Depois de resolver tudo com o Sasuke, eu percebi que não havia mais nada para mim fazer naquela festa. Queria ir logo pra casa. Quer dizer, pra casa de Ino, já que Lee ia com certeza bloquear meu caminho pra casa!

— Melhor eu ir embora, talvez a Ino esteja precisando de mim. – Eu disse para Itachi.

— Acho melhor você não ir, talvez ela esteja precisando ficar um tempo sozinha.

— Tudo bem, mas eu vou embora porque o motorista está me esperando.

— Tudo bem então, amanhã passo na empresa para resolver as coisas.

— Obrigado Itachi, tchau. – Eu o abracei e fui embora dali — “Vejamos, era para o motorista está… Droga, eu esqueci que ele deve ter levado a Ino, como eu sou burra de não ter notado. Vou ligar para algum táxi.” — Pode me chamar de louca, mas eu liguei pra todos os taxis da minha agenda telefônica, senão para todos os da cidade! Suspirei quando percebi que tava realmente difícil voltar pra casa hoje!

Foi ai que um carro preto parou bem na minha frente e abriu a janela

— Precisa de uma carona? — Aquela voz reconhecível só poderia de...

— Sasuke! — eu revirei os olhos — Não se preocupa, eu peço pra alguém vir me pegar — Posso ter sido rude, mas eu não queria entrar naquele carro.

— Vamos, entra logo no carro Sakura, é caminho! — Sasuke insistiu. Eu parei de mexer em meu celular e o olhei.

— Como assim é caminho? Você não sabe onde eu moro! — eu dei risada

— Não mas eu sei que vai pra casa de Ino! — Como ele sabia disso? Enfim, uma coisa era verdade naquele momento, alguém ainda demoraria muito tempo pra vir me buscar e Sasuke estava me oferecendo carona. Por fim eu resolvi deixar o pré-conceito por Sasuke de lado e enfim entrar naquele carro.

— Obrigada, mas não precisa! — eu fiz questão de falar mesmo já dentro do carro.

— Eu insisto — ele deu a partida e começou a andar pelas ruas a caminho da casa de Ino. Eu liguei o rádio de tava tocando Speak Now (Taylor Swift). Eu gostei da musica, mas Sasuke trocou de estação pra uma que tocava um rock pesado, acho que era Marilyn Monroe. Eu troquei novamente pra Taylor e ele pra Marilyn e fizemos isso até eu encher e aumentar o volume do radio com tudo na minha radio! — Tudo bem! Eu desisto! — ele gritou e eu dei um sorriso vitorioso. Pude vê-lo revirar os olhos pelo retrovisor e eu dei risada — O que houve para você está sozinha na rua? É perigoso andar sozinha essa hora...

— A Ino levou o motorista com ela, mas ela foi embora por motivos pessoais e nenhum taxi tava disponível.

— Que motivos?

— Ex-namorado — eu dei de ombros e ele logo percebeu que não queria falar sobre aquilo — Aliás é melhor eu ir pra minha casa, o Itachi mesmo disse que ela precisava ficar sozinha, então...

— E onde é que você mora?

— Eu moro no litoral de Los Angeles, em Downtown.

— Tudo bem, rumo a Los Angeles!

Dez ou quinze minutos depois Sasuke parou o carro em frente a minha casa com uma ajuda minha. Nós não conversamos muitos de outros assuntos além de como chamar minha casa, mas contei que tinha 21 anos e era estrangeira.

— Esta entregue! — Sasuke brincou fazendo uma cortesia para e mim e eu abri a porta do carro e sai. Eu me virei para ir embora, porém eu dei a volta no carro e fui até a janela dele.

— Obrigada! — Dei um beijo em seu rosto enquanto prendia sua cabeça com minhas mãos. Eu dei um sorriso e logo parei na frente de minha casa enquanto via ir embora. Segundos depois, cai na realidade e percebi: O que eu havia feito?!

Entrei em minha casa e bati a porta, trancando-a e, logo após, eu me analisei e ao vestido que Ino havia me dado. Diziam que roxo ficava bem em mim, mas eu nunca acreditei. Agora achava que era verdade. Sorri e ri com meus próprios pensamentos.

