquele é Saiph, o Cavaleiro de Prata de Orion. — disse Jikan se referindo ao cavaleiro que liderava o grupo. Era um homem alto e forte, de pele clara e cabelos ruivos caindo sobre os ombros. — Ele foi o primeiro cavaleiro de prata a conquistar uma armadura após a Guerra Santa contra Hades. Ele é respeitado no Santuário por causa do seu poder e por ter participado de missões ao lado dos Cavaleiros Lendários. Além disso, mesmo não sendo discípulo do Senhor Seiya, Saiph teve seu treinamento supervisionado por ele. A maioria dos aspirantes a cavaleiros que treinaram no Santuário se inspiraram em Saiph para conquistarem as armaduras.

— Os demais são cavaleiros que seguem Saiph com extrema lealdade. — disse Láthos, sobre o grupo que acompanhava o Cavaleiro de Orion. — São conhecidos como “Vanguarda do herói”. Cada um é dotado de habilidades que se sobressaem aos demais Cavaleiros de Prata e bronze. São os cavaleiros das constelações de Hércules, Escudo, Cão Maior e... Espere! Está faltando o...

— Nos entregue o Cavaleiro de virgem, Dragão! — disse Saiph. — Ele é um dos cavaleiros de ouro que traíram o senhor Ares.

— Mas...

— Não adianta argumentar, Ryuho. Eles estão com os olhos prateados. — disse Láthos.Isso significa que estão sob o efeito da manipulação do deus Anteros.

— Sinto muito por não poder ajudá-lo, Ryuho. — disse Shalom. Terão que vencê-los sozinhos.

— Não se preocupe, senhor. — Ryuho ajudou Shalom a se sentar. — Vamos proteger o senhor.

Pretende nos enfrentar, dragão? — perguntou o Cavaleiro de prata de Hércules, a direita de Saiph. Era um jovem tão alto quanto Saiph, de pele parda e cabelos pretos. Ele usava uma capa de pele dourada de leão presa em suas ombreiras.

— Não temos alternativa, Kléos. — respondeu o cavaleiro de bronze de Relógio.

— Fique fora disso, Jikan. — disse o cavaleiro de prata de Escudo, a esquerda do Cavaleiro de Orion. Ele tinha cabelos verde escuro caindo sobre os ombros e pele clara. — Caso contrário acabará sendo morto.

Jikan cerrou os punhos.

— Chega de conversa. — disse o Cavaleiro de Prata de Cão Maior. Era um jovem de cabelos castanho acinzentado curto e pele clara. — Todos eles são traidores. E a punição é a pena de morte! Eu, Céfalo de Cão Maior, matarei todos vocês.

Céfalo flexionou os joelhos como um corredor prestes a iniciar uma disputa e disparou em direção a Shalom de punho cerrado, mas Ryuho ficou em seu caminho e ergueu o escudo de dragão.

Percorrendo uma velocidade acima de Macho 20, o cavaleiro de prata surgiu diante do cavaleiro de bronze de dragão e desferiu centenas de socos contra o escudo. A potência dos golpes era ampliada pela velocidade de Céfalo, que além de ultrapassar a velocidade do som, era 10 vezes mais veloz do que um cavaleiro de prata comum.

Ryuho precisou fixar os pés no chão para não ceder a defesa.

Mesmo que a defesa de Ryuho seja poderosa, a energia e a força dos socos de Céfalo percorrem pelo seu braço. Seu corpo vai acabar se esgotando. Tenho que ajudar. — pensou Jikan e elevou o cosmo. Prepare-se Ryuho! Detenha-se tempo!

Um relógio mecânico cósmico surgiu ao redor de Céfalo e os movimentos do cavaleiro de prata foram reduzidos. Ryuho aproveitou o auxílio e atacou.

Cólera do dragão!! — Ryuho aplicou um soco direto no queixo de Céfalo, arremessando o Cavaleiro de Prata para o alto envolvido pela figura cósmica de um dragão.

A armadura de prata sofreu danos com a pressão, mas Céfalo se equilibrou quando a restrição cessou e pousou deixando marcas no chão.

