A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 67
Capítulo 62 — O despertar da deusa da guerra


Notas iniciais do capítulo

Mestre e discípulo se unem em uma fuga dentro da floresta sagrada do Santuário. Enquanto isso, no Tártaro, Seiya e Deimos se enfrentar arduamente. Ao mesmo tempo em que as rosas desabrocham e um pacto de possessão é firmado. Diante de tantos conflitos, erguesse a deusa da guerra.



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Capítulo 62 — O despertar da deusa da guerra


China, Rozan – Madrugada do 6º dia

De mãos dadas com Sasin, Tourmaline voltou para o vilarejo de Rozan onde a mãe da garota esperava aflita rodeada por um grupo de homens e mulheres do vilarejo. Estavam formando um grupo de busca para encontrar a garota.

Ao ver a filha, a mãe de Sasin correu e a abraçou chorando.

— Graças a deus! Onde você estava?!

— Eu...

— Ela está bem. Apenas me ajudou a encontrar o caminho de volta. — disse Tourmaline. — E se a senhora não se incomodar, eu gostaria que entrássemos. Preciso conversar com a senhora.

— Conversar... comigo?!

— Sim. Por favor.

Estranhando o pedido, a mulher pegou a filha nos braços e pediu para que Tourmaline a acompanhasse de volta para a pequena casa.

Dentro da casa, a mulher se dirigiu até a cozinha.

— Sente-se, minha querida. Enquanto isso vou preparar um chá quente.

— Não, obrigada. Prefiro que a senhora se sente.

Notando a seriedade na voz de Tourmaline, a mãe largou o bule e sentou.

—  Sasin, vá para o quarto. A mamãe precisa conversar.

— Eu prefiro que ela fique. — disse Tourmaline. — Até porque é sobre ela que preciso falar.

— Está bem. —  disse a mãe, mantendo a filha no colo, mas a segurando com mais força. Como se temesse algo.

— Não precisa ficar nervosa. E acho que devo me apresentar corretamente. Me chamo Tourmaline, e sou uma guerreira do exército de Atena, a deusa grega da justiça. E quando eu tinha a idade da sua filha, eu tinha as mesmas habilidades que ela.

— Do que você está falando? Atena?! Deusa grega?! Habilidades?! Por acaso você está falando das coisas imaginarias que ela diz ver? Minha querida, são coisas de criança. Ela...

— Ela consegue ver naturalmente coisas que os adultos não conseguem. Como por exemplo... — o cosmo dourado de Tourmaline se elevou e a armadura de capricórnio se materializou. — Essa armadura dourada que ela disse ter visto quando me encontrou caída na estrada. Algo que a senhora não conseguiu.

Se a mãe não estivesse sentada, com certeza teria caído. A expressão de assombro ficou marcada em seu rosto.

— É linda. — disse Sasin.

— Nós, os servos de Atena, somos guerreiros que lutamos em guerras secretas a fim de manter a paz na Terra e preservar a justiça.

— Guerras?! De que guerras você está falando, minha querida? — perguntou a mulher, parecendo impaciente com aquela história que para ela não passava de uma fantasia.

— Dessa atual guerra mundial, por exemplo. — respondeu Tourmaline. —  A senhora, assim como todas as outras pessoas no mundo, acham que tudo isso não passa de mais um conflito entre líderes de países ambiciosos... Mas não é isso. São deuses lutando e interferindo na humanidade. Assim como o dilúvio e o eclipse que afligiu o planeta quinze anos atrás.

A mulher sorriu, achando tudo aquilo uma loucura.

— Mas combatemos essas Guerras Santas de forma oculta. Costumamos ocultar o nosso traje, as nossas ações e a nossa presença para não revelar a nossa existência para os civis. Assim como outras coisas também são ocultadas de vocês. E apenas pessoas com olhos apurados pelo cosmo conseguem enxergar atrás dessa camuflagem. E sua filha tem essa capacidade. E isso se deve ao fato dela ter um nível cósmico acima do comum para humanos normais. — Tourmaline estendeu a palma da mão e concentrou seu cosmo. — Cosmo é uma energia que existe dentro de cada ser vivo. Mas em alguns ele se desenvolve um pouco mais, dando capacidade extraordinárias.

— Minha querida, eu... Eu gostaria muito de acreditar nisso tudo, mas...

— Eu não estou surpresa que a senhora esteja nessa posição de incredulidade. É difícil para um adulto compreender. Mesmo que diante dele esteja uma guerreira, trajando uma armadura de ouro capaz de propagar a luz do sol em pequena escala e emanando uma energia dourada em todo o seu corpo. — disse Tourmaline. — É por isso que o treinamento de um cavaleiro começa quando ele tem por volta de seis anos de idade, no mínimo. As crianças não são limitadas por ideias preconcebidas ou senso comum. Elas estão mais inclinadas ao inimaginável. Não estão corrompidas. Sendo assim, essa mente pura pode pôr em prática aquela “nova verdade” que está sendo apresentada para ela e assim consegue dominar o cosmo.  Algo impossível para os adultos, pois já estão maculados pelas coisas mundanas.

— E onde você quer chegar?

Tourmaline respirou fundo. Ela deveria ter cautela nas próximas palavras.

— Estou lhe falando isso, pois... Crianças com essas habilidades são de grande interesse para o Santuário. E por isso pretendo levar sua filha para o Santuário de Atena. Claro, se a senhora e a própria Sasin assim quiserem. O Santuário respeita acima de tudo a autonomia da criança.

A mãe ficou claramente assustada. Os olhos se arregalaram. Aquela conversa parecia mais um “sequestro” anunciado. Ela só podia imaginar que queriam tirar a sua filha dos seus braços.

— E como eu disse... — continuou Tourmaline. — Um cavaleiro de Atena luta pela preservação do amor e da paz na Terra. Somos nós quem conservamos a justiça e a ordem. Se a senhora permitir a ida de Sasin, ela será treinada e se tornará uma guerreira habilidosa. Pronta para proteger a humanidade. Assim como eu.

— Assim como... você?! — perguntou a menina com ar de admiração.

A mulher abriu a boca para responder, mas estava surpresa demais com todas as informações e com a proposta. Ela não conseguia formular qualquer palavra. Apenas pensava que aquela jovem que ela acolheu e cuidou em sua casa, agora estava propondo levar a sua filha para lutar por uma deusa da Grécia. Aquilo tudo era loucura demais.

Percebendo os olhos confusos da mulher, Tourmaline continuou:

— Mas essa decisão não deve ser tomada agora. A senhora precisa pensar um pouco mais, mas eu não tenho tanto tempo assim. Eu tenho que ir. Tenho que me preparar para a batalha que acontecerá daqui a três dias. Você sentirá o que está acontecendo no mundo, e notará a importância da nossa existência. Após essa guerra, cedo ou tarde o Santuário enviará alguém aqui para conversar com a senhora sobre esse assunto novamente, e só então será exigido da senhora uma decisão.

A peça da armadura que protege o braço esquerdo se desfez em cosmo, revelando um bracelete dourado marcado com o símbolo do báculo de Atena. Tourmaline o removeu e colocou no braço da pequena Sasin. Instantaneamente o bracelete se ajustou no braço da garotinha.

—  Mas... Como?! — perguntou a mulher.

— É um bracelete especial. Esse símbolo representa Nike, a deusa da vitória, que também é um símbolo de Atena. Esse acessório foi banhado com o sangue da deusa, e ele reconhece aqueles ou aquelas que nasceram para servi-la. E também protege. — disse piscando um olho para Sasin. — Esse bracelete não é meu. Ele pertenceu a uma companheira de batalha. O nome dela era Pavlin de Pavão. E agora estou passando para você. Fique com ele até eu voltar. Está bem?!

— Obrigada! — disse Sasin animada, olhando admirada para o bracelete em seu braço.

— Para onde você vai agora? — perguntou a mulher, tentando parecer não estar na beira da loucura.

— Passei anos fingindo ser alguém que eu não sou. Agora está na hora de assumir a minha verdadeira personalidade e meu dever. Preciso visitar uma pessoa aqui em Rozan antes de ir para o campo de batalha. — a peça da armadura de ouro voltou a cobrir o braço da saintia enquanto ela caminhava em direção a porta. Tourmaline deu uma última olhada para as duas antes de ir embora. — Cuidem-se.

—...—


Castelo de Oberon – Tártaro

Seiya olhou de um deus para o outro.

— Aquela berserker disse que o seu nome é Enyalios... O deus menor da guerra. Lembro que você foi morto pelo Cavaleiro de Ouro de Leão com a ajuda de Dionísio. Então é por isso que você está aqui no Tártaro, não é?! Então... — Seiya olhou para Deimos. — Você também foi morto e por isso está aqui?!

Deimos enrugou o cenho.

— Por que a curiosidade?

— Temos uma luta pendente.

Enyalios sorriu, zombando da expressão surpresa de Deimos.

— Está dizendo... Que quer me enfrentar?

— Não se esqueça que são dois deuses neste salão, Pégasos. — disse Enyalios.

— Posso cuidar de você depois. — disse Seiya dando as costas para o deus menor da guerra, ficando frente a frente com o deus do terror.

— Quanta insolência... — disse o deus menor da guerra.

— Por que a revolta, Enyalios? Você não espera que eu tenha qualquer forma de respeito com vocês, não é mesmo? Deuses genocidas não merecem respeito.

