A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 37
Capítulo 35 - O jardim do diabo


Notas iniciais do capítulo

Após Eros receber a noticia de que Moloch, o deus demônio dos sacrifícios, foi enviado por Phobos para matar os seus filhos, ele não pensou duas vezes e correu para protege-los, mas talvez tenha chegado tarde demais. A dura batalha entre Moloch e Eros se inicia e o cavaleiro de peixes está decidido ir ate o inferno se for necessário para salvar a sua família.



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Capítulo 35 - O jardim do diabo


Campo de grama próximo à cidade de Laon, França

— Phobos vai atacar de um por um. — disse Alkes.

Seiya e os outros estavam em pé ao redor da fogueira na qual Hestia, a deusa Olimpiana das chamas e do lar, se projetava. Hestia havia avisado a Eros a respeito do ataque orquestrado por Phobos, o deus do medo. Phobos enviou um deus demoníaco para atacar a família de Eros e ao saber do ataque Eros correu desesperadamente em direção a sua família. Shun e Henry o seguiram para auxiliá-lo.

Seiya ficou apreensivo. Nos últimos dias ele vinha pensando na sua irmã, Seika. Sua preocupação com ela aumentou quando Phobos deu início aos ataques com a intenção de atingi-los emocionalmente e desestabilizá-los. E agora com o ataque a família de Eros, a preocupação dele pela irmã se intensificou ainda mais.

— Phobos já atingiu Shina, Plancius e agora Eros. — comentou Nachi — Quem será o próximo alvo dele? Pensar nisso acaba ocupando as nossas mentes e nos distanciando da missão.

— E é justamente isso o que ele quer. — disse Kastor. — Essas preocupações interferem no cosmo de vocês. Um cosmo desequilibrado gera a morte do indivíduo. Até a armadura se torna um peso no corpo do cavaleiro.

Hestia voltou sua atenção para Kastor no momento em que ele falou e pareceu deixar a deusa um pouco assustada. A fisionomia de Kastor fez Hestia se lembrar de um jovem parecido com ele, mas que possuía asas nas costas e a cor do cabelo e dos olhos eram diferentes. Com exceção desses detalhes, Hestia podia jurar ter visto Kastor antes. Ela afastou esses pensamentos ao ver que alguém caminhava em sua direção. Seiya caminhou até ficar o mais próximo da fogueira. Ele podia sentir o calor do cosmo de Hestia fluindo através das chamas.

— Eu vou lhe pedir algo parecido ao que Eros lhe pediu. Eu gostaria que a senhora encontrasse a minha irmã que está no Japão e a protegesse por mim. O Grande Mestre havia aconselhado que ela saísse do Vilarejo de Rodorio e fosse para o Japão por causa da guerra que se aproximava. — Seiya cerrou o punho. — O nome dela é Seika.

Hestia estreitou os olhos observando Seiya e notou que ele enfrentava duas batalhas. Seiya era dividido entre o seu lado humano e o seu lado “imortal”, o Pegaso mitológico reencarnado em seu corpo que o atraia cada vez mais para dentro da guerra. O seu lado humano gostaria de fazer a mesma coisa que Eros fez. Correr para salvar a família que era a sua única irmã. Mas o seu lado “imortal” o ancorava ali.

— Farei o possível, Seiya. Não se preocupe.

Seiya abaixou a cabeça fazendo reverência.

— Obrigado!

Alkes caminhou até Seiya e colocou a mão no ombro do amigo.

— Vamos Seiya! Temos que ir. Senhorita Hestia, obrigado por tudo.

Hestia sorriu.

— Não precisa agradecer. Seiya, Jake... Todos vocês, se cuidem. Ares não é o único inimigo de vocês nessa guerra santa. O novo deus que se senta no trono de Zeus está observando a guerra. Tomem cuidado! A noite é mais segura para vocês.

As chamas se apagaram e o silêncio pairou no campo. A citação de Hestia sobre o novo deus sentado no trono do Olimpo deixou eles com pensamentos inquietos.

—Vamos nos concentrar em Ares. Deixaremos os demais inimigos para depois. — disse Shina. 

—...—

 
Mansão da Família Michaelis – França – 1997 – 11 anos após a guerra santa contra Hades

— Pai, para onde o senhor vai? — perguntou um pequeno garoto, com mais ou menos cinco anos de idade. De pele clara, cabelos curtos escuro e olhos caramelos. Estava vestindo uma camisa vermelha com o símbolo do Flash no peito, calça jeans escura e sapatos preto. — Vai viajar?

Eros estava na porta de sua mansão com uma mala na mão e acompanhado por sua esposa. Dália. Uma mulher charmosa e delicada de longos cabelos loiros, olhos de cor verde e que vestia um vestido social branco e salto alto preto. Ao ver seu filho mais novo, adotivo, Eros soltou a mala e foi até o filho e o abraçou. Doía para ele deixá-los. Seus olhos se encheram de lagrimas e seu coração parecia “diminuir”. Cristhian, o filho mais velho de Eros, observava o pai de longe em pé na escada apoiado no corrimão. Ele tinha longos cabelos azuis como os do pai, mas tinha os olhos verdes iguais aos de sua mãe.

Eros pôs as mãos no ombro do filho mais novo e o olhou nos olhos.

— Preste atenção Páris... Eu vou viajar, mas... Lembra que papai lhe contou a respeito dos cavaleiros?

— Lembro sim! Igual ao tio Afrodite! — o menino parecia entusiasmado com o assunto. — Ele era um cavaleiro.

Eros sorriu com lagrimas nos olhos.

— Isso mesmo. Eu vou ter que assumir o lugar do meu irmão para poder proteger vocês e a Terra. Para isso vou precisar me afastar... — Eros levantou a cabeça e olhou para Cristhian. — E vou deixar você cuidando da sua mãe e do seu irmão. Na minha ausência você é meu substituto. Você é o cavaleiro da família.

— Você disse que jamais iria nos abandonar e que não voltaria a pôr os pés no Santuário.

— Cristhian, eu...

Os olhos do jovem garoto se encheram de lagrimas.

— Apenas prometa que o senhor vai voltar bem. — Ele não queria chorar, mas seus lábios tremiam e seus olhos estavam mergulhados em lagrimas. — O senhor promete que vai voltar?

Eros sorriu e lagrimas escorreram dos seus olhos.

— Prometo. Dou a minha palavra que eu voltarei e que mal algum chegará até vocês. Vou protegê-los sempre. Agora venha cá. — Cristhian correu e se jogou nos braços do pai. Eros abriu os braços e envolveu seus filhos em um forte abraço. — Vocês sãos os meus preciosos tesouros. Amo vocês.

— Também te amo. — disse Cristhian

Eros se levantou e sorriu para o filho.

— Cristhian... Você tem os olhos da sua mãe.

Dália foi até Eros e o abraçou por atrás, encostando seu rosto nas costas do marido.

— Não se preocupe querido. Seus filhos veem você como um herói. Assim como você vê o seu irmão. Vamos ficar bem.

Eros se virou envolvendo Dália nos braços e a beijou.

— Sei que vão. Agora tenho que ir!

Dália segurou na mão do pequeno Páris que não parava de chorar e da porta observaram Eros se distanciando. No jardim da mansão havia um homem em pé esperando por ele.

— Tem certeza da sua decisão, Eros? — perguntou Delfos

— Você me convence a ir e depois pergunta se eu tenho certeza?! Jamais me arrependi de algo que eu tenha feito. — Ele olhou para a família por cima do ombro. — Como o Santuário vai protegê-los? Minha família pode ser um alvo fácil do meu inimigo na minha ausência.

— Quanto a isso, eu enviarei um Cavaleiro de Prata e alguns soldados para protegê-los.

Eros invocou uma rosa vermelha.