Foi uma atitude bastante covarde, cavaleiro de relógio. — disse Céfalo, limpando a boca suja de sangue.A luta de um cavaleiro deve ser em pé de igualdade.

— Um contra um. — disse Láthos.Mas essa regra é para os Cavaleiros de Atena. Agora que são súditos de Ares, por que iriam se preocupar com isso?!

— Ele tem razão. — disse Kléos de Hércules, caminhando em direção aos cavaleiros.Então venham vocês três. Matarei com um só golpe.

— Jikan, proteja o Senhor Shalom! Ryuho, temos que evitar os punhos dele. — disse Láthos em tom de alerta.  — Kléos se orgulha de ter a segunda maior força física entre os cavaleiros, ficando abaixo apenas do Senhor Ápis de Touro.

— Estou curioso para saber o que você fará para evitar os meus punhos. — disse Kléos atrás de Láthos, surpreendendo o Cavaleiro de Flecha com uma aproximação inesperada.

Láthos não viu o cavaleiro de Hércules se aproximar e tentou atacar, mas Kléos foi mais rápido e desferiu um soco no rosto do Cavaleiro de Prata de Flecha, seguido por outro no queixo, arrancando o elmo da armadura e arremessando o prateado.

Láthos caiu cuspindo sangue e com uma forte dor de cabeça que o deixou desnorteado. Parecia que seus ossos haviam sido fraturados. O jovem cavaleiro se ergueu tentando tomar espaço para atacar, mas Kléos avançou impiedosamente desferindo um soco no estômago, outro no rosto e finalizou com um chute que forçou Láthos a rasgar o solo na tentativa de não cair.

Cambaleando para trás, Láthos cuspiu mais sangue e sentiu seu estômago arder.

— Morra, traidor! Punho de Hércules!  

Kléos concentrou cosmo em seu punho e avançou mais uma vez, mas passou direto por Láthos. O cavaleiro de Flecha virou-se para acompanhar o oponente, mas foi surpreendido quando Kléos girou e aplicou um soco em direção seu peito. Mas Ryuho se lançou na frente do companheiro e ergueu o escudo interceptando o punho do Cavaleiro de Hercules.

A força de impacto gerou um poderoso deslocamento de cosmo que revirou o solo ao redor abrindo fendas na terra, e arrastou Ryuho e Láthos para trás, mas a defesa do dragão não se rompeu. Ryuho empurrou Kléos e atacou, desferindo um golpe cortante.

Excalibur!

O cavaleiro de prata de Escudo acompanhava a batalha de longe e resolveu intervir temendo pela vida do companheiro, mas Saiph balançou a cabeça negando o auxílio.

— Não precisa ir até lá, Aegis. Você sabe que nada consegue ultrapassar a defesa de Kléos. — disse o Cavaleiro de Prata de Orion.

O feixe de luz da Excalibur rasgou o solo durante o seu avanço e estava prestes a atingir Kléos em cheio, mas a técnica colidiu com uma esfera cósmica que cobriu todo o corpo do Cavaleiro de Prata de Hercules.

— Im-Impossível!! — disse Ryuho.

— Eu sou protegido pelo manto do Leão de Nemeia. — disse Kléos, se referindo a capa presa em seus ombros. A pele do lendário leão estava brilhando como se fosse ouro. — É uma defesa tão poderosa quanto uma armadura de ouro. Enquanto eu estiver sendo protegido por ela, nenhum ataque físico pode ultrapassar a minha defesa. É impenetrável. Além disso, é uma piada chamar essa sua técnica de Excalibur. Porém, fico surpreso que seu escudo tenha suportado o meu golpe. Faz jus a fama que carrega de ser o “escudo mais poderoso”. Mas não vai conseguir se esconder atrás dele por muito tempo. Irei superar a defesa do seu escudo e despedaçá-lo junto com seu espírito de luta. Punho de...

Flechas Fantasmas! disparou Láthos, repentinamente.

Confiando em sua defesa, Kléos não demonstrou preocupação ou resistência diante do golpe de Láthos.

