Who Will Save Your Soul? escrita por Beatrix Kiddo


Capítulo 2
Eva


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo *-*



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Eva’s P.o.v

“ Pode fugir o quanto quiser, mas você nunca conseguirá escapar de mim” – Ele disse. Sua voz era quase um rugido feroz, despertando até o mais oculto instinto de sobrevivência que havia em mim. Corri ainda mais rápido, me embrenhando cada vez mais dentro da floresta desconhecida. Minha respiração era ofegante, eu tinha a sensação de estar respirando tão alto quanto um trator e se eu continuasse nesse ritmo, logo ele me alcançaria. Uma árvore grande bloqueava meu caminho, fiz o possível para desviar, mas não consegui evitar que um galho solto batesse contra meu rosto, fazendo um filete de sangue escorrer e tingir parte da minha maçã direita de vermelho. Antes que desse tempo de levantar a mão para limpar, ouvi um barulho muito alto que se assemelhava a um estrondo de tiro de canhão. Uma onda de desespero me atingiu e meus pés pareceram ganhar vida própria, correndo mais rápido do que nunca. Avistei uma clareira e me permiti um segundo de alívio, se eu conseguisse chegar até lá, talvez tivesse uma chance. Assim que cruzei a pequena queda d’água e ultrapassei um elevado de pedras, cheguei ao caminho que me levaria para a campina. Ouvi outro barulho, mas não era o mesmo estrondo de antes. O novo som era acompanhado de um cheiro forte, o qual eu não demorei identificar como sendo fumaça. Em pânico, vi todo o caminho atrás de mim em chamas. Sem qualquer alternativa, continuei correndo clareira adentro, até que fui obrigada a parar bruscamente. Não havia mais para onde correr. Eu estava diante de um abismo gigantesco, a estrada de terra terminava em uma falésia que dava diretamente para o mar. As ondas batiam vorazes contra as rochas, produzindo zumbidos perturbadores. Recuei um passo. Foi nesse momento que eu senti que não estava mais sozinha. Senti mãos fortes me virando com brusquidão e no segundo posterior eu estava de frente para um par de olhos azuis fulminantes e cruéis. Um sorriso assassino brincou em seus lábios enquanto suas mãos se aproximavam da minha garganta. Gritei.

Acordei com um sobressalto. As minhas mãos estavam trêmulas e meu rosto úmido por gotículas de suor frio. Minha respiração estava acelerada. Levei as mãos à garganta, numa tentativa tola de comprovar que estava tudo bem. Fora apenas um pesadelo afinal. Não pude evitar um arrepio ao pensar que tudo aquilo poderia se tornar realidade. Não queria pensar mais sobre aquilo. Olhei de relance para a janela, sorrindo ao ver que o céu estava lindo hoje. Não havia sol, apenas nuvens acinzentadas e uma ameaça torpe de chuva.

Toda a agitação do sono me deixou exausta e quando eu ficava assim, uma das consequências imediatas era uma fome inumana. Levantei com um pouco de preguiça da cama e fui até o sótão, que era onde ficava meu estoque de bolsas de sangue. Eu sou uma vampira, mas não qualquer vampira. Meu nome é Eva Hagle, tenho 20 anos e aparência de 18, inclusive, para qualquer efeito, esta também é a minha idade. Minha mãe é Isobel , uma descendente de Katerina Petrova, a doppelganger original do clã Petrova, que é uma raça muito antiga de feiticeiros. As doppelganges são criaturas extremamente raras e até onde eu sei, só existiram duas até hoje, Katerina e eu. Nós surgimos através de uma magia muito poderosa, que tinha por objetivo livrar o mundo de todas as criaturas noturnas, trazendo finalmente a paz aos homens. Mas o sangue da doppelganger é mais poderoso do que se poderia imaginar. O segredo acabou caindo em mãos erradas, as quais o usaram para fundir lobisomens e vampiros e criar seres híbridos, desequilibrando completamente o plano místico. Katerina acabou morta, levando com ela qualquer esperança de reestabelecer o equilíbrio.

