Gypsy escrita por Arabella


Capítulo 3
Costelas Fraturadas.


Notas iniciais do capítulo

Só a mim que o fato dos três primeiros capítulos começarem com "Co" incomoda? Hm...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488584/chapter/3

POV Rachel

Jesus, Maria e José, o que eu faria agora? Não podia simplesmente sair e deixar um paciente na maca sem atendimento, o Blaine me mataria e a Sue, quando soubesse, ia me fazer ficar mais três anos ali para completar a residência. Respirei fundo me convencendo de que não tinha outro jeito, teria que enfrentar aquilo. Ele continuava me olhando com cara de espertinho, mas tentei ignorar.

– Senhor Hudson, que prazer encontrá-lo novamente…

– Realmente um prazer! - Ele falou me interrompendo. Calminha Rachel, finge que não está escutando.

– … Então, eu prefiro se a gente puder terminar isso rápido e manter a relação aqui estritamente médico-paciente, entende?

– Seria uma pena, mas… - Já estava ficando bastante irritada com a atitude dele, típica desses caras mal educados de Nova York, Deus!

– Minha vida fora do hospital não deve interferir no meu atendimento, Senhor Hudson, mas você está tornando isso impossível! - Eu explodi. - Agora o senhor poderia, por favor, me dizer se ainda sente alguma dor? - Vendo que eu estava falando sério ali, a feição do homem mudou completamente. Ele fez uma cara emburrada e começou a falar irritado.

– Se eu ainda sinto dor? Está brincando não é? Tudo dói, seria mais fácil eu te dizer onde não dói! - Torci o nariz, achando aquilo muito parecido com um enorme drama de uma pessoa manhosa, mas continuei examinando a ficha de informações.

– O que aconteceu, exatamente? - Perguntei tentando parecer profissional.

– Aconteceu que um idiota me atropelou enquanto eu corria atrás de um táxi! Eu caí, aparei a queda com minha mão esquerda e bati no meio fio, foi isso. Pelo menos ele me trouxe pro hospital, agora que fui imobilizado já estou me sentindo um pouco melhor. Se você pudesse me receitar umas desses analgésicos milagrosos para dor e me liberar eu agradeceria, tenho muitas coisas pra resolver no escritório, não posso ficar aqui no hospital batendo papo.

– Tudo bem, Senhor Hudson, deixe-me somente olhar se já está tudo bem mesmo e o liberarei. - Falei estressada. Ele queria pressa quando o próprio estava soltando piadinhas sem graça a alguns minutos, era realmente hilário. Me aproximei e observei seu pulso e, só de olhar, soube que ali não havia escapado, estava bem inchado, seria preciso imobilizar quase com certeza. - O senhor se importa se eu levantar sua camisa? - Ele me lançou um olhar sugestivo mas eu ignorei, então ele simplesmente concordou. Ao levantar a camisa tive um susto ainda pior! A lateral do dorso dele estava com uma enorme mancha roxa e também inchado, aquilo era pelo menos um costela fraturada. - Oh, oh… - Falei sem conseguir me segurar.

– Oh oh o quê? - Ele falou se mexendo, tentando se virar para olhar, mas soltando uma exclamação de dor quando tentou se mexer.

– Não faça movimentos bruscos, eu vou solicitar um raio-x para seu pulso e suas costelas, já volto.

– O quê? Eu preciso sair daqui agora, sem tempo pra raio-x! - Ele falou ainda mais irritado do que antes.

– Acredito que o senhor não vai a lugar nenhum tão cedo, Senhor Hudson.

–x-

Saldo: Uma costela fraturada, como eu havia dito, e uma luxação no pulso. Ambos precisavam de imobilização e repouso de pelo menos um mês e o pulso precisaria de mais pelo menos dois meses de fisioterapia para ficar totalmente curado.

Depois de muita reclamação por parte de Finn e do meu apelo de socorro ao doutor Blaine, nós estávamos na sala de exames agora, com os raios-x do escandaloso pendurados na parede.

– Eu estou realmente impressionado, um homem na sua idade se quebrar todo por uma simples batida com uma bicicleta é impressionante! - Blaine disse encarando Finn, que tinha uma cara de poucos amigos.

– Esse desajustado que não olhou por onde andava, vou meter um processo nele!

– Desculpe Senhor Hudson, mas não pode processar alguém por ter atravessado a rua sem olhar para os dois lados antes, as crianças sabem isso, o senhor deveria saber! - Falei alfinetando e Finn fingiu que não ouviu, continuando a reclamar. Blaine me olhou sem entender minha indisposição com o rapaz e sorriu.

– Não há nada que o senhor possa fazer agora, a não ser ir para casa, ficar de repouso e tomar os analgésicos e antiinflamatórios que vou receitar.

– Ficar em casa de repouso? - Finn corria os olhos de mim para Blaine, tentando buscar algum apoio para a sua indignação. - Eu não posso ficar de repouso, eu tenho que trabalhar! Eu pensei que era só botar um desses.. - Ele falou, apontando para o gesso no braço. - …e já estava tudo bem!

