Blood – 3

Aqui estou novamente, contando uma coisa que aconteceu há pouco tempo, porém parece que foi há muito tempo atrás...

Terça-Feira ( 2º dia do Golden Week)

Amanheceu e eu nem ao menos sabia se tinha dormido ou não, alias eu não sabia sequer que estava acordado. Só soube quando o Kyoya abriu as cortinas do quarto, fazendo a luz bater nos meus olhos e eu finalmente acordei.

Kyoya – Depois eu que acordo de mal humor...
Kaoru – Que horas são?
Kyoya – Dez da manhã, você dormiu doze horas... se quer saber.
Kaoru – Sério? Kyoya – Sim, então trate de acordar para tomarmos café e irmos para a praia.
Kaoru – Está bem....

Levantei-me indo até a mala pegando a roupa e indo pro banheiro me trocar. Kyoya ficou na porta, claro que eu só soube disso porque eu ouvi o falando.

Kyoya – Kaoru?
Kaoru – Sim?
Kyoya – Tem certeza que está bem?
Kaoru – Tenho, por que?
Kyoya – Por que para mim você me parece meio triste...

Então, ele tinha reparado... Mas fazer o que? Eu tinha escolhido isso certo?

Kaoru – Estou bem, Kyoya...
Kyoya – Kaoru?
Kaoru – Eu juro, não estou fazendo como se fosse obrigado a fazer algo que não quero... Estou fazendo porque assim desejo...
Kyoya – Kaoru...
Kaoru – Vou tomar banho, então se quiser pode ir à frente.
Kyoya – Está bem...

Ouvi os passos dele se afastando, eu entrei embaixo do chuveiro caindo de joelhos e chorando sem conseguir me levantar. Estava certo que aquela tinha sido minha decisão, mas o Golden Week era um dos feriados que mais gostava de passar com o Hikaru...

Mas com aquela briga entre nós, havia dado no que deu. Embora a companhia de Kyoya fosse agradável, por estar acostumado com meu irmão, eu achava estranho dormir sozinho no quarto ou ficar com outra pessoa se não ele.

Finalmente me levantei e comecei a tomar banho. Assim que saí do banho e me troquei, desci até a cozinha e ao colocar os pés na porta vi Kyoya com a cabeça baixa e com a mão na cabeça chorando.

Andei até ele sem fazer barulho. Quando cheguei ao lado dele e o abracei, percebi-o surpreso, mas em seguida vi-o colocar o rosto em minha barriga e chorar livremente me abraçando. Demorou um pouco até ele se acalmar e parar de chorar.

Quando finalmente ele parou, a única coisa que eu fiz foi me sentar na frente dele e começar a tomar o café da manhã. Como também a única coisa que eu o ouvi falar foi um "obrigado", quando finalmente conseguiu falar e começou a comer.

Quando deram duas da tarde, fomos para a praia e lá ficamos deitados na areia tomando um pouco de sol para depois sentar em uma cadeira perto da mesa embaixo de sombra e ficar lá conversando sobre coisas triviais.

Até que finalmente chegamos ao assunto que estávamos evitando falar...

Kyoya – Se continuarmos assim...
Kaoru – Eu sei não só eu, mas como você também...
Kyoya – Mas o que podemos fazer? Se os dois são dois lerdos?
Kaoru – Não devíamos brincar com os sentimentos, Kyoya...
Kyoya – Eu sei, mas o que podemos fazer?
Kaoru – Nada...

O clima tinha ficado chato entre a gente... Mas o que poderíamos fazer?

Kyoya – E se?
Kaoru – Passássemos para o plano 2?
Kyoya – Sim, seria mais real e daria no mesmo resultado... Talvez até mais rápido...
Kaoru – Mas... Os riscos são...
Kyoya – Maiores? Eu sei, mas é um meio de pularmos a maior parte do plano 1...
Kaoru – Mas...
Kyoya – Kaoru, o que quer fazer? Seguir o primeiro plano? E se...
Kaoru –EU JÁ SEI!

Estava certo: eu havia gritado naquela hora e me levantado da cadeira. Sim, estava bravo, mas o que poderia fazer? Não gostava do plano 2 e muito menos do resto dele, andei até o mar entrando nele e comecei a nadar.

Lá era um lugar tão calmo que praticamente não tinha ondas e também era raso o suficiente para não se afogar, assim fiquei boiando na água enquanto pensava. Estava certo de que antes mesmo de chegarem àquela parte do plano, um dos dois lerdos iria entender e parar tudo isso... Mas eu me enganava... eles continuavam a não entender e isso estava provocando dor não só neles, mas em todos.

O que mais poderia ser feito para eles entenderem? O que mais? Não queria seguir o outro plano, pois era doloroso demais... Mais do que isso: era triste. Sabia que os dois já estavam sofrendo demais. Sabia que em casa o Hikaru deveria estar com ela... Sabia disso, claro que sabia dos riscos... Mas aquilo já estava passando do limite.

