A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo especial não se trata apenas de uma luta lateral em meio a Guerra Santa contra Ares. Ele traz elementos importantes que serão abordados tanto na guerra atual, quanto na que está por vir. Fiquem atentos aos detalhes.
Capítulo especial: A vanguarda do herói
Região norte do Santuário – Grécia
Um grupo de cavaleiros estava enfrentando berserkers rasos e soldados de Ares quando avistaram ao longe uma coluna de luz subindo em direção ao céu.
— Vocês sentiram isso? — perguntou Láthos, o Cavaleiro de prata de Flecha, aos seus companheiros. Ele era um jovem de corpo magro, cabelos loiros e curtos, e olhos azuis. — Esse cosmo... Ele me é familiar. E parece pertencer a um cavaleiro de ouro.
Láthos foi cercado por um grupo de soldados que saltaram em sua direção. Um dos soldados tentou golpear o cavaleiro de prata pela direita, mas Láthos interceptou o ataque e desferiu um chute, arremessando o inimigo contra outro soldado que se aproximava.
Mais dois guerreiros de Ares avançaram para uma investida, entre eles um berserker, mas Láthos desviou e atacou, desferindo dezenas de flechas cósmicas.
— Suas flechas não inúteis. — disse o berserker.
As flechas ilusórias se esvaíram, mas as flechas verdadeiras atravessaram o peito dos guerreiros de Ares e se materializaram em flechas douradas. O berserker e os soldados cuspiram sangue e desabaram sem vida.
— Eu também reconheço esse cosmo. — disse Ryuho, o Cavaleiro de Bronze de Dragão e filho de Shiryu. Ele estava rodeado de soldados berserkers mortos. — É o cosmo daquele homem que me salvou na noite em que tentei entrar no Santuário. O Cavaleiro de Virgem. Mas... Sinto perigo. Láthos! Temos que ir até lá.
— Jikan! — gritou Láthos, chamando um cavaleiro que trajava a armadura de bronze de Relógio.
Jikan era um jovem de porte médio, pele clara, cabelos verde-claros e olhos lilás. Ele estava enfrentando um berserker, mas seu oponente parecia estar paralisado. O cosmo de Jikan havia formado a imagem cósmica de um relógio mecânico composto por engrenagens em torno do guerreiro de Ares, retardando seus movimentos.
O cavaleiro de bronze avançou e saltou, girando e desferindo um chute cortante que atingiu a garganta do berserker e o decapitou.
— O que aconteceu? — perguntou Jikan.
— Eu explico no caminho. Vamos!
Ryuho correu na frente, sendo seguido por Láthos e Jikan. Eles percorreram as ruas reviradas do Santuário. Estava um caos. Havia corpos de soldados, berserkers, e aspirantes a cavaleiros espalhados pelo caminho. Além de prédios destruídos e pontos de incêndio.
— Sinto um cosmo maligno se aproximando do senhor Shalom. — pensou Ryuho. — Espero que ele esteja bem.
—...—
Shalom ainda estava se recuperando da árdua batalha contra Anatole quando sentiu uma presença poderosa rodeando a região. Ele se virou e avistou um adolescente, com mais ou menos 15 anos de idade, agachado ao lado do corpo sem vida do berserker de Quimera.
O jovem tinha pele clara como se nunca tivesse tomado banho de sol, porte físico forte, longos cabelos loiros platinados, olhos azuis gélidos e vestia uma toga grega preta com um cinto dourado na cintura. Shalom lembrou de ter visto uma criança com uma vestimenta semelhante àquela no início da luta contra Anatole.
— Será que... Aquela criança... É ele? — pensou Shalom, observando o jovem em silêncio.
— Eu sei que você está pensativo, mas não tenho o poder de ler a mente das pessoas. — disse o garoto para Shalom, ainda olhando para o cadáver do berserker. — O que você quer saber?
— É você que está me acompanhando desde Jamiel até aqui, não é?! Por que está fazendo isso?
— Eu estava a caminho de 48 graus, 38 minutos e 10 segundos ao Norte, e 1 grau, 30 minutos e 41 segundos ao Oeste, quando fui atraído pela sua... Energia. Tinha algo muito familiar em você. Então decidi continuar observando, mas vejo que não é nada demais. Você é só uma fagulha.
— E quem é você?
O garoto se levantou e encarou Shalom com um olhar frio.
— Eu tenho muitos nomes, mas pode me chamar de... Heosphoros. Ou apenas Heos.
— Por acaso você é um aliado de Ares?
— Aliado?! Não.
— Então, o que você quer?
