Please Be Mine escrita por BlazingHeart


Capítulo 4
Capítulo 4 - Suas lágrimas agora são minhas lágrimas




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Eu não consegui dormir, fiquei pensando sobre o que ele iria me dizer, como ele iria agir. Minha noite se resumiu a pensamentos fofos como: eu gosto de você Dave, eu só fugi porque eu tenho alergia a noite e tenho que ficar em casa, então me beija agora. Mas também tiveram as coisas tristes, os pensamentos tristes, ele fugiu porque não queria nada com um garoto desconhecido, e principalmente com um garoto. Eu apenas fiquei olhando para cima remoendo meus pensamentos, ora tristes, ora felizes, e quando percebi a luz do sol começava a adentrar pela janela e invadir meu recinto de confusão mental, me fazendo acordar para a realidade e me levantar.

Como de costume encontrei Clare, não só ela, Jullie estava do lado dela, as duas pareciam muito bem conversando juntas, mas parecia haver mais motivos por trás daquelas risadas e olhares. Suas mãos quase se tocaram e elas riram, eu fiquei apenas do lado delas enquanto nos dirigíamos à escola, a passos lentos, aproveitando para observar tudo que estava a nossa volta. Me sentia meio solitário, ansioso, confuso, feliz, triste, eram tantas coisas dentro de mim entrando em controvérsia ao mesmo tempo que eu não conseguia entender tudo isso.

Ele não veio. Eu fiquei decepcionado, queria muito falar com ele, queria muito saber a parte dele da história, o beijo me abriu os olhos para algo que eu já sabia: eu realmente gostava muito dele. Isso era estranho porque não tinham passado mais que alguns dias desde que o conheci, mas nesse pouquíssimo tempo, comecei a sentir uma súbita atração por ele.

Clare e eu decidimos sair à tarde pra fazer algo legal e tentar me distrair. Fomos ao cinema, assistir um lançamento de filme de terror, amamos filmes de terror e às vezes nos juntamos para assistir, fazer maratona de filmes era legal, Clare era uma ótima companheira para assistir filmes.

Então fui encontrar ela em sua casa, a porta estava entreaberta e entrei, vi uma cena que me fez entender o porquê de Clare e Jullie estarem tão próximas. Jullie tinha seus dedos entrelaçados nos cabelos negros de Clare, e essa estava com a mão na altura da lombar de Jullie, elas movimentavam a cabeça lenta e delicadamente num beijo, era uma cena fofa e foi até rápido, pois Jullie abriu os olhos e se assustou.

Ela desferiu um grito.

— Calma Jullie. — disse eu, meio envergonhado, enquanto Clare se virava e ria para mim, ela parecia estar envergonhada.

— Como você entra sem dizer nada? — disse Clare, ela estava com uma leve raiva.

— Por que você deixou a porta aberta? — disse eu enquanto segurava a maçaneta com a mão e abria a porta, as meninas se afastaram, pois a visão delas poderia ser apreciada da rua. Clare ficou vermelha e parecia com raiva de si mesma, pois poderia ter sido outra pessoa a abrir a porta e ver a cena das duas se beijando tão intensamente ali, distraídas.

— Vamos logo!

Ela pegou na mão de Jullie e a puxou e eu fui atrás dela, no caminho elas me falaram sobre a tarde, eu fiquei feliz por Clare, ela precisava de novas pessoas a volta dela, ela era muito feliz, porém muito frágil e delicada.

Chegamos ao cinema, compramos pipocas e fomos ver o filme, era um filme de terror que estava lançando, algo com maldições, magia negra e outras coisas que tem a ver com rituais e coisas do tipo. Eu fiquei do lado de Clare, Clare ficou de mãos dadas com Jullie nas cenas fortes, onde um dos mocinhos era submetido a um ritual e cortaram uma parte do braço dele, fazendo-o gritar alucinadamente, causando arrepios em mim e uns mini-gritos em Jullie, ela tinha fobia a sangue, pois toda vez que tinha sangue ela ficava meio assustada. Eu estava com pensamentos divididos, entre o sangue na tela e o fato do Alex ter faltado, ele estaria fugindo de mim? Calma Dave, isso é paranóia sua.

O filme acabou e nós fomos ao parque, Jullie e Clare ficaram juntas numa árvore perto do lago, e eu fiquei onde eu sempre ficava quando eu vinha para o parque, o lugar onde eu tinha beijado Alex, para tentar parar suas lágrimas e tocar aqueles lábios com os meus, sentir seu corpo e poder tocá-lo. Eu peguei meu celular e lembrei que o número dele tinha ficado na lista de chamadas e tentei ligar, mas o telefone tocava e ninguém atendia, enquanto Clare e Jullie se divertiam eu ficava lá, ouvindo o som mórbido dos toques do celular e meu pensamento se esvaia como eles.