— Já disse que é inútil!

— Tem certeza? — questionou Láthos. — As minhas flechas não são físicas. Elas são imateriais. Pelo menos até atingirem o meu inimigo. Só então elas se materializam.

Kléos percebeu o erro que havia cometido, mas foi tarde demais. Duas flechas se materializaram em sua perna esquerda, fazendo com que ele caísse de joelhos urrando de dor, e outras se materializaram em seu braço direito, o impedindo de aplicar sua técnica.

— Eu poderia ter mirado no seu coração, mas eu não quero matá-lo. Você é meu companheiro.

— Cuidado, Láthos! — gritou Jikan, mas seu alerta não foi rápido o suficiente.

Céfalo de Cão Maior se moveu em rápida velocidade e agarrou Láthos pelo pescoço. Seu cosmo estava ardente cosmo chamas, e seu toque provocou queimaduras, arrancando gritos de dor.

— Mas eu estou disposto a matá-lo. Explosão helíaca!!

O cavaleiro de Flecha foi lançando para o alto em meio a um turbilhão de cosmo ardente. A pressão esmagadora provocou danos na armadura de prata e feriu Láthos internamente, fazendo com que ele cuspisse sangue.

Láthos desabou inconsciente e com grande parte do corpo queimado devido à alta temperatura do golpe. Ryuho correu para ajudar o amigo, mas Céfalo surgiu em seu caminho e aplicou um soco em seu peito, arrancando o ar de seus pulmões e o arremessando para longe do cavaleiro de flecha.

— Para onde você estava indo com tanta pressa, dragão?! — disse Céfalo. Não se preocupe. Seu amigo não está morto. Ele teve muita sorte. A armadura de prata o protegeu.

Ele é muito forte. pensou Ryuho. Se o Senhor Kiki não tivesse restaurado a armadura de Flecha, Láthos teria sido morto com aquele golpe.

— Talvez você não tenha tanta sorte. Explosão...

Céfalo estava prestes a disparar sua técnica quando foi surpreendido por um soco em seu rosto desferindo por um cavaleiro de bronze misterioso que se aproximou tão rápido que pegou todos de surpresa.

— Eu não vou permitir que você faça isso, Irmão. — disse o cavaleiro de bronze, que assim como Céfalo, tinha cabelos castanhos acinzentados curtos e pele clara.

— Irmão?! — disse Ryuho, surpreso. — Mas essa aparência...

— Esse é o irmão gêmeo mais velho de Céfalo. — explicou Jikan. — O nome dele é Acteon, o cavaleiro de bronze de Cão Menor. Ele também é membro da vanguarda de Saiph.

— Vocês já causaram danos demais aos nossos companheiros. — disse Acteon.

— Não se intrometa, fracassado! — gritou Céfalo

O cavaleiro de Cão Maior avançou contra Acteon e desferiu um soco, mas o cavaleiro de bronze desviou e contra-atacou, golpeando o irmão consecutivas vezes. Céfalo conseguiu bloquear uma das investidas de Acteon e desferiu uma joelhada no estômago do cavaleiro, forçando o irmão a recuar.

Confiante de que Acteon estava desnorteado, Céfalo avançou de punho cerrado concentrando seu cosmo no ataque, mas Acteon reagiu a tempo e saltou. Ele concentrou cosmo em seu punho e desceu aplicando um golpe no chão diante do Cavaleiro de Prata, criando uma poderosa explosão cósmica que se propagou e atingiu Céfalo, arremessando-o violentamente.

Céfalo pousou fincando os pés no chão e rasgou o solo, mas imediatamente ele pegou impulso e avançou mais uma vez.

Detenha-se tempo! disparou Jikan, o cavaleiro de bronze de Relógio.

A imagem cósmica de um relógio mecânico se formou no solo e brilhou, reduzindo os movimentos de Céfalo. Jikan então rotacionou os braços concentrando cosmo em uma esfera e em seguida uniu as mãos disparando uma rajada de cosmo.

Colapso temporal!

Céfalo foi golpeado em cheio e foi lançado violentamente contra um pilar.