— A minha ascensão. — disse Heos, caminhando até Shalom. — Eu fui confinado em um lugar inóspito e hostil antes mesmo da criação da alvorada. Com muito esforço eu pude me manifestar espiritualmente através dos milênios, e assim tive a oportunidade de andar neste planeta em raros momentos. Acompanhei a evolução da humanidade em grandes saltos de tempo. — o garoto parou a poucos metros do Cavaleiro de Virgem e olhou fixamente em seus olhos. — A última vez foi há mais de dois mil anos atrás.
— E pretende tirar proveito desta guerra? — indagou Shalom.
— Essa guerra santa contra Ares é algo pequeno se comparado ao que está por vir. Achei que você pudesse enxergar. — disse Heos, erguendo o braço e tocando na lateral da testa de Shalom. — Veja.
Os olhos de Shalom se arregalaram, o espaço-tempo se alterou ao seu redor, e imagens aleatórias passaram rapidamente diante dos seus olhos: Uma mulher gritando com dores de parto dentro de uma cabana em meio a uma forte nevasca; Uma carruagem de ouro puxada por quatro cavalos rasgando o céu, deixando rastro de fogo, e liderada por um jovem de cabelos dourados; Centenas de guerreiros alados feridos caindo do céu; Um eclipse; Um abadia erguida no topo de uma ilha rochosa na foz de um rio; Um tribunal liderado por uma mulher de expressão ríspida, cabelos negros trançados, olhos brancos como mármore e trajando uma armadura prateada; Uma prisão onde se encontra um homem de longos cabelos azuis ajoelhado e com os braços suspensos em correntes; e dezenas de corpos empilhados diante de um grande trono dourado.
Assustado com as imagens, Shalom se afastou do toque de Heos e deu passos para trás, se distanciando do garoto.
— O que foi isso que eu acabei de ver? — perguntou Shalom. Seu corpo tremia descontroladamente.
— Um perigo iminente que não pode ser impedido. O céu será partido ao meio e eu irei me aproveitar disso para finalmente me erguer por completo. A contagem regressiva começará ao nascer do sol de hoje. Será o prólogo do céu.
— Esses acontecimentos não podem ser impedidos, mas você é um mal que pode ser detido. — disse Shalom, elevando o seu cosmo. — Já que está diante de mim, não posso perder essa oportunidade. Vou enviar a sua alma de volta para o lugar de onde você não deveria ter saído. Mali spiritus, ego praecipitus, exitus!
O corpo de Shalom emitiu um forte brilho dourado que se expandiu como uma onda cósmica, mas sua técnica foi bloqueada pela palma da mão de Heos. O bloqueio gerou um forte abalo, provocando tremor na região.
— Não vai funcionar. É necessário bem mais do que isso para me exilar.
A técnica de virgem se concentrou na palma da mão de Heos e o garoto a repeliu na forma de uma rajada de cosmo. Shalom foi atingido em cheio e arremessado contra a parede de um edifício grego, caindo nas escadas de acesso.
— Parece que o meu toque despertou uma habilidade que estava dormente em você. A precognição. Interessante. Nos veremos em breve, Shalom de Virgem.
O cosmo de Heos rodopiou ao seu redor e seu corpo desapareceu.
— Senhor Shalom! Senhor Shalom! — gritou Ryuho, ao avistar o cavaleiro de virgem caído.
O cavaleiro de dragão se aproximou de Shalom e o ajudou a se levantar.
— O senhor está bem?
— O garoto... Onde ele está?
— Que garoto, senhor? — perguntou Láthos, olhando ao redor. — Não tem ninguém aqui além de nós.
— Eu não diria isso, Láthos.
Jikan apontou para um grupo de cavaleiros de prata se aproximando.
— Droga! — exclamou Láthos preocupado.
— Quem são eles? — perguntou Ryuho.
— Aquele é Saiph, o Cavaleiro de Prata de Orion. — disse Jikan se referindo ao cavaleiro que liderava o grupo. Era um homem alto e forte, de pele clara e cabelos ruivos caindo sobre os ombros. — Ele foi o primeiro cavaleiro de prata a conquistar uma armadura após a Guerra Santa contra Hades. Ele é respeitado no Santuário por causa do seu poder e por ter participado de missões ao lado dos Cavaleiros Lendários. Além disso, mesmo não sendo discípulo do Senhor Seiya, Saiph teve seu treinamento supervisionado por ele. A maioria dos aspirantes a cavaleiros que treinaram no Santuário se inspiraram em Saiph para conquistarem as armaduras.
