O Jogo De Sentimentos

‘’Quem já ousou alguma vez dizer na vida que manda no próprio coração...Essa pessoa nunca conheceu o verdadeiro significado palavra amor.’’

Segundo Capítulo

Eu estava sentada em um dos últimos galhos da ponta do pinheiro,observando cada membro da minha família espalhados pelo campo aberto ao pé das montanhas gélidas de Cameron,cada um ocupado com sua própria atividade.Os mais próximos de mim eram vó Esme,Rosalie e Emmett sentados em algumas rochas perto de samambaias altas,molhadas e lamacentas.

Do outro lado do campos,Alice e Jasper treinavam entre si jogando a bola,e pela alta velocidade era quase impossível vê-la.Uns quinhentos metros mais a frente meu pai sentado numa rocha com mamãe no colo,trocando carinhos e conversavam em meios aos sussurros apaixonados.Anthony e vô Carlisle preparavam as bases,dando os últimos ajustes do nosso jogo.

Sentimentos que a tempos eu havia guardado no fundo do meu coração,trancanfiando-os a sete chaves,estavam vindo à tona novamente.Era agonizante a forma que meu peito se apertava em todas as vezes,que o olhava desejando tê-lo para mim de maneira errada e imoral.Foram as incontáveis noites em que dormir chorando,sendo obrigada a sufocar minhas próprias lagrimas e o grito de desespero preso na minha garganta contra o travesseiro,com medo de alarmar família e ter que responder perguntas das quais eu nunca teria resposta.

Inconscientemente,minha decisão já fora tomada.Se fosse necessário eu iria embora por algumas décadas,porque as vezes a distância será a melhor solução.

–Está na hora-A voz de sino de Alice anunciou sendo seguida de um estrondo grave de trovão,que sacudiu a floresta.

–Pronta para um verdadeiro jogo de beisebol?-Perguntou Anthony parecendo repentinamente debaixo do pinheiro.

–Sim-Respondi pulando do galho e pousando suavemente ao seu lado.

–Vamos logo,monstrinhos-Gritou Emmett,desnecessariamente,sacudindo o bastão do outro lado do campo.

–Eu faço a arbitragem-Disse vó Esme parada a beira do campo-E nada de discussões e eu quero jogo limpo.

Eu estava na parte esquerda do campo,papai entre a primeira e segunda bases,e Alice segurava a bola posicionada na posição de lançador.Emmett assumira sua posição de batedor e Jasper estava alguns metros atrás dele,pegando para a outra equipe.

–Peguem leve com meus filhos-Murmurou mamãe do lado de vó Esme.Nem depois da transformação dela os esportes passaram a ser um de seus hobbys mais apreciados,pelo contrário,ela preferia a continuar como telespectadora à jogadora.

–Mãe-Protestou Anthony sacudindo a cabeça negativamente e sorrindo torto.

Alice segurava a bola com as duas mãos na altura da cintura e depois lançou-a com a direita,que bateu na de Jasper.Ele devolveu a bola para ela,que sorrindo brevemente jogou-a novamente.Desta vez,o bastão fora rápido o suficiente para tirá-la do seu percurso,provocando um estrondo espetacular,e fazendo-a voar para a floresta.Percebi a movimentação de Emmett pelas as bases e Carlisle lhe fazendo sombra.

–Fora-Gritou vó Esme.

Sem perder mais tempo,disparei para dentro da floresta atrás da bola.Utilizei uma rocha para impulsionar meu corpo para a frente e com uma pirueta no ar peguei a bola antes que Emmett conseguisse alcança-la.E por um momento de distração ele teve o corpo gigante amortecido pela a árvore na queda do nosso encontro e por não suporta o impacto,ela quebrou no meio.

–Não foi dessa vez,Emmett-Zombei sorrindo e balançando a bola para ele.

–Você roubou,Renesmee-Disse ele carrancudo enquanto voltava para sua posição original.

–Negativo,Emm-Explicou Anthony parado ao lado de mamãe,seu braço direito descansava carinhosamente sobre os ombros dela –Você bateu com mais força,porém Renesmee corre mais rápido.

Jasper tentando evitar minha quase infalível devolução,bateu a bola para Carlisle,que correu atrás dela e esbarrou em Jasper na primeira base causando um forte choque entre os dois.

–Salva-Gritou vó Esme sorrindo.

–É sua vez,Thony-Murmurou vô Carlisle saindo do campo e passando a vez para meu irmão-Estou ficando velho para certas estripulias.

Recomeçamos o jogo com a entrada de Anthony.Rosalie conseguiu correr pelas as bases depois de seguir um dos longos voos de Emmett e pela terceira vez peguei a bola fora.Continuei jogando a bola baixa,tentando mantê-la fora do alcance da mão ligeira de Rosalie e conseguindo a proeza de conquistar duas bases antes,que Emmett pudesse recolocar a bola em jogo.Meu irmão bateu uma bola tão longe do campo fazendo-a voar longamente,e o som do impacto soou mais forte e alto que o próprio trovão,fazendo a nós dois correr atrás dela.