— Você é bastante inconveniente, cavaleiro de bronze. — disse Kléos, extraindo as flechas douradas cravadas em sua perna e se levantando.

— Já chega! — disse Saiph. — Eu mesmo resolvo isso.

— Recuem. — disse Acteon, para Ryuho e Jikan. — Tirem o cavaleiro de Flecha daqui.

— Você não pode enfrentá-lo sozinho. — disse Jikan.

— Na verdade, eu acho que nenhum de nós aqui pode, mas temos que ter o menor número de baixas possível.

— Eu não vou sair. — disse Ryuho, ficando ao lado de Acteon. — Jikan, leve o Láthos para dentro e faça a retaguarda do senhor Shalom. Qualquer coisa... — Ryuho deu um leve sorriso amigável. — A sua ajuda com o Tempo é bem-vinda.

— Está certo.

Jikan apoiou Láthos nos braços e o levou para dentro do templo, deitando o amigo com cuidado, e voltou para ficar junto a Shalom, que observava os cavaleiros.

— Ouça, dragão. Não tire os olhos de Aegis, o cavaleiro de Escudo. — alertou Acteon. — Mas também tome cuidados com os punhos de Saiph, e não deixe ele se aproximar. Se ele o agarrar, é provável que você morra.

Ryuho olhou para Aegis e viu que o cavaleiro de prata continuava parado.

— Está bem.

— Deixe-me ajudá-lo. — pediu Céfalo para Saiph, tentando se levantar. — Eu posso dar conta do meu irmão e você...

— Não! Estamos perdendo tempo. Eu vou dar cabo deles e então levaremos o Cavaleiro de Virgem para o senhor Ares.

Saiph elevou o seu cosmo, e era sem dúvidas muito poderoso. Ele emanava uma forte imponência e expressava uma confiança inabalável de que via vencer.

— Separe-se! — gritou Acteon, empurrando Ryuho para o lado.

O cavaleiro de Orion investiu no mesmo instante contra o Ryuho, que imediatamente ergueu seu escudo, mas Acteon surgiu pela lateral e atacou.

Caçada selvagem!

Acteon disparou uma rajada de cosmo que assumiu a forma de centenas de cães, golpeando Saiph em diferentes pontos com a intenção de provocar múltiplos danos, mas o golpe não surtiu qualquer efeito. O cavaleiro de prata conhecia a técnica de Acteon por ser um dos seus seguidores e desviou de cada investida.

A imagem de um dos cães se alterou e Acteon surgiu de punho cerrado prestes a desferir um golpe, mas Aegis, o cavaleiro de prata de Escudo, agiu.

Couraça de Aix! gritou o cavaleiro de prata, saindo das sombras de Saiph.

Usando o escudo de sua armadura, Aegis projetou uma defesa cósmica resistente diante do Cavaleiro de Orion, bloqueando o punho de Acteon.

— Agora Ryuho!!

A imagem cósmica de um dragão verde se ergueu atrás de Saiph e Aegis. Ryuho havia aproveitado que a atenção dos cavaleiros de prata estava voltada para Acteon e deu a volta para atacar por trás, mas Saiph não pareceu surpreso com a articulação dos cavaleiros de bronze.

Cólera do dragão! disparou Ryuho.

Saiph afastou Aegis e estendeu a mão, parando o golpe de Ryuho.

— Golpe fraco. — disse o Cavaleiro de Orion, desdenhando.

Mas Ryuho respondeu com um leve sorriso e pressionou seu golpe.

— Se o Cólera do Dragão é capaz de reverter o fluxo da grande cachoeira de Rozan... — disse Ryuho, recuando o braço por um rápido instante. — Imagine então o que ele é capaz de fazer com o meu oponente.

Ryuho desferiu o golpe mais uma vez, mas ao invés de ser um soco direto, ele aplicou um golpe debaixo para cima, passando rente ao corpo de Saiph. O cavaleiro de Orion foi envolvido pela pressão exercida pela técnica e foi arremessado para o alto.

O corpo de Saiph girou no ar, mas o cavaleiro de prata rompeu a pressão ao seu redor usando sua força física e elevou o seu cosmo.

