O Sonho

"Quando eu te abraço, meus braços conseguem segurar o mundo. Pois meu mundo é você".

Edward Cullen.

Terceiro Capítulo

O sol estava a pino,enchendo de luz a pequena clareira perfeitamente redonda e cheia de flores silvestres violetas,amarelas e de um branco delicado.Ao longe era possível ouvir a música borbulhante de um riacho.Adentrei na campina com os pés descalços pisando na relva macia com passos lentos e tranquilos,meu longo vestido branco arrastava-se atrás de mim acompanhando meus movimentos.A suave brisa do vento balançava meus cabelos castanhos levemente,sentei-me na relva para depois,então,deitar meu corpo e relaxar sob a sensação confortante dos raios solares.

Não sei ao certo quanto tempo passou-se,somente acordei quando as primeiras sombras apareceram na campina anunciando o fim do dia e o começo do crepúsculo novamente.A sensação de estar sendo observada alojou-se no meu corpo,pus-me de pé com o coração aos pulos dentro do meu peito.Virei-me para os lados procurando com um súbito sobressalto.

Por fim,encontrei olhos verdes que fitavam fixamente o meus.

Na parte mais escura da clareira,em meios as sombras das imensas árvores apenas conseguia distingui a forma de um belo homem pálido de olhos verdes indescifráveis que me olhava intensamente.

–Quem é você?-Minha voz saiu rouca e baixa.

Não houve nenhuma resposta para minha pergunta.O estranho apenas deixou um sorriso torto conhecido surgisse em seu rosto perfeito.Ficamos nos encarando em silêncio por pareceu infinitas horas seguidas,nenhum de nós dois ousamos a quebrar nossa conexão.

–Me diga quem é você,por favor-Pedi novamente.

–Você sabe quem sou eu,Renesmee-Ele tornara a sorrir torto-Eu sempre estive com você deste o seu primeiro suspiro nesse mundo de mortais e imortais,meu amor.

–Eu não compreendo-Confessei dando um passo na sua direção.

–Por favor,não se aproxime-Pediu ele.

–Por que...?-Minha voz saiu em um sussurro.

–Porque esse não é o momento certo,pequena-Ele respondeu desaparecendo aos poucos como uma miragem diante de meus olhos.

De repente,eu já não me encontrava mais na campina ensolarada e cheia de cores,e sim,em um lugar mórbido e frio.O desespero começou a crescer dentro de mim e a vontade insana de sair daquele lugar tornou-se demasiadamente grande.E a necessidade de encontra-lo maior ainda.Utilizando-me de uma das ‘’vantagem’’ de ser meia imortal,comecei a correr por entre as árvores tentando encontrar uma luz,a minha saída da escuridão.Tudo ao meu redor virou apenas um borrão de verde e preto enquanto meu corpo se movia com velocidade pelas árvores centenárias.Fora,então,que algo aterrorizante me fez parar no meio da floresta e encarar entorpecida a cena bem diante dos meus olhos castanhos.

Meu irmão estava agachado no chão úmido e segurava o corpo sem vida de uma mulher,bebendo avidamente o sangue humano.O ofego baixo,que escarpou por entre meus lábios entreabertos,fora o suficiente para faze-lo parar e ergue a cabeça,enquanto seus olhos vermelhos fitava os meus completamente surpresos.

–Renesmee?

–Seus olhos...Eles estão vermelhos-Gaguejei-Eu não entendo porque você fez isso-Murmurei dando alguns passos para trás.Eu estava com medo dele,do meu amado irmão.

–Por favor,Renesmee,espere-Pediu.

–Não,Anthony-Gritei.

Sentei-me na minha cama de casal,ofegante e desorientada.O suor escorria pela minha pele e grudava os fios dos meus cabelos acobreados pelo caminho,ensopando minhas roupas e o lençol.Respirei fundo algumas vezes,tentando acalmar meu coração,que galopava furiosamente dentro do meu peito.Por um instante olhei de relance para o relógio digital sobre o criado mudo de madeira branca ao lado da cama e constatei que ainda eram 2:00 da madrugada.Apurei minha adição enquanto escutava qualquer movimentação dos outros na mansão,pude perceber que nenhum deles haviam chegados da caçada.

Então,estava somente ele e eu em casa.Sozinhos.Enquanto,a chuva continuava a cair como um verdadeiro diluvio sobre Cameron.