Durante muito tempo o poder das bruxas foi enfraquecido, o que fez fortalecer as lendas que se espalharam acerca de criaturas malignas que viviam entre os homens. O resultado disso, principalmente em Mystic Falls, foi o estranho hábito de se usar verbena como uma forma de combater possíveis inimigos. Os humanos, porém, não costumam acreditar em algo que não podem provar. O tempo passou e a história virou mito, depois virou lenda e hoje tem mais valor simbólico do que real para as pessoas. Poucos são os que realmente conhecem a história

Bom, voltando ao que importa. Assim que eu nasci, minha mãe se assustou ao perceber a minha semelhança absurda com Katerine e logo ela descobriu que eu não era uma simples humana. Não demorou, entretanto, para que outros chegassem à mesma conclusão que ela e a notícia de uma nova doppelganger se espalhar. Isso foi terrível, pois não é apenas Klaus que tem interesse em me capturar.

Eu nasci na Finlândia, mas não fiquei lá por muito tempo. Há uns dois anos, após uma ameaça de um grupo de frios me mudei pra cá com minha família. E foi aqui que eu os vi pela primeira vez. Os irmãos Salvatore, Stefan e Damon, que a princípio julgaram que eu fosse Katerina, a quem eles conheceram como Katherine Pierce, um antigo amor platônico de ambos. Depois de tudo esclarecido, nos tornamos amigos e eu acabei sendo transformada em vampira.

Cheguei ao sótão e peguei uma das várias bolsas que estavam dentro do freezer. Voltei para o quarto logo em seguida, a tempo de ver que eu deveria estar na escola dali a 15 minutos. Odeio chegar atrasada! Tomei um banho na velocidade da luz, vesti uma calça jeans, um casaco de moletom verde e calcei um par de tênis All Star vermelhos, já surrados. Minha pele estava ainda mais pálida que o normal, olheiras imensas estavam prestes a engolir meus olhos verdes e meus lábios estavam mais brancos que papel. Eu estava horrível, talvez um cadáver tivesse um aspecto mais saudável que o meu. No entanto, não havia mais tempo. Meu cabelo estava preso em um coque frouxo, o qual eu desfiz e passei os dedos para diminuir o aspecto desarrumado. Peguei a minha bolsa e desci as escadas.

Jeremy estava tomando café com minha mãe. Quando me viu, quase cuspiu o café todo fora.

“Cara, o que houve com você?” – Perguntou com uma mistura de deboche e espanto. Revirei os olhos.

“Bom dia pra você também” Murmurei com desânimo.

Minha mãe levantou as sobrancelhas em uma pergunta muda, eu sorri amarelo pra ela.

“ Nem preciso perguntar nada. Está atrasada como sempre, acertei?” – Riu, enquanto servia mais café.

“Pois é” – Peguei as chaves do carro e fui em direção à porta.

“Hey, eu vou pegar carona com você hoje!” – Jeremy veio correndo atrás de mim, pegou seu caso e fechou a porta. Minha mãe disse algo como “boa aula” antes de partirmos.

Fui dirigindo como uma louca, chegando ao colégio a tempo de pegar uma vaga no estacionamento. O resto foi à mesma coisa de sempre. Jeremy e eu entramos juntos, mas ele foi para a ala do segundo ano e eu fui para o terceiro. Cheguei atrasada na sala e senti todos olhando pra mim. Avistei Matt ao fundo, que levantou a mão para que eu me sentasse com ele.

“Você perdeu a chamada. De novo” – Riu da minha cara de desolação. Eu não tinha sorte com aula de trigonometria, o pior é que a senhorita Martin adorava pegar no meu pé.

“Sério? Mas que droga!” – Acho que eu falei alto demais, pois a senhorita Martin parou a explicação e olhou feio em minha direção. Senti minhas bochechas esquentarem.

“ Algum problema senhorita Hagle?” – Perguntou, me olhando com os olhos meio acinzentados, cobertos por grossas lentes de um óculos medonho.

“Não senhora” – Respondi sem graça. Caroline Forbes deu uma risadinha maldosa.

“Abra seu livro na página 87 e preste atenção na correção dos exercícios” – Disse com sua voz de contralto.

Olhando para a professora me lembrei que eu não havia colocado meus óculos. Você deve estar se perguntando que espécie de vampiros precisa de óculos, né? Eu também já me fiz a mesma pergunta. Mas o fato é que eu tenho miopia e necessito dos óculos. Abri minha bolsa e vasculhei ela todinha, mas não encontrei. Soltei um suspiro de descrença. Matt passou o braço por meu ombro e sorriu.