– O problema é que não está tudo bem! Suas fraturas não foram muito graves, mas vai ser preciso repouso em casa. Pelo menos um mês e meio de cama, já preparei o seu atestado. - Pelo tom do doutor Blaine percebi que ele estava assumindo a postura de médico seriamente ali, não estava gostando das afrontas de Finn.

– Ah tá, veremos… - Ele disse com descaso.

– Senhor Hudson - Blaine disse duro, fazendo Finn ficar um pouco assustado. - Isso é uma recomendação médica, não um conselho. O senhor TEM que ficar de repouso, sem mais! Se o senhor continuar com essa atitude serei obrigado a mantê-lo no hospital. - O homem encarava o médico com um olhar medroso, com medo de falar alguma coisa.

– Você não pode fazer isso. - Finn disse baixinho, mais pra ele que para o doutor.

– Sim eu posso. Na verdade… - Blaine disse me olhando sugestivo, mas eu não conseguia pensar em nada que justificasse aquela olhada. - Rachel, acho que tenho uma proposta ótima para lhe fazer!

– Proposta? - Perguntei confusa.

– Vocês podem fazer isso na minha frente? Eu tenho que ver? - Finn disse nervoso, tentando cruzar os braços mas parando quando viu que o gesso faria aquela tarefa ser mais difícil do que normalmente seria.

– Sim, uma proposta! - Blaine disse depois de lançar um olhar impaciente para o paciente nem tão paciente assim. - A doutora Sue tem imposto um ritmo muito pesado pra você, eu particularmente fico com o coração na mão por ver você emendando plantão atrás de plantão. - Concordei com a cabeça, ainda sem entender onde ele queria chegar. - Então, o que acha de acompanhar o Senhor Hudson durante esse mês, garantir que ele se alimente corretamente, tenha o repouso adequado e todo o resto?

– Mas eu não sei como isso seria possível doutor Anderson, eu sempre tenho que estar aqui em algum plantão na urgência, ficaria muito mais apertado para mim. - Falei nervosa, sem saber se realmente concordava com aquela idéia. Finn estava parado escutando tudo atentamente e silenciosamente, o que não era comum.

– Não, você faria somente isso e mais dois plantões por semana aqui na urgência, seria quase um mês de descanso para você se comparado com seu ritmo atual. - Fiquei calada, os pensamentos correndo a mil na minha cabeça. - Então, doutora Berry, tudo bem para você?

– Para mim está tudo ótimo! - Finn disse sorrindo, atraindo minha atenção e a de Blaine. O doutor lançou um olhar curioso e desconfiado para ele e logo depois para mim. Envergonhada, eu rapidamente concordei com a idéia.

– Ótimo, me sinto melhor assim. - Blaine disse, sorrindo para nós dois. - Senhor Hudson, foi um prazer atendê-lo! O vejo novamente em meu consultório em um mês. Qualquer coisa pode ligar para marcamos uma consulta, mas acredito que não será necessário, estará em ótimas mãos com a doutora Berry.

– Concordo! - Finn disse simpático, cumprimentando Blaine com a mão que não tinha gesso.

– Vou assinar seus papéis para alta e Rachel… - O doutor chamou minha atenção, que não havia conseguido mais pronunciar mais nenhuma palavra. - Você já está liberada. Acompanhe o Senhor Hudson até sua casa e dê as primeiras instruções. A vejo novamente em alguns dias.

Blaine sorriu e saiu da sala, lancei um olhar repressor para Finn, mas fui respondida com um sorriso torto brincalhão. Bufei e sai atrás do doutor Anderson, que estava apenas alguns passos a frente no corredor.

– Doutor, espere! - Eu disse e ele se virou para mim, parando. - É… Como… Como vai ser com a Sue? Digo, tenho total respeito por sua autoridade, mas a minha mentora é ela! Não vai ter problema?

– Nenhum, Rachel, deixe a Sue comigo, ok?! - Blaine sorriu compressivo. - Agora vá, se você deixar aquele dali sozinho por dois minutos capaz dele pular pela janela e terminar de quebrar os outros ossos do corpo.

– Tem certeza que é uma boa idéia? - Perguntei nervosa.

– Você terminará sua residência em alguns dias, Rachel, não precisa ficar assustada, vai dar tudo certo. - Blaine falou, dando um tapinha caridoso em meu ombro.

– Alguns meses… - Eu corrigi, mas ele não ouviu pois já saia apressado de volta para a urgência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostando, reviews please e... Eu não cumpri o acordo dos dias, eu teria que esperar mais um, mas não consegui resistir! Mas juro solenemente que a partir deste não vai ter folga pra vocês viu, fantasmas malandrinhos?
Regra simples: SE NAO VAI COMENTAR NAO ACOMPANHA. Ajuda todo mundo, deixa tudo mais fácil e feliz por aqui kk só isso, xoxo ˆˆ