— Proteja-se Ryuho! — gritou Acteon.

Meteoros de Órion!

Saiph concentrou o cosmo em seu punho direito e disparou milhares de socos em uma velocidade próxima a da luz. Fazendo jus ao nome de sua técnica, os punhos do Cavaleiro de Orion rasgaram o céu como se fossem restos de um cometa entrando na atmosfera, e bombardearam a região.

Acteon cruzou os braços em uma vã tentativa de se proteger, mas Ryuho surgiu diante dele e ergueu o escudo.

O-O quê?! Ryuho se movimentou tão rápido quanto os punhos de Saiph!! Isso quer dizer que ele também alcança uma velocidade próxima à da luz? pensou Acteon. — Não vai adiantar. — disse ele. — Seu escudo será despedaçado. Os punhos de Saiph são poderosos demais.

— Está enganado. — disse Ryuho. — O escudo do dragão é a defesa mais poderosa abaixo das armaduras de ouro. Ele vai resistir. Ele tem que resistir!!

Ryuho flexionou os joelhos e assumiu uma postura defensiva, bloqueando os golpes direcionados a eles, mas o impacto estava pressionando o Cavaleiro de Dragão contra o chão, forçando Ryuho a se ajoelhar.

Essa técnica é semelhante aos Meteoros de Marin. pensou Ryuho. Então essa foi a técnica que ele aprendeu com o Senhor Seiya?! Sendo assim, preciso reagir rápido. Caso contrário...

Ryuho elevou o cosmo concentrando-o em seu punho e saltou em direção a Saiph, mantendo o escudo diante do seu corpo enquanto abria caminho entre os socos do Cavaleiro de Prata.

— O que ele está fazendo? — questionou Kléos de Hercules.

— Está tentando um ataque direto. — respondeu Aegis de Escudo.

— Isso é loucura. Saiph o matará.

Ryuho se aproximou do Cavaleiro de Orion e atacou.

Cólera do dragão!!

Mas a mesma técnica pode não funcionar contra um cavaleiro na segunda vez. Saiph desviou da rajada de cosmo em forma de dragão, evitando ser pego novamente pela pressão do golpe, e alcançou Ryuho, segurando-o pelo pescoço com a mão esquerda.

— Você vem comigo. — disse o Cavaleiro de Orion, e desceu com força máxima contra o chão.

O impacto abriu uma cratera profunda e o deslocamento de cosmo atingiu Acteon, arremessando o cavaleiro de bronze contra um pilar.

Saiph ergueu Ryuho ainda segurando-o pelo pescoço e concentrou cosmo em seu punho direito. A cena lembrava a posição da constelação de Orion no céu. O lendário herói segurando a caça na mão esquerda e preparando sua clava na mão direita.

— Eu não tinha a intenção de envolver um oponente mais fraco nesse combate, mas você está no meu caminho.

Preocupado com o colega, Jikan de Relógio elevou o seu cosmo para ajudar Ryuho, mas Shalom segurou em seu braço e balançou a cabeça proibindo qualquer interferência.

— Ele deve vencer essa luta por conta própria. — disse o Cavaleiro de Virgem.

— Mas senhor... Aquela técnica que Saiph está prestes a disparar...

— Nessa guerra eu aprendi que o campo de batalha de um cavaleiro é solitário. Apesar dos laços de amizade, os cavaleiros lutam sozinhos contra seus oponentes, respeitando a honra de uma luta em pé de igualdade. Ryuho não pode esperar por uma ajuda externa sempre que estiver encurralado. E ele sabe disso. Agora eu entendo por que Delfos exigiu que os cavaleiros de bronze e de prata treinassem além dos limites de suas patentes. Era para torná-los mais poderosos e independentes. Então se quiser ajudar, permita que seu amigo evolua sozinho. Você já auxiliou demais.

— Morra, dragão! — disse Saiph, recuando o braço direito e concentrando cosmo em seu punho. Clava brutal!

