Procura-se Um Final Feliz escrita por Mrs Know All


Capítulo 9
Eu odeio o dia dos pais


Notas iniciais do capítulo

Antes que me matem, deixa eu explicar a demora. Travei na hora de escrever esse capítulo, eu já tinha a ideia do próximo capítulo, tanto que quase tirei esse capítulo da história. Ainda bem que não fiz isso, porque acabei quebrando meu recorde de palavras no capítulo que era de 3280 palavras, sim eu me empolguei MUITO.

Espero que gostem e comentem. O próximo capítulo já está na minha cabeça pronto, então é mais rápido. Sem comentários, demorarei de postar. Ok?
Boa leitura e nos vemos lá embaixo.



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Capítulo 08

“A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixa cativar.”

Giro na cama querendo aproveitar aquela sensação de reconforto que os lençóis me passam, parece que tem um peso nas minhas costas, mas sei exatamente o porquê daquilo, é aquela data, maldita data. Sei que parece um pouco infantilidade minha querer culpar uma data, mas é melhor culpá-la do que culpar o verdadeiro responsável.

– Não! – Gemo baixinho revirando novamente na cama tentando evitar a realidade, a campainha de casa está tocando e nem preciso pensar muito para adivinhar de quem se trata.

Claire, venha logo aqui embaixo! – A voz da minha mãe me chama do primeiro andar e imploro a Deus que algo grandioso aconteça entre a minha ida do quarto até a porta de entrada, apenas para não ter que aturar ele, eu poderia ser gentil com qualquer um, menos ele. – Mocinha! Não me faça ir até ai para fazer você descer!

Respiro fundo buscando toda a força necessária e sento-me na minha própria cama, pelo tom de voz da minha mãe eu já tinha certeza de quem era na porta e que ela não estava mentindo, se ela viesse até o primeiro andar, é bastante provável que eu fosse arrastada pelas escadas até a porta. Maldito dia. Respiro mais uma vez, me enganando pensando que respirar vá ajudar em algo além de oxigenar o meu cérebro.

– Já estou indo! – Grito de volta preocupada com a possibilidade dela subir e tentar me arrastar pelos cabelos.

Quando finalmente tomo coragem suficiente para levantar paro na frente do espelho olhando meu reflexo. O moletom totalmente folgado não parece uma boa opção para a situação em especial, não aos olhos da minha mãe, por isso abro o guarda-roupa na dúvida do que vestir, talvez uma roupa que cubra totalmente sem decotes, bastante puritana ou uma roupa completamente preta fossem boas ideias. Sorrio para o espelho imaginando a reação das duas pessoas que se encontram no andar inferior. Acabo descartando a ideia apenas não querendo causar uma cena pior do que a já programada pelo destino, acatando a escolha de uma calça jeans azul e uma camisa colorida com os dizeres “Quem não sabe o que quer, perde o que tem” na frente.

Desço as escadas ainda relutante com o desejo de dar a volta e correr diretamente de volta para as minhas cobertas.

Eles estão conversando alguma coisa em tom baixo sentados no sofá e assim que me veem param imediatamente o que estão conversando.

– Oi, pai. – Cumprimento depois de alguns segundos de um silêncio embaraçoso.

– Olá filha, você está muito bela desde a última vez. – Penso em responder que sei que ele está mentindo, pois além de ainda estar com cara de sono e olheiras, geradas pelas semanas de provas, meu cabelo está totalmente embaraçado preso por um lápis que só irá piorar a situação quando eu decidir penteá-lo, mas prefiro não desmenti-lo, quando se trata do meu pai, eu prefiro as mentiras. – Sua mãe estava me falando que pretende seguir carreira em Assistência Social, saiba que eu apoio totalmente a sua decisão.

– Ah, obrigada e feliz dia dos pais. – Falo sentando-me na poltrona da sala, pois desse modo ele não pode sentar-se ao meu lado gerando uma proximidade mais do que inconveniente. – Eu não comprei presente porque eu não sabia, ao certo, se depois de tudo. – Gaguejo um pouco antes de resumir. – Se você viria.