— Sakura sua doida! Que que você ta fazendo aqui?! — eu ouvi uma voz reconhecível. Era Hinata, a minha melhor amiga. Hinata geralmente era meiga, tímida e sua voz saia inaudível as vezes. Porém ela conseguia gritar bem alto às vezes.

— Ah eu esqueci, a Ino foi embora e eu fiquei sozinha — Dei de ombros e só agora percebi algo estranho — Peraí, como você entrou aqui?

— Eu lembrei que a chave do seu portão ficava no meio daquelas plantas lá na frente, e sua porta estava aberta — ela me respondeu. Eu deveria esconder melhor meus esconderijos ao invés de baseá-los nos filmes.

— Acho que eu esqueci quando sai de casa...

— Você não esqueceu, eu mesmo abri — Eu ouvi aquela voz ecoar pelo cômodo. Pisquei algumas vezes e me belisquei, aquilo tinha que ser um sonho. Virei e vi ele bem em minha frente.

— O que você esta fazendo aqui? — Eu disse forte enquanto estava a sua frente. Ela Lee. Minha face estava séria, uma mistura de raiva e ironia, mas nada de tristeza, ele não merecia mais lagrimas.

— Eu estranhei ele ter ido embora de repente. Sabia que ele ia voltar! — Hinata tentou explicar. Realmente não achava que ela tinha algo haver com a chegada misteriosa dele ali.

— Cala a boca Hinata! Saia daqui que eu quero ficar sozinha com Sakura! — ele gritou com a minha amiga. Naquele momento eu tive uma enorme vontade de lhe dar um forte tapa na cara, mas pouparia Hinata de uma cena daquelas...

— Pode deixar Hinata, me espere na cozinha — eu pedi e, mesmo relutante, ela atendeu ao meu pedido, se dirigindo para a cozinha.

— Qualquer coisa é só gritar! – Hinata falou, dando olhares e mais olhares de raiva e desconfiança para Lee.

Sozinhos. Estavamos sozinhos naquela minha humilde sala de estar. Com um minuto de silêncio desde que Hinata saiu, eu já havia pensado em milhares coisas, desde de quebrar um vaso a minha esquerda na sua cabeça, até trancar todas as portas e janelas, acender o gás e colocar fogo em tudo. É eu podia ser bem maluca ás vezes...

— Meu amor... — ele disse de repente enquanto me abraçava. Eu não aceitei e logo dei um chute em seu pé e o empurrei para longe — Ficou louca, Sakura?!

— O que você quer criatura do demônio? — eu perguntei e pude ver a raiva em seus olhos.

— Eu estava sentindo sua falta!

— Falta do meu dinheiro? Ah é, você roubou tudo! — eu disse, desviando o olhar dele.

— Eu não roubei você que me deu.

— Seu sujo, o que você quer comigo?! — fui logo ao assunto.

— Eu sei muito bem que você está com dificuldades financeiramente, e eu como seu namorado quero te ajudar...

— Você não é meu namorado! — Eu disparei. Cometi o pecado de ser namorada desse monstro uma vez, e nunca mais seria!

— Bom, se é assim que você prefere. Mas vamos falar do trato. Eu pago a sua hipoteca, te alimento e não deixo nada faltar para você! — ele me propôs.

— E em troca... — Eu sabia que nada viria de graça de Lee.

— Em troca você me deixa tirar sua pureza. Como você sabe, ainda não pude aproveitar isso de você... — ele fez uma cara maliciosa. Nojento. Eu simplesmente achava que aquilo era nojento!

— Seu nojento! Se quer uma escrava porque não liga pras suas “amigas”? — Hinata havia me contado as companhias de Lee depois de terminarmos, talvez até durante. Depois daquela eu decidi nunca mais voltar com ele.

— Simples, eu quero ter o seu corpo a hora que eu quiser me satisfazer.

— E por acaso você não tem coração ou liga pros meus sentimentos seu monstro?!

— E por acaso isso vai me satisfazer? Não! Então para de tentar ser a virgem que quer casar cedo!