— Os demais são cavaleiros que seguem Saiph com extrema lealdade. — disse Láthos, sobre o grupo que acompanhava o Cavaleiro de Orion. — São conhecidos como “Vanguarda do herói”. Cada um é dotado de habilidades que se sobressaem aos demais Cavaleiros de Prata e bronze. São os cavaleiros das constelações de Hércules, Escudo, Cão Maior e... Espere! Está faltando o...
— Nos entregue o Cavaleiro de virgem, Dragão! — disse Saiph. — Ele é um dos cavaleiros de ouro que traíram o senhor Ares.
— Mas...
— Não adianta argumentar, Ryuho. Eles estão com os olhos prateados. — disse Láthos. — Isso significa que estão sob o efeito da manipulação do deus Anteros.
— Sinto muito por não poder ajudá-lo, Ryuho. — disse Shalom. — Terão que vencê-los sozinhos.
— Não se preocupe, senhor. — Ryuho ajudou Shalom a se sentar. — Vamos proteger o senhor.
— Pretende nos enfrentar, dragão? — perguntou o Cavaleiro de prata de Hércules, a direita de Saiph. Era um jovem tão alto quanto Saiph, de pele parda e cabelos pretos. Ele usava uma capa de pele dourada de leão presa em suas ombreiras.
— Não temos alternativa, Kléos. — respondeu o cavaleiro de bronze de Relógio.
— Fique fora disso, Jikan. — disse o cavaleiro de prata de Escudo, a esquerda do Cavaleiro de Orion. Ele tinha cabelos verde escuro caindo sobre os ombros e pele clara. — Caso contrário acabará sendo morto.
Jikan cerrou os punhos.
— Chega de conversa. — disse o Cavaleiro de Prata de Cão Maior. Era um jovem de cabelos castanho acinzentado curto e pele clara. — Todos eles são traidores. E a punição é a pena de morte! Eu, Céfalo de Cão Maior, matarei todos vocês.
Céfalo flexionou os joelhos como um corredor prestes a iniciar uma disputa e disparou em direção a Shalom de punho cerrado, mas Ryuho ficou em seu caminho e ergueu o escudo de dragão.
Percorrendo uma velocidade acima de Macho 20, o cavaleiro de prata surgiu diante do cavaleiro de bronze de dragão e desferiu centenas de socos contra o escudo. A potência dos golpes era ampliada pela velocidade de Céfalo, que além de ultrapassar a velocidade do som, era 10 vezes mais veloz do que um cavaleiro de prata comum.
Ryuho precisou fixar os pés no chão para não ceder a defesa.
— Mesmo que a defesa de Ryuho seja poderosa, a energia e a força dos socos de Céfalo percorrem pelo seu braço. Seu corpo vai acabar se esgotando. Tenho que ajudar. — pensou Jikan e elevou o cosmo. — Prepare-se Ryuho! Detenha-se tempo!
Um relógio mecânico cósmico surgiu ao redor de Céfalo e os movimentos do cavaleiro de prata foram reduzidos. Ryuho aproveitou o auxílio e atacou.
— Cólera do dragão!! — Ryuho aplicou um soco direto no queixo de Céfalo, arremessando o Cavaleiro de Prata para o alto envolvido pela figura cósmica de um dragão.
A armadura de prata sofreu danos com a pressão, mas Céfalo se equilibrou quando a restrição cessou e pousou deixando marcas no chão.
— Foi uma atitude bastante covarde, cavaleiro de relógio. — disse Céfalo, limpando a boca suja de sangue. — A luta de um cavaleiro deve ser em pé de igualdade.
— Um contra um. — disse Láthos. — Mas essa regra é para os Cavaleiros de Atena. Agora que são súditos de Ares, por que iriam se preocupar com isso?!
— Ele tem razão. — disse Kléos de Hércules, caminhando em direção aos cavaleiros. — Então venham vocês três. Matarei com um só golpe.
— Jikan, proteja o Senhor Shalom! Ryuho, temos que evitar os punhos dele. — disse Láthos em tom de alerta. — Kléos se orgulha de ter a segunda maior força física entre os cavaleiros, ficando abaixo apenas do Senhor Ápis de Touro.
— Estou curioso para saber o que você fará para evitar os meus punhos. — disse Kléos atrás de Láthos, surpreendendo o Cavaleiro de Flecha com uma aproximação inesperada.
Láthos não viu o cavaleiro de Hércules se aproximar e tentou atacar, mas Kléos foi mais rápido e desferiu um soco no rosto do Cavaleiro de Prata de Flecha, seguido por outro no queixo, arrancando o elmo da armadura e arremessando o prateado.