– Eu não poderia passar o dia dos pais longe da minha filha. – Ele comenta um pouco inseguro e parece fazer menção de se aproximar de mim para me abraçar, mas imediatamente me espremo na poltrona fazendo com que ele desista da ação e sente-se no sofá a minha frente.

“Talvez tenha ficado em dúvida de qual filha passar o dia esse ano”, respondo mentalmente, sorrindo de canto para a piada mental.

– Eu vou terminar de preparar o almoço e deixar vocês colocando o papo em dia. – Minha mãe dias com as mãos nos braços, sei que ela está nervosa, pois nunca almoçamos antes das três horas da tarde e se meu relógio de cabeceira não tiver enlouquecido da noite para o dia ainda são nove horas da manhã. – Com licença.

Mais alguns minutos de um silêncio desconfortável cai sobre o ambiente e amaldiçoou minha mãe por ter me deixado sozinha com aquele sujeito. Maldito seja o dia dos pais.

– Sua mãe me disse que tem um amiguinho novo. Nathan o nome dele, não é mesmo? Queria conhecê-lo, ver se é digno de ser seu amigo.

– Noah. – Corrijo rapidamente. – Ele é uma boa pessoa. – Digo encerrando o assunto sobre o meu novo amigo, não quero deixar escapar que ele é tido como o gay da escola por não ter feito sexo com as meninas mais populares e bonitas da cidade.

– Bem, sobre a faculdade, eu sei que Assistência Social é o que você já escolheu, mas suas notas são boas o suficiente para uma faculdade de Medicina ou de Direito, você sabe que eu poderia ajudar nos custos e-

– Eu já decidi, não é uma coisa a ser debatida. – Digo com firmeza e percebo que ele afunda no sofá como se estivesse decepcionado e pronto para começar a argumentar, então complemento encerrando de vez a discussão. – Eu não quero ser advogada que nem você, não quero o seu exemplo. Mãe, a senhora precisa de ajuda? – Digo já me levantando e o deixando para trás. Eu não me canso de pensar o quanto eu odeio o dia dos pais.

– Claire? O que você está fazendo aqui? Fique na sala conversando com o seu pai. – Minha mãe diz de costas para mim verificando o forno e mexendo nas panelas, até mesmo toda atarefada minha mãe consegue ser bela, os cabelos loiros presos num coque fariam inveja a qualquer pessoa que passa metade de um dia dentro de um salão apenas para ficar com a mesma aparência deles. Xingo a minha genética que não escolheu os loiros da minha mãe em vez desses pretos que me fazem parecer a cópia do meu pai.

– Eu não aguento aquele cara nem por mais um segundo. – Resmungo em alto e bom tom não evitando falar alto para que ele não escute, sento-me sobre a bancada que minha mãe está cortando alguns temperos.

– Ei, o combinado não é esse e você sabe disso. O ano todo você pode ser isso aí comele, no dia dos pais não. É só hoje querida. – Minha mãe me lança um olhar triste e sei que ele estar embaixo do nosso teto depois de tudo que aconteceu dói muito mais nela do que em mim, pois eu só soube da história a um pouco menos de seis meses e ela soube a mais de dez anos. Algumas feridas nunca cicatrizam.

– Você me deve uma. – Digo enquanto minha mãe me empurra para fora da bancada enquanto vou me dirigindo para a sala pegando um pedaço de batata frita no caminho diminuindo o passo para perguntar. – Me diga que está fazendo lasanha com fritas que estamos quites.

– Estamos quites. – Minha mãe responde rindo abrindo o forno novamente e saio da cozinha me dirigindo, comendo a batata frita, novamente para a sala.

*****

Suspiro mais uma vez cansada enquanto mexo com o garfo na última batata frita que insiste em fugir das pontas do mesmo. Sei que o meu descaso com a comida não é gerado pela qualidade desta, pois, como sempre, a comida da minha mãe está muito boa, mas hoje, a companhia está atrapalhando o meu paladar.

