Please Be Mine escrita por BlazingHeart


Capítulo 6
Capítulo 6 - O substituto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488266/chapter/6

Havia passado uma semana desde o incidente de Clare em Inferno, depois daquele dia, ela pegou um trauma de bebidas alcoólicas. A ressaca do dia seguinte foi bem traumatizante, acho que se eu tivesse uma ressaca como a de Clare, nunca iria por nem uma gotícula de álcool na boca. Ela tinha acordado realmente acabada, com uma dor de cabeça tremenda, dessas em que as pessoas ao redor não podiam nem andar bruscamente, pois já despertava a dor.

Eu estava suportando a existência de Alex no mesmo espaço que eu. Fiquei muito magoado por ele ter dito aquelas palavras rudes e grossas, mas não poderia faltar na escola por tempo indeterminado, não queria fugir da situação, tinha que enfrentá-la. Naquele dia me dirigi a escola como faço sempre, pelo mesmo caminho, encontrando Clare e Jullie — as duas pareciam estar mais apaixonadas do que nunca — e seguindo com uma conversa sobre bobagens diárias até o caminho da escola. O clima estava bem agradável e o assunto da conversa divertido e descontraído. Estávamos falando sobre Paradise of Spotlight, sobre a eliminação de Lindsay e outras futilidades de reality show.

A escola se apresentava a nossa frente, grande e imponente, uma construção do século XIX muito bem conversada, que desde o começo foi sempre uma escola reconhecida e grandiosa. Adentramos nela e seguimos os corredores vagarosamente, ainda tinham alguns alunos neles, dispersos, mas aparentemente a aula já havia começado e estávamos alguns minutos atrasados. Torcia para que Catherine também estivesse atrasada, ela ia nos fulminar, nosso primeiro horário era com ela.

— Catherine vai nos matar. — disse Clare enquanto segurava Jullie pelo braço e a arrastava, aumentando a velocidade de seus passos para poder chegar o mais rápido possível na sala.

— É bem provável. — disse Jullie aparentemente sentindo um pouco de dor por Clare estar pressionando seu braço.

Chegamos à porta da sala, ela se encontrava fechada. A voz que estava exalando de dentro da sala, não era esganiçada e estranha como Catherine, eu não tinha a total certeza, mas parecia bem familiar para meus ouvidos. Lentamente Clare tomou a frente segurando Jullie e abriu a porta, eu tinha acabado de receber uma mensagem no celular e estava a conferindo. Os olhares se viraram para nós, três alunos atrasados tentando voltar a cumprir os deveres da escola.

— Podem sentar-se.

A voz suave ordenou.

Por um momento eu não levantei a cabeça, mesmo reconhecendo aquela voz de algum lugar, fiquei um pouco relutante em levantar a cabeça e me dirigi ao meu lugar, bem atrás de Clare. Logo depois eu olhei para frente, os cabelos loiros e olhos cor de mel me chamaram atenção.

— Não pode ser. — murmurei para mim mesmo.

Era ele, Robert. O que estaria ele fazendo aqui? Onde estava Catherine? Várias perguntas se formaram na minha mente enquanto aqueles olhos cor de mel vidravam em mim, como se estivessem tentando dizer um: “Oi”. Eu vi que Clare tinha percebido bem antes de mim, ela parecia estar meio constrangida, mesmo que Robert não proferira nenhuma palavra sobre o estado dela depois de Inferno.

— Para os atrasados, eu me chamo Robert Wan. — disse ele alternando os olhares entre mim, Clare e Jullie. — estou substituindo a professora Catherine, pois a mesma teve que se ausentar por um tempo para resolver problemas pessoais.

Seu tom de voz em aula era compreensivo e cativante, a aula tinha me prendido, enquanto eu também viajava pelas cenas da noite em Inferno, onde acompanhava todos os movimentos daquele loiro, vindo até mim talvez. Agora ele estava ali, na minha frente substituindo Catherine, isso era muito bom até. Os olhares dele oscilavam entre Clare e eu, não que eu me importasse com isso, mas notei que ele nos focou durante toda a aula.

Assim que terminou, fui falar com ele. Ele recolhia seus livros e se dirigia a porta.

— Robert. — disse num tom de voz mais íntima enquanto me aproximava.

— Oi Dave. — ele disse meu nome num tom de voz mais agradável do que quando estava lecionando.

