A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 51
Capítulo 48 - Guerra em Jamiel: Excalibur vs Excalibur


Notas iniciais do capítulo

O exército de Senkyou, liderado pelo Taonia Edgard, colidiu em um banho de sangue com o exército da deusa Ênio, que está liderando as amazonas do deus da guerra. A chegada de Kastor de Gêmeos e Shalom de Virgem era um reforço para conter o sangrento combate, mas entre amazonas havia uma berserker capaz de sobrepujá-los. Kiki terá que provar nesse combate que ele é capaz de proteger Jamiel, independe de qualquer inimigo.

Próximo a Jamiel, entre as altas montanhas de Rozan, duas espadas sagradas dão inicio a uma provável guerra de mil dias.



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Capítulo 48 - Guerra em Jamiel: Excalibur vs Excalibur

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Santuário – Palácio do Grande Mestre – 1º dia

A lua brilhava entre poucas nuvens com todo seu esplendor e iluminava o Santuário. O primeiro dia depois que Seiya passou pelo portão do Tártaro estava se encerrando com uma noite fria. Restavam apenas oito dias para o possível retorno de Atena, mas antes desse dia chegar Ares pretende invadir Atlântida, que hoje se localiza em algum lugar das profundezas dos Oceanos.

Essa ambição do deus da guerra acabou levando a um desacordo com o Olimpo, fazendo com que o Monte dos deuses ficasse em estado de vigília, observando cada passo de Ares.

Enquanto todos se preocupavam com Ares, o deus da guerra estava deitado em um longo e largo sofá divã vermelho, desfrutando seus íntimos prazeres na sacada do Palácio do Grande Mestre, acompanhado de algumas servas com seios à mostra que lhe serviam taças de vinho e aperitivos como frutas e carne.

— A cama hoje estava vazia, Ares? — perguntou Dionísio, entrando na sacada do palácio. A vista era de um ponto alto o suficiente para ver toda a extensão do Santuário.

Ares deu um fino sorriso e olhou de lado para ver o amigo se aproximando. Dionísio vestia roupa civil e estava com os seus longos cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo, ao contrário de Ares que estava completamente nu e com seus cabelos castanhos bagunçados.

— E você? Insônia ou está indo para mais uma de suas saídas noturnas?

— Nenhuma das duas coisas. Na verdade voltei de uma taverna lá em Rodorio. Vocês podem até não gostar muito da humanidade, mas eles são o que a Terra tem de melhor.

Ares revirou os olhos.

— Você e sua fascinação pelos humanos. — disse com um tom de repúdio. — Houve um tempo em que eles nos temiam e se curvavam para nós. Lembra disso? Lembra de quando andávamos entre eles voltando da guerra? As vozes eufóricas nos glorificando... — ele pegou no queixo de uma jovem que estava deitada ao seu lado e levou o rosto dela para junto do seu, olhando-a como alguém olha um animal que está à venda. — Atendiam as nossas vontades e ofereciam sacrifícios em nossos nomes. Hoje nos chamam de mitos e veneram outras divindades e líderes. Derrubam nossos templos e constroem suas moradias porcas por cima. — ele deu uma forte tapa no rosto da jovem e a empurrou, derrubando-a no chão. Mas ao invés dela se afastar com medo, ela voltou até ele, se humilhando aos seus pés e estendendo a mão para tocá-lo. — Essa guerra santa será muito mais do que um acerto de contas com Atena e o Olimpo. Essa guerra trará a Era de Ouro de volta. Mostrarei a eles que os deuses ainda vivem e esses filhos da puta irão me agradecer por isso. As nações voltarão a ser como eram antes, erguendo nossas imagens e adorando-as. Os humanos nos servirão, seja de bom grado ou não.

— Que discurso pacificador. Sério. Meu coração chega se encheu de alegria e esperança. Até vejo as ruas cheias de pétalas e cheiro de balsamo no ar. — ironizou Dionísio, batendo palmas. — Afrodite já viu essa sua cena? Sua virilha está toda lambuzada. Já pensou na possibilidade de você pegar sífilis ou varíola?   

— Afrodite não sai do quarto. Vive trancada lá, olhando aquele maldito espelho. — tinha um pouco de impaciência na voz dele. — Vigiando a entrada do Olimpo.

— Ela está preocupada com você. Ela acha que o Olimpo pode atacar enquanto você está pensando em Atlântida. E ela tem razão. E falando nisso, como vai os preparativos?

— Estou esperando Anteros voltar de Bluegraad. Enquanto isso Phobos já começou a providenciar os melhores navios de guerra. Eles estarão ancorados no porto de Atenas até amanhã antes do pôr do sol. Pretendo partir logo em seguida.

— Utilizar navios para invadir o reino do deus dos Oceanos... — Dionísio sorriu. — É meio engraçado. Os navios poderão ser afundados a qualquer momento. Antes mesmo de chegarmos em Atlântida. Não que eu vá, claro. — corrigiu, um pouco embaraçado. — Eu detesto balanço de navio.

— E o que você quer que eu faça? Aviões? Navios voadores? — disse Ares, com sarcasmo

— Não, mas... — ele calou-se ao sentir um choque de cosmo. — Isso... Colisão de cosmos! De onde veio isso?

— Jamiel. — respondeu Ares, despreocupado. — A batalha já começou. Antes eu sentia o cosmo de Ênio e das amazonas com mais intensidade, mas agora outros cosmos se agruparam contra o meu exército e parece que agora estão em maior número.

— Será que isso tem algo a ver com o plano daquele homem? — perguntou pensativo.

— Não estamos descartando nenhuma possibilidade. Senkyou deve ter sido avisado.

— E você não pretende fazer algo? Não está preocupado? O Dragão Branco é uma das quatro divindades que protege Senkyou. Acha prudente enviar apenas Ênio e aquele exército? — questionou. — Sei que ela é uma deusa poderosa e é uma das melhores lutadoras, mas não acho inteligente deixa-la sozinha.

— Ela não está sozinha. Hipólita está com ela liderando as amazonas. Mas... Talvez tenha razão. — Ares se levantou e cobriu-se com um manto vermelho que estava pendurado no braço do divã. — Irei providenciar um auxílio para ela.

Dionísio respirou fundo e soltou o ar enquanto se servia com uma taça de vinho.

— Vista uma roupa descente antes de sair por ai nos corredores exibindo a virilha. Ninguém precisa ver uma cena dessa. Muito menos eu... Exibido.

— Eu quero. — disse uma das mulheres, mordendo o lábio.

Dionísio olhou para ela e ergueu as sobrancelhas.

— Menina, tu é vadia né?!

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia

De um lado estava o exército de Ares, com a deusa Ênio montada em uma biga puxada por dois cavalos negros e acompanhada por alguns berserkers, incluindo a Rainha das amazonas. Logo atrás dela havia milhares de amazonas trajando peças de Onyx e armadas com espadas, machados e arcos e flechas. Do outro lado estava o exército de Senkyou. Um numeroso batalhão de homens trajando “armaduras” de tonalidade branco-acinzentado, e estavam sendo liderados por um Taonia que se apresentou como Edgard de Qilin, Capitão do Exército de Senkyou.

Entre os dois exércitos estava Shiryu e os outros cavaleiros, incluindo os que estavam a serviço de Ênio. Láthos de Sagita, que havia enfrentado Miguel de Cães de Caça, foi derrotado, mas Marcel de Medusa e Johan de Corvo pareciam estar longe de encerrar a luta. Ambos estavam exaustos e tomaram distância para recuperar o folego, mas ao mesmo tempo não tiravam os olhos dos exércitos que a qualquer momento poderiam avançar.

Além dos guerreiros de Senkyou, Kastor de Gêmeos e Shalom de Virgem também apareceram para ajudar na investida contra Ênio e seu exército.

— Kiki... — chamou Shiryu. — Agora que Kastor e Shalom estão aqui, minha presença não fará qualquer diferença.

— Shiryu? — Kiki franziu as sobrancelhas. — O que você pretende...

— Eu quero que você nos teletransporte para qualquer local próximo a Jamiel. Capricórnio e eu. Quero ter uma luta a sós com ele. — Shiryu olhou de lado para o Cavaleiro de Capricórnio. — Tem alguma objeção?