– Como estão as notas Claire? – Meu pai pergunta, sentado na cabeceira da mesa, a posição dele me incomodava intimamente, tanto que nem conseguir a pergunta que ele acabara de me fazer e tive que fazer um “hãn?” para que ele a repetisse. – Como anda as notas?

– Estão ótimas. – Respondi desviando o olhar rapidamente como se o olhar sentado ali como se nada tivesse acontecido me cegasse ou queimasse.

Novamente o silêncio caiu sobre a mesa e apenas os barulhos dos talheres batendo contra os pratos produziam algum barulho.

Depois de mais algum tempo em silêncio o olhar do meu pai dirigiu-se ao relógio e coçou a garganta como se estivesse desconfortável com o que tinha que fazer.

– Charllote, já são 13h eu preciso ir. – Ele falou de modo que me fez perceber que minha mãe já sabia do que se tratava. – Filha, eu adorei passar essa parte do dia com você, mas eu preciso ir, preço desculpas.

– Charlie, ainda é cedo fiqu-. – Minha mãe começa a falar, mas se interrompe assim que eu largo os talheres sobre os pratos provocando um barulho exacerbado.

– Porque você tem outra família para visitar. Deve ser difícil o dia dos pais para você, afinal cada lugar que passa tem uma filha. – Disse me levantando sem me importar com o olhar aflito que minha mãe soltava para mim. – Você vem aqui, sentasse como se nunca tivesse acontecido nada, como se você não tivesse sido a pessoa mais canalha que já existiu, você acha que daqui para frente será como era antes? Você some durante todo o ano e no dia dos pais quer estar como o pai perfeito. Me poupe, não quero que apareça na nossa porta, não quero ter que fingir que te perdoei, porque não perdoei e nunca perdoarei. Mande lembranças a Britney, porque assim como eu ela não tem culpa de nada que aconteceu. Odeio o dia dos pais.

Dei as costas sem me importar com as vozes me chamando ao fundo, nenhuma lágrima caiu, a dor já estava a tempo demais no meu peito para que provocasse lágrimas agora. Apenas corri pelas ruas da cidade, não sabia ao certo aonde estava indo até chegar ao local.

Eu sabia que não tinha o direito de incomodá-lo, ele só era meu amigo a pouco mais de dois meses, bater na sua porta em pleno dia dos pais não seria a melhor maneira de se perpetuar uma amizade, por isso ao perceber que eu já me encontrava no jardim da casa dos Fields, não tive coragem de bater, apenas me sentei nos degraus da frente, esperando que a tranquilidade me atingisse para que eu pudesse voltar para casa e ouvir o sermão que minha mãe, a essa hora, já estava ensaiando para mim.

Mesmo sentada na porta eu conseguia ouvir risos vindo de dentro, eu não tinha o direito de estar ali, não naquele momento, nem todos possuem uma vida complicada que nem a minha. Já estava a ponto de levantar o rosto para ir para casa quando uma mão tocou meu ombro me fazendo dar um pulo de susto.

– Desculpa eu não queria assustar você. – Noah disse dando um passo para trás também assustado pela minha reação exagerada.

– Você, não. Eu já estava indo embora. Eu já. – Gaguejei tentando explicar, em vão. Imediatamente fiquei vermelha e sem graça de estar ali, ele não tinha culpa dos meus problemas e nem ele e ninguém no mundo seria capaz de resolvê-los.

– Você está chorando? – Ele perguntou dando um passo na minha direção e tocando o meu rosto, só então notei que estive mentindo para mim mesma, as lágrimas estavam ali, elas sempre estavam.

– Eu não, é só que... Sim. – Assumi desistindo de inventar uma desculpa.

– Espera um segundo aqui. – Ele disse e entrou em casa rapidamente, consegui ouvir algo como. – Mãe, pai, eu vou aqui de carro rápido e já volto. Uma amiga está precisando de mim. Sim, eu já tomei os remédios. –Meio segundo depois ele já estava de volta com um chaveiro na mão. – Vem, tenho um lugar melhor para a gente conversar.