— Não me leva a mal, mas eu não confio no Santuário. Mesmo as palavras vindas do atual Grande Mestre. — o cosmo de Eros se elevou envolvendo toda a mansão e as rosas do jardim reagiram ao seu cosmo. As rosas passaram a desabrochar e exalar um doce perfume que rapidamente se espalhou. — Encomenda de Rosas! Ninguém passará desse ponto com vida. Qualquer inimigo que se aproximar será arrastado para o sono eterno da morte. Ninguém tocará na minha família. Eu juro!

...

— Eu juro!

Enquanto Eros corria desesperadamente em direção a sua família, ele não deixou de lembrar a promessa que fez aos filhos quando partiu com Delfos e os deixou. Talvez, pela primeira vez, ele estivesse sentido arrependimento. Ao longe ele já podia avistar a sua casa e um cosmo negro que a cobria. Seu coração bateu mais forte. Ele podia sentir a adrenalina correndo em seu corpo dilatando sua pupila e injetando mais sangue em suas veias. Sua respiração também ficou mais intensa com a dilatação dos brônquios, dando mais passagem ao oxigênio.

Eros estava em estado de alerta. Aquela aflição que percorria seu corpo lhe dava a impressão de que quanto mais ele corresse mais longe ele estava de chegar até a mansão. Parecia que a velocidade da luz era inútil. Quando ele finalmente chegou na entrada da mansão, constatou que o portão de ferro havia sido derrubado e os soldados do Santuário, que faziam a guarda, estavam todos mortos. Alguns despedaçados e outros com a garganta cortada. Havia sangue espalhado por todos os lados e um cheiro forte de ferro no ar. Eros passou por cima dos cadáveres atravessando o portão, indo em direção ao jardim. O campo de rosas agora estava completamente destruído. Rosas despedaçadas cobriam o caminho e havia mais corpos espalhados pelo jardim. Dessa vez não era apenas dos soldados do Santuário, mas soldados berserkers mortos também. Eros já estava correndo para o interior da mansão quando notou que alguém se mexia entre os corpos.

— Senhor... Eros... — uma voz forçada e exausta chamou por Eros em meio ao jardim. Eros correu ao avistar o Cavaleiro de Prata caído no chão.

— Centauro! Você está bem? Como um homem como você foi derrotado?

O Cavaleiro de Prata de Centauro estava com o rosto bastante inchado e com um corte profundo na testa. Seu cabelo negro estava sujo de sangue e terra. Sua armadura estava despedaçada e ele pressionava firme sua mão contra o abdômen. Eros tentou levantá-lo, mas o corte se abriu ainda mais e espirrou sangue, fazendo o cavaleiro se contorcer de dor e cuspir sangue.

— Eu não vou sobreviver. O senhor deve entrar imediatamente. Ele... Ele está lá dentro. Sinto muito senhor, mas eu... Falhei na missão. Ele era muito poderoso.

— Quem é ele? Quem foi o deus enviado?

— Ele... não se apresentou. — Uma dor aguda se espalhou em seu corpo e ele se curvou cuspindo mais sangue. —Mas é bastante poderoso. O Senhor tem que correr e...

Eros colocou a mão na testa do cavaleiro e o deitou em cima das pétalas de rosas.

— Descanse. — Ele não podia curar os ferimentos do cavaleiro, mas seu cosmo amenizou as dores ao envolvê-lo. A fragrância das rosas vermelhas começou a agir seguindo a vontade de Eros e aos poucos Centauro foi perdendo os sentidos, a consciência e então caiu no sono eterno da morte. — Obrigado pelo seu sacrifício. Não vou me esquecer disso.

Havia um cosmo negro e poderoso emanando de dentro da mansão. O cheiro da morte estava demasiadamente pesado. Eros correu em direção ao interior da mansão e parecia estar mergulhando na escuridão a cada passo.

—...—


Vaticano – Roma

— Como ele reagiu, Alceu?

— Com bastante relutância, Senhor Ares.

Ares e Alceu caminhavam no corredor que dava acesso para as celas subterrâneas do Vaticano. Espaços antes usados para prender mulheres acusadas de feitiçarias e homens que iam contra o poder da Igreja. Máquinas de tortura e instrumentos agonizantes estavam presentes nas celas. Instrumentos usados para obter respostas e castigar os pecadores. Agora as celas eram ocupadas pelos padres, bispos e todos os outros residentes da Basílica de São Pedro. Ares não tinha interesse neles então os deixava morrendo de fome e sede, mas alguns eram alimentados para que sobrevivessem e assim sofressem mais nas mãos dos berserkers que se divertiam torturando-os. Muitos morriam contraindo doenças infecciosas devido aos cortes contaminados ou por morarem em meio aos dejetos. O cheiro podre era pior que enxofre.

— E o outro prisioneiro? Já acordou?

— Ainda não, senhor. Ele continua inconsciente desde a hora que chegou.

— Cuidarei dele em seguida. Enquanto a cela de Deimos, está tudo preparado?

— Todos os materiais já estão prontos, senhor. Chegamos!

A cela de Deimos era uma das últimas no corredor. Alceu abriu a grade e se afastou dando espaço para Ares, que estava trajando uma onyx que lembrava as armaduras dos soldados gregos na era mitológica, exceto pela ausência do elmo.

Deimos estava sentado no chão, na outra extremidade da cela, acorrentado e vestindo apenas uma velha calça escura. As correntes presas em seus tornozelos e pulsos estavam tão apertadas que faziam sangrar. Existia símbolos marcados nas correntes e nas paredes, com a função de inibir as forças do deus impedindo que ele arrebentasse as correntes e fugisse dali.

Ao abrir os olhos, Deimos se deparou com Ares em pé olhando com uma expressão de reprovação.

— Pai, eu...

Ares girou e aplicou um chute no rosto de Deimos jogando-o contra a parede. Deimos tentou se levantar apoiando-se, mas Ares puxou violentamente uma das correntes presa no pulso do deus e aplicou um soco no rosto, fazendo Deimos cuspir sangue. Possuído pela raiva Deimos avançou contra Ares, mas parou diante do deus, se negando a atacá-lo. Porém essa hesitação deixou Ares ainda mais furioso. O deus da guerra aplicou um chute no peito de Deimos e o encurralou na parede aplicando dezenas de socos e joelhadas.

— Desde quando você hesita em fazer algo? São esses traços de fraqueza que tornou você uma vergonha para mim e para o exército que você lidera. Acho que acabei superestimando você demais. Não sei se eu deveria culpar a minha estupidez em achar que você era capaz de me substituir como deus da guerra. — Deimos ficou surpreso ao ouvir isso. Dentro dele cresceu ainda mais a sensação de fracasso. Era um fracasso após o outro.  Você acabou ficando quase tão pacífico quanto Phobos.

— Mas o senhor não se preocupa com Phobos, não é?

Ares colocou a mão no pescoço de Deimos e o levantou.

— O seu irmão perde o controle no primeiro soco que leva no rosto. A paciência dele é apenas uma casca fina e instável. Eu não me preocupo com isso. Sei que mais cedo ou mais tarde ele se torna um assassino sem limites. Mas você... Você é o meu soldado indomável que está sempre com adrenalina pulsando nas veias. Veja só o que você se tornou. Um deus que fala demais! — ainda segurando no pescoço de Deimos, Ares bateu a cabeça de Deimos repetidas vezes contra a parede até poder ouvir o som dos ossos fraturando. O cabelo cinza de Deimos ficou ensopado de sangue e mais sangue escorria do seu ouvido, nariz e boca. — Eu não treinei você para ser falho! Eu não treinei você para perder! Você é o deus do Terror que assola qualquer exército inimigo! A sua presença arranca a esperança dos adversários. Então... — Ares pegou uma das adagas negras que estava em cima da mesa, junto com outros materiais, e a enterrou na barriga de Deimos rasgando-a, fazendo o deus gritar de dor. — Por que você sujou o meu nome na desgraçada terra do norte? Aqueles miseráveis estão praticamente abandonados pelos próprios deuses! Como é que o seu exército, possuindo dois dos mais poderosos berserkers, não foi capaz de dominar aquela merda?! — O cosmo de Ares se expandiu jogando Deimos novamente contra a parede.