— Aqui ou em qualquer outro lugar, não faz diferença. — respondeu friamente.

— Ótimo. Kiki, pode me fazer esse favor?

— Shiryu, tem certeza? Eu não acho prudente que...

— Tenho! Não se preocupe.

— Está bem, mas antes preciso lhe avisar uma coisa. Esse que está na sua frente não é o Cavaleiro de Ouro de Capricórnio. É apenas uma armadura vazia. O verdadeiro Capricórnio está bem longe daqui. Seja lá quem ele for, tem um poder mental poderoso. Nem mesmo eu consigo localizar onde ele está. Está se escondendo muito bem.

— Estou ciente. Não se preocupe.

— Tome cuidado. — a luz de Áries envolveu Shiryu e Capricórnio, enviando os dois para algum lugar próximo a Jamiel. Nesse meio tempo Shalom e Kastor se aproximaram de Kiki. — É muito bom revê-lo, Kastor. E é um prazer lhe conhecer, Shalom.

Shalom assentiu com um sorriso.

— Igualmente.

— Kiki, estamos sob as suas ordens. — disse Kastor

— As ordens são para que... — nesse momento Ênio e Edgard proferiram as ordens de ataque, e ambos os exércitos avançaram tomados pela euforia do campo de batalha— Detenham o exército de Ares e não morram no processo! Miguel! Tire Marin e o Cavaleiro de Sagita daqui! Leve-os para o palácio e cuide deles! Lá é mais seguro. Não deixe quem ninguém se aproxime.

— Sim senhor!

Aquela seria a noite mais turbulenta e sangrenta de Jamiel. O chão tremia com o avanço dos exércitos e nuvens de poeira se levantavam atrás de cada tropa. No coração de cada soldado e amazona crescia a cada passo o desejo pelo combate, pela vitória. Ênio saltou de sua biga, abandonando-a no meio do campo, e correu junto com as suas amazonas, trazendo a sua espada na mão. Não demorou muito para que as duas massas de soldados colidissem e as espadas rangessem. Taonias e amazonas guerreavam ferozmente brandindo suas espadas e lanças.

A deusa da carnificina mergulhou em meio aos taonias como uma lâmina viva, cortando os soldados ao meio, rasgando suas gargantas e decepando seus corpos. Era uma assassina descontrolada ferindo e matando qualquer um que aparecesse na sua frente. O sangue jorrava por onde ela seguia, e ela se banhava nele sem qualquer pudor. Sempre esboçando um largo sorriso perverso.

— Não passará daqui!! — gritou um soldado taonia.

Ele partiu pra cima de Ênio com uma espada, mas a deusa se abaixou e girou, partindo o soldado ao meio. Dois taonias se aproximaram, um pela direita e outro pela esquerda, atacando ao mesmo tempo. Usando sua espada ela bloqueou o ataque do Taonia da direta, e com a mão livre deteve a espada do outro soldado.

— Podem atacar o quanto quiserem. Não importa quanto de vocês venham para cima de mim... — ela pressionou os dedos e quebrou a espada que segurava. — Serão esmagados!!

— Mas como... — disse o soldado assustado, dando alguns passos para trás.

— Saiam da minha frente!! — gritou aplicando um chute no peito do outro soldado e em seguida girou rasgando a garganta dele. — Você também irá oferecer a sua cabeça, ou vai se retirar da minha frente?

Em uma atitude corajosa, mas também desesperadora, o taonia atacou de punho cerrado.

— Mas que imbecil... — rápida como a luz e bruta como um furacão, ela se moveu tão afiada quanto o fio de sua espada e cravou sua mão no pescoço do soldado e o matou. — Eu não vou ficar perdendo tempo com ratos como vocês!! — outros soldados se amontoaram ao redor dela apontando suas armas. — Desapareçam!! — Com apenas um manejo de corte da espada o poder cortante se espalhou e decapitou os taonias, e uma grande quantidade de sangue jorrou.  

Ênio estava procurando Edgard, mas não o encontrava. Ela tinha certeza que viu ele avançar junto com o exército, mas ele não estava mais lá e o número de Taonias parecia ter diminuído. Havia algo estranho ali.

Antes que Ênio desse conta, uma chuva de flechas prateadas riscaram o céu noturno, refletindo a luz da lua. Vindo como uma onda mortal que zumbia, as flechas acertaram as amazonas, mas não fizeram nenhum mal aos taonias e cavaleiros. Elas se dissolviam ao encostar neles. Muitas amazonas foram abatidas, mas outras continuaram a lutar mesmo com as flechas cravadas em seu corpo.

A deusa ficou furiosa e atravessou o tumultuoso campo de batalha como uma lança. Enquanto ela avançava indo ao encontro do capitão, mais um zumbido cortou o céu. Uma nova chuva de flechas prateadas cruzou o campo de guerra abatendo mais amazonas. Após atravessar o alvoroço de soldados e amazonas, Ênio deparou-se com Edgard parado diante da outra parte de taonias que não avançaram, composta principalmente por arqueiros. No rosto da deusa ficou estampado a surpresa pela estratégia de guerra, mas também a irá pela astúcia de Edgard. Movendo apenas um terço do seu pelotão, o capitão deixou a outra parte intacta para o segundo ataque.

— Você manteve uma parte do seu exército aqui, covarde? Enviou os seus soldados como distração.

— Não fiz muito diferente do que você fez inicialmente. Colocando os peões na frente para abrir caminho. — rebateu o capitão. — Estou aqui para vence-la, deusa da carnificina. Os meus soldados e eu faremos o que for necessário. Agora soldados! Avancem! Eu lutarei com ela sozinho. — Enquanto os soldados corriam para se juntar ao outro grupo, um raio azul rugiu ao seu lado e uma lança prateada de lâmina azul materializou-se. — Venha!

— O fio da minha espada levará você e sua cidade à ruina. — Os olhos de Ênio foram tomados por um brilho vermelho e a deusa incorporou a sua mais profunda ira. — Sua estratégia não lhe levará à vitória. Seus soldados irão perecer nas mãos das minhas amazonas, você será vencido, a cidade será invadida e o deus Ares governará no lugar do Dragão Branco.

— Ilusão sua. Ainda que meus homens caiam nesta terra, ainda que meu corpo venha perecer, outros estarão guardando a cidade em nosso lugar. Somos apenas a ponta da lança. A sua vitória nunca será alcançada e o seu deus jamais reinará em Senkyou!

— Veremos! — bradou Ênio, descendo a espada contra Edgard afim de parti-lo ao meio.

Com agilidade, o capitão defendeu-se da espada bloqueando-a com o cabo da lança. O impacto provocou uma pressão absurda abaixo deles, fazendo a terra rachar, e emanou raios azuis e feixes de cosmos.

— Para um reles humano você até tem coragem para desafiar uma divindade. Fiquei surpresa por aguentar o meu golpe.

— Não estaria aqui para enfrentar você se não tivesse tal capacidade de combate! — rebateu o capitão, empurrado a espada e desviando com uma peculiar agilidade, elevando seu cosmo e atacando como um tigre feroz envolvido por raios azuis. — Eu sou a lança que protege Senkyou! Receba a ira do nosso deus da guerra! Cólera de Byakko!!

 Os raios rugiram e foram disparados ao som de uma explosão, avançando com um grande poder destrutivo na forma de dezenas de tigres brancos, que com suas presas afiadas atacaram Ênio, mas a deusa era habilidosa e se defendeu com muito custo usando a sua espada contra as inúmeras presas.

— Essa é a cólera do seu deus? — desdenhou a deusa. — Não passa de uma brisa perto da ira do Senhor Ares!

O combate voltou a ser corpo a corpo, espada contra lança, e cada golpe resultava em tremores de terra e raios desordenados que rasgavam o solo. Em uma colisão de espada e lança, os dois ficaram medindo forças para empurrar o ataque do outro. Ênio sempre mais ardilosa, chutou a barriga de Edgard, arremessando-o contra a parede do alto planalto que circunda o templo de Jamiel. O impacto não apenas abriu um buraco na rocha, mas também profundas rachaduras causadas pelo cosmo do taonia, que emanava como violentos raios azuis.