Estava pensando tanto que nem percebi que uma onda viera para cima de mim e o céu estava ficando cinza. Só soube que a onda vinha em cima de mim, quando vi Kyoya entrando na água para me tirar de lá.

Eu fiquei deitado na areia olhando o céu, esperando a tranqüilidade e Kyoya ficou ao meu lado me esperando. Não sei o que me deu, só sei que no minuto seguinte estava abraçado ao Kyoya e o beijando. Era um beijo calmo e carinhoso e ele mesmo surpreso respondeu da mesma forma.

Só nos separamos porque começou a chover e entramos para a casa. Pedi para as empregadas prepararem a janta enquanto nós íamos tomar banho.

Kaoru – Kyoya...?
Kyoya – Hum?

Estávamos subindo as escadas para irmos aos quartos.

Kaoru – Poderia me fazer um favor?
Kyoya – Sim?
Kaoru – Poderia ficar no meu quarto enquanto tomo banho?

Vi-o surpreso, mas ainda eu não tinha superado o fato de que meu irmão não estava mais comigo.

Kyoya – Ainda não consegue ficar sozinho né?
Kaoru – Para alguém que viveu 16 anos com o irmão... acho que ter passado uma noite sozinho já é o começo...
Kyoya – Mas mesmo assim não consegue?
Kaoru – Não... Tanto que hoje a noite provavelmente eu não vá dormir...
Kyoya – Está bem, eu te espero.

Entramos no meu quarto; eu peguei as minhas coisas e fui tomar banho. Kyoya ficou sentado na porta enquanto conversávamos coisas triviais. Depois que eu terminei o banho e sai, sorri para ele agradecendo e desci até a sala de jantar, esperando o Kyoya fazer o mesmo.

Quando ele o fez, começamos a conversar e jantar. Vi a chuva pela janela, a única coisa que pedia era que não trovejasse. Terminamos de jantar e fomos até a sala ver TV. Colocamos um filme qualquer e ficamos assistindo. Quando o filme terminou voltamos a subir as escadas para dormir.

Kaoru – Kyoya x.x...
Kyoya – Por que não pede para eu fazer as coisas que seu irmão fazia? É mais fácil do que pedir separado, não?
Kaoru – Me desculpe x.x... Mas eu realmente não consigo ficar sem o Hikaru, é uma questão de habito...
Kyoya – Eu sei, por isso que concordei com tudo, não foi?
Kaoru – Obrigado, Kyoya.

Novamente fomos até o meu quarto, me troquei no banheiro enquanto ele se trocava no quarto. Quando voltei à ele já estava deitado do lado esquerdo da cama, e eu sorri, pois eu geralmente deitava do lado direito. Assim fui até meu lugar e deitei-me, fechando os olhos e tentado dormir. Quando finalmente dormi, como uma questão de costume, virei-me para o lado do Kyoya e o abracei.

Quarta-Feira á Sábado ( 3º dia á 6º dia do Golden Week)

Como posso resumir... Do terceiro ao sexto dia as coisas foram normais, afinal de contas, nós estamos namorando, mas não existe qualquer sentimento de amor.

Kyoya me ajudou bastante dormindo ao meu lado e entre outras coisas mais. Com o tempo isso tudo acabou ficando na rotina, pois no 4º dia eu não precisei pedir para ele.

Ele veio sozinho até o meu quarto, e é claro que não reclamou quando eu o abracei e menos ainda quando deixei a cabeça no peito dele. Afinal de contas ele já estava dormindo.

Está bem que o mau humor dele quando é acordado era péssimo, mas depois quando via quem era e a cara que estava fazendo ele melhorava rapidinho.

A verdade é que neste golden week eu e o Kyoya, nos tornamos belos amigos... se fôssemos pensar a fundo sobre o golden week, acredito que era isso que namorados fazem quando estão sozinhos. Mas, como posso saber?

Domingo ( 7º dia do Golden Week )

Decidimos voltar para as nossas casas no último dia. Aproveitamos o dia na praia, almoçamos e fizemos as malas. Entramos no avião a caminho de casa.

Conversas triviais e pensamentos profundos. Conversas importantes e pensamentos leves.

Não sei o que conversávamos, mas sei que era divertido.

Kaoru – Kyoya?
Kyoya – Sim?
Kaoru – Vamos passar pro próximo plano...
Kyoya – Mas você disse...
Kaoru – Eu retiro.
Kyoya – Certeza?
Kaoru – Pode ser mais doloroso, mas é a melhor forma de seguirmos, devido à situação.
Kyoya – Está bem...

Por que eu tomei aquela decisão? Não sei, a única coisa que eu sei é que graças a ela eu fui triste e fui feliz. Pode ter sido doloroso, mas agradeço àquilo.

To be continued...