Deimos estava tonto. Sua cabeça latejava e pulsava com fortes dores. Seu ouvido apitava, sua visão estava turva e o corte que Ares abriu em sua barriga atingiu os órgãos internos. Ele estava perdendo bastante Ikhor e isso só dificultava o seu poder de cura. Reunindo forças, ele conseguiu se levantar se apoiando na parede.

— Eu não tenho culpa do que aconteceu em Asgard. Aquele Grande Mestre miserável tinha avisado a Hilda de Polaris que nós iríamos atacar. Eu fui preparado para atacar e destroçar Asgard, mas havia uma armadilha nos esperando. — a cada palavra o ódio em Deimos crescia. Seu cosmo passou a se elevar contra sua vontade, apenas seguindo o aumento da sua raiva. Suas veias estavam visivelmente mais volumosas e pulsantes. — Loki, o deus das trapaças e da magia, apareceu para me enfrentar. É um deus de alto nível se comparado a mim, que sou um deus menor, mas eu consegui matá-lo.

— E você acha isso o suficiente, Deimos? Acha que ter matado Loki faz alguma diferença? — gritou Ares. — Foda-se o plano do Grande Mestre e suas previsões! Nós somos deuses! Não vivemos nas mãos dos humanos! São eles que se fodem nas nossas mãos! Se você não é capaz de agir como um deus... — Ares estendeu a mão e as correntes obedeceram ao seu cosmo. As correntes presas no punho de Deimos ficaram cravadas no teto da cela e as correntes do tornozelo permaneceram presas ao solo, de modo que Deimos ficasse esticado e erguido no centro da cela. — Eu vou fazer com que você aprenda a lição. Como pai, é meu dever corrigi-lo.

As correntes começaram a esquentar como brasa, devido o cosmo de Ares, e logo o cheiro de carne queimada se espalhou na cela. Deimos trincava os dentes e mordia os lábios, evitando gritar de dor. Seus lábios já estavam cortados e sangrando e sua expressão estava ficando cada vez mais marcada e seus músculos cada vez mais rígidos. Ele não aguentaria a dor por muito tempo. O cosmo de Ares penetrava na circulação de Deimos e o consumia por dentro. Ares estava levando Deimos ao seu limite extremo.

— O que... você quer... de mim?! — gritou Deimos, tomado de raiva.

— Eu quero que você seja quem você realmente é por dentro! — respondeu Ares. Ele se aproximou de Deimos com um sorriso de deboche provocando. — Eu quero que você coloque para fora toda a escuridão que está alojado dentro de você! Vamos Deimos! Desperte o Terror que está em você! Assuma de uma vez por todas a sua posição como Deus do Terror!

O cosmo de Ares se elevou e o cosmo de Deimos reagiu. Deimos abriu a boca em um grito que depois se tornou um urro. O curto cabelo acinzentado, ainda sujo de sangue, cresceu e um par de chifres negros e grossos brotaram em sua testa. Os seus olhos ficaram ainda mais vermelhos e asas negras se abriram em suas costas no momento em que seu cosmo se expandiu, lançando Alceu para fora da cela e arrebentando as correntes.

Ares ficou surpreso ao ver todo poder de Deimos fluindo sem qualquer hesitação.

— Finalmente!

Tomado pela raiva e pelo ódio, Deimos avançou contra Ares e o segurou pelo pescoço, cravando suas garras.

— Eu poderia matá-lo agora mesmo! — as unhas de Deimos cresceram. — Esmagaria a sua cabeça e arrancaria suas vísceras!

Ares sorriu.

— Mas não pode, pois é meu subordinado! De joelhos, Deimos! Agora!

Relutando, Deimos tirou a mão do pescoço de Ares e se ajoelhou, ainda melado de sangue e repleto de ferimentos, diante do pai. Ele parecia um anjo de asas negras que havia acabado de voltar de uma sangrenta batalha.

— Ao amanhecer partiremos para o Santuário. — disse Ares

—...—


Laon, França

Henry e Shun corriam em direção à mansão de Eros que fica ao leste da cidade de Laon. Shun estava preocupado com Eros, com Seiya e os outros, mas Heny já não se importava mais com a guerra santa. A única coisa que ele queria era salvar o amigo. Mesmo Henry sendo muito jovem, se comparado a Eros, e com tantas diferenças, os dois tinham se tornado amigos. Eros não era tão amigável, mas Henry gostava da companhia arisca dele, assim como Henry não era de fazer amigos, mas Eros o aturava por ser diferente dos outros. A dor que Eros sofreu na infância acabou atraindo Henry e ele iria fazer de tudo para que o amigo não passasse por aquilo novamente. Ele entendia o quanto doía perder alguém que ama, principalmente família, e o quanto isso muda a pessoa.

— Por que você me acompanhou? Eu poderia ter vindo sozinho. Não preciso de você!

— Eu me senti na obrigação de ajudar Eros a salvar sua família. Eu devo isso a ele. Eu matei o irmão de Eros e... me sinto culpado por isso, pois ele não merecia. Afrodite não era um homem mal. Ele apenas tinha uma visão diferente se tratando de justiça, mas lutava pelos mesmos objetivos que eu lutava. A paz na Terra e...

— Então veio movido por sentimentos de arrependimento? Que frescura. Não preciso de você! Já disse!

— Seja menos arrogante, Henry. Talvez seja arrependimento... não sei. — Shun olhou para Henry e para o cosmo que emanava dele. — Mas também vim por sua causa. Eu sinto o equilíbrio que flui do cosmo das pessoas e de suas armaduras. Depois que você voltou da floresta, após ter levado o colar de Jake, você voltou com seu cosmo bastante reduzido. Os outros podem não ter notado, mas você está em um desequilíbrio enorme. Lutar nessas condições pode gerar um colapso e você ser vítima do próprio golpe.

Henry ficou surpreso. Shun realmente havia notado os danos em seu cosmo. Uma habilidade incrível de percepção mesmo vindo de um lendário. Nem mesmo os atentos olhos de Jake haviam notado qualquer diferença em Henry.

— Henry, o que você fez naquela floresta que custou tanto da sua vida?

— Escute Shun... — Henry parou de falar quando avistou a mansão ao longe e sentiu o poderoso cosmo que fluía. Ele e Shun teriam que deixar aquela conversa para depois. — Chegamos!

—...—


Mansão da Família Michaelis – Laon – França

Eros parou diante da grande porta de entrada da mansão. Ela estava fechada e não apresentava sinais de arrombamento. Da brecha da porta emanava um cosmo pesado e frio. O coração de Eros acelerou e um calafrio se espalhou em seu corpo. Ele abriu a porta e entrou, caminhando contra a escuridão que havia dentro da mansão. As luzes estavam apagadas e a pouca iluminação, que ainda insistia em penetrar naquelas trevas, vinha da luz da lua que atravessava as janelas quebradas.

Tudo estava revirado e quebrado. Parecia que um furacão havia passado por ali revirando os moveis, quebrando os espelhos e janelas, rachando as paredes e triturando qualquer ser vivo ali presente. As paredes e o piso estavam sujos de sangue e havia mais corpos de soldados do Santuário e até mesmo berserkers mortos.

