Procura-se Um Final Feliz escrita por Mrs Know All


Capítulo 2
Problemas no paraíso


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não estou feliz com a repercussão da história, queria mais comentários. Mas o que posso fazer né... Enfim, espero que gostem desse capítulo e deixem mais comentários do que no prólogo.
Postarei todo o sábado, não sei qual o horário. Me cobrem, pois sou extremamente esquecida.
Lembrando que a história é escrita de trás para frente, algumas partes do prólogo só entenderá com esse capítulo.

Beijos, Nanda.



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Capítulo O1

"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

Havia problemas no paraíso, nada é feliz para sempre. Essas frases pareciam que haviam sido gravadas com força a minha mente e não deixava com que eu fixasse o pensamento na lista de Física a minha frente. Encosto o lápis na minha boca pensativa, olho para o meu celular 21:49. Não havia nenhuma ligação de Noah, ele não tinha ligado durante todo o dia, já estava deixando-me preocupada. Realmente, ele tinha razão de não querer me ver, de não querer saber de mim, ele tinha razão de ir embora. O maior segredo da vida dele, a única coisa que ele me pediu foi que eu guardasse o segredo e eu acabei contando para a Britney e ela espalhou para toda a escola. Mas como eu poderia saber que a minha melhor amiga, poderia me dar uma facada desse tamanho nas costas. Minha melhor amiga. Britney. Eu sou uma idiota mesmo. Até parece que ela ia perder a oportunidade de postar uma fofoca desse tamanho no blog dela. “Olá, aqui sou eu Britney. E preciso contar a vocês, Noah Field tem Aids, isso mesmo pessoal, HIV POSITIVO! Claire pobre Clair, não vai poder levar o gatinho para cama.” E imaginar que eu chamei essa puta de amiga.

Largo o lápis em cima da cama e levanto-me, andando até a janela olhando as pequenas luzes a distância. Suspiro novamente, ultimamente essa é a única coisa que sou capaz de fazer, suspirar. É praticamente impossível tirar a imagem dessa manhã.

*****

Eu estava sentada na arquibancada junto a Mike, ele estava falando sobre como era sensacional o modo em que se saiu no último jogo das finais. Quando algo me fez levantar a cabeça, do outro lado da quadra Noah passava, estava de cabeça baixa, e todas as pessoas ao redor começaram a vaiar. Os olhos dele se levantaram, atravessando toda a quadra e encarando os meus, seus olhos mostrava dor, eu era a culpada, foi como se uma flecha me partisse ao meio, eu havia acabado de magoar a pessoa que eu mais amava no mundo. Corro em direção a ele, deixando Mike falando sozinho. Paro a frente de Noah.

— Eu não sabia que ela ia fazer isso. – falo pra ele ignorando as vaias que servem de som de fundo.

— Me dê um motivo pra acreditar em você. Você prometeu não contar pra ninguém. Me dê um motivo pra você ter contado a ela. – ele me encarou com aqueles olhos penetrantes que hoje só transmitem dúvida, sarcasmo e desconfiança.

— Eu... – não consegui terminar a frase, pois vi a responsável por aquilo entrando no colégio com um sorriso de uma ponta á outra.

— Sabia você só queria me ferrar mesmo. Parabéns. – Noah disse sem me dar oportunidade de resposta, pois já se afasta em passos longos, ajeitando seu casaco de motoqueiro.

Tirei algumas mechas que caíram sobre meus olhos, e andei em passos decididos na direção de Britney, aquela cachorra. E lá estava ela, rindo como se nada tivesse acontecido. Jogava seus cabelos loiros e grossos como se tudo estivesse bem, como se ela não houvesse acabado de destruir a vida de Noah, e de certa forma a minha também, só para movimentar aquele blog de merda que ela tem.

*****

Cerrei os punhos ao lembrar o que viria a seguir, fechei os olhos e pude sentir novamente tudo o que senti naquele momento, a raiva me consumiu, meu corpo inteiro estremeceu como resultado do calor redundante que se espalhava ao lembrar os detalhes dessa manhã.

*****

– Britney! – gritei ficando de frente para ela, mas perto do que gostaria.

– Ah, oi Claire – disse forçando um sorriso e afastando uma mecha de cabelo do rosto – Posso te ajudar em algo?

– Por quê? – perguntei já sentido minha visão embaçar, dando passagem às lágrimas que estavam por vir – Por que você fez isso? – nesse ponto eu já estava chorando, não de tristeza, mas de raiva, ódio.