— Não se intrometa, Enyalios. — disse Deimos, olhando para Seiya e avaliando a postura corajosa do cavaleiro de ouro de sagitário. — A cada dia que passa os humanos se tornam ainda mais rebeldes na forma que tratam os deuses. Mas como eu disse uma vez... Eu não me importo com isso. É uma preocupação tosca que alguns deuses acabam tendo. Vamos ao que realmente interessa, Seiya. Nós já lutamos uma vez, e você perdeu. Não vai ser como naquela noite, vai?

— Lutaremos uma segunda vez então. — disse Seiya, elevando o seu cosmo dourado. — E dessa vez, eu irei com tudo.

Deimos sacou a espada e elevou o cosmo.

 — Então venha. Darei a sua cabeça de presente para Atena dessa vez. E ninguém vai me impedir disso.

O deus do Terror investiu contra Seiya, que desviou do corte da lâmina por um milésimo de segundo.

Ele se moveu na mesma velocidade que eu?! pensou o deus. Seiya está se movendo acima da velocidade da luz?!

Rapidamente o deus desceu a espada para um segundo golpe, mas Seiya materializou o arco dourado e bloqueou a espada.

— Ora, ora, vai usar uma arma contra mim? Pensei que Atena proibisse.

— Se a armadura possui uma arma, Atena autoriza o seu uso. Desde que o cavaleiro não seja dependente dela e não a use covardemente. — disse Seiya, que em seguida saltou para trás, a fim de se afastar de Deimos, mas o deus seguiu atacando, enquanto Seiya bloqueava os golpes.

O deus girou com força mirando a lateral do corpo de Seiya, mas o cavaleiro de sagitário interceptou a espada e se esvaiu mais uma vez, tomando distância.

Combate com armas é uma especialidade de Deimos. Tenho que tirar a espada da mão dele. Caso contrário... Seguirei com uma certa desvantagem. pensou Seiya.

Deimos elevou o cosmo, que rodopiou ao seu redor, e se teletransportou, surgindo nas costas de Seiya, que desviou para o lado para fugir da espada que estava prestes a atravessar o seu corpo.  O deus girou e aplicou um chute que fez o cavaleiro de Atena ser lançado rasgando o solo com a pressão do arremesso.

Após retomar a postura, Seiya avançou contra Deimos que já estava indo em sua direção. Arco e espada colidiram, soltando faísca e raios de cosmo. A força aplicada por ambos fazia as armas rangerem. Deimos saltou e passou ao lado de Seiya para atacá-lo por trás, mas o cavaleiro de Sagitário girou e bloqueou a espada do deus mais uma vez. Golpes consecutivos continuaram sendo disparados, e Deimos cada vez mais empenhava sua força divina e o seu cosmo nos ataques, fazendo Seiya recuar enquanto se defendia.

Por um deslize de Seiya, um dos golpes do deus acabou ferindo o seu ombro e o arrastou para trás. Provocando uma dor aguda que se estendeu por todo o seu braço esquerdo. Fazendo ele perder a mobilidade momentaneamente e o equilíbrio. Seiya temeu que o próximo ataque fosse com a espada novamente, pois naquele momento parecia que o arco na mão direita estava mais pesado que o normal, mas por sorte Deimos desferiu um soco no abdome de Seiya.

Atordoado com a dor no ombro ferido e com o golpe no abdome, Seiya quase foi pego pela espada divina novamente na sequência dos ataques, mas ele se defendeu usando as asas de sagitário que se fecharam diante dele.

 Deimos continuou atacando a fim de romper o bloqueio de asas e desferir um golpe mortal. Entendo a intenção do deus, Seiya elevou o cosmo e abriu as asas provocando um forte deslocamento de cosmo que arrastou o deus para trás, e em seguida voou para o alto teto escuro, desaparecendo da vista de todos.

— Está fugindo, Seiya? — questionou o deus, sorrindo. — Não importa para onde você fuja... — asas negras se abriram nas costas de Deimos. — Eu lhe caçarei até a morte!

Deimos girou a espada e saltou em direção ao teto, mas nesse momento dezenas de flechas douradas desceram contra ele. O deus arregalou os olhos, mas com destreza ele se defendeu com a sua espada enquanto seguia avançando, até que foi surpreendido por uma massa de cosmo dourado.

Cometa... de... Pégasos!! gritou Seiya

O cometa dourado colidiu com o cosmo do deus, e de dentro do cometa surgiu Seiya de punho cerrado. O soco foi bloqueado pela espada, mas Seiya intensificou o cosmo e passou a pressionar o deus para trás, concentrando todo seu cosmo em um único ponto. Som de rachaduras foram ouvidas segundos antes da espada ser partida ao meio e o punho de Seiya atravessa-la em direção ao rosto de Deimos.

Surpreso, o deus do Terror não desviou a tempo e foi atingindo no rosto, recebendo também o Cometa de Pégasos em cheio e sendo arremessado contra o chão. A queda foi violenta e rápida, abrindo uma cratera no salão e erguendo uma cortina de poeira.

Ele não apenas quebrou a arma divina, como também atingiu um deus sem que o seu golpe voltasse contra si como uma punição. pensou Aracne, surpresa. Isso só é possível a partir do momento em que a diferença entre humano e deus se torna estreita.

— Está precisando de ajuda, Deimos?! — perguntou Enyalios, debochando.

— Já disse para não se intrometer. — disse Deimos furioso, se levantando.

— Você não passa de uma alma solidificada dentro dessa Onyx. — disse Seiya, pousando. — É isso o que vocês se tornam aqui quando vem apenas com a alma? Pelo menos ainda posso bater em você. E vejo que pode sentir dor. É suficiente.

— Você está diferente de quando nos encontramos na casa de Sagitário. — disse Deimos, jogando para o lado a espada quebrada.

— Não. Sou o mesmo homem daquela noite. A diferença é que estou lutando com mais empenho. Algo que eu deveria ter feito no nosso primeiro encontro. Mas você está aqui... E é a oportunidade ideal para corrigir o meu erro. Venha Deimos!! Tenho que derrotar você e ir até Atena!!

O cosmo de Seiya se elevou com mais intensidade, impressionando Aracne que assistia ao combate diante do retrato de Hades e sua família.

— Se tivesse lutado comigo dessa forma naquela noite...

— Talvez eu tivesse impedido você. Verdade. Mas hoje eu sei que apesar dos pesares, foi melhor ter sido daquela forma. Apesar de não concordar, havia um objetivo maior. Enfim... Já falamos demais!!

 — Cavaleiro tolo. Me proporcione um combate mais interessante então. Pois naquela noite... Você foi uma vergonha, Seiya!

Seiya avançou e Deimos também. O deus fez uma evasiva para o lado, girou e aplicou uma joelhada no abdome de Seiya. O dourado cuspiu sangue, mas não perdeu tempo e girou de punho cerrado disparando uma sequência de “Meteoro de pégasos”.

— Acha que pode me derrotar com tão pouco poder? Por acaso você gastou todo o seu cosmo naquele golpe?! Vejo que mesmo na minha forma incompleta, eu ainda sou superior a você!!

— Sim, eu posso derrotar você!

Seiya recuou o punho, concentrando uma maior quantidade de cosmo, e voltou a atacar. Deimos cruzou os braços para parar o golpe, mas passou a ser empurrado para trás.

— Se quer tanto um combate interessante, lhe darei um, Deimos!!

— Eu não vou ser encurralado por um cavaleiro!!

Apesar da pressão, Deimos pegou impulso e avançou em direção a Seiya, encarando o golpe do cavaleiro de ouro de frente. Na medida em que o deus avançava, ele desviava dos punhos dourados lançados por Seiya, mas nem todos os golpes foram evitados.

 — Esse golpe... São bilhões de socos aplicados por segundo. Nessa quantidade e nessa velocidade... pensou Enyalios.  Seiya está superando ainda mais a velocidade da luz. Ele está... No nível de um deus?! Não. Ainda não. Mas é um cosmo muito próximo do nono sentido. Próximo demais. Dessa forma a diferença entre os dois irá se tornar cada vez mais curta.

Deimos explodiu o seu cosmo em meio ao golpe de Seiya, dissipando-o, e partiu para o ataque físico. O cavaleiro de sagitário parou o punho do deus, assim como o Deimos parou o punho de Seiya, e assim ambos ficaram empatados por alguns minutos, medindo força física e intensidade de cosmo.

Apesar da evolução de Seiya, Deimos era um deus e seu patamar ainda lhe garantia vantagem. E apesar de o nível de Seiya estar equivalente ao nível em que ele enfrentou e derrotou Thanatos, que é superior a Deimos, o deus do Terror não estava subestimando Seiya assim como o deus da morte fez, o que acabou sendo o erro fatal de Thanatos.

A troca de forças foi rompida por Deimos, que aplicou um golpe de cabeça na testa de Seiya e depois saltou, aplicando uma joelhada no queixo, lançando a cabeça do cavaleiro de Atena para trás cuspindo sangue. Atordoado, Seiya cambaleou para trás, e Deimos avançou aplicando uma sequência de socos no estômago do cavaleiro, lançando-o contra a parede violentamente, deixando-o cravado.                  

O cosmo de Seiya se expandiu e ele abriu as asas, se afastando da cratera e partindo para o ataque novamente. Divindade e mortal deram início a mais uma intensa troca de socos e chutes. Ambos abriram suas asas e subiram até o alto teto escuro do grande salão entre golpes.

Seiya acertou Deimos no estômago e aproveitou a brecha do deus para dar continuidade aos socos. Em meio ao ataque o corpo do deus sumiu. Quando Seiya se virou foi golpeado por uma rajada de cosmo que o lançou para o outro lado do salão. Seiya girou no ar, pousou na parede e tomou impulso, se movendo mais uma vez acima da velocidade da luz e atingindo um soco no rosto de Deimos, que respondeu com um chute no peito de Seiya.