— Q-Que força é essa?! — sussurrou, sentindo uma fina pontada de dor nas costas. — O cosmo que ela emana, é como se fosse sangue misturado com trevas. É esse tipo de divindade que quer governar a Terra no lugar de Atena? Uma aura medonha como essa... deveria ser erradicada do mundo.

— O que tanto resmunga, general? Por acaso esse pequeno chute é o suficiente para terminamos a luta?

— Precisará arrancar os meus membros. Enquanto eu tiver um braço para segurar a lança... — ele se levantou elevando o cosmo — Continuarei a lutar!

— Sairá daqui não apenas sem os braços, mas também sem a cabeça!!!

Os dois saltaram um contra o outro e levaram a luta para o céu de Jamiel. A repetida colisão de golpes de espada e lança propagava fortes batidas e ondas de pressão que estremeciam a terra. Cada batida parecia a explosão de uma bomba. Com um manejo de espada Ênio disparou diversos golpes cortantes, mas Edgard estendeu a mão criando uma barreira de raios que bloquearam boa parte dos golpes e em seguida repeliu contra a deusa, que desviou tranquilamente dos golpes enquanto avançava em direção ao capitão. Respondendo ao avanço o Taonia também foi em direção a ela.

Para aqueles que estavam no campo de batalha, e olhasse para o céu de Jamiel, tinha-se a impressão de que dois cometas estavam para colidir. Um era vermelho como sangue e o outro azul e envolvido por raios. O encontro gerou um impacto sentido por todos que estavam próximo, acompanhado de uma forte luz. A colisão acabou repelindo ambos, que logo se apressaram para se equilibrar.

A deusa foi contra ele novamente, mas o general não esperou que a colisão acontecesse novamente. Medir forças com ela não seria uma atitude inteligente. Mesmo contando com a força de Byakko, Ênio era uma deusa muito mais poderosa do que ele imaginava, e também era superior a ele. A capacidade dele em rivalizar com a deusa teria que ser pela astucia e golpeá-la na primeira brecha. Ele desviou do ataque e preparou o seu golpe, disparando contra Ênio que novamente usou sua espada para bloquear.

— Inútil! — disse ela. — Só está me fazendo perder tempo!

Ênio se teletransportou e reapareceu diante do Taonia. Ela estava certa que acertaria um golpe, mas o general foi mais ágil e a atacou com a lança. Por uma diferença de milésimos de segundos, a deusa conseguiu se defender da lâmina da lança, mas os raios percorreram o seu corpo e a repeliu, jogando-a para o alto. Ainda no ar ela girou e se equilíbrio, aterrissando firme no chão com um forte estrondo e partindo pra cima do general novamente.

Edgard continuou a desviar dos golpes que ela desferia, mas ele não percebeu que a deusa estava na verdade levando ele para a beira de um precipício. Quando ele notou era tarde demais.

— Morra, desgraçado!

A deusa recuou a espada e estendeu a mão disparando um poderoso golpe que jogou Edgard precipício abaixo. O general recebeu o golpe com espanto, mas enquanto caia se esforçou para ver a deusa na beira do penhasco olhando para ele segura de que o havia vencido. Ele desfez a expressão de surpresa e sorriu para ela, gesticulando com a boca “Eu sou a chave de Senkyou”. Ênio franziu o cenho ao vê-lo sorrindo e virou-se para ir ao portal que a levaria para Senkyou, mas para a sua surpresa ele havia se fechado. Não restou qualquer resquício do portal.

— Miserável!! — correndo em direção ao precipício, a deusa se jogou em queda livre e começou uma caçada atrás de Edgard.

No fundo do vale havia uma vasta floresta fechada com árvores de altas copas. No local onde o general caiu havia árvores partidas e queimadas. Como se um raio tivesse caído no local. O seu corpo não estava lá, então isso era um sinal de que ele ainda estava vivo. Certamente ele não morreria por tão pouco.

A floresta estava bastante escura. A luz da lua era barrada pelas altas copas das árvores que por serem tão juntas umas das outras não permitiam que a luz da lua iluminasse o interior da floresta.  A extensão da área era enorme. Procurá-lo iria fazê-la perder tempo, mas não restava outra alternativa. Se o que ele falou era verdade, ela teria que encontrá-lo a qualquer custo para poder entrar em Senkyou, mas havia algo naquela floresta que a deixou em alerta. Uma sensação de estar sendo observada.

...

Enquanto isso as amazonas de Ares, que agora estavam sendo lideradas por sua rainha, a berserker Hipólita de Estinfálides, batalhavam arduamente contra os Taonias e os cavaleiros. Os corpos dos soldados taonias trucidados e os corpos das amazonas mortas, principalmente pela chuva de flechas prateadas, já se espalhavam pelo chão formando um rio de sangue e cadáveres.

Kastor, com a sua Explosão galáctica, e Shalom, com seu Ignis iudicio, varreram boa parte das amazonas, matando-as sem muito esforço. O poder esmagador dos dois cavaleiros de ouro era equivalente a milhares de soldados. Era praticamente dois exércitos formados por apenas dois homens. Naquele ritmo logo o exército de Ares seria sufocado e destronado. Ênio confiou demais nas amazonas e nos poucos berserkers que escolheu, subestimando o que a esperava em Jamiel e Senkyou. Do que restou do exército do deus da guerra apenas uma berserker mostrava ser equivalente a um cavaleiro de ouro, ou até mais que isso. A rainha das amazonas e também filha do deus da guerra, Hipólita.

A berserker lutava com a ferocidade de um demônio e com a força de um batalhão. Avança contra os Taonias com uma furia indomável abatendo um atrás do outro. Seus movimentos eram tão rápidos que apenas enxergavam o rastro deixado pelo seu cosmo. Assim como Kastor e Shalom, ela era bastante poderosa e uma oponente perigosa.

Hipólita abriu as asas de sua Onyx e saltou para olhar a área. Voando acima da zona de conflito dava para ter uma visão mais ampla. Eram milhares de homens e mulheres se enfrentando com ferocidade, defendendo seus princípios na guerra. O número de amazonas combatentes vivas ainda era maior do que o número de mortos, mas a cada minuto que se passava essa balança ia pendendo para um lado.

— Se eu não fizer algo... — ela emanou um cosmo vermelho sangue e o chão abaixo dos Taonias e dos cavaleiros converteu-se em água escura e fria coberta por um nevoeiro, pegando a todos de surpresa. — seremos cercadas!

— Mas o que está acontecendo? — perguntou espantado um dos soldados taonia. — Tem um lago se formando nos nossos pés!

Tentaram sair daquele misterioso lago, mas seus esforços eram inúteis. Andar era impossível. As pernas estavam pesadas e as peças das armaduras pareciam pesar meia tonelada. A água fria e o nevoeiro penetravam na pele, até chegar na carne e nos ossos, congelando-os. Espasmos, câimbras e até choques repentinos estavam afligindo eles.

— De onde veio essa água? — questionou Johan, o Cavaleiro de Prata de Corvo.

— Dela. — respondeu Kastor, erguendo a cabeça para olhar Hipólita que pairava acima deles com as asas abertas e com o cosmo aceso.

— Eu não consigo me mover. — disse Shalom, serenamente. — Sinto como se meu corpo estivesse paralisado. Me sinto...

— Vulnerável. — completou Kiki — Também estou sentindo isso, junto com uma sensação terrível de perigo. E também... os meus sentidos... estão confusos. É como se estivesse perdendo o controle sobre eles, incluindo meu cosmo.

Kiki olhou para o lado e viu que alguns soldados estavam caindo de joelhos. Eles estavam tremendo, suando, olhando apavorados para o céu com as mãos tampando os ouvidos. Kiki estreitou os olhos. Não havia nada no céu além da berserker, mas os soldados continuavam olhando como se estivessem esperando algo. E como se essa coisa estivesse emitindo algum tipo de som ou vozes que ele não podia escutar. Até que aos poucos, como se fosse um bando de aves se aproximando, ele ouviu grasnos finos misturados com o ranger de metais. O som foi ficando cada vez mais próximo e cada vez mais forte e insuportável.