Ajeitou seus livros que estavam amontoados em seus braços e falamos sobre a coincidência dele ter vindo substituir Catherine. Algo nos interrompeu. Alguém tinha passado no meio de nós e derrubado os livros de Robert, era Alex, seu olhar era fulminante enquanto ele recolhia os livros no chão os devolvia pedindo desculpas e alegando que não estava prestando muita atenção no caminho que tomara. Não havia sorriso em seu rosto, seus belos traços labiais estavam imprimindo uma expressão que eu deduzia ser raiva. Raiva de que? De quem? Não deveria me perguntar isso, ele tem seus problemas agora. Estava tentando pensar o mínimo possível que Alex ainda estudava comigo e eu teria que o ver todos os dias, mesmo ainda gostando muito dele.

— Ei, Rob. — disse Jullie num tom bem informal enquanto se aproximava de nós com Clare a seu lado.

— Ellie. — ele respondeu com um tom igualmente informal.

— Ellie? — questionou Clare, enquanto seus olhos alternavam entre Robert e Jullie.

— Ellie é o apelido de infância de Jullie, que só eu a chamo por ele. — aquilo tinha nos deixado mais confusos ainda, como ele chamaria Jullie por um apelido exclusivo que ela adquiriu em sua infância? — O nome dela é Jullie Wan, somos irmãos.

Acho que meu rosto e o de Clare estavam com a mesma expressão estampada: surpresa. Jullie nunca disse que tinha um irmão que era professor.

— Ele estava viajando e voltou para a cidade a mais ou menos nove dias. — disse Jullie, tentando usar isso como justificativa por não ter nos falado dele.

— Rob, essa é Clare, a garota te falei. — no momento em que Jullie proferiu essas palavras, a expressão de Robert escuresceu.

— Oi Clare. — seu tom era frio e rígido.

— Robeert! — o tom de Clare era animado, ela olhou para Jullie. — Nós já nos conhecemos.

A expressão de Jullie ficou confusa.

— É uma história um pouco longa, te falo depois. — proferiu Clare, Jullie aparentemente, concordou com isso.

Depois Robert teve que ir. Tivemos nossas aulas normais, e Robert tinha conseguido meu número com Clare e me ligou à tarde.

— Alô?

— Oi Dave, queria saber se... estaria ocupado agora? — ele falava calma e pausadamente.

— Não, minha tarde está livre.

— Então... Vem até a cafeteria que fica perto da Biblioteca Central, sabe? Preciso falar com você.

— O.K.

Estava meio ansioso para saber o que ele queria falar comigo. Algo me dizia que não seria algo muito legal. Aprontei-me e fui para cafeteria, ele estava me esperando sentado numa mesa próxima ao fundo, saboreando um café expresso com um semblante pensativo, quase não me percebeu ali, estava perdido em seus paraísos mentais.

— Dave.

O jeito com que ele falou meu nome era convidativo a me sentar próximo dele. Fiquei parado, olhando para ele, o forçando a começar a falar com um olhar direto. Seus olhos percorriam a extensão da minha face e analisavam minha expressão. Ele parecia estar triste, saboreava o café de um jeito quase melancólico, seu olhar sempre em movimento, ora olhando para fora, ora me analisando.

— Quando estávamos em Inferno. — suas palavras rápidas cortaram o silencio que ali havia se estabelecido. — Eu prestei atenção em Clare.

Eu continuei olhando para ele, inconscientemente eu sabia onde ele ia chegar, mas queria o ver fazendo isso.

— Eu senti uma atração por ela, nada demais, até eu começar a observá-la durante essa semana. — bebeu um gole do expresso. — eu costumava passar perto de onde ela mora e a observar saindo, seu jeito de andar, sublime.

Ele estaria sentindo alguma atração pela Clare? Isso seria mal, a irmã dele namorava minha amiga, e ele sentia atração por ela? Muito mal.

— Quando Jullie me falou que aquela era a garota com quem estava tendo algo, eu confesso que... — fez uma breve pausa, repousando a xícara de café na mesa e me encarando mais profundamente. — senti um pouco de ciúmes.

Eu ainda estava em silêncio, não sabia bem o que falar sobre isso. Respirei fundo.

— Você não pode fazer muito quanto a isso. — falei o óbvio. — mas por que me contar isso?

— Eu só queria que alguém soubesse disso. — disse ele com um semblante compreensivo e triste. — e tinha que ser você.

Passamos um bom tempo num silêncio desconfortável, até que ele se levantou, copiei seu movimento. Seu rosto estava cada vez mais triste, sua expressão mais dolorosa de se observar. O abracei pelo menos eu achei que aquilo seria uma boa coisa. Aparentemente estava certo quanto a isso. Depois de abrir meus olhos enquanto ainda estava abraçado com ele, o destino parecia me pregar uma peça: do lado de fora da janela, estava Alex, observando meu abraço com Robert.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Please Be Mine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.