– Desculpe, eu não pude deixar de contar uma fofoca dessas – disse naturalmente – além do mais foi bom todo mundo saber, assim ele não corre o risco de contaminar ninguém e... – Nem ao menos a deixei terminar a frase, girei minha mão no seu rosto em um tapa estalado e absurdamente forte, fazendo Britney perder o equilíbrio.

– Eu confiei em você! – gritei enquanto ela se recompunha – Você me traiu. Como pôde? – podia sentir os olhares e os murmúrios que surgiam, mas nada disso importava, não agora.

Britney levou uma de suas mãos ao rosto e me olhava indiferente e insultada – E você pretendia levar isso até quando? – disse depois de um tempo – O que deu em você pra namorar um cara aidético Claire? Alguém tinha que dar um jeito nisso, AIDS não tem cura e... – ela não terminou a frase.

Mal podia crer em suas palavras, fiquei em silêncio por intermináveis segundos tentando digerir essa.

– Sei que está brava comigo Claire, mas você sabe que isso não ia durar. Eu só quis pôr um fim nisso por você – disse pousando a mão em me ombro dando-me um olhar de “consolo” – para que no final você não sofresse tanto.

– Você não tinha esse direito – disse negando com a cabeça – Você não sabe o que é melhor pra mim, ele pode se curar – gritei e retirei a mão do meu ombro.

– Claire...

– Cala a boca – eu chorava – Nunca mais se meta na minha vida, e só pra constar não somos mais amigas se ainda não percebeu. – disse enquanto me afastava.

*****

Levei uma de minhas mãos ao coração enquanto remoía essas lembranças amargas. Olhava pela janela, era uma noite fria e nevava muito lá fora. Mas o engraçado é que esse frio que faz lá nem se compara ao que habita em meu coração neste momento. Eu estraguei tudo, como sempre.

Sentei na cama e fui tomada por lembranças, boas dessa vez. Com ele, ah Noah. Se ele soubesse o quanto o amo. Me celular toca despertando-me dos pensamentos. Bufei ao ver quem era.

– O que você quer Britney? – rolei os olhos esperando por sua resposta

– Claire eu to numa balada e...

– E o que eu tenho com isso? – interrompi.

– Calma estressadinha, você nem deixou terminar – ela pigarreou e prosseguiu – o Noah está aqui, e ele não parece muito sóbrio.

Era difícil ouvir o que Britney dizia com o barulho alto de músico no fundo.

– O quê? – gritei. A música realmente estava alta.

– O Noah tá aqui na balada e ele parece muito bêbado, e está dançando com uma putas, ele parece descontrolado.

Meu mundo parou, o que o Noah estava fazendo lá? Ele não era do tipo que frequentava lugares assim, e eu nem sabia que ele bebia. Mas algo me ocorreu antes.

– E por que você esta me contando isso? – desconfiei – Não você que disse que isso não ia durar e que queria me poupar?

– Eu me achei no dever de te contar isso, não sei. Eu fiz mal em ter espalhado o segredo do Noah, mas olha eu não quero te ver sofrendo se... Você sabe, se a doença vencer – ela suspirou – Mas isso não importa agora, Claire você tem que vir pra cá. Esse não é o Noah, ele está fora de si.

– Me dê o endereço, chego em 20 minutos.

******

Saí do meu Aston Martin prata, sim eu tenho um Aston Martin. E como eu sei disso? As pessoas que comentam toda vez que eu passo. Não ligo se tenho dinheiro, trocaria minha casa, meu celular, meu carro por uma vida tranquila do lado de quem eu amo. Tinha trocado de roupa antes de sair, estava usando um short com as bordas desfiadas, uma camisa escrita The Beatles. Olho para os dois lados, não parece ser uma vizinhança amigável, um calafrio percorre minha espinha. O pior estava por vim. Tranco o carro, e guardo as chaves no bolso, pago a entrada e adentro a casa de shows, a música está muito alta. E tem pessoas se agarrando para todo lado. Olho para o palco, e um arrepio me percorre, quando vejo que ao lado da banda que toca um rock punk tem alguns quartos escritos “fiquem a vontade”. Continuo andando, quando Britney vem correndo em minha direção.

– Por que demorou tanto? – ela resmunga, apertando as têmporas, ela só faz isso quando está nervosa.

– Afinal o que você estava fazendo aqui? – pergunto, enxergo mais a fundo vendo pessoas fumando e se drogando no fundo.