Antes que Seiya se afasta-se, ele segurou nas asas negras de Deimos e empunhou força no braço, lançando o deus violentamente contra o chão. Deimos caiu em um forte baque e Seiya pousou a poucos metros dele, materializando o arco mais uma vez.

— Guarde a sua arma, Seiya. — disse o deus, se levantando. — Eu ainda não fui derrotado para você querer dar o golpe final.

— Você aguenta mais um pouco, não aguenta? — o arco dourado sumiu na mão de Seiya, e ele serrou o punho.

— Na verdade, a questão aqui é... Você vai aguentar?

Os dois recuaram e atacaram novamente. Os punhos colidiram e uma onda de cosmo se expandiu rasgando o chão do salão e quebrando alguns pilares. A troca de socos continuou cada vez mais intensa. Seiya se afastou e disparou socos acima da velocidade da luz, mas o deus bloqueou alguns socos e se esquivou de outros, indo em direção a Seiya e aplicando um soco que fez o cavaleiro de Atena colidir contra os pilares.

Deimos foi atrás de sua presa, mas Seiya já havia se recuperado do choque, e ambos voltaram a trocar socos e chutes entre esquivas e evasivas. Seiya aplicou um soco concentrando no abdome de Deimos, ao passo que o deus ergueu os braços e lançou Seiya para o alto. O corpo de Deimos sumiu e o deus voltou a aparecer em cima de Seiya, unindo as mãos e aplicando um golpe que arremessou o dourado contra o chão violentamente. Estendendo ainda mais a cratera que havia sido aberta momentos antes.

Deimos desceu para continuar o abate, mas Seiya se levantou e aplicou um chute que lançou o deus de volta ao teto. Agora em lados opostos, os dois concentraram cosmo entre as mãos e descarregaram contra o outro. O choque de cosmo provocou um som explosivo no salão e um forte deslocamento de ar que arrastou Aracne e Enyalios, concentrando no centro uma grande esfera de energia hostil que emanava ondas de cosmo destrutiva por todo o salão. Provocando tremor e rachaduras nos pilares.

Seiya está alcançando o mesmo patamar que o Andrômeda alcançou pouco tempo atrás. O estado de “deus”. pensou Aracne.  Até que ponto esses humanos vão para enfrentar os deuses? Se continuar assim... Deimos e Enyalios serão derrotados. Tenho que matar Atena antes disso.

Aracne tocou na grande tela com a imagem de Hades e atravessou a pintura, que ondulou como se fosse a superfície de um lago.

— Para onde você vai, berserker?! — gritou Seiya, olhando de lado para a pintura, vendo Aracne sumir.

Ele queria segui-la, mas não podia. Apesar da grande pressão exercida no centro da energia, ele e Deimos continuaram a avançar enquanto comprimiam a massa de cosmo.

— Quer mesmo continuar com isso, Pégasos? — perguntou Deimos. — O poder concentrado entre nós está chegando no limite. Quando isso acontecer, você será despedaçado.

— Não vou dar um passo se quer para trás. — respondeu Seiya, se esforçando para continuar avançando e manter a energia equilibrada a seu favor. — Também não pretendo morrer aqui. Mas caso isso aconteça, levarei você comigo, destruindo a sua alma para que nunca mais possa reencarnar!!

— Morra Pégasos!!

O cosmo de Deimos explodiu e em resposta ao deus o cosmo de Seiya também explodiu. Ambos elevaram seus cosmos com empenho e seguirem em frente na colisão.

...


Castelo de Oberon – Corredor principal

Uma poderosa explosão abalou o castelo e o som forte e estrondoso correu pelos corredores.

— Sentiram isso? — perguntou Henry, que corria junto a Eros e Alkes de Taça pelos corredores do castelo. — Esse cosmo...

— É o cosmo de Seiya colidindo com alguém poderoso. — disse Eros. — E é um cosmo familiar.

— Acho estranho que não consigo captar de qual direção está vindo. — comentou Alkes.

— Sim. Também desconfio disso. — disse Eros. — É como se viesse de toda as partes do castelo. E também... Estamos andando por esses corredores sem parar. Até parece... Um labirinto.

Eros parou.

— Um labirinto?! Como assim, Eros? — perguntou Henry.

— Eu já vinha notando que havia algo estranho desde o momento em que entramos aqui. Estamos sendo enganados. Por isso não conseguimos entrar nos cômodos do castelo e também não paramos de correr no mesmo caminho. — o cosmo dourado de Eros se elevou.

O cavaleiro de Peixes passou por Henry e Alkes, e estendeu a mão para o corredor.

— Alguém está se aproveitando da nossa pressa e ansiedade para nos pregar uma peça. — Uma rajada cósmica foi disparada, percorrendo todo o extenso corredor. — Mas querer me enganar dessa forma, logo eu que já fui instruído por Saga de Gêmeos, é muita insolência.

No fundo daquele caminho interminável, a luz dourada do cosmo brilhou com mais intensidade, como se tivesse colidido em algo, e retornou em direção a Eros trazendo a realidade consigo, como uma verdade sendo iluminada pela luz, quebrando a ilusão que havia sido aplicada naquele trajeto.

Henry olhou para trás e constatou que não haviam andado mais do que seis metros da porta de entrada do castelo.

— Fiquei pensando quanto tempo iria passar até que vocês percebessem a armadilha. — disse uma harpia surgindo no corredor através de uma massa de cosmo espectral.

Era uma mulher formosa assim como Aelo, e trajava uma surplice. Seus longos cabelos volumosos eram lilás e a íris dos seus olhos ardiam como chamas. Em seus braços haviam asas longas e lindas, com penas de cor rubra e escuras. Seus lábios eram volumosos e vermelhos, e sua pele era pálida.

— Vejo que todos os cavaleiros de ouro são bastante habilidosos. — disse a harpia. — Fazem jus a posição que tem. Alguns dias atrás conheci a saintia de Capricórnio.

— Saintia de Capricórnio?! — perguntou Alkes. — Mas...

— Tourmaline. — respondeu Eros.

— O-O que?! A irmã do Grande Mestre?!

— Pois é, garoto. — disse Henry. — Uma longa história.

— E quem é você? — perguntou Eros.

— Eu sou Ocípete, a veloz. Sou uma das três comandantes do exército do senhor Oberon.

— Então você deve saber me responder. Diga... Qual o caminho que leva até Atena?

A harpia olhou Eros da cabeça aos pés e deu um fino sorriso.

— Não vai nem mesmo se apresentar, Peixes?! Aelo comentou sobre você. Para alguém que usa rosas em seus ataques, você tem uma voz bastante grossa e firme.

Henry sorriu.

— Essa foi boa. Muito boa.

— Não me faça repetir a pergunta. — disse Eros, ríspido.

— Não engrosse a voz, Eros. — disse Henry, zombando. — E por que tenta resolver isso com diálogo? Assim como a outra harpia, essa daí só vai responder de uma forma.

Henry passou por Eros correndo na velocidade da luz com o punho cerrado.

— Por acaso todos os cavaleiros são assim... — Ocípete, desviou no exato momento em que Henry surgiu diante dela e desferiu um soco, que foi bloqueado pela harpia. — Tão arrogantes e impulsivos?

— Conseguiu se esquivar e bloquear?! — disse Henry, surpreso.

— E contra-atacar. — disse a harpia, aplicando um soco na barriga de Henry.

O cavaleiro de câncer cuspiu sangue e foi lançado para trás, caindo de costas.

— Para mim vocês são lentos demais.

— Ainda que seja uma pequena diferença, ela consegue se mover mais rápido que um cavaleiro de ouro. — disse Alkes. — Se move mais rápida que a velocidade da luz.

— Do que você está falando, garoto?! — disse Henry se levantando. — Está dizendo que ela é superior a um cavaleiro de ouro?

— Em velocidade, sim. — disse uma voz vindo de trás do grupo de cavaleiros. — Ela não é chamada de “a veloz” à toa, Henry. Não subestimem as comandantes de Oberon.

Henry e os outros viraram surpresos ao reconhecerem a voz. Ápis, o cavaleiro de ouro de Touro.

— Touro?! — disse Alkes, incrédulo. — Achei que estivesse morto depois daquela colisão de cosmo com o senhor Shun.

— Andrômeda não o mataria antes de fazer de tudo para salvá-lo. — disse Eros. —  E veja... ele conseguiu. Ele não é mais um espectro.

— Ele nunca foi um. — disse Ocípete. — Um cavaleiro meramente transformado em espectro não deixa de ser um cavaleiro no final das contas. Uma vez verme, sempre verme.

— Não percam tempo aqui com ela. — disse Ápis, ignorando o insulto. — Vocês precisam ir até Seiya. Se vocês encontrarem Seiya, encontrarão Atena. Ele está enfrentando Deimos e Enyalios no salão anterior onde Atena está.  É uma armadilha para mata-lo.

— Você disse... Deimos?! — perguntou Herny.

A imagem de Henry diante de Thanatos veio na sua mente como um alerta. Henry havia feito um pacto com o deus da morte. Acorrentar Deimos e Phobos no Tártaro, em um templo dedicado ao deus da morte. O pacto foi selado em um juramento pelo Rio Estige e não podia ser quebrado, caso contrário traria maldição para Henry.

— Droga! Eros... Eu não posso deixar que Seiya acabe com aquele desgraçado.

— Você consegue seguir o rastro do cosmo de Seiya? — perguntou Eros.