O soco do cavaleiro de Orion atingiu Ryuho em cheio, disparando uma poderosa rajada de cosmo que propagou um forte deslocamento de energia. O cavaleiro de bronze teve sua armadura danificada apesar dos reforços feitos por Kiki, e foi arremessado violentamente em direção ao céu.

— Ryuho!! — gritou Jikan, preocupado.

Ryuho desabou quase sem forças em uma profunda cratera que se formou com o impacto. Sua visão estava turva, seu corpo todo doía e sangue escorria em sua boca, mas ele se levantou mais uma vez.

— Ainda não terminamos. — disse Ryuho.

— Pare, Ryuho. — disse Acteon. — Eu assumo a batalha. Você não está em condições de lutar. É um milagre que não tenha morrido.

— Não. Eu vou derrotá-lo. — disse o cavaleiro de bronze de Dragão.

— Me admiro que ainda esteja vivo.— disse Saiph. — Mas de qualquer forma, mal se aguenta em pé. Conheço suas técnicas e já decorei o seu estilo de luta. Fique fora disso se quiser viver. Você é fraco. Tire a armadura do seu pai e volte para Rozan. É o melhor que tem a fazer.

Saiph achou que com aquelas palavras estava enterrando o espírito de luta de Ryuho, o desestimulando, mas na verdade ele disparou o gatilho de um poder adormecido.

— “Armadura do seu pai”?! — repetiu Ryuho, encarando Saiph com um olhar tomado por cosmo. — Eu conquistei a armadura de bronze de dragão após anos de árduo treinamento. As pessoas tendem a desmerecer os meus esforços por acharem que meu pai simplesmente entregou a armadura para mim. — o cosmo de Ryuho se elevou e se agitou, emanando centenas de projeções cósmicas ao seu redor. — Mas eu a obtive por mérito próprio e vou lhe provar!!

O cosmo dele continua a crescer sem limites. pensou Saiph, perplexo. Mas que brilho é esse?!

O brilho verde da armadura de bronze e do cosmo de Ryuho mudaram de cor, passando a emitir um brilho dourado como se fosse ouro.

— Ryuho... Você despertou o sétimo sentido. — disse Jikan, admirado.

O cosmo de Ryuho fez com que o sangue de Shalom, que havia sido usado para restaurar a armadura bronze em Jamiel, reagisse, tornando a armadura de bronze completamente dourada.

— Receba a minha técnica mais poderosa! — gritou Ryuho.

— Então venha! Darei tudo de mim no próximo ataque! — o Cavaleiro de Orion concentrou cosmo em seu punho direito e avançou contra Ryuho. — Clava brutal!

Ryuho recuou os dois braços e explodiu o seu cosmo, elevando-o ao limite máximo.

Cólera dos cem dragões!!

 Ryuho estendeu os dois braços com as mãos abertas e disparou centenas de rajadas de cosmo que tomaram a forma de inúmeros dragões. A fúria dos dragões de Rozan cruzaram o campo em direção a Saiph. Aegis de Escudo surgiu das sombras do Cavaleiro de Orion para protegê-lo mais uma vez, mas os dois cavaleiros de prata foram surpreendidos quando Shalom surgiu diante deles.

Angeli Specularibus!!

Shalom ergueu uma barreira circular em forma de vitral angelical e bloqueou as presas dos cem dragões. O choque provocou um forte abalo e causou danos na defesa de Shalom, além de empurrar o Cavaleiro de Virgem para trás.

Exausto, Ryuho caiu de joelhos.

— Senhor Shalom?! — disse ele confuso.

— Eu tive que intervir. Você iria matá-los. — disse Shalom. — Além disso...

Shalom virou-se para Saiph e Aegis e viu os dois cavaleiros de prata caindo de joelhos e levando as mãos até a cabeça, como se estivessem sentindo uma forte dor. Ao mesmo tempo houve um forte colapso de cosmos em algum ponto distante.  

Esses cosmos... pensou Shalom. Sinto que dois cosmos poderosos colidiram em uma dimensão próxima ao Santuário, mas...  Pertencem ao Andrômeda e Anteros. Shun... Por acaso você...