— Que som é esse?!! — gritou ele, levando as mãos aos ouvidos.

O som entrava pelos ouvidos e afetava o sistema nervoso central, provocando uma dor intensa em todas as percepções de dores possíveis. A propagação do som era tão potente que os vasos sanguíneos mais finos começavam a se romper, e sangue escorria pelos poros, nariz, boca, olhos e ouvidos.

— “Lago Estinfalo” — proferiu Hipólita. — Já ouviram falar sobre ele, rapazes?

— O mitológico lago onde vivem as aves de ferro. — respondeu Kiki, cerrando os dentes.

— Exatamente. Essa água escura e gélida trás o desespero a quem a toca. Arranca a esperança, deixando apenas o medo e a aflição, removendo os sentidos pouco a pouco. Assim se tornam as presas fáceis das minhas adoradas Ornithes Areioi.

— Ornithes Areioi? — Kastor estreitou as sobrancelhas — Pássaros de Ares!!

— Ora, ora... Você conhece esse título. Isso mesmo, Kastor. Nas margens deste mesmo lago e nos pântanos mais insalubres, morando no alto dos mais retorcidos galhos, habita as mais mortíferas e poderosas aves. As Estinfálides!!! — dezenas de aves gigantes apareceram através do cosmo de Hipólita voando ao seu redor. Eram pássaros grandes com bicos e garras de bronze e penas metálicas brilhantes e afiadas. Seus olhos eram vermelhos e seus grasnos eram ensurdecedor. — São as aves devoradoras de homens! Perseguição voraz!!

As aves grasnaram e se desfizeram em cosmo e centenas de penas metálicas foram disparadas, rasgando a carne e perfurando as armaduras. Até mesmo os cavaleiros de ouro sofreram com o golpe, mas os mais atingidos fatalmente foram os soldados. Muitos caíram mortos após terem seus órgãos vitais perfurados.

Toda aquela área de Jamiel se tornou um gigantesco e obscuro lago da morte. A água escorria pela terra até cair no vale abaixo. Aqueles que tombaram mortos pelo ataque tiveram seus corpos afundados na água e desapareceram, restando apenas as peças de suas vestimentas no fundo do lago.

— Senhor Kiki! — chamou Johan — Estamo afundando!!

A água já estava na altura da cintura, e os efeitos pareciam dobrar.

— Eu quase não consigo me mexer. — disse Kiki.

— Uma vez preso no meu lago, não tem como sair. A única saída possível é a morte. Vocês podem escolher entre morrer afogado, ou se torna uma presa fácil para as minhas aves. — mais uma vez os pássaros grasnaram e se desfizeram em centenas de penas metálicas, atacando com mais voracidade. Kiki tentou erguer o braço para criar a muralha de cristal, mas seu corpo não lhe obedecia e a muralha não se formou completamente, sendo rompida facilmente quando as apenas atravessaram e atingiram Kiki. — Áries, não se esforce tanto. — Hipólita pousou diante dele, mas seus pés não tocavam na água. Ela andava sobre o lago como se estivesse em terra firme. — Nem mesmo a sua habilidade psíquica pode lhe salvar agora. Vocês são como moscas presas na teia de uma aranha. Podem se debater o quanto quiserem. Apenas vão ficar mais cansados e mais fracos, afundando cada vez mais rápido. Já deve ter notado que nem mesmo o seu cosmo você consegue controlar direito. Se teletransportar também não é possível. — Hipólita encostou uma de suas asas no pescoço de Kiki. — Essa é a diferença entre nós berserkers e vocês, Cavaleiros de Ouro. Sem as armas de Libra vocês não são rivais para nós.

— Está enganada! — disse Kiki.

— O que?!!

— O mestre Mu sempre dizia que um verdadeiro cavaleiro não tira forças da armadura, mas sim do seu cosmo. Você fala isso porque está com vantagem. Luta como uma covarde prendendo seu oponente para tirar proveito.

— Mas que tocante. Um rato fraco encurralado sempre culpará o gato, chamando ele de covarde por ter encurralado um pobre e indefeso rato. Jamais assumirá o próprio fracasso. Fale isso novamente que eu quero ouvir. — Hipólita segurou nos cabelos de Kiki e o ergueu, tirando-o do lago, e aplicou um soco em seu peito que o arremessou para o alto. — Me mostre essa força que você tira do cosmo!

Ainda no ar, a rainha das amazonas saltou e agarrou no pescoço dele. Seu movimento novamente foi tão rápido que deixou apenas rastros de cosmo. Uma velocidade difícil até mesmo para um Cavaleiro de Ouro acompanhar. Kiki segurou no braço da berserker e com a outra mão concentrou o seu cosmo para um ataque, mas Hipólita aplicou um chute que afastou o dourado e o jogou no chão, rasgando o solo. Antes que ele se levantasse ela disparou uma rajada de cosmo que acertou Kiki em cheio e explodiu, levando uma coluna de cosmo e abrindo uma enorme cratera.

— Senhor Kiki!! — gritou Johan

— Quem será o próximo? — perguntou ela, virando-se para os outros Cavaleiros de Ouro. — Será você, Kastor? Ou será você, Virgem? Provei que não preciso do lago para dar conta de um ou dois Cavaleiros de Ouro. Os dois podem atacar ao mesmo tempo, se quiser.

— Não é de nosso caráter fazer uma luta injusta. Dois cavaleiros contra um oponente é algo que fere a honra dos cavaleiros. — respondeu Kastor.

— Quanta honra, Kastor! Logo você, um guerreiro semi-deus, se negando a lutar. — Hipólita pisou na superfície do lago e caminhou sobre ele, parando diante dos dois cavaleiros de ouro. — Não me diga que está com medo de me enfrentar?! Vamos! Lance a famosa “Explosão Galáctica”. É uma técnica da sua constelação guardiã, não é? Ela vem passando de geração em geração. Já vi várias vezes. Cada uma mais poderosa que a outra.

— Eu não seria tão imprudente só para satisfazer a sua vontade. — respondeu ele. — Disparar um golpe como esse na situação em que estou neste lago, com uma capacidade inimaginável de destruição, poderia envolver a todos que estão ao meu redor. Inimigos e aliados. Eu não teria total capacidade de controlar a explosão centrada em você. E você sobreviveria. A sua Onyx iria lhe proteger, mas não posso dizer o mesmo das suas amazonas que não são tão protegidas quanto você, ou dos soldados taonias e meus companheiros. 

— E que diferença isso faria?

— Como?!

— Todos vocês vão morrer. De uma forma ou de outra. Este lago já encerrou a nossa luta. Se você atacar, todos ao seu redor irão morrer. E como disse, isso inclui as minhas amazonas. Se você não me atacar, todos ao seu redor irão morrer de qualquer jeito, pois vamos matar um por um. Pense bem. Na primeira oferta você pelo menos estaria levando uma parte dos seus inimigos.

— Prefiro morrer com eles do que mata-los.

— Esperava mais de você, filho de Zeus. — disse ela, colocando o pé no rosto de Kastor e forçando-o para o lado. — Você reencarnou como um fraco. Deve ser uma vergonha para o seu irmão. — Kastor fitou a berserker quando ela falou do seu irmão. — Amazonas! Cuidem dos soldados. Eu mesma me encarregarei dos Cavaleiros.

— Senhorita Hipólita, espere! Deixe Johan por minha conta. — disse Marcel, o Cavaleiro de Medusa.

Hipólita parou e olhou com desprezo para ele. Um olhar de quem se quer o havia notado antes.

— Quem é você, rapaz?! Não preciso da ajuda de ratos! — com o simples movimentar da mão o elmo da armadura de Medusa quebrou em pedaços e ela o arremessou contra o rochedo, fazendo com que ele cuspisse sangue. O impacto foi tão forte que deu para ouvir o som de alguns ossos de sua costela se quebrando.

— Marcel!!! — gritou Johan. — Sua desgraçada!!