Constantemente,o placar mudava no decorrer do jogo e isso causava a alternância da liderança,que resultava em implicância e principio de discussões acaloradas entre nós.E todas as vezes,vó Esme intervia e nos chamava a atenção.

(...)

Abri meus olhos castanhos e expirei profundamente o ar molhado da floresta,capiturando o cheiro quente e agradável de algum animal por perto.Disparei por entre as árvores,adquirindo uma postura de caça,escalei um cedro e utilizando os galhos como alavanca eu pulava entre eles com facilidade.Em com um último salto posei suavemente no galho de um grande e envelhecido pinheiro,um sorriso contente apoderou-se do meu rosto quando minha presa entrou no meu campo de visão.Alguns metros abaixo onde eu estava agachada,um grande puma olhava fixamente para o chão;o felino também caçava.O pequeno e indefeso coelho branco alimentava-se complemante desprotegido entre os arbustos verde escuro.

Sem pensar muito,pulei no mesmo galho do puma,que se virou de frente para mim rosnando e mostrando as presas afiadas.Sentindo minha garganta arder e ficar ainda mais seca,lancei-me contra ele e derrubando a nós dois no chão úmido da floresta.Minhas mandíbulas se fecharam facilmente no ponto quente do pescoço do felino.Rapidamente,meus dentes cortaram o pelo,a gordura e os tendões,e em seguida o tão conhecido e prazeroso sabor do sangue quente escorregou por minha garganta em chamas,aplacando a queimação e sede.

Aos poucos,os urros e rosnados do puma tornaram-se quase inexistente,suas garras pontiagudas já não faziam nenhum efeito nas tentativas débil de rasgar minha pele impenetrável e o único resultado fora na minha blusa branca de mangas longas,que ficara em farrapos na frente e deixando a pele pálida da minha barriga à mostra.

Em questão de minutos,o sangue esvaiu-se do corpo do felino e deixando apenas a carcaça vazia em meus braços,ao menos minha sede havia sido saciada.Pus-me de pé em um movimento rápido e com um único chute lancei o corpo do puma sem vida para debaixo da alguns arbustos.Passei os dedos pelo meu cabelo acobreados tentando arrumá-los novamente na trança,que mamãe fizera nele antes do jogo de beisebol.Suspirei frustrada pela minha em vã tentativa e tirei algumas folhas acompanhada de pequenos pedaços de galhos que estavam encrustados nos cachos.

–Talvez,nem a própria Mya conseguiria tal proeza igual a sua,Renesmee-Disse uma voz conhecida.

Ergui minha cabeça e encontrei Anthony encostado despreocupadamente me fitando no troco de uma árvore antiga,seus olhos verdes dançavam por meu corpo e pararam na minha barriga exposta.Instantaneamente,senti minhas bochechas ficarem mais quentes que o normal.

–Certas coisas nem mesmo os anos serão capazes de mudar.E vai ver,meu jeito de caçar esteja incluído nesse conceito também-Respondi sorrindo sem graça e dando de ombros.

–Você pode estar certa-Murmurou zombeteiro enquanto ainda me olhava-E eu adorei o novo estilo da sua blusa,porque a visão ficou bem melhor assim-Completou sorrindo torto e de certa forma chegava ser um sorriso malicioso.

Troquei o peso de perna sentindo-me pela a primeira vez desconfortável e envergonhada na presença dele.Torci o nariz procurando mentalmente um novo tópico de assunto para nós dois.

–Eles estão felizes por você ter voltado-Murmurei baixinho e o olhando novamente-Nunca vi mamãe tão radiante como ela está agora.

–Ainda me sinto culpado por ter ido-Respondeu-me assumindo uma postura séria.

Franzi as sobrancelhas,confusa.

–Então,por que foi?Ainda não consigo compreender seus motivos.As vezes tenho quase a convicção que você agiu por puro próprio egoísmo.Você foi leviano,Anthony-Acusei-o sem pensar.

Seu rosto ficou mais severo,os olhos verdes esmeraldas estreitaram-se quando ele me olhou intensamente e os lábios formaram um linha dura.

–Você não sabe de nada,Renesmee-Sibilou cruzando os braços fortes rente ao peito levemente musculoso.

Aquela foi a última gota d’agua que faltava para o copo transbordar.

–E por que você nunca diz nada?Sempre vivendo preso na sua própria bolha de mistério,e se como não bastasse,nos últimos meses vinha me tratando de forma estranha e do nada resolveu viajar,ficando um ano fora.E agora me diz Anthony:que droga está havendo?-Explodi gritando-Porque sinceramente,eu não sei o que está acontecendo-Passei as mãos por minhas bochechas tentando limpar as lagrimas,que agora escorriam livremente por meu rosto-Merda,você não ver o quão suas atitudes me machucam?Isso me destrói por dentro-Funguei abaixando minha cabeça e encarando o chão.

Senti suas mãos mornas tocarem meu rosto,me obrigando a olhar dentro dos olhos que tanto amo e que inúmeras vezes também fora minha ruína.Com a pontas dos dedos,ele passou por minhas bochechas molhadas enquanto limpava os vestígios de lagrimas e sussurrou com voz de veludo amorosamente:

–Quando,liguei para mamãe contando que voltaria,eu havia tomado uma...decisão-Interrompeu a si próprio e respirou fundo-Decidi que faria as coisas diferente desta vez e não fugiria mais,não dessa vez como fiz a um ano atrás.Não me importando com as consequências das minhas atitudes.