Láthos caiu cuspindo sangue e com uma forte dor de cabeça que o deixou desnorteado. Parecia que seus ossos haviam sido fraturados. O jovem cavaleiro se ergueu tentando tomar espaço para atacar, mas Kléos avançou impiedosamente desferindo um soco no estômago, outro no rosto e finalizou com um chute que forçou Láthos a rasgar o solo na tentativa de não cair.
Cambaleando para trás, Láthos cuspiu mais sangue e sentiu seu estômago arder.
— Morra, traidor! Punho de Hércules!
Kléos concentrou cosmo em seu punho e avançou mais uma vez, mas passou direto por Láthos. O cavaleiro de Flecha virou-se para acompanhar o oponente, mas foi surpreendido quando Kléos girou e aplicou um soco em direção seu peito. Mas Ryuho se lançou na frente do companheiro e ergueu o escudo interceptando o punho do Cavaleiro de Hercules.
A força de impacto gerou um poderoso deslocamento de cosmo que revirou o solo ao redor abrindo fendas na terra, e arrastou Ryuho e Láthos para trás, mas a defesa do dragão não se rompeu. Ryuho empurrou Kléos e atacou, desferindo um golpe cortante.
— Excalibur!
O cavaleiro de prata de Escudo acompanhava a batalha de longe e resolveu intervir temendo pela vida do companheiro, mas Saiph balançou a cabeça negando o auxílio.
— Não precisa ir até lá, Aegis. Você sabe que nada consegue ultrapassar a defesa de Kléos. — disse o Cavaleiro de Prata de Orion.
O feixe de luz da Excalibur rasgou o solo durante o seu avanço e estava prestes a atingir Kléos em cheio, mas a técnica colidiu com uma esfera cósmica que cobriu todo o corpo do Cavaleiro de Prata de Hercules.
— Im-Impossível!! — disse Ryuho.
— Eu sou protegido pelo manto do Leão de Nemeia. — disse Kléos, se referindo a capa presa em seus ombros. A pele do lendário leão estava brilhando como se fosse ouro. — É uma defesa tão poderosa quanto uma armadura de ouro. Enquanto eu estiver sendo protegido por ela, nenhum ataque físico pode ultrapassar a minha defesa. É impenetrável. Além disso, é uma piada chamar essa sua técnica de Excalibur. Porém, fico surpreso que seu escudo tenha suportado o meu golpe. Faz jus a fama que carrega de ser o “escudo mais poderoso”. Mas não vai conseguir se esconder atrás dele por muito tempo. Irei superar a defesa do seu escudo e despedaçá-lo junto com seu espírito de luta. Punho de...
— Flechas Fantasmas! — disparou Láthos, repentinamente.
Confiando em sua defesa, Kléos não demonstrou preocupação ou resistência diante do golpe de Láthos.
— Já disse que é inútil!
— Tem certeza? — questionou Láthos. — As minhas flechas não são físicas. Elas são imateriais. Pelo menos até atingirem o meu inimigo. Só então elas se materializam.
Kléos percebeu o erro que havia cometido, mas foi tarde demais. Duas flechas se materializaram em sua perna esquerda, fazendo com que ele caísse de joelhos urrando de dor, e outras se materializaram em seu braço direito, o impedindo de aplicar sua técnica.
— Eu poderia ter mirado no seu coração, mas eu não quero matá-lo. Você é meu companheiro.
— Cuidado, Láthos! — gritou Jikan, mas seu alerta não foi rápido o suficiente.
Céfalo de Cão Maior se moveu em rápida velocidade e agarrou Láthos pelo pescoço. Seu cosmo estava ardente cosmo chamas, e seu toque provocou queimaduras, arrancando gritos de dor.
— Mas eu estou disposto a matá-lo. Explosão helíaca!!
O cavaleiro de Flecha foi lançando para o alto em meio a um turbilhão de cosmo ardente. A pressão esmagadora provocou danos na armadura de prata e feriu Láthos internamente, fazendo com que ele cuspisse sangue.
Láthos desabou inconsciente e com grande parte do corpo queimado devido à alta temperatura do golpe. Ryuho correu para ajudar o amigo, mas Céfalo surgiu em seu caminho e aplicou um soco em seu peito, arrancando o ar de seus pulmões e o arremessando para longe do cavaleiro de flecha.
— Para onde você estava indo com tanta pressa, dragão?! — disse Céfalo. — Não se preocupe. Seu amigo não está morto. Ele teve muita sorte. A armadura de prata o protegeu.
— Ele é muito forte. — pensou Ryuho. — Se o Senhor Kiki não tivesse restaurado a armadura de Flecha, Láthos teria sido morto com aquele golpe.
— Talvez você não tenha tanta sorte. Explosão...