— Dave, você ta bem? — Clare me perguntou, eu estava deitado na grama e não vi a expressão dela, só uma silhueta preta situada acima de mim.

— Estou. — respondi meio friamente, ela se abaixou um pouco e vi um meio sorriso, Clare então me levantou e foi me conduzindo pelo braço até onde estava Jullie.

O resto da tarde, eu decidi esquecer um pouco minha obsessão e fui tentar me divertir com Clare e Jullie, as duas não paravam de sorrir, aquilo me contagiou e ficamos ali, fazendo piadas bobas e jogando conversa fora. Jullie realmente era alguém legal, Clare tem sorte de ter ela por perto, as duas pareciam se gostar muito, mesmo com nada de convivência, algo como se elas fossem feitas sob medida uma para outra e tivessem uma sincronia inexplicável.

Voltei para a casa e fiquei pensando sobre tudo, Clare e eu ficamos nos falando por telefone grande parte da noite, o assunto foi: como Jullie é perfeita, como Jullie é linda e como Jullie mexe com tudo dentro de mim. Ela parecia gostar muito da Jullie, não vejo mal, as duas se gostam, as duas fazem bem uma para outra, mas ela estar super feliz e eu tão desolado era meio torturante para mim, não que eu desejasse que elas não conseguissem ficar juntas, mas é que eu também queria isso.

O começo do dia estava frio, muito frio, a caminho da escola sempre com Clare, e agora também com Jullie, tive um pressentimento ruim, me senti triste e vazio do nada, mas eu precisava mudar isso, pois não tem como ter sentido isso sem nenhum motivo e não ia me abalar por isso.

Ele não veio, eu continuei triste, ele estava perdendo aulas e eu perdendo de o ver e questionar sobre aquele pôr do sol, aquele beijo, aquelas lágrimas, a reação dele, o porquê dele fugir da situação e me deixar lá sozinho. Eu poderia suportar, aliás era só mais um dia, mais um dia que ele não aparecia, mais um dia em que eu ficava na duvida sobre a opinião dele, sobre o lado dele na situação. Eu estava errado, ele faltou no outro dia, no outro dia e no outro dia.

Eu começava a ficar muito triste, Clare e Jullie juntas e felizes estava me torturando, juntamente com o sumiço de Alex. Elas trocavam beijos, carinhos e eu ficava lá, olhando, acompanhando e ficando do lado delas, sem ter ninguém para fazer o mesmo comigo, aquilo me destruía por dentro.

Passou-se duas semanas, eu achei que Alex tinha se mudado, ou morrido, ou sido seqüestrado por algum criminoso com fascinação por garotos-do-sorvete. Todas as noites eu tentava ligar para o celular dele, mas ninguém atendia, o silêncio era minha resposta, o silêncio embalava minhas noites solitárias, noites em que pensava nele tanto que não conseguia dormir, aquilo afetava todo o meu rendimento escolar e meu humor.

Eu acordei para mais um dia tortuoso. Cheguei à sala de aula e o Alex estava lá, reivindicando seu lugar que ficou abandonado essas semanas, quando me viu, ele se aproximou de mim, com um sorriso no rosto, minha expressão era cansada, surpresa e raivosa.

— Ei, Dave, toma seu livro. — disse ele sorrindo, eu olhei friamente dentro de seus olhos e estendi a mão para pegar meu Pôr do Sol.

— Então Dave, o li... — tentou falar ele, mas eu o interrompi.

— Por quê? — o questionei, ele ficou parado na minha frente e o sorriso em seu rosto havia desaparecido.

— Por que você me abandonou lá? Por que você fugiu de mim? — eu comecei a me sentir mal por dentro, Clare e Jullie observavam, meus olhos começaram ficar cheios.

— Dave, aquilo nunca aconteceu, não sei do que você está falando. — suas palavras me atingiram como um trem bala.

— Nada aconteceu? Nós nos beijam... — eu não conseguia falar, meus olhos não suportavam mais tantas lágrimas retidas, e as soltou.

— Não aconteceu nada. — suas palavras eram ameaçadoras e firmes.

Eu o empurrei, as lágrimas apenas escorreram dos meus olhos como água de uma cachoeira, eu corri para fora da sala e as lágrimas que eu vi caindo dos olhos dele estavam agora saindo dos meus, frustração, medo, decepção, tudo junto, eu só queria sumir e não aparecer mais.


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