— Johan... Ouvi falar de você. O discípulo de Andrômeda que enfrentou Nyctea na invasão do Santuário. Como um Cavaleiro de Prata como você pode rivalizar com um berserker como o Nyctea? Mesmo que Nyctea estivesse com seu cosmo restrito, isso é vergonhoso para o exército do meu pai. — Johan a fitou com os olhos repletos de raiva. — Acredito que aquela coruja rabugenta tenha vontade de se vingar de você. Vou leva-lo vivo para o Santuário. — ela segurou no rosto de Johan e olhou nos seus olhos. — E esses seus olhos... Calculistas e invasivos. Como se pudesse ler as emoções do seu oponente. Eu odeio isso! Não vai precisar mais deles quando eu entregar você à Nyctea.

Com bastante frieza ela cravou os dedos violentamente nos olhos de Johan. O cavaleiro de prata gritou desesperadamente tentando fugir das mãos de Hipólita, mas a rainha insensível parecia se divertir e cravava ainda mais os seus dedos na cavidade ocular, prolongando ainda mais a dor. Os cavaleiros e taonia ficaram assustados e revoltados, lamentando não poder fazer nada. As mãos de Johan batiam contra o braço dela, mas ele já não tinha forças para afasta-la. A dor estava fazendo ele ceder. As lagrimas misturavam-se com o sangue e escorriam pelo seu rosto. Shalom, com os olhos cheios de lagrimas, virou o rosto em silêncio para não ver o sofrimento do companheiro. A aflição da impotência naquele momento tomava o seu coração, assim como dos demais que nada podiam fazer. Por fim, ela arrancou os olhos e os esmagou.

— Não voltará a mirar esses seus olhos para mim novamente.

Indignação. Revolta. Dor. Desejo por justiça. O sangue de Kastor e dos demais queimava para vingar a dor do amigo. Johan gritava de dor curvando-se para frente enquanto suas mãos tremiam diante do rosto ensanguentado.

— Ah, estão com raiva Cavaleiros de Ouro? — perguntou ela sorrindo — Será que eu preciso arrancar mais alguns membros dele para vocês reagirem?

— Vontade de lutar com você não me falta... — disse Kastor, cerrando dos dentes. — Tenha total convicção sobre isso.

— Então lute comigo, Kastor!

— Não! Eu já disse. A luta de um cavaleiro deve ser de igual para igual. Dois contra um seria covardia. O seu oponente já está de pé esperando por você. Derrote ele e depois lute comigo fora do lago... Se for capaz.

— Do que está falando?

— Olhe para trás e veja.

Hipólita virou-se e não escondeu a surpresa. Kiki estava em pé, com sangue escorrendo no canto da boca e na lateral do seu rosto. Repleto de escoriação e com cabelo colado na testa.

— Áries?! Mesmo vestindo uma armadura de ouro você está bastante ferido. Me surpreendo por vê-lo se levantar novamente.

— Hipólita... Em toda a minha vida, eu nunca odiei ninguém. Nem mesmo meus inimigos... — seu cosmo se acendeu agitando a sua capa e seus longos cabelos castanhos que se soltaram da fita roxa que os prendiam. — Manter a serenidade e o equilíbrio foram duas coisas que os meus mestres me ensinaram. Usar a ira e sentimentos frios para alimentar o meu cosmo seria um caminho que eu jamais deveria trilhar para não perder o controle do meu próprio poder, mas diante do que você fez... — os olhos se acenderam com um forte cosmo dourado. — Guerra Santa... Proteger Senkyou... Nada disso agora me importa. Não existe qualquer outro sentimento dentro de mim além do desejo de vingar a dor dos meus companheiros. Se a armadura se sentir na posição de me abandonar por causa disso, eu compreenderia totalmente, pois nessa luta... — o cosmo de Kiki deu forma a um carneiro dourado e explodiu — Lutarei apenas pela simples vontade de vinga-los!!

...


Rozan – Picos montanhosos

Um pouco longe dali, no topo de um dos altos picos de Rozan e cercados por dezenas de montanhas antigas, lutavam Shiryu e Capricórnio em um acirrado combate de espadas. Excalibur vs Excalibur. O choque de uma espada contra a outra era tão destrutivo que era capaz de rasgar o solo e partir as montanhas mais próximas. A luz dourada emitida pela colisão dos golpes era como um farol brilhando no céu noturno, com sua forte luz disparadas pausadamente.

Depois de uma sequência formidável de golpes eles tomaram espaço de alguns metros um do outro, ficando ainda frente a frente.

— Por qual motivo você pediu para o Áries nos enviar até aqui, Shiryu? Por acaso está com vergonha de morrer na frente deles?

— Não é nada disso. Trouxe você até aqui para que tivéssemos mais liberdade para conversar. Conversar sem se preocupar com o que vai falar por estar sendo observado pelo exército de Ares.

— Ora, e o que você quer saber?

— Quero saber se você realmente é um aliado de Ares, ou se apenas está fingindo. Quero saber... Quem é você, Capricórnio?!

Capricórnio sorriu.

— Ah, então era isso. Você realmente está convencido disso, não é? De que sou um farsante? Mas não se engane. Sou apenas um assassino que veste a armadura de Capricórnio servindo de bom grado ao senhor Ares.

Shiryu olhou para a armadura de Capricórnio como se esperasse algo dela, mas ao ver que nada aconteceu ele relaxou os ombros.

— Está mentindo.

— O que disse?! — Capricórnio pareceu surpreso. — Como pode dizer isso com tanta convicção?

— Se fosse verdade o que você acabou de me dizer, a sua armadura teria lhe abandonado. Tenho experiência com isso. A armadura conhece o coração do seu usuário, mas muitas vezes ela dá a ele a chance de se redimir. Mas um dia chega o momento em que ela o abandona. Quando um cavaleiro fala sobre o que lhe impulsiona a lutar, está deixando bem claro quem ele é, e se é merecedor de ser um cavaleiro ou não.

— E você acha que não é o meu caso?

— Exatamente. A armadura de Ouro continua a lhe proteger mesmo você dizendo que é um assassino servo de Ares. Você é igual a Henry, que também foi me matar se passando por um assassino servo de Ares. Agora me diga, quem é você? Qual o seu nome?

— Está bem... — capricórnio sorriu e elevou o seu cosmo agitando seus cabelos negros. — Veja então se estou mentindo ou não.

 Ele disparou correndo em direção a Shiryu e o atacou usando seu braço direito, mas o antigo dragão se defendeu usando o escudo de libra. O encontro da “espada” mais afiada com o poderoso escudo de Libra promoveu ondas de impacto que se propagaram por toda a região. Sem perder tempo ele girou para atacar pela lateral, mas Shiryu se adiantou e bloqueou o golpe com o seu braço direito. Recorrendo ao teletransportante, capricórnio desapareceu e como uma brisa se deslocou para as costas de Shiryu, mas o guardião de libra girou no momento exato em que a excalibur desceu. Teria sido um golpe fatal se o acertasse no pescoço. O encontro das duas espadas gerou uma força opressora que primeiramente fez o chão se desprender, espalhando rastros de destruição, e depois repeliu os dois para cada lado, levando-os para a beira do pico. Atrás deles havia apenas uma queda de mais de trezentos metros. Os picos eram tão altos que alguns chegavam a ficar cobertos pelas nuvens. Uma morte certa até mesmo para um cavaleiro dependendo de suas condições.

— O que está querendo provar com isso, Capricórnio? — questionou Shiryu.

— Lute ou morra!

Com um novo impulso ele avançou, mas dessa vez  passando pela lateral de Shiryu e girando para atacar por trás. Porém Shiryu não conseguiu se defender a tempo e dessa vez recebeu o golpe mesmo que de raspão.

— Não vai esboçar nenhuma expressão de dor?

— Eu expressaria se tivesse sentido algo com esse seu golpe tão fraco. — respondeu Shiryu.

— Ora, seu....

 Capricórnio passou a usar então os dois punhos e a cada batida no escudo de Libra, Shiryu sentia que ambos os punhos dele eram cortantes, assim como os dois braços de Shura. Isso podia significar que os pés dele também eram afiados como navalhas, o que aumentava quatro vezes mais a atenção no combate. Contudo havia algo de diferente no braço esquerdo de Capricórnio. Não era a força de uma Excalibur.