Céfalo estava prestes a disparar sua técnica quando foi surpreendido por um soco em seu rosto desferindo por um cavaleiro de bronze misterioso que se aproximou tão rápido que pegou todos de surpresa.
— Eu não vou permitir que você faça isso, Irmão. — disse o cavaleiro de bronze, que assim como Céfalo, tinha cabelos castanhos acinzentados curtos e pele clara.
— Irmão?! — disse Ryuho, surpreso. — Mas essa aparência...
— Esse é o irmão gêmeo mais velho de Céfalo. — explicou Jikan. — O nome dele é Acteon, o cavaleiro de bronze de Cão Menor. Ele também é membro da vanguarda de Saiph.
— Vocês já causaram danos demais aos nossos companheiros. — disse Acteon.
— Não se intrometa, fracassado! — gritou Céfalo
O cavaleiro de Cão Maior avançou contra Acteon e desferiu um soco, mas o cavaleiro de bronze desviou e contra-atacou, golpeando o irmão consecutivas vezes. Céfalo conseguiu bloquear uma das investidas de Acteon e desferiu uma joelhada no estômago do cavaleiro, forçando o irmão a recuar.
Confiante de que Acteon estava desnorteado, Céfalo avançou de punho cerrado concentrando seu cosmo no ataque, mas Acteon reagiu a tempo e saltou. Ele concentrou cosmo em seu punho e desceu aplicando um golpe no chão diante do Cavaleiro de Prata, criando uma poderosa explosão cósmica que se propagou e atingiu Céfalo, arremessando-o violentamente.
Céfalo pousou fincando os pés no chão e rasgou o solo, mas imediatamente ele pegou impulso e avançou mais uma vez.
— Detenha-se tempo! — disparou Jikan, o cavaleiro de bronze de Relógio.
A imagem cósmica de um relógio mecânico se formou no solo e brilhou, reduzindo os movimentos de Céfalo. Jikan então rotacionou os braços concentrando cosmo em uma esfera e em seguida uniu as mãos disparando uma rajada de cosmo.
— Colapso temporal!
Céfalo foi golpeado em cheio e foi lançado violentamente contra um pilar.
— Você é bastante inconveniente, cavaleiro de bronze. — disse Kléos, extraindo as flechas douradas cravadas em sua perna e se levantando.
— Já chega! — disse Saiph. — Eu mesmo resolvo isso.
— Recuem. — disse Acteon, para Ryuho e Jikan. — Tirem o cavaleiro de Flecha daqui.
— Você não pode enfrentá-lo sozinho. — disse Jikan.
— Na verdade, eu acho que nenhum de nós aqui pode, mas temos que ter o menor número de baixas possível.
— Eu não vou sair. — disse Ryuho, ficando ao lado de Acteon. — Jikan, leve o Láthos para dentro e faça a retaguarda do senhor Shalom. Qualquer coisa... — Ryuho deu um leve sorriso amigável. — A sua ajuda com o Tempo é bem-vinda.
— Está certo.
Jikan apoiou Láthos nos braços e o levou para dentro do templo, deitando o amigo com cuidado, e voltou para ficar junto a Shalom, que observava os cavaleiros.
— Ouça, dragão. Não tire os olhos de Aegis, o cavaleiro de Escudo. — alertou Acteon. — Mas também tome cuidados com os punhos de Saiph, e não deixe ele se aproximar. Se ele o agarrar, é provável que você morra.
Ryuho olhou para Aegis e viu que o cavaleiro de prata continuava parado.
— Está bem.
— Deixe-me ajudá-lo. — pediu Céfalo para Saiph, tentando se levantar. — Eu posso dar conta do meu irmão e você...
— Não! Estamos perdendo tempo. Eu vou dar cabo deles e então levaremos o Cavaleiro de Virgem para o senhor Ares.
Saiph elevou o seu cosmo, e era sem dúvidas muito poderoso. Ele emanava uma forte imponência e expressava uma confiança inabalável de que via vencer.
— Separe-se! — gritou Acteon, empurrando Ryuho para o lado.
O cavaleiro de Orion investiu no mesmo instante contra o Ryuho, que imediatamente ergueu seu escudo, mas Acteon surgiu pela lateral e atacou.
— Caçada selvagem!
Acteon disparou uma rajada de cosmo que assumiu a forma de centenas de cães, golpeando Saiph em diferentes pontos com a intenção de provocar múltiplos danos, mas o golpe não surtiu qualquer efeito. O cavaleiro de prata conhecia a técnica de Acteon por ser um dos seus seguidores e desviou de cada investida.