Ele me puxou pela mão com delicadeza e abriu a porta do carro prata que estava estacionado na porta de casa, assim que entrei no carro ele fechou a porta e deu a volta sentando-se no lugar do motorista. Noah não puxou assunto ou me perguntou o porquê de eu estar chorando, muito menos perguntou a razão de, em pleno dia dos pais, eu aparecer na frente da casa dele.

– Você gosta de música internacional? Confesso que ultimamente estou completamente apaixonado por alguns cantores brasileiros. – Ele disse sorrindo sem tirar os olhos de mim, rapidamente ele colocou um CD para tocar. – É uma cantora já falecida, Cássia Eller, o nome é All Star, ele fala sobre amor entre duas pessoas que tinham que se apaixonar e que se eles não se apaixonassem nada seria normal. Desculpe, estou fazendo aquilo de novo, ficar falando e falando. – Ele abaixou o olhar para as minhas bochechas, ficando sem graça ao perceber que eu havia ficado envergonhada. – Eu nunca sei o que as suas bochechas ficarem vermelhas significam.

– Eu também não sei, mas elas sempre fazem isso na hora errada. – Digo mordiscando o meu lábio inferior, implorando para que as minhas bochechas voltassem ao normal. – A música é muito bonita aliás, pena que eu não sei o significado de nenhuma palavra, sou horrível com línguas doces.

– Sou horrível com línguas, sem mais. – Ele falou de pronto e só então percebeu o duplo sentido e deu risada de si mesmo. – Desculpe, isso saiu de uma forma que eu não queria.

Dei risada dele, sentindo que minhas bochechas voltavam a corar.

– Eu não devia ter atrapalhado o seu dia dos pais, me desculpe. – Peço tentando não lembrar a razão de ter feito isso, pois desde que entrara no carro as lágrimas haviam parado de súbito.

– Não se preocupe com isso, todo ano é a mesma coisa, colar o rabo no jegue, já acerto de tão repetitivo que é. – Ele ri e acompanho o seu riso.

Noah não olha para frente enquanto dirige apenas me encara com uma expressão curiosa.

– O que foi?

– Nada, estava apenas me perguntando quem iria querer ver suas lágrimas quando seu sorriso é tão bonito assim. – Ele disse em tom de afirmação, mas acabei usando da oportunidade para desabafar o que me incomodava o peito.

– Digamos que o dia dos pais não é um bom dia para mim.

– Para mim também não. – Ele comentou parando no sinal vermelho.

– Como? Você e seu pai não parecem ter nenhum problem-. – Antes que eu complete o pensamento ele me interrompe com uma simplicidade que me espanta.

– Ele não é meu pai, de verdade. Eu achei que você soubesse. Eu nunca conheci meu pai biológico, nem sei se ele está vivo ou morto, mas para ser sincero. Espero que esteja morto. – Ele desvia o olhar e respira fundo antes de me perguntar. – Pai morto também?

– Não, pai vivo demais pro meu gosto. – Digo e me arrependo imediatamente, minha mãe odeia que eu tenha esse tipo de pensamentos negativos a respeito de Charlie. – Meu pai teve outra filha, quando ainda era casado com a minha mãe.

– Ah. – Ele fala somente isso e se cala, o que faz com que eu questione se fiz o certo ao contar a ele sobre um assunto sério como aquele.

Ele fica em silêncio observando o trânsito até estacionar na frente de um parque abandonado e vazio.

– Vem comigo quero que conheça um lugar.

Rapidamente desci do carro e segui Noah para dentro do parque, graças ao abandonado a grama do parque estava mais crescida, uma camada fina de orvalho estava cobrindo ela, o que causava um efeito incrível, como se pequenos diamantes estivessem presos na grama. Noah me puxou pela mão para que eu o acompanhasse, ele andou com facilidade por cima da grama alta subindo a pequena inclinação que dava para a parte mais alta do parque onde se encontrava uma árvore velha e com um tronco grosso bastante robusto, nesse tronco estavam pendurados em um galho grosso um pneu velho.

