Please Be Mine escrita por BlazingHeart


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Sorriso e as Lágrimas




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A tarde estava irritantemente ensolarada. Típica tarde onde você é obrigado a sair. No dia seguinte começam as aulas, as pessoas queriam realmente aproveitar o ultimo dia de férias, peguei meu exemplar de Pôr do Sol – era a quinta vez que o lia – e me direcionei ao parque, que ficava consideravelmente perto de casa. Chegando ao local, um grande parque de árvores frondosas com um pequeno lago. Sentei-me na base de uma bela árvore, aproveitando bem a brisa fresca, para retomar a leitura de Pôr do Sol, o livro falava sobre um homem, que se apaixonara perdidamente por uma mulher, o relacionamento dos dois era perfeito. Ou quase isso, a mulher o traia, um dos amigos dele percebeu e se empenhou abrir os olhos dele, tudo em vão, pois seu amigo estava cego. A dedicação para abrir os olhos foi tanta, que ele acabou se apaixonando por esse amigo, depois de várias confusões e brigas os dois ficam juntos, e o primeiro beijo deles tem muitas lágrimas e um belo pôr do sol como fundo.

Mesmo tendo lido o livro outras quatro vezes, eu sempre fiquei inspirado pela perseverança de Patrick, o amor puro e sincero que ele sentia por Fred era lindo. Perdi-me na história e nem vi o tempo passar. Estava cansado de ficar ali sentado e resolvi passear um pouco.

Nos arredores do parque havia várias pessoas, eu estava andando meio distraído. Paguei a distração com um mico: esbarrei em um garoto, um pouco mais alto que eu, sujei sua roupa com o sorvete que estava em suas mãos.

— Me desculpa! — Meu rosto estava muito vermelho, as pessoas próximas observavam. O garoto apenas olhava para meu rosto envergonhado, eu poderia estar enganado, mas aquilo parecia um meio sorriso.

— Não precisa se desculpar, eu também estava meio distraído. — A voz dele era quase hipnotizante, um pouco engraçada.

— Me sinto culpado, pelo menos me deixe pagar um sorvete pra você.

Ele fez que sim com a cabeça. Fomos andando, sem contato visual, apenas olhando para frente.

Comprei dois sorvetes e então conversamos sobre tudo, ele tinha vindo recentemente para a cidade. Nossa conversa foi interrompida por um telefone tocando: o dele.

— Me desculpa... Já to indo... Beijo... — As palavras que ele proferiu ao telefone. — Então, nós nos vemos depois.

— Meu nome é Dave. — disse eu, ele ouviu, mas se retirou rapidamente.

Voltei para a casa e fui tomar um banho estava um clima meio quente. Fui à janela e vi o pôr do sol. O resto do meu dia se resumiu a: Ver TV. Anoiteceu e eu me preparei para dormir mesmo estando sem sono. Então acabei ligando pra Clare, minha amiga de infância louca por comida e por musica. O telefone tocou algumas vezes e fui atendido com um alô sonolento.

— Clare, não nos falamos a uma semana, e eu tinha que ligar para te contar o que aconteceu hoje!

— Senhor Dave William, o que faz me ligar a essa hora? Aula amanha lembra. — Disse num tom irônico que só ela conseguia fazer. — Não me deixe curiosa! Me fala logo!

Falei sobre tudo o que aconteceu, o sorvete o sorriso.

— Hm, então o garoto-do-sorvete estava sorrindo antes mesmo de te conhecer?

— Era, eu acho que era um sorriso.

— Olha, eu até daria opiniões, e te importunaria em torcer por você e o garoto-do-sorvete, mas estou com muito sono pra pensar. Beijo.

Assim ela desligou o telefone. Deitei e fiquei olhando para a parede, nesse momento me veio os traços do rosto do garoto na minha mente, o sorriso dele era muito diferente, não tinha palavras para descrevê-lo. Mas por que eu estou pensando num sorriso de uma pessoa que eu nem sequer sei o nome? Talvez nunca mais o visse, mesmo morando na mesma cidade, mas por que estou me preocupando se o verei ou não? Eu adormeci em meio a esses pensamentos.

Acordo assustado com um barulho repetitivo e irritante: meu despertador. Eu não queria levantar, a cama estava muito confortável e minha preguiça gritou para que eu a obedecesse. Mas tinha que levantar meu humor não estava muito “primeiro dia de aula”, estava realmente entediado. Fui tomar um banho, enquanto a água recaía levemente no meu corpo, eu fechei os olhos... E lembrei-me do sorriso. Aquele sorriso que não parava de aparecer em minha mente, mesmo sendo apenas um meio sorriso, os traços dele eram perfeitos! Parecia ter sido obra de Da Vinci.

O tempo se esvaiu absurdamente! Tive que tomar um café da manhã às pressas e correr para não atrasar. Uns quinze minutos até chegar lá, aquela cena típica: várias pessoas meio confusas, com certeza novatas, e rostos familiares zanzando por aí.

— Ei! — falou Clare tentando me dar um susto. — Clare, mate outro do coração!

Ela ria de mim, me dar sustos alimenta a felicidade diária dela.