Eros parou no centro da sala, em frente à lareira, e olhou para o retrato da família que estava quebrado no chão em uma poça de sangue. Ele ia se abaixar para pegar o retrato, mas parou quando uma gota de sangue vinda do teto caiu na poça emitido pequenas ondulações. Eros arregalou os olhos e seu corpo ficou rígido. Ele tinha medo do que poderia ver. Lentamente ele se virou e se deparou com o corpo de uma de suas empregadas presa no teto da sala. Ela estava com a roupa rasgada e com cortes profundos em todo o seu corpo. Os olhos, agora sem vida, estavam arregalados e alguns dos seus dedos haviam sido amputados. Provavelmente vítima de tortura antes de morrer. Ele não sabia se ficava aliviado por não ser Dália ou as crianças, ou se lamentava pela morte da empregada.

Eros cerrou os punhos e rangeu os dentes. Ele repetia constantemente que sua família estava bem, mas já não tinha tanta esperança, até que um gritou ecoou pela mansão vindo do andar superior. Eros reconheceu que o grito era de sua esposa e então correu. Os gritos continuavam e a adrenalina em Eros só aumentava. Ele correu entre os corredores seguindo o som dos gritos até chegar em seu escritório. Os livros estavam revirados e algumas prateleiras destruídas, mas foi o corpo que estava em cima da mesa que lhe chamou atenção.

— Dália! Dália! — Eros correu, gritando chamando pela esposa, mas ela não reagia. O corpo de Dália estava pálido e frio e havia muito sangue entre suas pernas. — Meu Deus! Dália! Vamos amor, acorde! Dália! — Eros verificou se havia pulsação, mas estava bastante fraca. Talvez tenha sido a perda de sangue. Ele teria que salvá-la, mas não poderia sair de lá sem os seus filhos. — Cristhian... Páris... Tenho que encontrá-los. Droga!

Eros estava se preparando para colocar a esposa em seus braços quando ouviu o choro de um bebê. Ao se virar viu um homem em pé com um recém-nascido nos braços e atrás dele tinha um pentagrama desenhado com sangue na parede.

— Do útero de uma virgem nasceu o filho de Deus, o próprio Deus, mas do útero de uma impura nascerá o filho do Lúcifer, o próprio Lúcifer. Capítulo dois e versículo seis do Livro de Lilith. A profecia da “Nova Criação”. — disse o homem, enquanto alisava o rosto do bebê. Ele ergueu a cabeça e olhou para Eros sorrindo. Seus longos cabelos negros caiam por cima do ombro, fazendo contraste com sua pele clara, e seus olhos era cor de ferro. — Não esperava que algum cavaleiro viesse aparecer aqui. Já estava de saída quando senti seu cosmo no jardim.

— Quem é você? E de quem é essa criança? — o cosmo de Eros se elevou. — O que você fez com a minha esposa e com os meus filhos?!

O homem sorriu.

— Então essa aí é sua esposa? Você tinha que ouvir os gritos dela. Já os seus filhos... Ainda estão vivos. Eu acho.

— Desgraçado! O que você fez com ela?! — Eros avançou contra o homem cerrando os punhos. — Eu vou matar você! Onde estão os meus filhos?!

O homem estendeu uma das mãos e parou o ataque de Eros, gerando uma forte pressão de cosmo que varreu os livros próximos a eles.

— Silêncio! — disse o homem sorrindo. O seu cosmo se elevou e paralisou os movimentos de Eros. — Seus filhos estão em uma outra dimensão chamada de “Inferus”.

Eros arregalou os olhos.

— O que?! Inferus?!

O homem removeu o manto que cobria seu corpo e revelou um traje negro. Uma Onyx.

— Meu nome é Moloch. Apesar de eu ser um berserker, eu também sou um deus. O deus dos sacrifícios. Não vai ser com um cosmo pequeno como esse que você vai conseguir tocar em mim. — Os olhos de Moloch brilharam com seu cosmo e em seguida Eros foi repelido, sendo lançado contra a parede e caindo próximo a mesa onde o corpo de Dália estava. — Faça menos barulho, caso contrário vai assustar o pequeno Lúcifer.

Eros se levantou cambaleando e se sustentando na mesa. Ele olhou novamente para a esposa e notou que a posição em que ela estava era de quem tinha acabado de ter entrado em trabalho de parto.

— Está dizendo que esse bebê é Lúcifer e que... Ele saiu de dentro da minha esposa?

— Estou impressionado com sua inteligência. É exatamente isso. — o cosmo negro de Moloch se agitou. — Deixe-me lhe contra uma história... Há milhares de anos atrás, no Gênesis, houve uma batalha em um local chamado de Paraíso. Dois poderosos exércitos se enfrentaram e os derrotados foram enviados para uma dimensão chamada de Inferus, que fica localizado abaixo do mundo dos mortos de Hades e acima do Tártaro. Desde então nossos espíritos sempre acompanharam as guerras sangrentas e todo tipo de desgraças que assolam a humanidade, mas sempre ficamos restritos na forma espiritual. Por séculos, eu e outros caídos, os daemons, possuímos homens e mulheres e sacrificamos milhares de pessoas para serem nossos novos corpos, principalmente do meu Mestre, mas todas as tentativas foram em vão. As crianças não conseguiam suportar nossas energias e morriam no processo. — o cosmo de Moloch se espalhou e o cenário mudou para o Antigo Templo de Salomão. — Eu me uni ao exército de Ares como uma oportunidade de levar os planos adiante. Em troca dos meus serviços, Ares me concedia um corpo temporário em cada Guerra Santa para que eu pudesse transitar entre os vivos e lutar como um dos seus 72 berserkers. Mas foi no ano de 971 A.C que eu consegui corromper um homem chamado Salomão, o Cavaleiro de Ouro de Virgem conhecido como o homem mais inteligente e fiel a Deus.  Após a Guerra Santa, Salomão foi o único sobrevivente de sua geração e conseguiu selar os 72 berserkers de Ares em uma ânfora de ferro divino. Contudo, com o passar do tempo Salomão passou a se aproveitar da ânfora ao perceber que ela podia fornecer poderes e dons drenando a energia dos berserkers. E foi aí que eu encontrei uma brecha. Achei que um homem portador da autoridade e inteligência divina pudesse achar um meio de conferir um novo corpo ao meu senhor aqui na Terra. Através dos meus sussurros eu fiz com que Salomão se casasse com centenas de mulheres, cada uma de religião e dinastia diferente, fazendo ele achar que estava fazendo acordos políticos. Em pouco tempo o homem mais sábio e fiel a Deus se tornou um idolatra levantando altares para dezenas de deuses, incluindo um para mim. Salomão teve ralações com suas mulheres e as engravidou. Centenas de crianças impuras, nascidas do pecado, foram sacrificadas por Salomão até que uma delas sobreviveu ao sacrifício e abriu as portas do Inferus. Notando o que havia feito, Salomão levou a criança para longe do Templo e enfrentou um exército de daemons que foram enviados para matá-lo. A criança foi morta para amenizar a ira do deuses que caia contra Salomão e os portões foram novamente fechados... Até hoje.

O cenário mudou voltando novamente ao escritório.

— Desde então, a cada duzentos anos, venho procurando uma mulher capaz de dar à luz a uma criança nascida do cosmo das trevas. Depois de tantas tentativas... — Moloch olhou para Dália e sorriu. — Finalmente achei. Foi um acaso do destino. Eu não esperava por isso quando aceitei a missão de executar a sua família. Essa criança é apenas uma casca sem alma com a capacidade de servir como corpo do meu senhor. Essa casca será alimentada pela dor daqueles que sofrem no Inferus até crescer e estar pronta pra ser utilizada pelo meu senhor e assim abriremos definitivamente as portas do Inferus.

O cosmo de Eros cresceu violentamente contra Moloch.

— Você maculou o útero da minha esposa com seu cosmo maligno para dar a vida a essa aberração? Eu não vou perdoar você! Seu miserável!