Noah sinalizou com o queixo para que eu me sentasse no pneu. Assim que eu me sento no banco, que parece ser bem firme, apesar de ser antigo, ele começa a me balancear devagar.

– Meu pai me trouxe aqui depois que minha mãe morreu. – Noah diz num tom tranquilo, me pergunto se ele lembrar-se da mãe constantemente, mas nem pergunto, pois tenho certeza que a resposta é sim. – Ele me disse que quando eu precisasse relaxar era para eu vim aqui, o pai dele, meu avô, apresentou esse lugar a ele quando o parque ainda era utilizado, foi aqui que ele conheceu minha mãe. Minha primeira mãe, quero dizer. Sempre que eu vinha aqui pensava nela, era um lugar só meu para pensar nela.

– Você não devia ter me trazido aqui. – Digo baixinho temendo que as lágrimas retornem ao meu rosto.

– Você estava precisando relaxar Claire. – Ele para de balançar o pneu e se ajoelha ao meu lado, me encolho ao notar ele tão próximo. – Eu sei como é difícil o dia dos pais. Eu sei que meu pai adotivo é uma pessoa maravilhosa, mas ainda não consegui perdoar o meu pai biológico por ter matado a minha mãe.

– Ele matou a sua mãe?! – Falo surpresa aumentando o tom de voz e logo depois minhas bochechas coram fazendo Noah rir.

– Eu preciso parar de falar disso assim. – Ele ri para si como uma piada particular da qual eu não faço parte. – Ele não a matou, não como você entende a palavra matar. – Ele se senta no chão sobre a grama e pega minha mão para que eu possa fazer o mesmo. – É complicado, eu nunca falei sobre isso com ninguém. Minha mãe morreu de Aids, na verdade não, ela morreu de uma pneumonia fraca, mas você sabe para quem tem Aids um resfriado pode ser fatal. – Não consigo evitar a surpresa e ponho a mão na boca aberta, sem conseguir crer no que ele está me falando. – Foi o meu pai biológico que passou a doença para ela, não conheço a história toda sobre a história deles, só sei o que minha mãe contou ao meu pai adotivo, então o que sei é que ele transmitiu a doença, engravidou ela e sumiu, nem sei se ele sabe que tem um filho.

– Noah, se ela já tinha a doença antes de você nascer, então você é...? – Não consigo completar a frase, deixo ela ficar sem fim no silêncio, aquela era uma afirmação dura demais, triste demais para ser verdade.

– Sim, sou aidético. – Ele completa e espera a minha reação, mas ela não vem. Muita coisa passa pela minha cabeça antes que eu consiga formar uma ideia completa para emitir.

– Droga, você não é gay. – Falo alto a primeira coisa que consigo distinguir dos meus pensamentos.

Recuo ao perceber o efeito que a minha afirmação causou em Noah, o garoto está deitado na grama com os braços envoltos na barriga gargalhando de mim. Não sei ao certo, do que ele está rindo, mas parece zombar de mim.

– Noah. – Cutuco ele, sentindo-me desconfortável por ele ter reagido daquele modo. – Noah. – Repito, mas ele continua rindo. – Noah! – Grito e só então ele para de gargalhar e enxuga as lágrimas geradas por tanto rir.

– Me desculpe. – Ele pede com dificuldade sentando-se de novo. – É que eu... Só não sabia o que esperar de você, sabe, reagir e você me diz apenas “você não é gay”. – Ele ri mais um pouco antes de continuar. – É só, eu não estou acostumado com isso. Contar, sabe? Eu nunca contei para alguém que não fosse do meu grupo de apoio ou um adulto. E, droga, isso foi não um elogio né?

– O que? – Pergunto sem conseguir acompanhar a linha de pensamento que ele segue.

– Você tinha dúvidas que eu não era gay? – Ele me pergunta um pouco indignado, franzindo a testa enquanto fala. – Você achava que eu era gay?