— Sim. Agora eu consigo.

— Então vá. Encontro você depois.

Henry não questionou. Apenas cerrou os punhos e correu, passando pela harpia. Ele esperou que ela atacasse, mas a comandante não mostrou qualquer intenção de impedi-lo. Eros estranhou.

— Alkes... Ápis... Se vocês quiserem acompanhar Henry, podem ir. Eu assumirei a luta aqui.

— Eu não posso fazer isso. — disse Ápis. —  Lembre-se do que eu lhe disse, Eros. As suas técnicas baseadas em rosas vão exigir demais do seu cosmo, pois são múltiplas formas de vida que oscilam no ambiente hostil do Tártaro. Para manter suas rosas com vigor e potência, você precisará dar mais de si do que o normal.

— Ápis... Já que não pretende ir, então não se intrometa. — disse Eros. — E não fique narrando a minha falha diante da minha oponente.

— Não vai reconsiderar? Vai mesmo lutar aqui sabendo o que vai acontecer? Deixe-me assumir a luta. Meu controle gravitacional pode retardar os movimentos dela.

— Touro... — Eros olhou para Ápis por cima do ombro. — Eu pareço ser o tipo de homem que deixa de lutar? Não interfira.

— Deixe-o morrer, Touro. Logo será a vez de vocês. Não precisa ter pressa.

— Quanto a você... — disse Eros voltando sua atenção para Ocípete. — Por que deixou Henry passar?

— Sentiu aquela explosão, não? Seiya deve ter morrido com aquele golpe. Por que então eu teria receio em permitir que o Cavaleiro de Câncer, que não passa de um tolo, corra para lá? Para a própria morte. Existe dois deuses naquele grande salão. Seiya podia até ter nível para enfrentá-los, mas o Cavaleiro de Câncer não tem. Assim como Hercules pisou no caranguejo enviado por Hera, os deuses irão esmagar o Cavaleiro de Câncer. A mitologia sempre se repete.

— Ninguém vai morrer... Além de você.

Eros avançou para o ataque de punhos cerrados, mas como era de se esperar, seus socos não estavam atingindo a harpia. A pequena diferença entre a velocidade de ambos proporcionava à harpia a capacidade de desviar com precisão.

— Seus socos têm perfume de rosas. — disse a harpia desdenhando e respirando fundo. — Torna a luta até agradável.

A harpia fez ziguezague, girou e chutou o peito de Eros. O cavaleiro de Peixes foi arremessado com força, derrubando uma sequência de pilares. Antes que ele colidisse com a parede, Ocípete surgiu atrás dele e aplicou um segundo chute que lançou Eros para o outro lado do corredor. O cavaleiro de peixes foi fortemente arremessado, e caiu rasgando o piso.

Sem perder tempo, a harpia saltou e voou extremamente veloz, parando em cima dele e disparando rajadas de cosmo que bombardearam Eros ainda no chão.

Lanças de gelo da lótus branca!! disparou Alkes de Taça, afim de impedir o avanço de Ocípete contra Eros.

Dezenas de lanças de gelo e oricalco foram disparadas. Ocípete desviou de cada uma e correu para atacar Alkes, mas o chão entre eles explodiu e um emaranhado de trepadeiras espinhosas rompeu o solo subindo e formando um paredão.

— Eu disse para não interferir. — disse Eros se levantando cuspindo sangue. — Isso é uma ordem! Não me faça repetir.

— Si-sim senhor!

Ocípete rasgou as trepadeiras e voltou a atacar Eros. O dourado usava os braços para se proteger das garras afiadas da comandante ao mesmo tempo em que tentava golpeá-la, mas seus esforços estavam sendo em vão. Ele não conseguia se quer tocá-la.

— Você já atacou ciente de que não seria veloz o suficiente para nem mesmo me arranhar. Socos de um homem desencorajado não me alcançam.

Eros girou e aplicou um chute mirando a lateral do rosto da harpia, mas Ocípete bloqueou o ataque com o braço direito e o repeliu. Arremessando-o mais uma vez.

— Que patético.

A comandante abriu seus braços alados emitindo um brilho fantasmagórico e seu cosmo se expandiu, liberando penas que se alinharam formando um arco ao redor da harpia. As penas brilharam com mais intensidade e se transformaram em adagas negras.

A harpia segurou duas adagas e avançou contra Eros. O dourado desviava e bloqueava o percurso das lâminas, evitando que Ocípete o atingisse em pontos vitais desprotegidos pela armadura de ouro, como o rosto e o pescoço.

— Se não pretende lutar com mais empenho, não me faça perder tempo. — disse Ocípete, notando a expressão vazia do cavaleiro de ouro enquanto a enfrentava. Plumas retalhadoras de homens!

As asas da harpia se moveram em um forte bater de asas, gerando uma poderosa deslocação de ar e cosmo que lançou as adagas negras contra Eros em meio ao turbilhão.

Diante das dezenas de lâminas que vinham em sua direção afim de retalhá-lo, o cavaleiro de peixe elevou o cosmo e ergueu o braço direito.

Fenda de Alrisha!

 A imagem da constelação de peixes surgiu diante dele e uma fenda dimensional foi aberta, engolindo as lâminas.

Eros então contornou a fenda e avançou pela lateral. Rosas azuis surgiram ao redor do cavaleiro de Peixes que as lançou contra Ocípete. A harpia cruzou os braços usando suas asas como escudos e as penas se tornaram solidas como metal, criando uma barreira, mas o escudo foi transpassado pelas dezenas de rosas azuis e acertaram a harpia que foi arremessada para trás.

Ocípete pousou com força rasgando o piso. Havia rosas cravadas em seu corpo, as quais ela arrancou expandindo seu cosmo, e avançou para o ataque.

A harpia golpeou Eros com socos e garras, mas para a surpresa da comandante, Eros estava bloqueando suas investidas e contra-atacando. O dourado aplicou um chute, mas Ocípete se lançou para trás e voltou a atacar com as garras mirando o pescoço de Eros.

Faltando poucos centímetros para a harpia rasgar a garganta do dourado, trepadeiras surgiram da escuridão do corredor e se enroscaram no corpo e braços de Ocípete, detendo seus movimentos. E com um aceno de mão de Eros a harpia foi jogada para o alto teto e em seguida contra o chão. E ele repetiu esses movimentos algumas outras vezes antes de derrubá-la definitivamente.

Eros encarou Ocípete, que notando uma sensação de perigo rapidamente se ergueu, e em seguida correu em sua direção, mas no meio do percurso o corpo do cavaleiro de ouro desapareceu, deixando para trás uma bruma vermelha com pétalas voando, que foi transpassada pela harpia.

— Rosas vermelhas?!

A bruma dançou no ar ao redor da harpia e repentinamente ela se curvou para frente ao sentir um soco em seu estômago, e em seguida teve seu corpo lançado para trás ao receber um chute em seu queixo.

Ele ficou invisível?! pensou a harpia, surpresa, enquanto caia.

— Essa luta já está ganha. — disse Ápis. — Não se pode lutar contra alguém que você não consegue ver. Ainda mais nas condições que está agora. Afetada pelo aroma das rosas.

Ocípete girou e disparou um golpe.

— Não fale besteiras, touro. E você, peixes, não seja covarde!! Apareça!!

— Mesmo se eu aparecesse, não mudaria nada. Seu primeiro erro foi ter respirado tão fundo o perfume das rosas quando eu lhe apliquei os primeiros socos. Você não notou, mas houve um certo momento em que eu já conseguia bloquear totalmente os seus ataques, acompanhando perfeitamente seus movimentos. Eu lhe desestabilizei.

A harpia arregalou os olhos e voltou a atacar a esmo, tentando seguir a voz de Eros.

— Continue falando, cavaleiro. E logo, logo, irei lhe encontrar.

— Você não terá esse privilegio por muito tempo. Vai aprender que não se deve cheirar todas as rosas que aparecem no seu caminho. Primeiro... Irei tirar o seu sentido da visão e da audição.

Os olhos da harpia perderam o brilho e se tornaram cinzentos. Desesperada, Ocípete levou as mãos até os olhos. Ela estava cega. Em seguida foi a vez do som abandonar seus ouvidos.

— O que... O que você está fazendo?!

Terei a educação de lhe responder telepaticamente. disse Eros se materializando novamente.O doce aroma que você está inalando é um veneno que remove os seus sentidos e destroem a sua consciência, arrastando você para um sono profundo. Seus rápidos movimentos nunca me impressionaram, harpia, pois não era um problema para mim. Era só questão de tempo até o seu desempenho físico ser afetado.

— O que ele está fazendo?! — perguntou Alkes.

— Ele está falando com ela mentalmente. — respondeu Ápis, que estava lendo a mente de Eros.

— Eu não vou me dar por vencida!! — bravejou Ocípete.

Mesmo sem saber a localização de Eros, Ocípete continuou a atacar, lançando rajadas de cosmo e adagas para todos os lados.

É uma cena triste. disse Eros, desviando. Você é uma das três comandantes do exército do seu deus, mas está em uma situação deplorável agora. Completamente humilhada. Serei benevolente para dar fim a sua vida, pois não me agrada prolongar com isso. uma rosa negra se materializou na mão de Eros. E é por reconhecer a sua patente que eu preciso garantir que você não se levantará mais, por isso... terei que devorar seu coração. Com as rosas negras que destroçam tudo aquilo que tocam! Rosas Piranhas!

Dezenas de rosas negras foram disparadas, e durante o percurso elas se uniram em uma única e letal rajada que atingiu certeiramente o peito da harpia, transpassando seu corpo e deixando um buraco vazio onde antes batia um coração. Ocípete cuspiu sangue e caiu morta.