— Senhor... Shalom?! O que eu... — disse Saiph se levantando. Ele parecia bastante atordoado. Como se não soubesse onde estava ou o que estava fazendo. — Eu...

— Os olhos deles... — disse Ryuho sorrindo. — Voltaram ao normal!!

— O deus Anteros foi derrotado?! — questionou Jikan de Relógio, ajudando Láthos de Flecha a se levantar.

— Pelo visto sim, mas... — Shalom fechou os olhos e se concentrou. — Apesar da colisão de cosmos terem ocorrido em uma dimensão paralela, eu sinto resquícios vindo do salão do Grande Mestre. Talvez tenha alguma distorção do espaço-tempo lá em cima.

Sua percepção mental se expandiu e ele vasculhou o Santuário. Seus olhos percorreram as doze casas, avistando o embate na casa de Áries, a subida de Ikki e Jabu, e enfim acessou o grande salão. Shalom adentrou no Labirinto dos deuses e avistou o deus Anteros caído em uma poça de sangue, e Shun parado diante dele recuando sua corrente pontiaguda, mas havia algo estranho em Shun. Os olhos do cavaleiro de Andrômeda estavam azuis e havia uma sombra alada se erguendo atrás dele.

Shalom ouviu Shun conversar com alguém, algo sobre um acordo, mas não era com Anteros. Ele estava falando com a sombra. Shalom tentou enxergar além da escuridão, mas surgiu um par de olhos vermelhos em meio as trevas e repeliu Shalom do Templo do Grande Mestre.

Desconfiado, Shalom recuou sua mente, mas alguém o interceptou.

Sua mente está inquieta. disse Ápis de Touro, que apesar de estar enfrentando o berserker Brontë de Gytras diante da Casa de Áries, conseguiu captar a atividade psíquica de Shalom. Eu também senti a colisão. O que foi que você viu?

Existe uma presença maligna se esgueirando no Santuário. respondeu Shalom. Alguém está se aproximando dos cavaleiros e se aproveitando dessa guerra.

Shalom passou para Ápis a visão que ele teve no interior do salão do Grande Mestre.

Então as minhas suspeitas estavam certas. disse Ápis. Eu notei que havia algo de estranho. Temos que alertar Atena e o Grande Mestre caso contrário...

A conexão psíquica foi rompida e a mente de Shalom recuou por completo. O cavaleiro de virgem abriu os olhos e avistou uma distorção no céu, seguida pelo som de tambores de guerra e um forte cheiro de maresia, como se um oceano estivesse prestes a inundar o Santuário.

— O que está acontecendo?! — perguntou Acteon, que segurava seu irmão, Céfalo, no ombro.

— Cosmos poderosos estão se aproximando. — disse Saiph. — Kléos, Aegis, Acteon e Céfalo... Se preparem.

O céu trovejou e se distorceu, emitindo um brilho verde fantasmagórico. Uma fenda dimensional foi aberta e dela surgiu a proa de um navio trazendo a imagem do deus Poseidon entalhada na madeira.

— Eu reconheço aquela embarcação. — disse Aegis de Escudo.

— Sim... É semelhante àquele navio de 9 anos atrás. — comentou Kléos de Hercules.

— Atlântida! — disse Saiph.

—...—

O que será que aconteceu há 9 anos atrás que envolveu Atlântida e a “vanguarda do herói”? Saberemos futuramente no Gaiden de Orion.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, tudo bom com vocês?!

Espero de coração que vocês tenham gostado desse capítulo. Peço perdão pela demora e por qualquer erro que deixei passar. Eu estou muito ansioso para trabalhar nesse Gaiden de Orion. Os elementos mitológicos que serão inseridos são muito interessantes, e vou mostrar a vocês um pouco mais da visão e das aventuras desses cavaleiros de prata e bronze que vocês conheceram hoje. Além de tudo isso, vou explorar um período em que Ikki e os outros lendários eram Cavaleiros de Ouro. Vai ser algo bem legal de acompanhar.

Não esqueça de comentar sobre o capítulo. Sua opinião é muito importante para mim. Até a próxima.



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