– Claro que sim. Eu sempre sonhei em ter um melhor amigo gay, aquele que iria ao shopping comigo e pintaria minhas unhas. – Digo zombando da cara dele enquanto rio, já me levantando da grama. – E depois iriamos para a sua casa provar alguns vestidos antes que sua mãe volte para casa e descubra a verdade sobre você. – Enquanto vou falando já estou de pé me afastando de Noah que também já se levantava olhando carrancudo para a minha direção. – Eu pintaria seu cabelo de rosa.

– Claire! – Ele grita meu nome, mas já estou longe correndo dele, Noah me segue correndo, me desvio de uma árvore para escapar dele.

– Você destruiu o meu sonho Noah. – Digo e paro de correr cansada do esforço, eu deveria filar menos as aulas de educação física.

Noah tropeça em mim, surpreendido por eu ter parado de correr do nada fazendo com que nós dois caiamos rolando pela grama úmida.

– Droga, pequena. – Ele fala assim que paramos de rolar, ainda por cima de mim, ajeito os meus óculos para que eu possa enxergar os fios do cabelo dele sujo da lama produzida pela junção de areia e orvalho, a blusa também precisaria ser lavada. Ele cola sua testa na minha com a respiração ofegante gerada pela pequena corrida, seus olhos não estão olhando para os meus olhos e sim para um pouco mais abaixo do meu rosto. Ele faz menção de que ia dizer alguma coisa mais para, voltando a me olhar nos olhos sem sequer retirar o peso de cima de mim. Ele estica uma das mãos para a minha bochecha acariciando-a com o polegar.

Não sei exatamente quanto tempo ele demorou pensando se deveria ou não fazer o que fez, mas agradeci mentalmente por ele decidir fazê-lo, pois quando Noah retirou a mão do meu rosto e deslizou ela para a minha nuca puxando-me para que nossos lábios se tocassem eu descobri que se havia algo que podia ser perfeito no mundo, era aquilo.

Fechei meus olhos e aproveitei a sensação de nova descoberta, os lábios de Noah causavam um arrepio na minha coluna, todos os meus sentidos estavam aguçados e as gotas de orvalho que molhavam minha camisa não incomodavam. Não me assustei com o gesto de Noah, parecia tão certo naquele momento que apenas entreabrir os lábios e deixei a sensação de estar completa passar pelo meu corpo.

Continuamos nos beijando até o peso de Noah sobre mim incomodar, fazendo com que eu o empurrasse invertendo as posições. Apoiei meus cotovelos sobre o peitoral dele sustentando o meu rosto e comecei a encará-lo antes de complementar.

– Droga, você não é gay mesmo. – Fiz cara de tristeza e ele riu de mim já me puxando para beijá-lo novamente, parecia que aquilo se tornaria um vício nosso. A partir daquele momento eu soube que eu não precisava de mais ninguém, Noah seria meu e eu seria dele, nunca houve um pedido de namoro expresso, talvez porque não precisasse mais pedi, mas acredito que não seja por isso e sim porque nunca precisei dizer sim em palavras para ele, pois minha alma disse, aliás, pensando bem eu não odeio tanto assim o dia dos pais.


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Notas finais do capítulo

Sim, nesse capítulo ela ainda não está namorando com o Noah, só conhece ele há dois meses, o que acharão? É estranho ver eles como amigos? Os próximos capítulos também serão assim. E o relacionamento pai e filha? O que acharão? A Claire exagera na reação dela com o pai? Se fosse com vocês o que ele fez teria perdão? (Caso não lembrem, ele traiu a mãe dela e engravidou outra mulher, dando a luz a Britney, melhor amiga da Claire). O que acharão do Noah nunca ter pedido a Claire em namoro? A narração mudou um pouco nesse capítulo, gostaram?

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: eu não tenho problemas com o dia dos pais, eu amo o meu pai, ele é uma das melhores coisas que já me aconteceu
Não deixem de comentar, se não eu vou acabar esquecendo de postar hehehehe
Beijocas e até os comentários que responderei com carinho.



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