— Ápis... — chamou Eros. — Você sabe onde Seiya e Atena estão, não é?!

— Sim.

Eros se afastou para o lado, insinuando que Ápis deveria ir na frente.

—...—


Planície do Tártaro

Eu não consigo me mexer. pensou Shun, que estava caído em meio a uma enorme cratera aberta por ele e Oberon durante o duelo.

Seu corpo estava quase todo paralisado. Ele não conseguia mexer os braços e as pernas. Sangue escorria do seu peito através do ferimento mortal feito por Oberon e deslizava entre os cascalhos escuros do chão do Tártaro.

No céu escuro, pairando entre as nuvens mortas, Shun avistou dezenas de chamas dançantes. Mas ao prestar atenção ele notou que eram tochas sendo seguradas por criaturas aladas que estavam sobrevoando a região como se fossem urubus esperando o momento certo para descerem em direção a sua presa.

Ao estreitar os olhos, Shun constatou que as criaturas eram mulheres aladas, mas eram diferentes das harpias. Aquelas mulheres estavam completamente nuas, possuíam asas negras de morcego, pele clara-acinzentada e seus cabelos eram em forma de serpentes negras de olhos vermelhos.

— Não precisa se preocupar com elas. — disse uma mulher se aproximando.

Ela era jovem, de longos cabelos negros, pele clara, olhos verdes apagados, lábios vermelhos e trazia na cabeça uma coroa de flores de um vermelho muito vivo. Seu longo vestido negro parecia se fundir com a terra escura.

— Elas não vão fazer mal a você. Elas são as Erínias. A personificação da vingança. Elas punem os mortais e fazem eles sentirem na pele todo o mal que fizeram para as pessoas. — a jovem olhou para o céu. — Mas elas estão confusas. Você ainda é um deus e por isso elas não podem toca-lo, mas quanto mais você se aproxima da morte, mais o seu lado humano exala e atrai elas. Esse é o preço por você ter rejeitado a imortalidade quando estava na condição de deus. Mesmo assim... Você é o homem mais puro. Não seria punido. Para elas, você é como um pedaço dos Eliseos em meio a esse ambiente hostil. Algo raro de se ver. É como olhar para o sol. Incomoda.

— Quem é você?! — perguntou Shun, com esforço. Sua voz estava rouca e sangue escorreu de sua boca.

— Eu sou Macária, a deusa da boa morte. Filha de Hades e Perséfone.

— Filha de... Hades?! — Shun sorriu. — Então ele a enviou aqui?!

— Não, mas ele está a caminho. Eu vim aqui apenas para retardar a hora da sua morte. Nesse momento os poderes naturais de Thanatos, a própria sombra da morte, estão se aproximando de você afim de lhe tirar a vida. Ao mesmo tempo em que as Moiras preparam a tesoura e aguardam o retorno da sua mortalidade para poderem cortar o fio da sua vida diante dos deuses do Olimpo no grande Salão do Trono. Sua morte está sendo assistida e esperada com ansiedade pelos deuses, Shun.

— Mas eu não posso morrer aqui. — disse Shun, tentando se levantar, mas seu corpo não lhe respondia e mais sangue saiu de sua boca.

— Morrer ou não já não é mais uma escolha. Você chegou no seu limite, Shun. Você não tem mais passos para dar. Sua caminhada termina aqui.

—  Mas... Atena... Seiya... Eles precisam de mim. Eu preciso ajuda-los a sair do Tártaro.

Façamos então um acordo. a voz de Hades veio junto com uma brisa fria que fez Shun se arrepiar.

E como um anjo nu ele apareceu diante de Shun. Com sua alma imitando a forma do seu corpo original, e com as asas negras abertas em todo seu esplendor, estendendo a mão para Shun como se fosse o portador da salvação que o Andrômeda tanto almeja.

Do ponto de vista de Macária, aquela cena parecia uma replica da arte de Michelangelo. “A criação de Adão”. Um deus estendendo a mão para a criatura mortal. Era a vida imitando a arte em seu momento mais delicado.

—...—


Monte Etna, Ilha Sicília — Dia do retorno de Atena

Sentado em uma pequena ilha de rocha no meio do lago de lava no interior do vulcão, Ikki acordou repentinamente.

— Algum problema, Fênix?! — perguntou Hefesto, que interrompeu a forja para olhar para o cavaleiro.

— Meu irmão... Algo está acontecendo com Shun no Tártaro. Eu posso sentir. Ele... Hefesto... Eu preciso ir até lá.

O deus da forja pousou seu martelo na mesa de trabalho.

— Admiro seu forte laço com seu irmão a ponto de você sentir que algo está acontecendo com ele. Mesmo ele estando em uma dimensão tão afastadas, mas... É impossível você conseguir chegar lá a tempo. Sinto muito. Você precisaria da ajuda de um deus que tem acesso livre ao mundo inferior, caso contrário passaria nove dias para chegar lá. E infelizmente eu não sou um desses poucos deuses. E agora que o Olimpo está cada vez mais focado no desfecho dessa guerra... Nenhum deus irá lhe ajudar.

— Eu não vou ficar aqui enquanto algo acontece com o Shun. — disse Ikki, se levantando.

— Não perca seu tempo. — Hefesto deu as costas para Ikki e voltou a trabalhar em sua forja. — Nesse momento o monte Etna está cercado de anjos também. E não é porque estão aguardando a minha forja. Eles estão aqui para matá-lo. Quer um conselho? Saia daqui apenas quando Atena retornar. E se o seu irmão estiver morto... Enterre-o.

—...—


Planície do Tártaro

— Você veio. — disse Shun.

— Eu prometi a você que viria em seu leito de morte. — disse o deus flutuando próximo a Shun. — E quero saber se está disposto a fazer um acordo.

— E que tipo de acordo você quer fazer?

— Uma garantia em troca do seu corpo. — respondeu Hades.

Shun cuspiu mais sangue. Ele estava ficando cada vez mais fraco.

— Isso tudo fazia parte do seu plano, não é? — perguntou com a voz cansada. — A minha luta com Oberon... O ferimento mortal que ainda me deu alguns minutos de vida... A vinda da sua filha até aqui para retardar a morte... Isso tudo...

— Isso tudo é o destino, Shun. — Hades voltou a estender a mão, se aproximando aos poucos. — Seu corpo é meu desde o dia em que sua mãe lhe teve no ventre. E agora eu preciso da sua autorização para possui-lo.

Hades se inclinou, insinuando tocar em Shun, mas a corrente divina pontiaguda se moveu e avançou contra a alma de Hades, afastando a mão espiritual do deus, e graças ao sangue de Atena a corrente foi capaz de causar dor na alma do deus do submundo.

A armadura divina então brilhou e se demonstou do corpo de Shun, tomando a forma de estatua de braços e asas abertas diante de Shun.

— A armadura de Andrômeda... Está protegendo Shun. — disse Macária, surpresa.

— Sim. — respondeu Hades, também surpreso. — Dizem que as armaduras de Atena possuem vida própria.

— An... Andrômeda?! — disse Shun.

— Sua armadura tem um forte apego por você, Shun. — disse Hades. — Está disposta até mesmo a lhe proteger por conta própria. Mas não tem necessidade. Não quero machuca-lo. Quero apenas me unir.

— Em um acordo...

— Exatamente. Pense bem, Shun. Atena precisa sair do Tártaro e voltar para superfície. Mas acredito que isso não será possível. Nesse momento Seiya está enfrentando dois deuses sozinho, e Oberon está se dirigindo para lá. O pégasos será morto diante de Atena, e em seguida será a vez da deusa da guerra morrer. Mas as coisas não precisam ser assim. Você sabe disso.

“Existe coisas maiores em jogo por aqui. Todo o plano de Delfos depende do seu ‘sim’, pois nesse momento o ardiloso plano do Grande Mestre está ruindo. Ele já perdeu essa guerra. Atena está derrotada. Vocês não conseguirão sair daqui. Não importa o que façam ou articulem. O Grande Mestre trouxe vocês para uma dimensão que fugia do conhecimento dele. É como um cego querendo andar em uma cidade que ele não conhece.”

“Devo parabenizá-lo pela genialidade que trouxe vocês até aqui, mas para vocês é esse o ponto final. Não irão adiante. Não sem a minha ajuda. Por tanto, deixe-me ajudá-lo enquanto você e o Pégasos ainda tem tempo e chance.”

— Ouvir você falando que ajudará o Pégasos...

— O senhor do submundo não mente. — disse Macária.

— Eu sei muito bem disso. — disse Shun. —  Mas e quando você possuir o meu corpo... O que você vai fazer?!

— Uma era de ouro se aproxima. Sairei do Tártaro, libertarei o meu exército e me sentarei no Olimpo como um dos doze deuses regentes.

— Uma... Era de Ouro?!

— Isso mesmo. Uma era governada pelos deuses novamente. É inevitável. E eu sendo um dos três grandes deuses do Olimpo, terei que assumir a minha posição entre as divindades governantes. Mas isso não é assunto para ser discutido agora. O fio da sua vida está prestes a ser partido. Você deve decidir agora! Qual a sua resposta?

Shun pensou por alguns instantes. Ele não poderia dar brechas para Hades nesse acordo. Mesmo sabendo que o deus do submundo não é um deus de mentiras, ele também sabia que não podia confiar na benevolência do deus para com os humanos.

E Hades esperou pacientemente pela reflexão de Shun.