Recorrendo cada vez mais a um combate corpo a corpo, Capricórnio girou e disparou com os pés um turbilhão de cosmo que empurrou Shiryu para a beira do penhasco. Faltando pouco para ele cair. Em uma consecutiva investida ele disparou a Excalibur, mas Shiryu saltou passando por cima dele e girou, cerrando o punho tomado por cosmo e descendo como um dragão. Mas capricórnio desviou e o punho de Shiryu acertou a montanha em cheio.

O golpe foi tão forte que o pico montanhoso foi partido ao meio e o deslocamento de cosmo arremessou Capricórnio contra um pico próximo, fazendo ele fincar um dos braços na rocha para não cair. A montanha que antes eles estavam, explodiu, arremessando enormes pedaços de pedra para todos os lados.

— Não tem necessidade de continuarmos com isso! — gritou Shiryu, que usando poderes psíquicos estava flutuando onde antes estava o pico. Seu cosmo dourado era extremamente poderoso e parecia tomar a forma de um dragão ao seu redor.

— Não seja tolo! — Capricórnio elevou o seu cosmo e assim como Shiryu ele também usou de poder psíquico para flutuar entre as montanhas. — Quando irá entender que a nossa luta só acaba quando um de nós estiver morto? Dança das espadas!! Dance Excalibur!!

Dezenas de feixes cortantes foram disparados e enquanto Shiryu se esquivava, Capricórnio avançou entre o próprio golpe e o atacou de punho cerrado, dando um soco que arremessou Shiryu contra uma das montanhas. Para pegar impulso Shiryu girou antes de colidir com o pico e o empurrou, acendendo o seu cosmo e disparando um soco no rosto de Capricórnio. Antes que ele caísse, Shiryu o segurou pelo antebraço, mesmo sendo avisado por Kiki que a armadura estava vazia, mas foi ai que ele sentiu algo estranho. Ele tocou em uma pele quente e suada. Não teria como uma armadura vazia passar esse tipo de sensação ao toca-la. E prestando um pouco mais de atenção também era possível notar uma respiração ofegante. Isso era sinal de que a armadura não estava mais vazia. O cavaleiro de capricórnio agora estava ali. Em carne e osso. Ainda segurando no braço dele, Shiryu o girou com força chocando as costas dele em uma montanha e em seguida aplicou um soco no queixo que lançou Capricórnio para o alto, mas o cavaleiro de ouro teve uma reação mais rápida e se teletransportou, reaparecendo cara a cara com Shiryu e o atacando com a Excalibur mais uma vez.

— Capricórnio!!!! — gritou Shiryu, cerrando os dentes. Os braços de ambos se chocaram como duas lâminas de espadas e o impacto do encontro das duas excalibur gerou ventos cortantes que rasgaram as montanhas. — Toda essa insistência... Se você insiste em dizer que o que fala é a verdade, então porque continua a desembainhar sua espada para servir à Ares? Mesmo sabendo de toda maldade!! Não foi para destruir a humanidade que você treinou duramente. Não foi para isso!!!

— Quem você pensa que é para dizer com tanta liberdade o motivo pelo qual me fez treinar? — perguntou. — Uma vez um amigo seu me fez uma pergunta semelhante a essa e eu dei a ele a mesma resposta que eu darei a você agora. "Decisões erradas devem ser tomadas nos momentos certos". — o cosmo de ambos se elevaram criando uma colisão poderosa e esmagadora. — Está na hora de você soltar a sua espada no chão e se render!!

— Nunca!!

Em um rápido recuo do braço, Shiryu gritou e avançou em um ataque, mas Capricórnio também avançou disposto a atacar. Ambos lançaram um afiado feixe de cosmo que colidiu como se fossem duas compridas espadas. O choque de cosmo foi tão intenso quanto os golpes anteriores e acabou repelindo ambos, fazendo com que rasgassem as montanhas apenas com o movimentar dos pés ainda em pleno ar.

Uma luta de mil dias estava para começar naquele momento, ou não. Ainda que Capricórnio fosse bastante poderoso, o cosmo de Shiryu ainda se apresentava superior, fazendo jus a sua posição de Cavaleiro de Ouro Lendário. Mas tudo pode acontecer na luta entre dois cavaleiros de ouro. Capricórnio apresentou ser mais habilidoso no uso da espada, como um verdadeiro esgrimista, mas Shiryu continuava a desconfiar que ele escondia mais alguma coisa. Uma técnica secreta, uma segunda espada, como se estivesse esperando o momento oportuno para desembainha-la e virar o resultado da luta. Uma segunda lâmina que certamente ainda está embainhada em seu braço esquerdo e lhe garantiria a vitória. Qualquer brecha poderia ser mortal.

— Irei mata-lo Libra. Com as minhas próprias mãos!!  Ele apontou o braço direito para Shiryu, como se estivesse apontando uma espada, e o alvo era apenas um ponto. O coração de Shiryu. — Enterrarei a minha espada no seu peito e dessa vez você não voltará a se levantar.

— Capricórnio... Se eu pudesse... — Shiryu pegou o escudo que estava em seu braço direito e o colocou nas costas, ficando apenas com o escudo do seu braço esquerdo. — Não me agrada ter que enfrentar um Cavaleiro de Ouro dessa forma. Tendo como um inimigo. O resultado nunca é satisfatório para os dois. — o cosmo em seu braço direito emitiu um brilho verde, como o brilho de uma esmeralda, diferente do resto do seu cosmo que ainda brilhava como ouro. — Mas não tenho outra escolha. Nesse meu braço direito habita o espirito de um homem que um dia também vestiu essa armadura de Capricórnio. Ele era um homem justo, mas que escolheu um caminho mais difícil para praticá-la. Espero que, assim como ele, você seja apenas um homem bom trilhando um caminho errado. Apenas não desejo que você só venha enxergar o seu erro quando for tarde demais.

— Já acabou? Você acha mesmo que pode me enfrentar com essa Excalibur enferrujada e emprestada? — desdenhou Capricórnio, esboçando um sorriso no canto da boca. O seu braço direito brilhou tão dourado quanto seu cosmo. — Você não a usa com o mesmo domínio que eu. Um autêntico portador da técnica sagrada Excalibur. Saiba que essas foram as suas últimas palavras!! Não lhe darei a chance de fazer um discurso antes que morra. Agora, Shiryu de Libra, eu arrancarei o seu coração!!!

Um correu avançando contra o outro e em seguida saltaram erguendo seus braços como soldados que erguem suas espadas. As duas espadas sagradas colidiram com tanta força que a primeira onda de cosmo propagada por ela partiu dezenas de picos ao redor, fazendo-os desabar. O ranger de uma armadura contra a outra liberava faíscas e feixes de cosmos iluminando o céu de Rozan. Um tentava empurrar o outro. Aquele que cometesse o menor erro iria receber a espada com toda força, podendo ser fatal. A luta estava empatada, mas para virar o resultado daquele embate Capricórnio recorreu ao que Shiryu já desconfiava. Uma segunda espada.

O braço esquerdo de Capricórnio emanou um cosmo de cor purpura. Era de fato uma segunda lâmina tão poderosa quanto a Excalibur, mas aquele poder era familiar para Shiryu. Uma espada flamejante que emitia um cosmo purpura acompanhado de flores de cerejeira. Capricórnio estava prestes a ataca-lo, mas Shiryu o pegou de surpresa e suprimiu o ataque. O cosmo do antigo dragão simplesmente explodiu. Shiryu parou de se conter e emanou todo o seu cosmo, sobrepujando Capricórnio e anulando seus dois ataques. A Excalibur de Shiryu seguiu seu trajeto e atingiu Capricórnio em cheio, arremessando ele como uma estrela cadente dourada em direção ao chão.

A queda brusca abriu uma cratera entre os picos, e no centro da cratera o Cavaleiro de Capricórnio se esforçava para se levantar. Do seu rosto, ainda coberto pela sombra do elmo, escorria bastante sangue. Assim como pelas brechas de sua armadura.