— Vem Will! — disse Clare. Ela e sua súbita mania de me chamar pelo meu segundo nome! Puxando-me pelo braço, quase me fazendo ser engolido por seu cabelo negro, que estava solto.

Não nos víamos a uma semana e ela me preencheu com todas as informações, como: aumento da sua coleção de gatos de pelúcia e do melhor sanduíche que ela comeu em toda a vida. Estávamos agora na sala, sentados sempre na fila do canto oposto a porta. Não via a hora de ver os novos rostos, mesmo estando um pouco entediado.

Aos poucos a sala foi ficando preenchida, tinha muitas pessoas novas e alguns rostos bem conhecidos.

— Bom dia! Queridos! — professora Catherine desferiu essas palavras chamando a atenção de toda a classe, fazendo com que todos olhassem para a porta. Sua voz era ridícula, e Ela era chata.

Ela começou com todo o papo clichê de primeiro dia de aula. Foi interrompida por um aluno atrasado.

— Me desculpe, eu me perdi aqui.

— Procure um lugar e sente-se! —o som de sua voz era pior que unhas arranhando um quadro-negro!

Não acreditei, todos tinham olhado para o aluno antes, eu estava distraído conversando com Clare. Assim que virei e o vi: o sorriso, os traços de seu rosto! Era realmente ele.

— Clare, é ele! – sussurrei.

— O garoto-do-sorvete?

Fiz que sim com a cabeça.

— Ei! Garoto-do... — gritou Clare, sendo interrompida por mim.

A atenção no garoto atrasado acabou, e os olhos estavam virados agora para mim e Clare. Eu estava ficando sem graça.

— Desculpa professora, Clare não comeu hoje, está delirando!

A professora pareceu não ligar, e voltou ao clichê.

Meus olhos se oscilavam entre Clare, e o garoto, que sentou no fundo da fila do lado. Ele me pegou enquanto olhava e sorriu de novo. Por quê? Por que aquele sorriso era tão perfeito? Os traços dele eram milimetricamente desenhados. “Dave, acorde, é só um sorriso!”

A aula então foi prosseguindo, a chatice de Catherine me dava sono. Tudo foi interrompido por uma bolinha de papel, bem na minha nuca. Já ia tentar descobrir quem tinha jogado em mim, até que me virei, ele estava sorrindo. Abri a bolinha de papel e li: “Dave, eu sou Alex”.

Olhei para a trás e sorri pra ele, que fez o mesmo. Eu fiquei uns segundos olhando para a trás preso na imagem de seus lábios numa curva, quase perfeita.

— Senhor William!

Minha linha de pensamento foi cortada, a voz esganiçada de Catherine me chamou atenção.

— Olhe para frente!

Odiava mais ainda ela agora, maldita, interrompendo meu devaneio.

As outras aulas foram normais, Clare estava percebendo que eu olhava alucinadamente para trás, durante as mesmas. Quando nós saímos, ela me importunou.

— Você está caidasso Dave, que lindo. — o brilho nos olhos dela era quase irritante, o jeito que ela falava também.

— Oi? Eu? Por quem? Quem te disse que eu to caído pelo garoto-do... Pelo Alex!?

— Tá vendo, nem precisei falar você acabou de se entregar.

Naquele momento fiquei roxo de vergonha, tinha caído no truque dela, maldita Clare. Eu realmente estaria caído por um garoto que mal conheço direito? Será que apenas seu sorriso impulsionou tudo isso?

Clare foi embora e eu fiquei por ali, nos arredores da escola com meu Pôr do Sol na mão, aquele livro era minha vida! Pra minha surpresa: Alex estava lá! Eu acenei e fui até ele.

— Me desculpe, Dave. Ontem eu saí sem falar nada.

— Não precisa se desculpar. — disse num tom compreensivo. Fiz um suave movimento guardando meu livro na mochila.

— Pôr do Sol!? Eu estou louco por esse livro!

— Eu já li ele quatro vezes. — acho que ele percebeu meus olhos brilhando. —Quer ele emprestado?

Ele fez que sim com a cabeça. Entreguei o livro pra ele, por um momento, nossas mãos se tocaram. Pareceu bobo, mas o toque de leve da sua mão na minha, permaneceu salvo na minha memória tátil. Começamos a falar sobre o livro. Eu não consegui parar de olhar para seus lábios, estranhei minha súbita vontade de beijá-los. É oficialmente: Dave William, você está caído por Alex, o garoto do sorriso, ou “garoto-do-sorvete”.

O telefone dele tocou, sua expressão mudou.

— Alô? ... O que? ... Você não pode fazer isso! ... Por telefone ainda? ... Não significo nada? — ele proferiu essas palavras, as lágrimas escorriam de seus olhos, ele parecia nervoso, triste, abalado e arrasado.

— Alex, você ta bem? O que aconteceu?

Ele estava muito abalado. Não parou de chorar, eu estava paralisado vendo toda aquela cena. Então ele se virou.

— Até depois Dave... — ele disse, num tom de choro.

— Meu número está no livro... — disse. — se quiser me ligar... E conversar.

Eu pus a mão em seu ombro, mas ele recuou em silencio e foi embora, me deixando lá o observando enquanto ele ia.


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