O sonho parecia tão real.Eu ainda podia sentir o medo correndo por minhas veias,paralisando-me como um presa indefesa.A única vez,que provei sangue humano,fora quando bebe e nunca mais entrei em contato com algo parecido.Entretanto,ve-lo se alimentado de um humano fora aterrorizante e surreal,e me machucou muito,porque aquele não era o meu Anthony.

Nesse momento tomei uma decisão,que mais tarde eu poderia me arrepender,mas no momento era que meu corpo e coração pediam com uma necessidade crescente.

Esse momento poderia ser considerado clichê,em que a razão luta contra a emoção.E eu já sabia quem venceria aquela disputa tola.

Joguei as cobertas para o lado e sai da cama decidida de ir até ele.Bastava apenas abrir a porta do meu quarto e do dele,e eu já estaria ao lado dele novamente e agora sem discussões.E foi o que eu fiz.

Abri levemente a porta do quarto de Anthony e coloquei minha cabeça para dentro,e encontrei algo que um sorriso verdadeiro surgisse em meus lábios.Meu irmão dormia lindamente esparramado na cama dele,enquanto uma perna estava pendida para o lado de fora e o braço musculoso cobria o rosto de mármore perfeito.Fechei-a trás de mim com um baque suave e caminhei para perto dele.Estanquei no meu lugar na medida que meus olhos percorriam o corpo dele,somente coberto pela cueca boxer azul marinho,com um desejo ardente tomando conta do meu ser de uma maneira inexplicável e soube naquele momento,que não importasse o que houvesse,eu lutaria por ele com todas as minhas forças.Mesmo não sabendo como,apenas sabia que o ama mais que tudo.Até mesmo que a minha própria vida.

Engatinhei sobre a cama e parei,sentando-me de pernas cruzadas ao lado de Anthony e observava-o encantada com a beleza dele.Uma das características de um vampiro é a beleza surreal,mas ele consegue ir além de uma mera comparação dessas.

Levei uma mão ao seu rosto e afaguei a bochecha avermelhada.Com a pontas dos meus dedos fiz um caminho imaginário por toda a extensão da pele pálida e quente,parando-me para apreciar a textura dos fios desgrenhados e castanhos do cabelo de Anthony.

Eu estava tão distraída fazendo carinhos nos fios marrons,que levei um susto quando percebi que Anthony estava acordado e me fitava com as esmeraldas intensamente.

–Oi-Sorri levemente ainda acariciando-o-Desculpe,eu não queria te acordar.

–Você não me acordou-Disse com a voz rouca-E para ser sincero não esperava vê-la aqui.Não agora.

–Desculpe-Murmurei tirando minha mão dos cabelos dele e virando-me para ir embora,sentindo minhas bochechas coradas de vergonha.

–Não.Por favor,fique.Não vá,pequena-Pediu parecendo desesparado enquanto sua mão envolvia meu pulso,na tentativa de me deter.

–Mas...-Comecei a falar.

–Fique-Pediu novamente-Durma aqui comigo essa noite,como nos velhos tempos,Renesmee.

–Thony-Sussurrei olhando nos olhos dele.

–Por favor,amor.

Se fosse em qualquer outro momento,eu teria indagado o motivo dele ter me chamado de amor.Porém,esse não é o momento certo.

Soltei um suspiro de derrota e deitei-me no espaço vago ao lado de Anthony na cama.Ele deitou-se também e virou-se de frente para mim,enquanto sua mão avançava o pequeno espaço entre nossos corpos e pousava-a carinhosamente no meu rosto.

–Eu te amo,Renesmee-Declarou-Você não imagina o quanto.

Fechei meus olhos apreciando a sensação quente e gostosa,que as palavras dele causaram no meu corpo.Porque ele também me ama,assim do mesmo modo que eu o amo.

–Te amo na mesma intensamente,que você me ama-Sussurrei abrindo meus olhos novamente e encarando-o-Amo mais que tudo.

Anthony apenas sorriu me puxando para deitar com a cabeça no peito forte dele e passou o braço por minha cintura.Posei minha cabeça sobre o coração do meu irmão,ouvindo-o bater como asas de um colibri.Fechei meus olhos e permiti que a inconsciência me levasse para o mundo dos sonhos novamente.Mas,espero que desta vez sem pesadelos.

Ainda pude sentir seus lábios quente encostarem na minha testa,em um beijo cálido.

"Antes de você, minha vida era como uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam estrelas, pontos de luz e de razão. E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver estrelas. E não havia mais razão para nada."

Edward Cullen.