— Se eu tivesse atacado com a intenção de lhe matar, você teria morrido antes mesmo de encostar no chão. — disse Shiryu, descendo. — Como eu desconfiava, você tinha uma segunda lâmina e bastou você desembainha-la para que eu a reconhecesse. Tanto sua espada, quanto você. O que você pensa que está fazendo com tudo isso?

Capricórnio sorriu ainda de cabeça baixa.

— Então você sabe quem eu sou? — ele se levantou cambaleando e levantou a cabeça.

O elmo da armadura trincou e partiu-se ao meio. Capricórnio levou a mão ao rosto tentando segurar as partes da armadura, mas um lado do elmo caiu no chão, revelando seu rosto. A parte descoberta revelou um rosto de pele pálida e olhos vermelhos como rubis embebecidos por sangue. O cabelo que antes era negro converteu-se em um vermelho tão vivo quanto a cor dos olhos.

—Eu realmente achei que você estivesse morta. Seu teatro foi tão convincente que enganou a todos. Você é... A guardiã da decima casa do Santuário, Tourmaline de Capricórnio!!!

— Nos veremos em breve, Shiryu... — e então desapareceu, se desfazendo em inúmeras pétalas de cerejeiras levadas pelo vento.

—...—


Jamiel - China

— Esse seu rostinho de adolescente raivoso não me amedronta, garoto. Já enfrentei exércitos com mais sede de vingança do que essa que sinto de você. — o cosmo rubro de Hipólita se elevou e as aves de ferro surgiram voando ao seu redor. — Se quer vingança, terá que levar isso a sério!

Kiki cerrou o punho.

— Acredite, estou levando isso a sério mais do que nunca levei qualquer coisa em toda a minha vida! Você vai pagar!!

Os cosmos de ambos explodiram e um avançou contra o outro. De punho cerrado a rainha das amazonas disparou um soco, mas Kiki proferiu as palavras de ordem para a formação da Muralha de Cristal e deteve o ataque. Através da transparente barreira a berserker ficou cara a cara com o ariano. A expressão séria com o cenho cerrado mostrava a concentração e determinação do dourado. A muralha repeliu o ataque e Hipólita foi lançada para trás, pousando com força e rapidamente estendendo a mão para um novo ataque.

Kiki concentrou seu cosmo e disparou uma poderosa “Revolução Estelar”, mas a rainha desviou das inúmeras estrelas e m seguida lançou um ataque a distância com a intenção de desestabilizar o ariano. Ela então o atacou com o grito ensurdecedor de suas aves. O grasno das aves misturados com o ranger de ferros ecoou como ondas sonoras visíveis até à muralha e foram inicialmente barradas, mas não demorou muito para que a muralha apresentasse sua primeira rachadura e em seguida explodisse, atingindo Kiki em cheio e descarregando nele uma cascata de efeitos em seu corpo. Atingindo seu sistema nervoso central e rompendo seus vasos sanguíneos superficiais.

Aproveitando que a muralha foi desfeita e que ele estava atordoado, a beserker viu a chance de um ataque direto e avançou com uma velocidade absurda, deixando para trás apenas o rastro do seu cosmo. As aves que acompanhavam a rainha se desfizeram em cosmo e em afiadas penas metálicas, e ela desferiu uma sequência de socos no peito do dourado, atingindo ele em cheio e o arremessando enquanto as penas metálicas o cortavam e perfuravam a armadura de ouro. Mas em pleno céu noturno Kiki desapareceu. Ela não o viu cair ou se teletransportar. Por um momento a presença dele sumiu. Ele apagou totalmente a sua existência. Incluindo seu espirito de luta. Até que uma luz dourada brilhou atrás de Hipólita, e quando ela se virou foi pega de surpresa com um soco tão forte que arrancou o seu elmo e a arremessou para o lado cuspindo sangue.

— Belo soco, Áries. — disse ela, levantando-se enquanto limpava a boca suja de sangue. Seus longos e ondulados cabelos loiros, agora bagunçados, caiam em seu ombro. Seus olhos eram semelhantes aos de Ares. Um vermelho enegrecido, mas mergulhado em uma esclera negra. Olhos de um berserker. — Mas são fracos para alguém que diz estar com raiva e que procura vingança.

— Você não tem tempo para ficar avaliando o meu golpe. — Kiki olhou para trás e notou que Kastor e os outros ainda estavam presos no lago, cada vez mais afundando nas águas negras e frias, enquanto as amazonas os rodeavam. — Desfaça o lago, Hipólita.

— O que disse? — ela sorriu. — Acha que tem alguma autoridade para me dar essa ordem? — perguntou ela, debochando.

Kiki deu um passo para frente e em um piscar de olhos ele estava diante dela, ainda com aquela expressão séria e dura. Vendo ele agora mais de perto, ela notou que ele estava mais ferido do que ela imaginava, a ponto de sangue escorrer entre as brechas da armadura, mas ele não parecia se importar. Se quer dava sinal de exaustão. Kiki estava em seu pico de adrenalina. Hipólita sentiu o seu corpo paralisado diante do poder psíquico do dourado. Não havia nada que prendesse o seu corpo, mas ela sentia como se estivesse amarrada.

— Eu disse... para você... desfazer... o lago! — ele a tocou na testa e descarregou um choque psíquico que a fez gritar e jogar a cabeça para trás, e imediatamente o lago se desfez. Kastor correu até Johan e o segurou antes que ele caísse no chão. — Kastor! Tire Johan e Marcel daqui. Leve-os para dentro do palácio e cuide dos ferimentos deles. Shalom... Dê o descanso eterno para as amazonas.

— Sim senhor! — respondeu Shalom, virando-se para as amazonas. Uma chama acendeu na mão direita de Shalom, e mesmo ainda sendo tão pequena emanava um calor insuportável. — Taonias, não se preocupem. As minhas chamas são justas e apenas condenam aqueles que as merecem. Amazonas! Arrependam-se deu seus crimes.

— Está falando besteiras, Virgem!! — gritou uma amazona. — Deboche enquanto pode! Vamos cortar você em pedaços!!!

O cosmo dourado de Shalom converteu-se em chamas sagradas e avançou contra as amazonas cercando elas.

— O Senhor fará que os homens ouçam sua voz majestosa e os levará a ver seu braço descendo com ira impetuosa e fogo consumidor, com aguaceiro, tempestades de raios e saraiva...* Ignis iudicio!! — Proferiu Shalom, e assim aconteceu. As chamas subiram ao céu e desceram como um punho consumidor atingindo as amazonas. O impacto com o solo gerou ondas de chamas que varreram o local atingindo as amazonas mais distantes e em seguida recuou, subindo ao céu como uma coluna de chamas e então desapareceu. — Descansem em paz.

— As chamas... elas passaram por nós, mas eu não senti nada além de um aconchegante calor. — disse um dos Taonias surpreso.

O local parecia que não havia sido tomado por chamas tão quentes quanto o calor do sol a poucos segundos atrás. As chamas apenas tocaram nas amazonas, reduzindo elas a cinzas. O que restou delas foi apenas peças de suas onyx, mas ainda assim com danos provocados pelo calor das chamas.

— Ele... Consumiu todas as minhas amazonas com apenas um golpe?! — disse Hipólita, surpresa.

— Agora levante-se! — disse Kiki, voltando-se para a berserker. — Venha contra mim com toda aquela perversidade que você transbordava antes. Seu exército já foi destronado e Ênio desapareceu com Edgard. Agora resta apenas você.

Surpresa e ao mesmo tempo com raiva, o rosto de Hipólita ficou uma mistura de espanto e ira, seguido de um largo sorriso tremulo.

— Conseguiu desfazer a minha técnica... Mataram as minhas amazonas... Você tá se achando demais, garoto. Não me provoque!! — Gritou ela. Hipólita se levantou e alcançou Kiki tão rápido quanto a velocidade da luz. De punho cerrado ela o atacou, mas ele se defendeu mais uma vez com a muralha de cristal. — Se acha que essa mesma defesa vai funcionar pela segunda vez... — ela girou e aplicou um chute tão forte que rompeu a muralha e atingiu o abdômen de Kiki, fazendo ele cuspir sangue e ser jogado para trás, caindo de costas no chão enquanto rasga o solo. — Está enganado, garoto insolente!!! Vai precisar mais do que uma cara feia para me vencer. Você não possui nada que possa usar contra mim. Conheço todas as suas técnicas. Está destinado a fracassar.