Fitei seu rosto perfeito tentando processar suas palavras e tirar a essência delas.

–Não entendi-Confessei.

Ele deu um sorriso torto.

–Porque esse não é o momento certo,pequena-Sussurrou me abraçando apertado.

Afundei meu rosto contra seu peito e sentindo o perfume dele invadir meu organismo enquanto abraçava-o pela cintura fortemente,como se minha existência dependesse disso.E algo no meu coração gritava para mim,que eu havia compreendido muito bem suas palavras.

Porque,talvez,ainda haveria uma possibilidade de meus sentimentos serem reciproco.

(...)

O jato de água quente do chuveiro escorria pelos os músculos tensos da minhas costas,me trazendo consigo a sensação relaxante da qual eu precisava com urgência.Encostei a testa contra a cerâmica branca e fria do meu imenso banheiro,fechando meus olhos,enfim,permitindo que a lembrança das palavras de Anthony surgissem novamente na minha cabeça.

Porque esse não e o momento certo,essa frase repetia-se como um mantra agorento na minha cabeça e no momento eu não me permitia enxergar com clareza a resposta nas entrelinhas,pois no fundo a resposta já estava clara.Desistindo de ficar remoendo nossa última conversa,desliguei o chuveiro e puxei a toalha cinza felpuda do suporte em seguida enrolando-a no meu pequeno corpo e enxuguei-me.Vesti apenas uma calcinha de algodão acompanhado do meus shorts curtos de dormir e a inseparável camiseta de alças finas.Com a toalha ainda enrolada no meu cabelo sai do banheiro e dando de cara com Anthony deitado confortavelmente na minha cama,apenas de calça de moletom e o peito desnudo.

–O que faz aqui?-Perguntei me recuperando do susto e caminhando até a minha penteadeira,onde peguei a escova e começando a desfazer os nos dos fios acobreados.

–Nada-Ele respondeu sorrindo enquanto colocava as mãos atrás da cabeça.

Arquei uma sobrancelha desdenhosa ainda o fitando.

–Nada?-Murmurei sarcástica-Então,vá fazer nada no seu quarto ou se preferir em outro lugar,mas de preferencia não no meu quarto.

–Arisca-Murmurou rindo e depois sentou-se na minha cama encarando-me seriamente-O que houve Carlie?Você não era assim.

–Nada-Repeti suas palavras-E muita coisa muda em um ano.

Ele pareceu frustrado com minha resposta,pois esfregou as palmas mãos no rosto algumas vezes.

–Assim,você só complica as coisas.

–Complicar o que?-Ri sem humor-Sinto lhe informar,mas as coisas já estão complicadas.

Caímos em um silencio mórbido dentro do meu quarto.Desviei meus olhos do Adônis pensativo sentado sobre a cama e foquei no vidro da porta da sacada do quarto vendo a escuridão da floresta através dele.A chuva torrencial caia fortemente no lado de fora da mansão e fora que um pensamento me ocorreu.

–Aonde estão todos?-Me ouvir perguntando de repente e quebrando o silêncio.

–Caçando,menos vô Carlisle que recebeu uma chamada urgente do hospital-Respondeu ele encontrando meu olhar na meia luz do quarto.

Fiz uma careta.

–Caçando nessa tempestade?

–Tio Emm disse algo como sendo o momento perfeito para uma boa caça e uma disputa entre eles na floresta,vó Esme foi junto para mantê-los na linha-Explicou sorrindo levemente.

–Eu não acredito que eles me deixaram para trás-Murmurei para mim mesma franzindo o cenho.

–Nós deixaram para trás-Corrigiu-me automaticamente-E mamãe também falou que tínhamos que dormir e amanhã haverá aulas.

–Hmmm-Resmunguei colocando a escova sobre a madeira branca da penteadeira e tentando ignorar a presença forte dele.

De repente,mãos fortes seguraram meus braços me forçando a virar de frente para meu irmão,que me fitava com expressão confusa e os olhos verdes estavam tristes.

–Me conte o que houve,Renesmee-Pediu segurando meu rosto entre as mãos quentes.

–Nada.Não aconteceu exatamente nada-Menti.

–Eu te conheço melhor que qualquer pessoa nesse mundo,até mesmo melhor que nossos pais,pequena.Então o que houve?-Sussurrou insistindo novamente.

–Anthony,por favor,vá embora e me deixe dormir-Pedi desviando meus olhos,não querendo olhar dentro das esmeraldas dele.

–Pequena...

–Por favor,Thony.

–Tudo bem-Concordou tirando as mãos do meu rosto-Mas,nossa conversa não acabou aqui,Renesmee-Ele disse saindo do quarto e fechando rudemente a porta atrás de si.

–Pelo contrário,Anthony,essa conversa nem deveria ter começado-Sussurrei para o vazio sentindo as lagrimas quentes escorrerem pelas minhas bochechas.