O grito de Eros ecoou através do cosmo e ele lançou uma rajada de rosas negras e vermelhas contra o deus. Era um ataque de fúria e ele estava depositando todas as rosas sem pensar duas vezes.

— Se o que ele falou for verdade... Essa criança cresceu no ventre de Dália em poucos minutos. Se Lúcifer realmente for habitar esse corpo... O Rei dos daemons cresceria em poucas semanas. — pensou Eros. — Eu não vou permitir que isso aconteça. Matarei você e essa criança! Rosas Piranhas!

Um turbilhão de Rosas negras foi lançado contra Moloch, mas logo foram repelidas pelo cosmo demoníaco do deus caído.

— Você é fraco para querer se opor a um deus! — Moloch ergueu uma das mãos e concentrou o seu cosmo — Sua raça miserável. Morra!

Moloch lançou um golpe contra Eros, mas alguém se lançou na frente do cavaleiro de Peixes e interceptou o golpe.

— Consegue se levantar, florzinha? — perguntou Henry, de costas para Eros. — Docinho e Lindinha chegaram para salvar você. 

— Henry? O que faz aqui?

— Viemos ajudar! — respondeu Shun, entrando no escritório.

— Shun?! Você também?

Henry sorriu.

— Eu disse que a Lindinha também tinha vindo.

— Outros cavaleiros de Atena? Devem ser aqueles que Phobos e Anteros caçam desesperadamente. — disse Moloch. Ao olhar com atenção para Shun, Moloch arregalou os olhos. — Mas esse garoto... Eu já o vi antes. Não acredito! Esse é... O receptáculo de Hades, o Imperador do Mundo dos Mortos!

— Henry... a criança. — disse Eros, cochichando.

Henry enrugou a testa e olhou sorrateiramente para Eros por cima do ombro.

— O que?

 A criança. Você deve matar a criança. — Eros elevou o cosmo e lançou mais uma rosa negra. — Agora!

O cosmo de Henry se acendeu na ponta do dedo e ele correu sorrindo contra Moloch.

— É a primeira vez que alguém pede para que eu mate um bebê. Esse mundo está mesmo perdido! Explosão demoníacaSinta o fogo do inferno!

As rosas de Eros foram novamente repelidas por Moloch, mas ele foi pego de surpresa pelas chamas azuis de Heny que rapidamente o envolveu.

— Não! — gritou Shun. — O que foi que você fez Henry?! Tem uma criança nos braços dele!

Eros correu até Dália e a colocou nos braços.

— Aquilo não é um recém-nascido qualquer, Shun. É o corpo do próprio Lúcifer. O Rei dos daemons. Um ser celestial antigo que foi expulso do Paraíso. — respondeu Eros. — Dália aguente firme! Vou tirar você daqui e encontrar os meninos.

Shun arregalou os olhos.

— Lúcifer?

As chamas azuis cresceram e se espalharam consumindo os livros e tudo o que achava pela frente. Em meio às chamas Moloch continuava em pé, gargalhando, com a criança no colo.

— Fogo do inferno?! — Moloch sorriu. — Quanto exagero, garoto. Essas chamas estão longe de serem as chamas do inferno.

— Mas que porra é essa cara? — perguntou Henry.

— Explicações para depois Henry! Temos que matar a criança nos braços dele! — disse Eros.

— Isso não vai acontecer, cavaleiro de Peixes! Eu vou matá-los!

As chamas de Henry se concentraram na frente de Moloch e depois foram lançadas em um turbilhão contra eles, mas Shun se adiantou e bloqueou as chamas com as correntes, formando a defesa circular.

— Eros! Tire Dália daqui. Shun e eu vamos segurar esse cara! Vai! — o cosmo de Henry se elevou e correntes negras brotaram das paredes e do piso prendendo Moloch. — Correntes da alma!

Eros correu com Dália nos braços e a entregou nos braços de Shun.

— Leve-a para o quarto que fica no fundo da mansão! Lá fica o meu laboratório. Tem materiais de primeiros socorros.

— Mas Eros, você...

— Cuide dela, Shun! Essa luta é minha. Eu não posso deixar você e Henry lutando contra Moloch e tenho que salvar os meus filhos! Vai! Vai!

Shun acenou com a cabeça e correu com Dália nos braços enquanto Eros voltou-se contra Moloch, correndo e se lançando contra o deus caído.

— Moloch!! — gritou Eros.

Moloch elevou o seu cosmo, partindo as correntes, e lançou Henry e Eros contra a parede.

— Desgraçado! Ele rompeu as correntes.

— Ele é um deus, Henry. — disse Eros, se levantando. — Não espere menos vindo dele, mas peço que não interrompa essa luta. Moloch, você disse que meus filhos estão no Inferus. Como faço para chegar lá?

Moloch ignorou Eros e se virou para a parede.

 Não posso lutar com o corpo do meu mestre nos braços. — Moloch olhou para o bebê e sorriu.

Um tremor se espalhou por toda a mansão e o pentagrama de sangue, desenhado na parede brilhou com uma luz de cor roxa e um portal se abriu. No interior do portal tudo era escuro e distorcido, mas dava para ouvir gritos e gemidos.

— Então... Aquele é o portal que leva ao Inferus?! — Pensou Eros.

— Vá, criança. — disse Moloch, estendendo a criança para dentro do portal. Mãos sombrias brotaram e seguraram o bebê, arrastando-a para dentro da dimensão escura.

— Eu não permitirei! — A rosa vermelha que Eros levava na mão mudou de cor, se tornando uma rosa branca como a neve. — Eliminarei essa aberração com a minha... Rosa sangrenta!

Moloch tentou interceptar o trajeto da rosa, mas nada poderia pará-la. Uma vez lançada, a rosa cumprirá seu trajeto mesmo que seja despedaçada. Ela tem a capacidade de se reconstruir para que continue seu percurso e atinja o coração do oponente com precisão.

A rosa branca atravessou o portal no momento em que ele se fechou e a criança desapareceu.

— Droga! — disse Eros, cerrando os dentes. — Então esse é o portal que leva para a dimensão de vocês?

— Você está me perguntando na esperança de salvá-los? De salvar os seus filhos? Não seja tolo. Você não pode entrar lá.

— Moloch... Vou perguntar só mais uma vez. Como faço para chegar lá? Esse é o portal?

Moloch se virou elevando o seu cosmo.

— Não seja estúpido! Quem você pensa que é para falar dessa maneira comigo?

O cosmo de Eros se elevou mais uma vez e dos seus pés brotaram ramos de rosas vermelhas que rapidamente se espalharam pela sala.

— Acima de tudo eu sou um pai querendo salvar os filhos, mas também sou... Um Cavaleiro de Ouro! O Cavaleiro de Ouro de Peixes!

Com um sorriso no rosto, Moloch se dissolveu em trevas e desapareceu. Eros não sentia a presença dele e Henry parecia também não sentir, mas ele viu quando Moloch se materializou atrás de Eros.

— Eros! Cuidado!

Tarde demais. No momento em que Eros se virou Moloch aplicou um soco em seu rosto, lançando o cavaleiro fortemente contra a parede. A parede desabou logo em seguida por cima de Eros.

— Desista, peixes! Não tem como salvá-los. Você não entende? É uma dimensão inalcançável para vocês. Pelo menos enquanto estão vivos.

Dos escombros brotaram rosas vermelhas, lindas e delicadas, exalando um doce perfume. Eros se levantou em seguida e lançou mais uma vez suas rosas negras, mas elas foram novamente repelidas por Moloch.

Eros estava com escoriações no rosto e com um corte na parte superior de sua sobrancelha. Sangue escorria de seu rosto e pingava na rosa vermelha que ele carregava na mão.

— Você que não está entendendo. — o cosmo de Eros se elevou e as rosas vermelhas, que haviam se espalhado em toda sala, se abriram liberando sua fragrância e pólen. — Se você não falar, serei obrigado a obter respostas de uma forma menos educada.