– Não importa o que eu estou fazendo aqui. Só... Vá lá e faz o que você faz de melhor: ajudar as pessoas. – ela diz apertando as têmporas novamente, fechando os olhos. Minha raiva por ela quase passa. Sei que os pais de Britney não dão atenção a ela, que a única razão de estarem juntos hoje é porque a família de seu pai o obrigou a casar quando souberam que ele havia engravidado uma menina. Levanto minha mão para abraça-la, mas ela se esquiva e já está longe de mim. Ás vezes é impossível ter raiva da minha melhor amiga por pior que ela seja.

Suspiro e vou andando procurando Noah, mas isso não demora muito, pois ele não parece estar se escondendo. A imagem a minha frente me choca.

Ele está em cima de uma mesa, em sua mão há uma garrafa de Tequila, está sem camisa mostrando o peitoral definido. Apesar da doença atingir o sistema imunológico o organismo de Noah não fez com que ele perdesse peso e os remédios ajudaram nisso. [N/A: O vírus está em latência na célula, ele contamina os outros, mas não sente os danos em si.] Ao redor deles, literalmente se esfregando no mesmo, haviam três garotas, todas as três em trajes íntimos enquanto ele bebia mais Tequila e beijava o pescoço de uma das três, essa possuía os cabelos pretos e a pele pálida, e o mais surpreendente, ela parecia comigo.

– Noah! – minha voz saiu muito fina e estridente. Ele olhou para mim parecendo que minha presença ali não mudasse nada ao seu redor. Por um instante sua face transmitiu preocupação, mas foi por apenas um segundo, e a face de desinteresse retornou. – Noah? Você está louco?

Minha interrupção fez efeito, porque ele parou de se “atracar” com a garota, e desceu da mesa olhando para mim com sarcasmo quando respondeu.

– Nunca estive mais lúcido. – seu bafo de bebida me atingiu, fazendo eu recuar um passo. – Ainda tem espaço pra mais uma ali... E depois temos algum espaço mais particular, pra quando você quiser arriscar novamente. – ele sussurra mais baixo no meu ouvido, apontando para os quartos do lado.

Não consigo evitar. Fico vermelha. Tenho que respirar dezenas de vezes para me certificar que não irei tremer.

– Você não pode beber! Você sabe que faz mal Noah. Venha vamos embora daqui. – digo tentando puxar a garrafa da sua mão e ele com a outra.

– Eu não vou pra lugar nenhum. – ele diz puxando a garrafa de volta com força me assustando.

– Noah, por favor, vamos embora. Sei que está difícil, mas você vai ficar bem... – eu digo puxando ele pelo braço. – Não desista Noah, a gente vai superar isso...

Ele me empurra com brutalidade.

– Para com isso! Já chega! – ele grita, chamando atenção de algumas pessoas ao nosso redor, a banda havia parado de tocar, pois estavam em um intervalo entre uma música e outra. – Não desistir? Acorda Alice! Olhe pra esse mundo, esse mundo de pessoas vazias, olhe ao seu redor, você nunca vai poder mudar o mundo. Olhe só para si mesma, você é uma pessoa idiota, que tenta resolver o problema de todos os outros só porque não consegue resolver os próprios problemas! Você não tem coragem de encarar o seu pai! Só porque ele traiu a sua mãe! Acorda! Você é fraca, todos nós somos fracos. Eu vou morrer, todos nós vamos morrer, e nada do que fizermos aqui vai mudar nada, entenda isso de uma vez por todas. Nada, nada vai mudar o fato de quando morrermos o que fizemos, quem fomos, como vivemos, vai ser esquecidos. Se é pra eu morrer, que eu curta antes. Você foi uma perda de tempo, Claire. E sempre será. – ele vira para uma das garotas, enquanto toda a festa parou para ver nossa briga e a beija na minha frente. Sinto como se estivessem quebrando todos os meus ossos, uma dor incontrolada passava por meus olhos.

Antes dele terminar meus olhos enchiam de lágrimas antes dele terminar. Vê-lo beijar outra pessoa na minha frente, parecia que todas as minhas crenças se acabavam ali, naquele beijo. Pego o resto de dignidade que sobreviveu, a empurro e olho nos olhos dele, deixando as minhas lágrimas lavarem o meu rosto.

– Eu não sou idiota. – digo soluçando e fujo correndo dali. Tem momentos que fugir não é um ato de covardia e sim de coragem.


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Notas finais do capítulo

Sim, ele é aidético. Eu nunca vi alguém escrever sobre alguém que tem Aids e como gosto de inovar está aí a primeira história sobre um cara aidético.

Já estava saindo sem deixar um comentário? Quem deixou? Os comentários me incentivam e me inspiram para escrever mais. Então não se esqueçam de deixar a sua opinião e o que acham que deva ocorrer no próximo capítulo.



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