Fui até a porta, eu poderia ter ouvido mal, mas não demorou muito até que ouvi novamente as batidas na porta.. hesitei um pouco e finalmente abri a porta, revelando a última pessoa no mundo em que eu pensei que viria até a minha casa. Paralisei na hora e fiquei fitando-o com os olhos arregalados sem saber o que fazer...

–- Loki. – sussurrei...

Continua...

POV de Kyra

–- O que você ta fazendo aqui? – falei quase que um sussurro, ele não respondeu, apenas continuou me fitando

–-Posso entrar? – pediu ele, eu não poderia deixá-lo entrar, ele só iria me fazer sofrer mais.

–- Não! Vai embora! – falei e eu estava fechando a porta, mas ele me impediu segurando a porta com a mão.

–- Eu só quero conversar com você. – ele disse calmamente, ainda com a mão na porta.

–- Eu não tenho nada pra falar com você! Agora vai embora, por favor! – eu tentava com todas as minhas forças fechar a porta, mas ele era mais forte, não importava o quanto eu tentasse eu não iria conseguir fazer com que ele fosse embora.

–- Vamos fazer assim... Se você me responder algumas perguntas, eu juro que eu volto para o castelo e você nunca mais me verá. – ele falou, era uma proposta muito boa, eu poderia recusar, mas ele iria continuar indo atrás de mim, e se eu aceitasse ele eu teria que responder as suas perguntas e nunca mais precisaria passar pelo mesmo sofrimento novamente.. era o melhor a fazer. Hesitei um pouco, mas finalmente assenti falando:

–- Pode entrar. – Ele entrou sem cortar o contato visual. Fechei a porta atrás dele, havia dois guardas lá fora mas eles ficaram do lado de fora, ou seja, eu vou ficar sozinha com ele novamente, esse pensamento me deu arrepios.

Ele entrou e depois de olhar ao redor na casa, ele se sentou. Fui até o sofá á sua frente e me sentei.

–- O que você quer saber? – Ele me olhou e depois de suspirar disse:

–- Qual é o seu nome? – perguntei

–- Kyra. – Era um nome lindo, e Sigyn adorava esse nome.

–- Bom... naquele dia, você me disse que era filha de Sigyn comigo. – eu assenti – Isso é impossível...

–- Não é! – exclamei interrompendo-o.

–- Não pode ser verdade... Não é verdade. Sigyn morreu á muitos anos atrás, você não poderia se filha dela. – Respirei fundo e decidi que contar toda a história, seria o melhor.

–- Sigyn não morreu á anos atrás, como todos pensam... – comecei enquanto ele me olhava com um olhar confuso – Quando ela descobriu que estava grávida de mim. Ela fugiu...

–- M-mas por que? Ela tinha tudo! Eu amava ela, por que ela fugiu?!

–- Ela não sabia se você gostaria ou não de ter uma filha. Ela tinha medo de que você á abandonasse ou fizesse algum mal a mim. Então ela encontrou essa casa.

–- Sigyn está viva?! – perguntou ele, com uma expressão de esperança estampada em seu rosto.

–- Não... Há um tempo atrás houve uma guerra entre Asgard e os Elfos Negros. A guerra chegou ao nosso vilarejo e ela foi atingida por uma flecha que continha um veneno dos Elfos...

–- Então... o veneno á matou? – perguntou com uma pontada de tristeza em suas palavras. Olhei para baixo, segurando as lágrimas que ameaçavam o tempo todo cair. Respirando fundo novamente, voltei a fita-lo.

–- Bom, não. – falei baixinho – Teve um dia de noite que eu saí de casa para colher algumas frutas, até que um leopardo apareceu, ele ia me matar, mas a minha mãe de alguma forma impediu ele, com isso ela usou toda a energia e força que ainda restava á ela. – Tentei falar, mas as palavras não saiam da minha boca. – Ela morreu por minha causa, minha mãe está morta por minha culpa! – exclamei, lágrimas escorriam pelo meu rosto.