Henry observava de longe sem interferir, como Eros havia pedido, mas ele estava ficando preocupado com a situação de Eros.

— O que Eros pensa em fazer? Ele pode não se queixar, mas seu corpo está com sérios machucados e mesmo assim ele não usa a sua habilidade de cura. Eros...

Moloch sorriu.

— Sério? E o que você vai fazer? Vai lançar suas delicadas rosas contra mim? Elas são inúteis. Fico admirado, de forma negativa, por ver que um dos Doze Cavaleiros de Ouro, a elite de Atena, utiliza frágeis rosas para lutar. — o cosmo se elevou ainda mais. — Se quer tanto os seus filhos, eu te matarei e te arrastarei para lá! Dessa forma sua alma espiará os seus filhos sofrendo por toda eternidade!

Moloch avançou contra Eros e lançou um golpe, mas Eros desviou na velocidade da luz e contra-atacou com a rosa negra. Como já era de se esperar, a rosa negra contra uma onyx não se mostrou eficiente, mas Eros continuou a lançá-las. Percebendo que o golpe de Eros era inútil contra a Onyx, Moloch se viu em vantagem e avançou segurando no braço de Eros e o lançando contra a parede.

Rapidamente Eros se levantou e atacou, mas Moloch era ágil e acima de tudo poderoso. Mesmo sendo um deus caído, ele tinha um cosmo digno de um antigo deus. Moloch e Eros trocavam socos na velocidade da luz, mas a força física de Moloch era superior a de Eros e isso resultava em Eros saindo com mais danos.

— Qualquer esforço é inútil. — disse Moloch segurando o punho de Eros. — Mas como não nego derramamento de sangue... — Moloch abriu um largo sorriso de dentes afiados e fez suas garras crescerem. A imagem de um demônio com cabeça de touro e corpo deformado surgiu atrás de Moloch — Eu vou derreter você até os ossos! Receba o meu golpe... Fornalha do Sacrifício!

A imagem do demônio atrás de Moloch urrou e o golpe foi disparado como uma poderosa rajada de chamas que arrastou Eros abrindo uma fenda no piso, consumindo tudo pelo caminho, e o jogando para o alto no momento em que o fogo explodiu em um turbilhão. A explosão também acertou Henry, que logo foi arremessado para outro cômodo da sala. A temperatura era insuportável e de dentro do turbilhão podia-se ouvir os gritos de Eros. O teto ficou completamente queimado e as rosas vermelhas invocadas por Eros foram reduzidas a cinzas. Quando as chamas cessaram, o turbilhão foi desfeito e Eros começou a cair inconsciente. Henry se levantou, apresentando queimaduras, e correu para segurá-lo, mas o pisou cedeu e eles caíram juntos com os escombros direto para a sala de entrada da mansão.

— Que miseráveis são vocês! Me dá nojo só de pensar que um dia invejamos os benefícios de vocês. — disse Moloch, descendo suavemente com longas asas negras de morcego. Pairando no ar, o berserker estendeu a mão para o alto concentrando seu cosmo na palma da mão. — Tão frágeis e tão deprimentes. Sofrem por qualquer coisa e são facilmente manipulados por uma pequena gota de ambição ou qualquer outra coisa que lhe encham os olhos. Marionetes de Deus! Eu vou fazer com que voltem ao pó. Desapareçam!

— Espera! — gritou Henry, saindo de baixo dos escombros com Eros nos braços. Eros estava com queimaduras por todo o corpo, com danos na armadura e estava inconsciente. — Cala a boca! Cala essa sua boca! — Henry virou para Moloch com uma expressão de raiva. — Eu estou pouco me fudendo se tu é um deus caído ou não. Particularmente, eu não acredito em Deus, deuses ou seja lá o que for. Mesmo quando aparece um na minha frente dizendo ser. Vi minha mãe morrendo chamando por Deus, mas nada aconteceu. Eu também chamei por Ele, centenas de vezes, mas a resposta que eu recebia era o silêncio. Se Deus realmente existisse, gostaria de perguntar a Ele, pessoalmente, se Ele é surdo por não ouvir aqueles que gritam por sua ajuda. Portanto, não vem com essas tuas merdas para o meu lado porque meu ouvido não é fossa. Se essa luta não fosse de Eros, eu ia pra cima de você metendo a mão na sua cara até arrancar esse seu sorriso de bosta.

As palavras de Henry deixaram Moloch impressionado.

— Ora, ora...

— Mas essa luta não é sua. Não é, Henry?

Eros colocou a mão no ombro do amigo e saiu dos braços de Henry.

— Impossível! — disse Moloch, surpreso. — Eu não conheço um humano que pudesse sobreviver a esse golpe.

— Talvez tenha me subestimado, Moloch. Você teve a sua chance, mas agora é a minha vez. — Eros voltou a elevar o seu cosmo, mas fisicamente ele quase não conseguia ficar em pé. — Vou matar você!

— Não seja estúpido! — gritou Moloch, abrindo os braços e asas e invocando dois pentagramas com símbolos vermelhos em sua lateral. — Eu, Moloch, o sexto príncipe da corte de Inferus, invoco a legião da Terra de Gerasenos!

Os portais se abriram e fumaças negras saíram dando forma a centenas de seres humanoides com peles escuras e deformadas em carne viva, chifres contorcidos, olhos negros, dentes afiados e asas esqueléticas. Eles exalavam um cheiro fétido de carne em decomposição e ovos podres. Eram os daemons.

— Devorem eles até os ossos! Vão!

— Vai precisar mais do que isso. Cresçam e floresçam! Turbilhão de Rosas Negras!

Eros lançou uma rosa negra e ela se multiplicou em milhares. Centenas de deamons foram devorados, mas a legião era formada por mais de mil e naquelas condições Eros não aguentaria a luta por muito tempo. Notando isso, Henry tomou as rédeas da luta.

— Eros... Eu cuido deles — disse Henry, invocando suas chamas azuis. Seu cosmo estava mais obscuro e sua face parecia mais sombria. — O lado bom de matar vocês, é que a armadura não vai me abandonar se eu usar métodos, digamos, não convencionais.

Heny avançou com as chamas em punhos enfrentando um daemon após o outro, estripando-os, arrancando membros e esmagando as cabeças. Seus socos atravessavam os corpos das criaturas com brutalidade descomunal.

Os daemons eram lentos se comparados a velocidade de um cavaleiro de ouro e isso dava a Henry uma grande vantagem. Em um certo momento um grupo de cinco daemons encurralaram Henry achando que o tinham pego, mas se engaram quando os olhos castanhos-avermelhados de Henry brilharam e ele se abaixou girando, com um sorriso insano no rosto, derrubando as criaturas e acertando de um por um com milhares de socos em milésimos de segundos.

Cada daemon que caia se tornava trevas e voltava para o Inferus, mas Henry estava sentindo que seus movimentos estavam ficando cada vez mais lentos. Ele ainda não tinha se recuperado da grande perda de cosmo e isso estava lhe afetando. Isso o desesperava e fazia com que ele aumentasse a violência dos seus golpes para que não fosse pego pelos daemons, aumentando assim o gasto de cosmo. Quando uma das criaturas estavam prestes a atacar Henry pelas costas, uma corrente transpassou o peito do daemon e o dissolveu em trevas.

Maloch se virou surpreso.

— Andrômeda?!

— Shun? O que está fazendo aqui? Onde está Dalia?

— Ela está bem, Eros. Não se preocupe. Fiz os curativos e agora ela está descansando. Foi a sua própria esposa que pediu para que eu viesse ajudá-los.

— Se veio ajudar, então ajuda cara. — disse Henry segurando um daemon pela cabeça. — Não fica aí batendo papo não porque o tempo é curto.