A aula foi demorada e tediosa, como sempre era. Assim que deu a horado intervalo, saímos da sala e fomos para o refeitório. Percebi algo diferente no ar, havia uma comoção entre os alunos. Alguns cochichavam, outros olhavam com interesse para um lugar específico. Franzi as sobrancelhas.

Matt deve ter percebido a minha dúvida.

“Alunos novos” – Apontou para uma mesa isolada. Notei que era exatamente na direção que a maioria das pessoas olhava.

Assim que meus olhos encontraram a mesa, bufei em frustração. Eu estava sem óculos, então não conseguia ver nada com muita clareza. Vi alguns vultos, parecia tratar-se de seis ou sete pessoas. Uma garota loira, um cara grandão, dois ruivos, uma loira e uma morena. Ou seria um loiro?

“Cara, a primeira vampira míope da história, tenho certeza” – Matt zoou. Ele era um vampiro relativamente jovem e não deixava de tirar uma com a minha cara sempre que podia. – “Bem que dizem que olho claro dá mais problema” – Completou. Ouvi uma risada conhecida e nem precisei enxergar para sabe que se tratava de Damon, que ouvira a conversa toda.

Dei um soquinho amigável no ombro de Matt e fui puxada para ir a algum lugar, logo descobri ser a mesa dos garotos. Damon, Stefan e Bonnie já estavam lá.

“ E aí cegueta?” – Brincou Damon.

“Oi” – Respondi me sentando entre ele e Stefan.

“ Já viu os alunos novos, Eva?” – Bonnie perguntou. – No entanto, antes que eu pudesse ter alguma chance de responder, ela deu uma risadinha. – “ Oops, claro que não viu, você está sem os óculos” – Matt rui igual uma hiena e os outros riram dele ou da piada, vai saber. Acabou que até eu ri.

Senti mãos pegarem nos meus ombros. Era Jeremy que tinha se juntado a nós. Ele tinha apenas uma maçã na bandeja e não parava de olhar para um lugar específico.

“ Vai comer só isso?” – Perguntei. Esperei que ele me desse uma patada ou algo do tipo, mas ele nem deu bola, parecia estar mais interessado na mesa alheia.

Damon e Stefan estavam sérios demais. Percebi que eles também olhavam para o mesmo ponto específico que Jeremy.

“O que foi?” – Indaguei.

“Eles não param de olhar pra cá” – Stefan foi quem respondeu primeiro, estreitando os olhos.

“Não param de olhar para a Eva, você quer dizer” – Damon completou.

Senti meu estômago revirar. Será que eu não teria paz nunca?

“Que gata!” – Jeremy disse completamente absorto à nossa discussão. Matt olhou para onde ele olhava e sorriu satisfeito.

“Wow, que loira linda!”- Matt mordeu o lábio inferior.

Jeremy pareceu acordar do transe.

“Eu não estava falando da loira, é a ruiva! Olha que princesa!” – Meu irmão nem se deu ao trabalho de disfarçar.

Homem é um bicho esquisito.

“Te alguma coisa errada com eles” – Stefan falou baixo. Pela feição de Damon e Bonnie, acho que eles tinham o mesmo pensamento. Eu lembro que ia dizer alguma coisa, quando um arrepio passou por todo o meu corpo. Uma brisa veio em minha direção, trazendo com ela um cheiro irresistível de sangue e algo mais. Minha boca se encheu de água na mesma hora. Meu sangue começou a circular mais rápido, o veneno se acumulando por todo o meu sistema sanguíneo. O cheiro era tentador demais, me levando a beira da insanidade. A vontade que eu tinha era de sair correndo na direção do cheiro e sugar até a última gota daquele néctar. Senti minhas presas mais salientes e logo eu não conseguiria mais manter o controle. Meus olhos deviam estar começando a ficar vermelhos, pois minha visão ficou perfeita de uma hora pra outra. Senti alguém chutar com força a minha cadeira, me trazendo, com muito custo à realidade. Antes, porém, procurei de onde vinha o cheiro. Meu olhar se cruzou com olhos castanhos cor de chocolate que pertenciam a uma garota ruiva. Seria a mesma ruiva que Jeremy disse? Isso era o que menos interessava no momento. Todos naquela mesma, que julguei ser dos novatos, olhavam com espanto para mim. Eles sabiam o que estava se passando? Eu não desviei os olhos e a menina ruiva corou, fazendo com que o sangue delicioso se concentrasse em seu rosto. Senti o restinho de humanidade que havia em mim se esvair.


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