— Eu aceito. — disse Shun, e a armadura de Andrômeda reagiu movendo suas correntes. — Está tudo bem, Andrômeda. Está tudo bem. Vou precisa que você me ajude.

Compreendendo o que seu dono estava pedindo, a corrente de defesa se moveu envolvendo o braço de Shun, e o ergueu para que o cavaleiro de Atena pudesse estender seu braço para Hades.

O deus tocou na mão de Shun e uma luz vermelha como sangue brilhou fortemente. A corrente que envolvia o braço de Shun se moveu, envolvendo também o braço espiritual de Hades.

— O que está fazendo, Shun?

— Uma aliança. Eu farei a minha exigência em cima da sua promessa. E eu quero que você jure. disse Shun. — Faça o maior juramento. Jure pelo Rio Estige.

Hades sorriu.

— Tem certeza?! Nenhum de nós dois poderá quebrar esse juramento.

— É a minha única garantia de que você cumprirá o acordo.

— Então faça suas exigências Shun.

A corrente de Andrômeda apertou o braço de Shun e o braço espiritual de Hades enquanto Shun citava algumas condições para o deus, que atentamente ouviu e esboçou um fino sorriso.

— Você é um homem perspicaz. Isso que você me pede não será problema algum para mim. Se é isso o que você quer... Eu juro pelo Rio Estige que cumprirei as suas exigências e a minha promessa.

— Eu juro pelo Rio Estige que cumprirei as suas exigências e a minha promessa. — disse Shun.

E assim foi selado um pacto. A corrente de Andrômeda recuou, deixando no braço de ambos uma marca dourada de corrente. O selo do sangue de Atena, que impedia a possessão, foi rompido pelo consentimento de Shun. E na medida em que a alma de Hades unia-se ao novo corpo, os ferimentos iam se curando.

No pescoço de Shun surgiu o antigo colar que simboliza a corrente que liga ele a Hades com os dizeres “Yours ever”.

— Senhor Hades?! — disse Macária, enrugando o cenho.

Shun-Hades olhou para ela com um olhar altivo. Seus olhos e cabelos não mudaram de cor. Continuavam verdes.

— Ainda não. — disse ele, fazendo a deusa arregalar os olhos.

— Mas...

Macária foi interrompida por uma forte explosão vinda do castelo.

— Seiya!! — disse Shun-Hades.

—...—


Castelo de Oberon – Salão secreto

Aracne, que havia atravessado o quadro da família de Hades, passou um curto corredor escuro e abriu uma pesada porta de ferro que rangeu e estralou, se abrindo uma um salão curto sem janelas.

O recito era praticamente vazio. Não havia móveis ali. Apenas três pessoas ocupavam todo aquele espaço. Uma delas era a deusa Perséfone. Ela estava usando um longo vestido de seda cor de azeitona e adereços dourados nos braços e punhos. Seus olhos eram verdes com uma sutil linha dourada nas bordas. Seus cabelos eram longos e dourados, e algumas mechas eram trançadas com pequenas flores de cores diversas. Era como a própria primavera personificada. 

As outras duas pessoas era Atena e Delfos. Lado a lado. Ambos suspensos do chão com correntes presas em seus braços e pernas.

— Aracne... — disse Atena, reconhecendo a antiga rival tecelã.

— Olá, Atena.

— Algum problema, berserker? — Perguntou Perséfone.

— Nada que a senhorita precise se preocupar. — respondeu ela. Suas unhas cresceram. — Apenas vim adiantar a morte de Atena.

— Mas isso não é algo que Deimos ou Oberon deveriam fazer? — perguntou a deusa da primavera.

— Antes sim, mas agora... Mudança de planos. O senhor Oberon ainda não retornou e o Senhor Deimos segue em uma luta acirrada com Seiya. O que importa é a cabeça de Atena. O Senhor Ares não fará objeções quanto a isso. Ou por acaso a senhora fará?

— Seiya... Está do outro lado?! — perguntou Atena.

— Se o Senhor Deimos não o matar, o senhor Enyalios o matará com certeza.

— Está mentindo. — disse Delfos, que estava cada vez mais com a aparência cansada. — Se fosse verdade, você não teria se apressado para matar Atena. Seiya está vencendo e você está com medo.

Aracne sorriu.

— Talvez eu deva começar matando o senhor, Grande Mestre.

A berserker saltou em direção a Delfos mirando a garganta do sacerdote de Atena.

—...—


Castelo de Oberon – Salão Anterior

Seiya e Deimos estavam avançando dando tudo de si. A massa de cosmo entre eles ficava cada vez mais concentrada e comprimida. Qualquer desleixo na força aplicada poderia arrebentar aquela energia contra qualquer um dos dois.

— Eu não vou morrer agora! — bravejou Seiya!

— Não lhe resta escolha, Pégasos! A energia que cresce entre nós irá lhe despedaçar. Não tem como você se defender. E você morrerá faltando poucos metros para alcançar o seu objetivo.

Seiya arregalou os olhos.

Atena! Pensou ele.

O rompimento do poder concentrado entre eles não iria demorar muito. A massa de cosmo já estava em seu limite. Prestes a explodir.

— Está enganado Deimos! Na verdade... — Seiya sorriu. — Na verdade eu tenho nas mãos a chave para chegar até ela.

— O-O que?!

— Eu abrirei caminho até Atena!! — gritou Seiya e girou. — Abrirei caminho com todas as minhas forças!!

Com muito esforço Seiya direcionou a esfera de cosmo em direção ao retrato de Hades e a liberou em um disparo.

— Atena!!!

A esfera rompeu e avançou em uma poderosa rajada de cosmo que desintegrou o retrato do deus e se chocou com a parede que separava os dois salões, provocando uma estrondosa e extensa explosão. Criando uma onda massiva de cosmo que se voltou contra Seiya e os deuses, arrastando o salão e arremessando eles para o centro do caos enquanto os pilares se rompiam e o teto desmoronava.

—...—

Faltava poucos metros para as garras de Aracne rasgarem a garganta de Delfos quando uma forte luz passou pela fresta da porta e em seguida arrebentou, abrindo passagem para a massa de cosmo que avançou para dentro do pequeno salão.

Aracne foi golpeada por uma das portas de ferro e foi violentamente arremessada para o outro lado, colidindo com os pilares que sustentavam o teto. O chão foi revirado na medida em que a massa de cosmo avançava, e as correntes que prendiam Atena e Delfos foram partidas, lançando deusa e sacerdote contra a parede.

Uma parte do teto desabou e algumas colunas racharam e desmoronaram, revelando o céu escuro do tártaro.

Onde antes havia uma passagem secreta ligando os dois recintos, agora havia um extenso buraco conectando os salões parcialmente destruídos.

—...—


Grécia, floresta sagrada de Atena

— Quando foi que o senhor chegou aqui? — perguntou Jake para o encapuzado enquanto corriam cada vez mais para o interior da floresta.

O encapuzado parou.

— Me desculpe. Eu cheguei poucos minutos depois daquilo começar. — disse o homem arrancando a capa que o cobria e revelando uma aparência familiar para Jake. — Sinto muito, Jake.

Uma aparência tão familiar que os olhos do Cavaleiro de Leão se encheram de lágrimas. O homem tinha pele clara, cabelos alaranjados caindo sobe os ombros com um adereço em uma das mechas, e seus olhos eram verdes como a grama. Ele era mais alto, mais forte e mais velho que Jake. 

Imediatamente Jake se curvou em reverência.

— Mestre Chertan!

— Atena salvou você, Jake.

— Atena?! Mas...

— Eu sei. Ela está no Tártaro. Mas parece que mesmo lá, ela continua vigiando e zelando pelos seus cavaleiros aqui na Terra. A minha antiga armadura de bronze, a armadura de Girafa, veio até mim mais uma vez e ressoou com um cosmo grande, gentil e caloroso. Um cosmo que eu reconheci sendo o de Atena. Ao vesti-la fui teletransportado para o interior dessa floresta.

— Se o senhor está aqui, então...

— Sim, eu participarei da Guerra Santa. Fui convocado para isso.

Jake cerrou o punho.

— Por favor, saia do Santuário e volte para o seu local de descanso.

— Jake...

— Fazendo pausa dramática, Leão?! — perguntou uma mulher.

Jake levantou-se subitamente, mas foi surpreendido com fios dourados caindo sob o seu corpo e lhe prendendo.

— Mas o que...

— Eu aconselho você a não se mexer. — disse a amazona. Seus longos cabelos dourados estavam agitados, e fios se prolongavam dele e da ponta dos seus dedos. — Mesmo sendo um cavaleiro de ouro, os fios dourados de Berenice são capazes de causar danos até mesmo em sua armadura. Se você se mexer... Eu arranco a sua cabeça. E para isso eu preciso mover apenas um dedo.

— Segure-o bem, Mallia. — disse Lacaille, o cavaleiro de prata de Mosca.

— O que estão fazendo?! — perguntou Chertan.

Lacaille olhou para o mestre de Jake com uma expressão de curiosidade.

— Quem é você? Não lembro de ter visto você no Santuário. E essa armadura... É a armadura de bronze de girafa. E pela sua aparência de idade, você não é um cavaleiro dessa geração ou da geração dos lendários. Talvez seja da geração anterior a do senhor Misty e os outros.

— Sim. Sou de uma formação um pouco antes da de Mysti, mas isso não importa. O que me interessa saber é... — Chertan olhou para a amazona que prendia Jake com seus fios dourados e depois para Lacaille. —  Por que vocês dois estão atacando um superior? Por acaso os cavaleiros perderam o respeito pelas patentes. — questionou.