Os olhos de Shun brilharam e seu cosmo explodiu em um turbilhão.

— Henry, Eros... Segurem-se. — Eros forçou seus pés no chão e Henry se agarrou em um pilar no momento em que Shun estendeu as mãos e o turbilhão de cosmo varreu a sala destruindo a parede e jogando os daemons para o lado de fora da mansão. — Vamos Henry!

— Que homem poderoso. — disse Moloch, observando Shun correndo junto com Henry para derrotar a legião. — Não é à toa que esse homem um dia foi o corpo do Imperador Hades. Magnífico, Andrômeda. Magnífico! Um poder digno de ser um deus.

— Agora somos só nos dois. Farei com que se sinta em casa! — O cosmo de Eros explodiu e se espalhou. O chão rompeu e trepadeiras de rosas surgiram. Em poucos segundos os caules cobriram o piso, as paredes e o resto do teto e rosas brancas brotaram. — Jardim do Diabo!

—...—


Vaticano – Roma

— Ei! Acorda!

O soldado berserker jogou um balde de água gelada no prisioneiro, o fazendo acordar com um susto. O homem tinha pele parda e vestia uma calça escura. Estava acorrentado pelos pulsos e suspenso por correntes presas no teto da cela.

— Onde eu estou? — perguntou o homem, abrindo os olhos devagar.

— Você está em Roma! Preso em nome do deus Ares, o senhor da guerra. — respondeu o soldado berserker.

— O que?! Estou em Roma?!

— Exatamente! Você foi trazido até aqui logo após desabar exausto no final da luta conta Hysminai.

Um homem alto de pele acinzentada surgiu das sombras e trazia um açoite de ferro nas mãos. Seus olhos vermelhos fitavam o prisioneiro com repudio.

— Ikki de Fênix! Você é um dos cinco lendários e existe mandatos do Olimpo para capturá-los e matá-los. Mas antes disso, Fênix, gostaria que me respondesse o seguinte: Por que você estava procurando a Onyx do Senhor Ares? O que sabe a respeito do plano de Delfos?

— Está perdendo o seu tempo. Se fosse da sua conta, você já saberia.

— Ora seu...

Irado por causa da petulância de Ikki, Kydoimos segurou o açoite com força e girou batendo em Ikki repetidas vezes até rasgar a carne. Ikki rangia os dentes se negando a gritar, mas sentia uma dor intensa nos ferimentos. Era como se ácido fosse jogado em cada corte. Ele podia sentir a sua carne sendo corroída.

— Está vendo esses instrumentos em cima da mesa, Ikki? — perguntou Kydoimos, apontando para uma grande mesa repleta de materiais de tortura usados na epoca da inquisição. — Os de corte foram embebecidos em veneno de Hidra. Isso significa que, se o veneno entrar em contato com a sua pele, ele irá corroê-lo vivo. Dizem que você é imortal, mas até que ponto?

— Por que você não faz o teste? — disse Ikki, cuspindo sangue. Seu rosto estava inchado e seus punhos sangravam devido as correntes apertadas.

Kydoimos sorriu e caminhou até a mesa, pousando o açoite e pegando um punhal negro.

— Para alguém que está acorrentado... — Kydoimos caminhou até Ikki e passou a ponta do punhal no peito nu, rasgando a carne e arrancando gritos desesperados. Os cortes com o punhal faziam as feridas necrosarem rapidamente e disparavam uma dor que percorria todo o corpo de Ikki, fazendo com que se contorcesse em agonia e trincasse os dentes. — Você tem uma língua muito ferina. Posso passar o dia inteiro fazendo isso, Fênix. Responda logo de uma vez! Por que você estava procurando a Onyx do Senhor Ares? O que você sabe a respeito do plano de Delfos?!

— Eu... Eu já disse... Você está perdendo seu tempo. Idiota!

— Tudo bem. Se não vai responder aqui, então responderá no Santuário ao amanhecer. — Kydoimos girou o punhal e fincou no abdômen de Ikki, fazendo ele cuspir sangue negro enquanto gritava de dor. Ele agora se debatia sentindo o veneno percorrendo por todo o seu corpo. A sua pele ficou pálida e suas veias ficaram negras. — Deixarei esse punhal com você para lhe ajudar a refletir. Quando eu voltar, Fênix, espero que você tenha algo satisfatório para me dizer.

— Vá para o inferno!

Kydoimos parou de costas para Ikki.

— Não, meu caro Fênix. Será você que conhecerá o verdadeiro inferno. Não é você que se enche de orgulho ao dizer que conheceu o inferno na Ilha da Rainha da Morte? Pois bem, veremos se lá era mesmo o inferno na Terra. — Kydoimos sorriu. — Soldado! Prepare a mesa de estiramento e esquente os cravos de ferro. Daqui algumas horas eu voltarei e mostrarei ao "senhor fênix" um pedaço do inferno. Serão os preparativos antes de partirmos.

—...—


Mansão da Família Michaelis, França

— Criou um jardim de rosas para me deter? Quantas vezes será necessário eu repetir que essas suas rosas são inúteis?

— Não é um jardim de rosas qualquer. Não o subestime.

— Rosas são simplesmente rosas. Não existe motivo para temê-las! — Moloch elevou o cosmo se preparando para atacar, mas seu cosmo se apagou quando suas veias e artérias se romperam e sangue negro jorraram tingindo as rosas brancas. Mesmo que o sangue de Moloch fosse negro, e aparentemente venenoso, as rosas brancas ficaram vermelhas. O sangue não parava de escorrer pelo corpo do deus caído em direção as rosas. Tonto devido a perda de sangue, o berserker caiu de joelhos com os olhos arregalados e com sangue escorrendo pela sua boca. — O que foi... que você fez?!

Eros sorriu.

— O Jardim do diabo é semelhante a natureza do seu Mestre, Moloch. Aparentemente inofensivo e atraente, mas esconde um instinto de carnificina e morte. Esse golpe eu criei baseado na técnica de dois antigos cavaleiros de ouro. O Jardim de rosas diabólicas do meu irmão, o antigo cavaleiro de peixes, e o Tenbu Hōrin, a técnica suprema do antigo cavaleiro de Virgem, o homem mais próximo de deus, Shaka!

— E o que isso quer dizer? — perguntou Moloch, tentando se levantar.

— Isso quer dizer que dentro desse jardim você não pode atacar ou se defender, pois esse meu golpe une defesa e ataque em um só.

Moloch arregalou os olhos surpreso.

— Ataque e defesa... em um só?

— Isso mesmo! Mas não é apenas isso. Qualquer atitude sua em atacar ou fugir, seja por qual for o método, irá disparar a habilidade das rosas brancas. Elas atraem o seu sangue de uma forma tão intensa que seus vasos se rompem para saciar a sede de sangue delas, mas não para por ai...

O sangue de Moloch já não jorrava como antes, mas as rosas brancas continuavam a ficar vermelhas e em poucos segundo todas se tornaram vermelhas e passaram a exalar um doce perfume. Ao inalar a fragrância, Moloch se sentiu ainda mais tonto e já não conseguia elevar o seu cosmo. Ele caiu de joelhos novamente e sentia o seu corpo formigando.

— O que está acontecendo comigo? Eu vejo minhas mãos sendo furadas pelos espinhos, mas eu quase não sinto nada. Meu corpo está formigando e minha visão está turva.