— Se sou isso tudo... me derrote. Até agora não precisei usar qualquer técnica de ataque contra você. Ao contrário de você, que já usou os seus dois principais golpes. Caso não tenha mais nenhum, também posso dizer que conheço todas as suas técnicas. Vamos! Me ataque mais uma vez.

— O que esse garoto pensa que está fazendo? Apenas fica pedindo para que eu o ataque. O que ele está tramando? — pensou a berserker

— Se não vai agir... — dezenas de lanças cristalinas se materializaram do seu cosmo como se fossem fragmentos da Muralha de Cristal. — ...então tomarei a iniciativa. Lança estelar!!

Kiki estendeu a mão e disparou as lanças que logo se transformaram em feixes de luz contra a rainha das amazonas, que com uma impecável destreza desviou de cada uma delas enquanto avançava contra Kiki preparando o seu golpe.

— Perseguição Voraz!!

As aves grasnaram e se desfizeram em cosmo, e centenas de penas metálicas do tamanho de lâminas de espada foram disparadas. Diante de Kiki brilhou uma luz dourada, a qual pareceu engolir o golpe de Hipólita e em seguida desapareceu.

— O-O que?! O que houve com o meu golpe? Para onde ele... — Dezenas de lâminas vindo por trás transpassaram seu peito, fazendo a berserker abrir a boca em um grito acompanhado de sangue. Ela curvou-se e desabou em uma poça de sangue que lentamente se formava.

— Extinção estelar. Muito se enganam achando que é apenas um golpe destrutivo que pulveriza o inimigo até extingui-lo, mas na verdade a “Extinção estelar” também tem a habilidade de envolver o oponente em sua luz e envia-lo para outro lugar ou para uma dimensão qualquer. O que eu fiz foi envolver o seu golpe na luz do meu golpe, abrindo uma fenda dimensional e engolindo a sua técnica. Em seguida abri uma nova fenda atrás de você, e o que você recebeu foi nada mais nada menos que a sua própria técnica. — disse Kiki dando as costas.

— Espera!!

— O-O quê? — disse Kiki, virando-se espantado. — Mas como? O golpe perfurou os seus órgãos. Não deveria se quer está viva. Como consegue se levantar?

— Não faça pouco caso de mim, Áries. Sou filha de Ares, portanto sou uma semideusa. — Ela se levantou cambaleando e com sangue escorrendo de sua boca. As penas metálicas saíram do seu corpo e ainda banhadas em sangue giraram e apontaram para Kiki. — Esses ferimentos não são suficientes para me matar. E para a sua desgraça... — ela se moveu mais uma vez tão rápido quanto Kiki poderia acompanhar e o segurou pelo pescoço, abrindo as asas e explodindo o seu cosmo, levando Kiki de encontro com a parede de um dos planaltos que circundam o palácio de Jamiel. — Eu ainda tenho condições de lutar!!

Ela ao fundou entre as rochas com tanta força que o feriu internamente e ele cuspiu sangue, e em seguida o arrastou contra a rocha rasgando o planalto. Insatisfeita, suas asas se abriram ainda mais e ela o jogou para o alto, concentrando em seguida cosmo entre as mãos e disparando contra Kiki. Antes que ele começasse a cair ela surgiu em cima dela e girou desferindo um potente chute que o jogou violentamente contra o chão, fazendo ele descer camadas de terra e abrir uma cratera enorme.

— Agora morra, Áries!

Ainda voando as penas metálicas foram até Hipólita e ela as lançou contra kiki, mas o que ela não esperava era uma reação rápida do oponente. Kiki estendeu as mãos e ergueu o seu Espelho de Ouro, que não apenas bloqueou como também repeliu o ataque.

— Hipólita... Você esqueceu de uma coisa!

— O-O quê?!

— Você está lutando com o Mestre de Jamiel!! Esse é o seu fim!! — Inúmeras luzes douradas surgiram atrás da berserker e a atingiu em cheio lançando-a na mesma direção em que as suas penas estavam subindo depois de serem repelidas pelo Espelho de Ouro. As penas transpassaram seu corpo e ela teve sua Onyx completamente destruída, desabando no chão em seguida.

— C-Como... Como você me atacou?! — ela quase não conseguia falar. Estava se engasgando em seu próprio sangue. A capacidade de se curar já não era mais suficiente para tantos ferimentos. Pouco a pouco ela sentia que seu cosmo estava se esvaindo. Uma sensação que ela já sentiu inúmeras vezes nas consecutivas guerras que já lutou. — Eu preciso... saber... 

— Vou lhe explicar para que não morra com essa dúvida. Lembra do primeiro golpe que eu lancei contra você e você aparentemente desviou?

— A Revolução Estelar?!

— Exatamente. — confirmou Kiki. — Você não desviou apenas porquê quis. Eu mesmo desviei ele pra você e em seguida o escondi em uma distorção dimensional. Era a minha carta na manga para usar quando você menos esperasse. Era a única maneira de derrubar alguém como você, que além de ter uma poderosa Onyx ainda é uma semideusa. Os danos que suas próprias penas provocaram na sua Onyx só ajudaram o meu golpe a lhe atingiu com mais eficiência.

— Seu... Seu desgraçado!!

A rainha se contorceu vomitando uma grande quantidade de sangue e em seguida morreu. Só então Kiki relaxou o seu corpo e foi ai que ele sentiu todo os danos eu havia recebido. A tontura e a dor o tomou, e ele ia desabando no chão, mas Shalom correu e o segurou nos braços.

— S-Shalom...

— Está tudo bem. Acabou.

Kiki sorriu e fechou os olhos. O dia estava nascendo e o sol já surgia lentamente no horizonte entre as montanhas. A brisa fria passou agitando seus cabelos e capa ensanguentada, mas um alivio caloroso tomo o seu corpo como uma anestesia, fazendo sumir toda dor. Era Shalom queimando o seu cosmo e envolvendo Kiki para cura-lo, mas essa sensação prazerosa foi arrancada bruscamente. Era como se o paraíso se transformasse no inferno. Um cosmo violento estava se aproximando rapidamente.

— Esse cosmo... — Kiki tentou se levantar, mas não tinha forças. Shalom teve que apoiá-lo em seu ombro e ajuda-lo,

— Tem alguém vindo em nossa direção. — disse Shalom, em alerta.

E ele estava certo. Na mesma direção que o sol nascia haviam um ponto vermelho que crescia cada vez mais que se aproximava. Era cosmo.

[Dê play no vídeo]

O cosmo rubro e poderoso era como o de Hipólita, e seja lá quem fosse o dono dele pousou em Jamiel de maneira brusca erguendo um turbilhão. A presença do seu cosmo era esmagadora. Os taonias se quer conseguiam ficar em pé. Mesmo Shalom conseguia sentir toda aquela pressão.

— Exatamente como o Senhor Ares desconfiava... Hipólita e Ênio falharam. — era voz de mulher em meio ao turbilhão. Ela caminhou de forma imponente e desfez o redemoinho de cosmo que a cercava. A mulher era aparentemente mais nova que Hipólita, mas de semblante tão duro quanto o da rainha derrotada. Seus cabelos alaranjados na altura dos ombros eram ondulados e dois cheios cachos, um de cada lado, caiam sobre seus ombros. Sua pele era clara e seus olhos eram idênticos ao de Hipólita. Olhos vermelhos enegrecidos em meio a escleras negras.  Ela estava trajando uma Onyx negra, uma capa vermelha presa ao ombro e trazia uma espada em cada mão. — Cavaleiros de Ouro... — ela sorriu, um sorriso largo e sádico, e elevou o cosmo — Vocês estão fudidos!

[Feche o vídeo]

—...—

Referências:
* O versículo que Shalom profere antes de desferir o ataque pertence ao livro bíblico Isaías 30:30.


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Notas finais do capítulo

Grupo da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/g roups/562898237189198/

Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.

Contato: 81 97553813

Próximo capítulo: indefinido.
Sinopse: indefinida.
Data de publicação: indefinida

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