— Por que ele é um traidor. Assim como você. — respondeu Lacaille.

— Traidor de quem?!

— Do Senhor Ares, é claro. — respondeu o cavaleiro de prata de Mosca.

Em reação a resposta Chertan avançou e aplicou um soco no queixo do cavaleiro de prata. Lacaille foi jogado para o alto e para trás, mas girou no ar e pousou.

— Por acaso a armadura de prata que você veste não é uma das oitenta e oito armaduras de Atena? É a ela que você deve fidelidade. Exclusivamente a ela.

— Não adianta, mestre. — disse Jake. — Olhe os olhos dele. Estão prateados. É sinal de que ele está sendo controlado por Anteros, o deus da manipulação e do desafeto.

— Não se preocupe com a vida dele, Leão. — disse Mallia. A amazona moveu os dedos e fez com que alguns fios dourados se enrolassem no pescoço de Jake com mais força. Cortando-o e fazendo filetes de sangue escorrerem. — Pois é a sua cabeça que está em jogo.

A única coisa que Mallia viu foi Jake insinuar que daria um passo. Se quer deu tempo dela se mexer. O dourado surgiu diante dela com o cosmo elevado, pegando-a de surpresa. Os olhos de Jake brilharam e Mallia foi arremessada contra as árvores.

Os fios dourados se partiram e Jake se desvencilhou deles.

— Mallia! — gritou Lacaille. — Se afaste dela!

O chão entre Jake e Mallia explodiu e um pilar de moscas negras subiu até o céu, ocupando o espaço entre as árvores e tampando a passagem da luz do sol. Eram milhares, e juntas formavam uma cúpula.

— Essas são as moscas cadavéricas. Um toque delas e seu corpo começará a entrar em estado de putrefação.

— Para um cavaleiro de prata, você possui uma técnica bastante engenhosa. — disse Chertan. — A complexa capacidade do efeito de uma técnica como essa... Geralmente não é vista em patentes baixas e medianas.

—  É uma exigência do Grande Mestre Delfos. —  disse um homem de longos cabelos ruivos em pé entre as árvores. — Independentemente da patente, devemos ser habilidosos.

Ele ergueu o braço e estalou os dedos. Um circulo de fogo surgiu ao redor da cúpula de moscas e as consumiu, transformando-as em cinzas.

— Dorie de Cérbero. —  disse Lacaille reconhecendo o companheiro.

— Perdão, senhor Jake. — disse Dorie. —  Sei que o senhor tinha tudo sob controle.

Jake caminhou até Mallia e a segurou nos braços. Lacaille se moveu para avançar, mas antes que ele desse mais um passo Jake apontou o dedo para a testa do cavaleiro e disparou um golpe. Lacaille caiu inconsciente.

— Cuide dele.

—  Sim senhor. — respondeu Dorie.

— Quanto ao senhor, mestre... Fico feliz por tê-lo aqui, mas eu ficaria ainda mais se soubesse que o senhor está longe de tudo isso, descansando. Mas se o senhor está aqui, sei que não dará as costas para o chamado de Atena. Então me acompanhe.

Jake caminhou na frente carregando Mallia nos braços. Chertan e Dorie, que carregava Lacaille, o seguiram em silencio. Após caminharem por alguns metros, chegaram em um circulo de árvores altas e de troncos grossos. Tão grossos que a passagem entre uma e outra era estreita. A copa das árvores se unia no alto, formando um domo verde que permitia a entrada de pequenos feixes de luz.

Em uma das bordas do círculo, no meio de duas árvores, havia uma cabana. E na porta da cabana estava um homem e uma mulher esperando por eles.

O homem era Asclépio, de rosto afilado, cabelo curto bagunçado de cor violeta escuro e olhos estreitos da cor dos seus cabelos, mas que parecia mudar constantemente para um azul claro. Ele estava bem arrumado, usando uma camisa social branca de manga longa ensacada em uma calça escura, um colete preto por cima da camisa branca e abotoaduras douradas no punho da camisa. Usava também uma bota de cano alto de cor preta com botões dourados, e sua calça era ensacada dentro das botas. Suas mãos eras vestidas por luvas brancas, onde tinha um símbolo preto de uma serpente enrolada em um bastão. E em sua mão direita ele trazia uma bengala de cano preto e a ponta era um par de asas douradas.

A mulher ao lado era a deusa Héstia, com seus longos cabelos ruivos castanho e trajando um vestido grego vermelho. Esboçava um sorriso caloroso e um olhar de ternura.

Ao avistar a deusa, o coração de Jake acelerou e seu corpo foi tomado por um calor aconchegante, como o calor de uma lareira em uma noite fria.

— Bem-vindo, querido.

—...—


Coliseu

Alecto, que caminhava no corredor acompanhada por outros berserkers indo em direção à arena do coliseu, parou subitamente ao sentir que o conflito na floresta havia terminado, mas os cosmos dos cavaleiros ainda estavam acesos.

— Como era de se esperar, eles falharam.

— Se a senhora nos der permissão, iremos agora mesmo destruir a floresta. — disse um dos berserkers.

A berserker sorriu.

— Não acha que já tentaram? Aquela floresta não é comum. Se tentar destruir as árvores, sobrevoar, ir por debaixo da terra ou atear fogo, a barreira de Atena será ativada e a protegerá. Nem mesmo os deuses conseguiram ter acesso ou causar danos relevantes. Com certeza é mais uma das engenhosidades do Grande Mestre. Ele conservou um exílio dentro do Santuário, debaixo do nariz do Senhor Ares.

A atenção da berserker volte-se para o conflito entre Phobos e Dionísio que ainda se estendia no coliseu.

A arena agora estava vazia. Só restava o deus do vinho no centro da arena encarando o deus do medo que estava acompanhado pelos espíritos da guerra.

— O senhor Ares pode ter perdoado você pelo o que fez com Enyalios naquela ocasião, mas eu não sou tão misericordioso com traições. — disse Phobos, elevando o cosmo. — O senhor Ares entenderá.

As unhas de Phobos cresceram e sua aparência ficou agressiva e sanguinária. Uma face que ele vinha escondendo por séculos atrás da sua serenidade.

O deus do medo avançou contra Dionísio e durante o percurso brotaram asas de anjos com penas negras, impulsionando o avanço. O deus do vinho porém não tinha a intenção de desviar. Ele apontou a flauta para Phobos e deteve o punho do deus do medo. A colisão emitiu ondas de cosmo que abriram uma fenda entre eles e reviravam o chão do Coliseu.

— O modo como você fala... Faz parecer que irá vencer essa luta. Ou que tenha qualquer indício de superioridade.

As tranças do cabelo de Dionísio se soltaram e seus cabelos ruivos se agitaram com a elevação do cosmo. Seus olhos verdes brilhavam intensamente e mostravam uma versão furiosa do deus do vinho. Algo que dificilmente acontecia.

— Feche o punho e lute! — bravejou Phobos.

— Idiota.

O cosmo de Dionísio rodopiou na ponta de sua flauta e liberou uma rajada que arremessou Phobos para trás. Durante o percurso o deus do medo cravou as asas no chão, rasgando o solo, e retomou a postura, voltando a atacar mais uma vez. Duas espadas surgiram em suas mãos e com elas ele atacou Dionísio com excepcional destreza.

Dionísio se defendeu criando uma barreira cósmica que recebia os golpes de espada sem oscilar com qualquer dano. O deus de medo seguiu golpeando violentamente, mas em um rápido momento de brecha que ele proporcionou, Dionísio desfez a barreira e encostou a palma da mão no peito de Phobo.

O deus foi lançado contra o muro da arquibancada e saiu abrindo caminho até parar debaixo dos escombros dos assentos.

— Agora sei como você se sente quando diz que é fácil pisar em quem está abaixo de você. — disse Dionísio. — Para mim, você e seu irmão sempre foram como duas moscas doentes zumbindo nos meus ouvidos, mas você pelo menos é um pouco mais sensato quando está sob controle. Recomponha-se.

Um mental brilhou em direção ao deus do vinho e foi interceptado por um golpe psíquico. Phobos havia jogado uma de suas espadas em direção ao rosto do deus.

— Quer me dar sermão? Achei que fosse me matar. Temos aqui uma oportunidade perfeita para isso. Não será como a sua atitude covarde contra Enyalios. — disse Phobos saindo dos escombros. Havia ikhor escorrendo de sua boca. — Você é um estorvo. Se traiu o exército da guerra para ajudar um humano uma vez, o que garante que não fará isso novamente? Ou melhor, o que garante que não fez isso outras vezes? Você é um traidor!

 Dionísio se moveu com tanta velocidade que Phobos apenas pôde acompanhar apenas o rastro deixado pelo brilho verde dos olhos do deus. O deus cerrou o punho e desferiu um soco no peito de Phobos, lançando o deus com força contra o chão. O golpe gerou uma onda de impacto que revirou o chão e a arquibancada do coliseu. Arremessando também os espíritos da guerra, Kydoimos e Mikhai para fora da arena. Alecto e os berserkers, que assistiam a luta na entrada de um dos corredores, também foram atingidos pela força de impacto e foram lançados com violência para dentro do túnel.

— Da próxima vez, eu não lhe darei o benefício de erguer um dedo contra mim ou de proferir falsas acusações. Irei lhe derrubar antes disso. — disse Dionísio.

Phobos gargalhou.

— Eu não menti. Menti? —  O deus continuou caído no centro da cratera. O peito da sua onyx estava destruído e havia ikhor escorrendo entre as rachaduras. — Esse apego que você tem com os humanos, será a sua destruição, Dionísio. — o deus moveu suas asas e se ergueu, como um anjo ferido.