A imagem de um dos cães se alterou e Acteon surgiu de punho cerrado prestes a desferir um golpe, mas Aegis, o cavaleiro de prata de Escudo, agiu.
— Couraça de Aix! — gritou o cavaleiro de prata, saindo das sombras de Saiph.
Usando o escudo de sua armadura, Aegis projetou uma defesa cósmica resistente diante do Cavaleiro de Orion, bloqueando o punho de Acteon.
— Agora Ryuho!!
A imagem cósmica de um dragão verde se ergueu atrás de Saiph e Aegis. Ryuho havia aproveitado que a atenção dos cavaleiros de prata estava voltada para Acteon e deu a volta para atacar por trás, mas Saiph não pareceu surpreso com a articulação dos cavaleiros de bronze.
— Cólera do dragão! — disparou Ryuho.
Saiph afastou Aegis e estendeu a mão, parando o golpe de Ryuho.
— Golpe fraco. — disse o Cavaleiro de Orion, desdenhando.
Mas Ryuho respondeu com um leve sorriso e pressionou seu golpe.
— Se o Cólera do Dragão é capaz de reverter o fluxo da grande cachoeira de Rozan... — disse Ryuho, recuando o braço por um rápido instante. — Imagine então o que ele é capaz de fazer com o meu oponente.
Ryuho desferiu o golpe mais uma vez, mas ao invés de ser um soco direto, ele aplicou um golpe debaixo para cima, passando rente ao corpo de Saiph. O cavaleiro de Orion foi envolvido pela pressão exercida pela técnica e foi arremessado para o alto.
O corpo de Saiph girou no ar, mas o cavaleiro de prata rompeu a pressão ao seu redor usando sua força física e elevou o seu cosmo.
— Proteja-se Ryuho! — gritou Acteon.
— Meteoros de Órion!
Saiph concentrou o cosmo em seu punho direito e disparou milhares de socos em uma velocidade próxima a da luz. Fazendo jus ao nome de sua técnica, os punhos do Cavaleiro de Orion rasgaram o céu como se fossem restos de um cometa entrando na atmosfera, e bombardearam a região.
Acteon cruzou os braços em uma vã tentativa de se proteger, mas Ryuho surgiu diante dele e ergueu o escudo.
— O-O quê?! Ryuho se movimentou tão rápido quanto os punhos de Saiph!! Isso quer dizer que ele também alcança uma velocidade próxima à da luz? — pensou Acteon. — Não vai adiantar. — disse ele. — Seu escudo será despedaçado. Os punhos de Saiph são poderosos demais.
— Está enganado. — disse Ryuho. — O escudo do dragão é a defesa mais poderosa abaixo das armaduras de ouro. Ele vai resistir. Ele tem que resistir!!
Ryuho flexionou os joelhos e assumiu uma postura defensiva, bloqueando os golpes direcionados a eles, mas o impacto estava pressionando o Cavaleiro de Dragão contra o chão, forçando Ryuho a se ajoelhar.
— Essa técnica é semelhante aos Meteoros de Marin. — pensou Ryuho. — Então essa foi a técnica que ele aprendeu com o Senhor Seiya?! Sendo assim, preciso reagir rápido. Caso contrário...
Ryuho elevou o cosmo concentrando-o em seu punho e saltou em direção a Saiph, mantendo o escudo diante do seu corpo enquanto abria caminho entre os socos do Cavaleiro de Prata.
— O que ele está fazendo? — questionou Kléos de Hercules.
— Está tentando um ataque direto. — respondeu Aegis de Escudo.
— Isso é loucura. Saiph o matará.
Ryuho se aproximou do Cavaleiro de Orion e atacou.
— Cólera do dragão!!
Mas a mesma técnica pode não funcionar contra um cavaleiro na segunda vez. Saiph desviou da rajada de cosmo em forma de dragão, evitando ser pego novamente pela pressão do golpe, e alcançou Ryuho, segurando-o pelo pescoço com a mão esquerda.
— Você vem comigo. — disse o Cavaleiro de Orion, e desceu com força máxima contra o chão.
O impacto abriu uma cratera profunda e o deslocamento de cosmo atingiu Acteon, arremessando o cavaleiro de bronze contra um pilar.
Saiph ergueu Ryuho ainda segurando-o pelo pescoço e concentrou cosmo em seu punho direito. A cena lembrava a posição da constelação de Orion no céu. O lendário herói segurando a caça na mão esquerda e preparando sua clava na mão direita.
— Eu não tinha a intenção de envolver um oponente mais fraco nesse combate, mas você está no meu caminho.
Preocupado com o colega, Jikan de Relógio elevou o seu cosmo para ajudar Ryuho, mas Shalom segurou em seu braço e balançou a cabeça proibindo qualquer interferência.