–- Se eu não tivesse saído para pegar as porcarias das frutas, talvez minha mãe ainda estivesse aqui comigo, me abraçando e me dando amor e carinho que ela sempre me deu quando precisei. Quer saber eu nem sei por que eu estou contando essas coisas, você nem se importa comigo! Você não ta nem aí pra mim, você só pensa em si mesmo, afinal de contas por que se importaria comigo? Você tem idéia do quanto eu sofri com suas palavras naquele dia! Agora faz um favor pra mim, saí daqui e vai embora! – gritei, suas expressões estavam em uma mistura de espanto, surpresa, dor e... pena? Não, não ele não teria pena de mim, ele é um egoísta. Vendo que ele não mexeu um centímetro se quer, eu juntei meus joelhos ao meu peito, e coloquei minhas mãos no meu rosto e chorei, sofrendo comigo mesma. De repente ouvi que ele levantou, pensei que finalmente ele iria embora me deixando em paz, mas não, ele se sentou ao meu lado. Continuei chorando, abaixei as mãos deixando meu rosto visível, fitei ele que me olhava como se quisesse me ajudar, mas que não sabia como.

–- O que você quer?! Já disse para ir embora! Você jurou que se eu respondesse as perguntas você sairia daqui! – falei entre soluços.

–- Eu vou sair, mas só com uma condição. – resmunguei baixinho, o que ele queria agora, já falei tudo o que eu tinha para falar, já respondi todas as suas perguntas e já sofri. – Vem comigo?

–- O que? - Olhei para ele completamente surpresa, como assim ir com ele? Não eu não posso ir com ele, tudo o que ele tem feito é me fazer sofrer mais ainda!

–- Olha... eu sei que você não gosta de mim. Mas eu sou seu pai e lá no fundo eu sinto que eu gosto de você. Eu amava sua mãe, de verdade, eu a amava. Vem comigo. Só por alguns dias, e então se você quiser poderá voltar, eu prometo que não vou fazer nada de mal á você. – Parecia ser o melhor, mas eu poderia confiar nele? Na sua palavra? – P-por favor?

Pelo amor de Odin! Eu tinha ouvido bem? Ele pediu: Por favor? Eu não sabia o que falar, o que escolher. Meus pensamentos estavam confusos, e eu não sabia o que era o melhor a fazer, ele poderia me machucar e me fazer sofrer ou ele poderia tentar ser um bom pai e me dar uma vida melhor do que esta. Fitei ele novamente nos olhos, minha decisão já estava tomada.

POV de Loki

Eu não sei o que deu em mim, mas quando vi ela ali, sentada e chorando, tão indefesa e triste, me deu vontade de pega-la em meus braços e abraçá-la para fazê-la se sentir segura. Kyra era linda, assim como a mãe.

Eu pedi se ela gostaria de vir morar comigo, mas até agora ela não respondeu. Era verdade, eu queria ela por perto, já estava mais do que óbvio de que ela era minha filha e eu não quero ela sozinha, a ansiedade estava tomando conta de mim, eu espero que ela aceite.

–- E-eu não sei não... – ela falou balançando a cabeça em dúvida.

–- Eu não vou te machucar, não tenho motivos. – falei tentando convencê-la, e então ela me olhou com aqueles lindos olhos azuis.

–- Só por alguns dias, e se eu quiser voltar você vai me deixar em paz. – Ela falou, e logo um sorriso se formou em meu rosto. Ela viria comigo, mesmo que fosse somente por alguns dias, seria o suficiente para me aproximar dela e tentar convencê-la de ficar comigo. Levantei do sofá e estendi a mão para que ajudasse a levantar, ela olhou para a minha mão, e depois olhou para mim e lentamente foi colocando sua delicada e pequena mão na minha. Eu á ajudei a levantar, e logo ela retirou sua mão e olhou tudo ao redor.

–- Vamos? – Ela disse indo para fora da casa, eu á segui.

–- Podemos ir. – eu disse aos guardas que ainda estavam á minha espera.

–- A garota não poderá ir junto. – um deles falou. Bufei alto.

–- Levaremos ela junto, e então eu irei pedir a permissão de Odin para deixa - lá morar no castelo. - expliquei, e ele acenou levemente com a cabeça, comecei a caminhar junto deles e ao lado de Kyra, ela não falou nada o caminho inteiro, e ficou o tempo todo fitando o chão. Quando passamos pelo vilarejo as pessoas olhavam para nós e depois cochichavam entre si, minha raiva crescia a cada instante, mas eu não faria nada, não na frente de Kyra. A ultima coisa que eu quero agora é prejudicá-la. Chegando no castelo comecei a pensar em como será quando, Thor, Frigga, Sif e todos os outros descobrirem que eu tenho uma filha. E Odin será que consigo convencê-lo? Sem mais delongas entrei no castelo e fiquei parado ao lado de Kyra diante da enorme porta da sala do trono.

Continua...