— Ser destruídos pelos humanos... Não é esse o nosso destino? — o deus caminhou até Phobos e o encarou, olho no olho. — Não é disso que vocês sentem medo?

— Quer mesmo falar de medo comigo? — os olhos azuis do deus se acenderam com cosmo.

Porém a rivalidade entre as divindades foi interrompida quando o céu do coliseu se distorceu e uma fenda escura se abriu, por onde o corpo de uma mulher desacordada caiu. Rapidamente Phobos se moveu e a segurou antes que caísse no chão.

— Mas quem é essa mulher? — perguntou Dionísio.

— Essa é Seika. A irmã do Pégasos. — disse uma voz escarnecida vindo da fenda. O berserker Clown surgiu e pousou, fazendo reverências aos deuses. — Perdoem-me por interromper o duelo dos deuses, mas eu acredito que o Senhor Ares gostaria de receber o corpo da irmã do Pégasos inteiro.

—...—


Castelo de Oberon

— Que atitude mais desesperada e tola, Pégasos. — disse Deimos, se levantando dos escombros entre risadas. — Disposto a sacrificar o próprio corpo para abrir caminho até Atena.

O deus olhou em sua volta. Estava tudo revirado em ruinas. Até mesmo o deus Enyalios havia sido arremessado e agora estava se levantando.

— Com essa explosão, talvez até mesmo a própria Atena tenha se machucado. — disse o deus da guerra.

— Encontre o corpo do Pégasos. Eu irei ver se a cabeça de Atena ainda está no lugar.

Espere! a voz veio através do cosmo.

Deimos olhou para trás, desconfiado. Em meio a cortina de poeira que ocupava o salão destruído, brilhou um forte cosmo dourado.

— Deimos... — chamou Enyalios, com tom de alerta.

O deus arregalou os olhos ao ver um par de asas douradas se erguendo dos escombros, emitindo um brilho vivo e intenso.

Não pode ser! pensou Deimos. Essas asas... As asas de sagitário mudaram de forma! Isso por acaso é uma...

Seiya emergiu daquele oceano de destroços, dos quais ele se protegeu usando as asas da sua armadura. Mas sua armadura estava diferente. Era uma forma mais evoluída, de brilho intenso e emanando um cosmo poderoso.

— Então foi assim que você sobreviveu. Por causa da proteção de uma armadura divina! A armadura divina de Sagitário!

— Mas para conseguir uma armadura divina é necessário sangue de Atena. — disse Enyalios.

Deimos deu um sorriso abafado.

— E ele teve a oportunidade de tocar no sangue de Atena. — disse Deimos. — No dia em que ela foi morta no Santuário. Estou errado, Seiya?!

Seiya não respondeu. Uma mão se moveu para conjurar o arco enquanto a outra tirava uma flecha dourada da ombreira. O formato da flecha também havia mudado. A flecha alada estava adornada por joias vermelhas e emanava um grande poder.

Deimos e Enyalios arregalaram os olhos. Eles sabiam que flecha era aquela. Uma flecha lendária que foi entregue pela própria Atena na era mitológica e que foi herdada de geração em geração pelos cavaleiros de ouro de sagitário. A arma mais poderosa do exército de Atena. Mais poderosa até mesmo que as doze armas de Libra reunidas em um único disparo. A lendária Flecha da deusa. Uma arma que carrega o poder da própria Atena e que apenas ela pode interceptar.

— Acabou Deimos. — disse Seiya.

— Eu vou lhe lembrar mais uma vez, Seiya. — disse Enyalios. — Existe dois deuses reunidos neste salão. E você possui apenas uma flecha no momento. Se você atirar em um, o outro mata você.

A intimidação de Enyalios não funcionou. Seiya preparou a flecha no arco e apontou para o centro do peito de Deimos. A flecha se acendeu em cosmo, e o cosmo se espalhou pelo corpo de Seiya, se unindo ao dele que também se elevou.

— O primeiro disparo já possui um destino certo. Espere a sua vez. — disse Seiya.

— Não Seiya!! — gritou Henry, na entrada do salão.

— Henry?!

— Lembre-se do nosso acordo com Thanatos. Do meu acordo.

Os deuses olharam para Henry com uma expressão de surpresa e preocupação.

— Você não pode matar Deimos. Eu tenho que selá-lo em um templo dedicado a Thanatos.

— Me selar?! Você fez esse tipo de acordo com Thanatos? Idiota! Você entende o que significa fazer um sacrifício para um deus? O sacrifício é a nossa força. Se você me oferecer como uma oferta no templo dele, Thanatos se fortalecerá.

—  Sinceramente, não é da minha conta. — respondeu Henry, e no centro da sua testa surgiu uma estrela negra emanando um cosmo roxo. O poder de Thanatos foi ativado. — Que ele devore você ou faça o que bem quiser. O que eu não vou aceitar é sofrer uma maldição por não cumprir a promessa.

— Você jurou pelo Rio Estige, não foi? — perguntou Enyalios. — É um caminho sem volta. Mesmo que você morra aqui, você voltará a vida para ser amaldiçoado. — o deus sorriu e projetou uma adaga na mão. —  Irei adiantar o início da sua maldição.

Enyalios se moveu para matar Henry, mas antes que o deus tivesse sucesso, algo dourado o atingiu por trás e transpassou o seu peito.

— P-Péga...sos. — disse o deus cuspindo sangue, ainda de braço erguido para matar Henry. Enyalios olhou para o peito pensando que veria a flecha dourada enterrada no seu coração, mas a arma que estava ali era outra. Havia uma haste dourada se prolongando e no ápice dela havia um círculo dourado. — A-Atena!

A alma de Enyalios começou a se desfazer. O deus estava morrendo. E junto com ele a sua onyx também começou a se tornar cinzas. Antes que seu corpo se desfizesse por completo, o deus se virou a tempo de ver silhueta da deusa da guerra em pé na abertura feita por Seiya na parede. Ela ainda estava de mão estendida após ter lançado o báculo.

— A-Atena. Você...

O corpo do deus sumiu por completo, se transformando em poeira cósmica. Sua presença se apagou e seu cosmo desapareceu.

Seiya e os outros olharam surpresos para Atena.

— Atena... — disse Seiya.

O cosmo de Atena se elevou com forte imponência. Um brilho dourado tão intenso que iluminou todo o recinto. Era como se o sol tivesse descido para aquela dimensão infernal.

Esse cosmo... É esse o cosmo de Atena?! pensou Henry. Essa mulher... A presença e o cosmo dela é diferente dos outros deuses que encontrei até aqui. Não é violento ou agressivo. É confortável. Mas ao mesmo tempo causa intimidação. Então é por essa mulher que eu estou lutando?! Henry deu um fino sorriso no canto da boca.

O báculo de Atena se ergueu do chão e voou até sua mão. Quando a deusa o segurou, seu cosmo se expandiu em uma esfera dourada, onde ela levitava no centro, com seus longos cabelos esvoaçantes e seus olhos azuis vividos emanando poder. Mesmo com seu vestido sujo e rasgado, Atena emanava suntuosidade, imponência e graça.

A armadura sagrada da deusa que Seiya estava carregando, saiu da cintura do cavaleiro e voou até a deusa.

A deusa olhou para ele e esboçou um sorriso.

— Obrigada, Seiya.

Aquela estátua é... disse Deimos.

— A lendária armadura de Atena! — respondeu seiya.

A pequena estatua cresceu e tomou a sua forma original de armadura. Revelando uma forma armada e alada da deusa da guerra. Atena bateu o báculo no chão, emitindo um som que se propagou, e então a armadura se desmontou e suas peças voaram para cobrir o corpo da deusa.

O ar e o cosmo ao seu redor rodopiaram, e a deusa desceu de asas abertas, trazendo seu báculo na mão direita e o escudo na mão esquerda.

— Guarde a flecha, Seiya. — ordenou Atena. — Haverá momentos mais oportuno para você usá-la. Atira-la contra Deimos, seria um desperdício.

Deimos sorriu com desdém.

— Você acha que só porque vestiu a sua armadura, irá me intimidar?!

Bastou Atena olhar para Deimos e elevar seu cosmo. Uma pressão esmagadora caiu sobre ele e o colocou de joelhos. A deusa caminhou até Deimos e usou o báculo para forçá-lo a levantar a cabeça e olhar para ela.

— Não tema a minha armadura, mas sim a mim. Quero que você se lembre de uma coisa. Eu sou Atena, a deusa da guerra estratégica e da justiça.

—...—


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Capítulo 63 - "Caminho árduo para o regresso. Reúnam-se com Atena!"

Sinopse: Indefinido.

Data de publicação: indefinida

Olá galera!! Tudo bom com você?! Espero que sim.
Vou deixar abaixo para vocês a previsão dos próximos e ÚLTIMOS títulos da fanfic:

— Capítulo 64: Julgamento, sentença e batalha.
— Capítulo 65: Campo de sangue: berserkers vs cavaleiros
— Capítulo 66: Campo de sangue: Aliança de guerra
— Capítulo 67: Os cavaleiros sagrados de Ares
— Capítulo 68: Deuses da guerra em combate - Parte I
— Capítulo 69: Deuses da guerra em combate - Parte II
— Capítulo 70: Apolo

Tá acabando :'( E gostaria de mais uma vez agradecer a vocês que me acompanharam até aqui. Obrigado por tudo ♥


E como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Motiva bastante a escrever e caprichar.

Beijos e abraços!! Até o próximo capítulo!



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