— Ele deve vencer essa luta por conta própria. — disse o Cavaleiro de Virgem.
— Mas senhor... Aquela técnica que Saiph está prestes a disparar...
— Nessa guerra eu aprendi que o campo de batalha de um cavaleiro é solitário. Apesar dos laços de amizade, os cavaleiros lutam sozinhos contra seus oponentes, respeitando a honra de uma luta em pé de igualdade. Ryuho não pode esperar por uma ajuda externa sempre que estiver encurralado. E ele sabe disso. Agora eu entendo por que Delfos exigiu que os cavaleiros de bronze e de prata treinassem além dos limites de suas patentes. Era para torná-los mais poderosos e independentes. Então se quiser ajudar, permita que seu amigo evolua sozinho. Você já auxiliou demais.
— Morra, dragão! — disse Saiph, recuando o braço direito e concentrando cosmo em seu punho. — Clava brutal!
O soco do cavaleiro de Orion atingiu Ryuho em cheio, disparando uma poderosa rajada de cosmo que propagou um forte deslocamento de energia. O cavaleiro de bronze teve sua armadura danificada apesar dos reforços feitos por Kiki, e foi arremessado violentamente em direção ao céu.
— Ryuho!! — gritou Jikan, preocupado.
Ryuho desabou quase sem forças em uma profunda cratera que se formou com o impacto. Sua visão estava turva, seu corpo todo doía e sangue escorria em sua boca, mas ele se levantou mais uma vez.
— Ainda não terminamos. — disse Ryuho.
— Pare, Ryuho. — disse Acteon. — Eu assumo a batalha. Você não está em condições de lutar. É um milagre que não tenha morrido.
— Não. Eu vou derrotá-lo. — disse o cavaleiro de bronze de Dragão.
— Me admiro que ainda esteja vivo.— disse Saiph. — Mas de qualquer forma, mal se aguenta em pé. Conheço suas técnicas e já decorei o seu estilo de luta. Fique fora disso se quiser viver. Você é fraco. Tire a armadura do seu pai e volte para Rozan. É o melhor que tem a fazer.
Saiph achou que com aquelas palavras estava enterrando o espírito de luta de Ryuho, o desestimulando, mas na verdade ele disparou o gatilho de um poder adormecido.
— “Armadura do seu pai”?! — repetiu Ryuho, encarando Saiph com um olhar tomado por cosmo. — Eu conquistei a armadura de bronze de dragão após anos de árduo treinamento. As pessoas tendem a desmerecer os meus esforços por acharem que meu pai simplesmente entregou a armadura para mim. — o cosmo de Ryuho se elevou e se agitou, emanando centenas de projeções cósmicas ao seu redor. — Mas eu a obtive por mérito próprio e vou lhe provar!!
— O cosmo dele continua a crescer sem limites. — pensou Saiph, perplexo. — Mas que brilho é esse?!
O brilho verde da armadura de bronze e do cosmo de Ryuho mudaram de cor, passando a emitir um brilho dourado como se fosse ouro.
— Ryuho... Você despertou o sétimo sentido. — disse Jikan, admirado.
O cosmo de Ryuho fez com que o sangue de Shalom, que havia sido usado para restaurar a armadura bronze em Jamiel, reagisse, tornando a armadura de bronze completamente dourada.
— Receba a minha técnica mais poderosa! — gritou Ryuho.
— Então venha! Darei tudo de mim no próximo ataque! — o Cavaleiro de Orion concentrou cosmo em seu punho direito e avançou contra Ryuho. — Clava brutal!
Ryuho recuou os dois braços e explodiu o seu cosmo, elevando-o ao limite máximo.
— Cólera dos cem dragões!!
Ryuho estendeu os dois braços com as mãos abertas e disparou centenas de rajadas de cosmo que tomaram a forma de inúmeros dragões. A fúria dos dragões de Rozan cruzaram o campo em direção a Saiph. Aegis de Escudo surgiu das sombras do Cavaleiro de Orion para protegê-lo mais uma vez, mas os dois cavaleiros de prata foram surpreendidos quando Shalom surgiu diante deles.
— Angeli Specularibus!!
Shalom ergueu uma barreira circular em forma de vitral angelical e bloqueou as presas dos cem dragões. O choque provocou um forte abalo e causou danos na defesa de Shalom, além de empurrar o Cavaleiro de Virgem para trás.
Exausto, Ryuho caiu de joelhos.
— Senhor Shalom?! — disse ele confuso.
— Eu tive que intervir. Você iria matá-los. — disse Shalom. — Além disso...