— Quando as rosas brancas se tingem de sangue e ficam vermelhas, elas passam a ser as rosas diabólicas reais. Essas rosas têm como habilidade extrair os sentidos e destruir a consciência do oponente enquanto lhe arrasta para o sono da morte, mas pouparei em você o sentido do tato e da audição, pois eu quero que você escute o que eu vou lhe falar e que sinta o que está por vir... — as rosas vermelhas começaram a ficar negras, como se estivessem morrendo, e suas pétalas se soltaram, como se um forte vento estivesse arrancando-as. — Por fim as rosas diabólicas reais se tornam as rosas negras. As rosas piranhas que devoram tudo aquilo que tocam. São elas que lhe darão o golpe final. Moloch, você cometeu o erro de me subestimar e de subestimar as técnicas do Cavaleiro de Peixes. Qualquer um que faça a mesma tolice que você encontrará uma morte terrível, pois as rosas podem ser belas e aparentemente frágeis, mas essa beleza é mais mortal do que você possa imaginar. Mas esse golpe agora, Moloch, é, acima de tudo, para que você sinta uma dor pior do que a que você fez a minha esposa sentir. Você vai se lamentar pelo que fez! — o cosmo de Eros explodiu e as pétalas formaram um gigantesco turbilhão negro. — Você sentirá na pele o terror das rosas negras! Dancem Rosas Negras! Dancem Rosas piranhas!

O turbilhão negro avançou contra Moloch arremessando-o para o alto e o devorando. Sangue negro espirrava para todos os lados e dava para ouvir os gemidos de dor. As pétalas negras atravessavam as partes do corpo de Moloch que não eram protegidas pela Onyx, mas até mesmo a Onyx estava sofrendo danos. Com um estalar de dedos de Eros o turbilhão se desfez e Moloch começou a cair, mas antes que ele caísse Eros lançou as rosas vermelhas que o prenderam na parede.

O estado de Moloch era, digamos, lamentável. Sua onyx estava um pouco danificada, mas todas as partes do seu corpo que não eram protegidas pela onyx ficaram basicamente trituradas. Ele estava com centenas de cortes dos pés à cabeça e mal se movia. Parecia um morto-vivo pregado na parede.

— Não vou mais lhe perguntar como faço para salvar os meus filhos. — Eros colocou uma rosa vermelha na boca e se aproximou de Moloch, ficando cara a cara com ele. Seus olhos brilharam e o corpo de Moloch se contorceu. Era como se Eros o controlasse. — Vou lhe obrigar a me responder! Esta rosa vai me contar tudo o que eu devo saber. Elas atingem o seu sistema nervoso central, fazendo de você minha marionete.

Enquanto Eros retirava as informações de Moloch, ele se contorcia de forma desprezível. Henry e Shun feridos e cansados, acompanhavam de longe, com um certo temor e encanto, encostados em um pilar.

Eros se afastou de Moloch com uma expressão de espanto. Ele tinha visto algo na mente do deus caído para deixá-lo perturbado daquele jeito. Afastando esses pensamentos da cabeça, ele se concentrou no resgate dos filhos.

— Agora Moloch! Invoque o portal e ordene que seus daemons subordinados tragam os meus filhos de volta! — gritou Eros. — Agora!!

O cosmo de Moloch respondeu a ordem de Eros e o portal foi mais uma vez aberto e de dentro da fenda surgiu duas crianças foram repelidas. O mais novo estava agarrado no pescoço do garoto mais velho e ambos choravam e estavam com escoriações nas pernas e nos braços.

Os olhos de Eros se encheram de lagrimas e ele correu até os filhos e se jogou no chão abraçando-os. O pequeno Páris pulou nos braços do pai e começou a chorar. Já Cristhian singelamente abraçou o pai, mas por dentro ele estava desabando de alegria e alívio assim como Páris.

— Eu disse que salvaria vocês. Não importa o que houvesse, eu salvaria vocês. Me desculpem por tudo isso. Eu...

— A gente entende, pai. — disse Cristhian, ainda abraçando Eros.

Eros não conteve as lagrimas e então chorou agarrado aos filhos.

— Obrigado!

 Humano!

A voz era rouca e distante e ecoou através do cosmo que fluía de Moloch. Eros se levantou ficando na frente dos filhos e preparou uma rosa branca.

— Como um humano como você conseguiu causar danos a um deus? — perguntou Moloch, ainda preso na parede pelas rosas diabólicas. Ele fala através do cosmo, aproveitando o pouco de consciência que ainda lhe restava.

— Não preciso ter o nível de um deus para derrotar um deus caído como você, berserker. Basta ser estratégico. Desde o início eu vim plantando rosas vermelhas para que você inalasse a fragrância e fosse enfraquecendo aos poucos, pois eu sabia que sozinho não poderia contra um deus. — Explicou Eros. — Assim como as rosas negras que eu lancei várias vezes contra sua Onyx, elas também não foram lançadas sem um objetivo especifico. — Eros levantou a rosa branca para o alto e elevou o seu cosmo. — As rosas vermelhas, as Rosas Diabólicas Reais, levam a uma morte lentamente. As rosas negras, as Rosas Piranhas, matam você instantaneamente. Mas para derrotar você eu terei que usar essa rosa branca. Esta rosa branca é uma rosa sangrenta. Assim que ela sair da minha mão, golpeará o seu coração. Ninguém pode evitar isso, seja lá quem for, e quando essa rosa branca tiver tirado todo o seu sangue e se tornado vermelha, você morrerá! Orgulhe-se Moloch por eu utilizar a maior técnica do meu irmão contra um verme como você!

A rosa branca foi lançada e precisamente atingiu o coração de Moloch, transpassando a Onyx. O berserker arregalou os olhos, agora sem vida, e abriu a boca em um grito mudo.

— Mas como?! Como conseguiu transpassar a onyx? — perguntou Moloch, através do cosmo.

— Antes eu não poderia arriscar em lançar a rosa branca e ela não conseguir atingir o seu coração devido o poder da Onyx. Por isso lancei as rosas negras repetidas vezes contra o seu peito, a fim de desgastar a onyx em um ponto preciso para que depois lançasse a rosa sangrenta sem me preocupar.

— O que?! Você arquitetou tudo isso arriscando a própria vida?

— Saiba Moloch, que os cavaleiros de Peixes, em todas as gerações, são conhecidos como os mais estrategistas entre os cavaleiros de ouro porque é de nossa obrigação ser a última barreira de Atena. Somos também os mais temidos entre os doze cavaleiros de ouro devido as nossas técnicas e habilidades. O seu problema é não ter notado isso.

— Desgraçado! — gritou Moloch.

— Agora volte de uma vez por todas ao Inferus e não ouse pisar mais na Terra!

A rosa branca brilhou no peito de Moloch e explodiu, destruindo em pedaços o coração do berserker. O portal, que ainda se mantinha aberto, sugou Moloch e então se fechou.

— Conseguimos! — disse Eros, olhando para Henry com um sorriso no rosto.

—...—


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Notas finais do capítulo

* Site Oficial: https://italosantanaofc.wixsite.com/meusite

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* Também pode falar comigo no Whatsapp. Caso queira entrar em contato basta me mandar um recado: 81 97553813

Próximo capitulo: O dia da ultima lua de sangue finalmente chegou e agora Seiya e os outros devem correr ate o deus da Morte para que ele abra as Portas da Morte Eterna. As portas do tártaro! Na Grécia, Ares finalmente chega para assumir o trono e sua posse é marcada pelo sangue de um cavaleiro.

Capítulo 36: A ascensão de Ares! Audiência com o deus da Morte!



Eae galera o/ Esse capitulo demorou pra caramba kkkk eu peço desculpas, mas não foi por desleixo. Como alguns já sabem, eu curso Odontologia e esse semestre veio "fudendo" com a vida. Tempo livre foi a coisa mais preciosa que eu tive desde Agosto e eu tinha que aproveitar dormindo e descansando se não eu iria enlouquecer kkkkk

Tirei um tempinho aqui e outro ali e fui montando o capítulo e aqui está ele. Espero que a demora tenha valido a pena rsrs

Não esqueça de deixar a sua opinião ;) sua critica é sempre bem vinda e é ela que incentiva a fic.



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