Shalom virou-se para Saiph e Aegis e viu os dois cavaleiros de prata caindo de joelhos e levando as mãos até a cabeça, como se estivessem sentindo uma forte dor. Ao mesmo tempo houve um forte colapso de cosmos em algum ponto distante.
— Esses cosmos... — pensou Shalom. — Sinto que dois cosmos poderosos colidiram em uma dimensão próxima ao Santuário, mas... Pertencem ao Andrômeda e Anteros. Shun... Por acaso você...
— Senhor... Shalom?! O que eu... — disse Saiph se levantando. Ele parecia bastante atordoado. Como se não soubesse onde estava ou o que estava fazendo. — Eu...
— Os olhos deles... — disse Ryuho sorrindo. — Voltaram ao normal!!
— O deus Anteros foi derrotado?! — questionou Jikan de Relógio, ajudando Láthos de Flecha a se levantar.
— Pelo visto sim, mas... — Shalom fechou os olhos e se concentrou. — Apesar da colisão de cosmos terem ocorrido em uma dimensão paralela, eu sinto resquícios vindo do salão do Grande Mestre. Talvez tenha alguma distorção do espaço-tempo lá em cima.
Sua percepção mental se expandiu e ele vasculhou o Santuário. Seus olhos percorreram as doze casas, avistando o embate na casa de Áries, a subida de Ikki e Jabu, e enfim acessou o grande salão. Shalom adentrou no Labirinto dos deuses e avistou o deus Anteros caído em uma poça de sangue, e Shun parado diante dele recuando sua corrente pontiaguda, mas havia algo estranho em Shun. Os olhos do cavaleiro de Andrômeda estavam azuis e havia uma sombra alada se erguendo atrás dele.
Shalom ouviu Shun conversar com alguém, algo sobre um acordo, mas não era com Anteros. Ele estava falando com a sombra. Shalom tentou enxergar além da escuridão, mas surgiu um par de olhos vermelhos em meio as trevas e repeliu Shalom do Templo do Grande Mestre.
Desconfiado, Shalom recuou sua mente, mas alguém o interceptou.
— Sua mente está inquieta. — disse Ápis de Touro, que apesar de estar enfrentando o berserker Brontë de Gytras diante da Casa de Áries, conseguiu captar a atividade psíquica de Shalom. — Eu também senti a colisão. O que foi que você viu?
— Existe uma presença maligna se esgueirando no Santuário. —respondeu Shalom. — Alguém está se aproximando dos cavaleiros e se aproveitando dessa guerra.
Shalom passou para Ápis a visão que ele teve no interior do salão do Grande Mestre.
— Então as minhas suspeitas estavam certas. — disse Ápis. — Eu notei que havia algo de estranho. Temos que alertar Atena e o Grande Mestre caso contrário...
A conexão psíquica foi rompida e a mente de Shalom recuou por completo. O cavaleiro de virgem abriu os olhos e avistou uma distorção no céu, seguida pelo som de tambores de guerra e um forte cheiro de maresia, como se um oceano estivesse prestes a inundar o Santuário.
— O que está acontecendo?! — perguntou Acteon, que segurava seu irmão, Céfalo, no ombro.
— Cosmos poderosos estão se aproximando. — disse Saiph. — Kléos, Aegis, Acteon e Céfalo... Se preparem.
O céu trovejou e se distorceu, emitindo um brilho verde fantasmagórico. Uma fenda dimensional foi aberta e dela surgiu a proa de um navio trazendo a imagem do deus Poseidon entalhada na madeira.
— Eu reconheço aquela embarcação. — disse Aegis de Escudo.
— Sim... É semelhante àquele navio de 9 anos atrás. — comentou Kléos de Hercules.
— Atlântida! — disse Saiph.
—...—
O que será que aconteceu há 9 anos atrás que envolveu Atlântida e a “vanguarda do herói”? Saberemos futuramente no Gaiden de Orion.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Olá pessoal, tudo bom com vocês?!
Espero de coração que vocês tenham gostado desse capítulo. Peço perdão pela demora e por qualquer erro que deixei passar. Eu estou muito ansioso para trabalhar nesse Gaiden de Orion. Os elementos mitológicos que serão inseridos são muito interessantes, e vou mostrar a vocês um pouco mais da visão e das aventuras desses cavaleiros de prata e bronze que vocês conheceram hoje. Além de tudo isso, vou explorar um período em que Ikki e os outros lendários eram Cavaleiros de Ouro. Vai ser algo bem legal de acompanhar.
Não esqueça de comentar sobre o capítulo. Sua opinião é muito importante para mim. Até a próxima.