— Idiota! Se for perder a virgindade algum dia não será com você! — eu disse. Apesar de tudo, eu tinha meus princípios. Não deixaria que Lee me usasse apenas pros seus desejos — Não!

— O que? — ele ficou com a boca no chão!

— Não! Eu tenho princípios! Eu não vou aceitar um trato nojento e que vai contra todos os meus princípios!

— Olha bem pra mim e pra você Sakura! — ele disse. Ele estava todo elegante com roupas de marca, enquanto eu estava com uma roupa que a minha chefe havia me dado. Apesar de ser um vestido lindo, não era meu — Eu vou fazer você ser despejada dessa casa e você acha que alguém alugará uma casa para uma pessoa que tem uma hipoteca atrasada e sem dinheiro para pagar? Vou te deixar desempregada e ainda vou fazer você ser reprovada na faculdade. Você simplesmente vai ficar sem nada!

Eu não acreditava naquilo. Além de roubar todo o meu dinheiro e me deixar lisa sem nada para me sustentar ele ainda queria mais do meu sofrimento? Lee realmente queria me ver por baixo, mas ele não veria. Eu segurei qualquer cara de tristeza ou lagrima que pudesse querer sair e mantive minha pose firme. Porém, se falasse algo, sabia que seria com voz de choro...

— Pense e depois volto para saber sua resposta. Adeus. – ele tenta beijar minha testa, mas eu desvio de tal aborrecimento e ele vai embora. Logo, Hinata aparece na sala, provavelmente havia ouvido tudo!

— O que foi Sakura? — Hinata perguntou pra mim, e eu fui direto abraçá-la, finalmente chorando.

— Ele é um monstro, Hinata! No final das contas ele só me quer pelo fato de eu ser virgem! E...

— Fica calma, tudo vai dar certo. Vamos, vou dormir contigo hoje

Após isso, nós duas subimos para o quarto e eu fui para o banho, deixando com que a água fria refrescasse os meus pensamentos. Por um lado, eu não poderia voltar para o Lee e me tornar a “escrava” dele depois de toda a nossa história. Contudo, ficar sem emprego e sem casa também não era nada atrante para mim. Eu poderia até pedir um aumento para Ino, mas duvido que isso poderia quitar todas as minhas dividas...

Ao sair do banho, eu coloquei um short azul e uma camiseta antiga para dormir. Vi Hinata na minha cama vendo o meu vestido enquanto tocava no mesmo.

— Por que você não vende esse vestido? Alguém poderia pagar uma nota por ele! — Hinata sugeriu. Eu cheguei perto dela, inicialmente considerei mas...

— Não — eu falei — Não esse vestido foi presente da Ino, eu tenho muita consideração por ela e além disso ele é...

— Lindo! — ela tirou as palavras da minha boca.

— Isso! — eu concordei, dando um leve sorriso ao tocar naquela peça — Boa noite, Hinata! — eu disse, entrando de baixo das cobertas.

— Boa noite! — ela fez o mesmo e apagou a luz. Com isso, nós duas logo pegamos no sono

Aquela noite se passou rapidamente. Mas rápido do que eu queria... Sabe quando os sonhos podem ser mais encantadores e belos que a realidade? Pois é, eu estava num momento daqueles. Vamos combinar, a minha realidade não estava atual tão boa quanto eu desejava. Meu sonho de ser médica estava por um triz de ir por água a baixo e meu lar prestes a ser tomado. Além disso, a minha amorosa era uma das piores, com um ex-louco tentando me chantagear... Será que aqueles príncipes encantados montados em um cavalo branco existem?

— Bom dia! — eu falei, chegando a cozinha e senti um cheiro delicioso que me deu água na boca.

— Bom dia, Sakura! Eu já ia te chamar, acabei de terminar o café...

— Obrigada, Hinata! Mas não precisava! — eu agradeci. Hinata realmente era uma amiga de ouro.

— Mas eu fiz questão de fazer, afinal você vai ter um dia cheio: faculdade e depois o emprego — ela falou. As vezes eu acho que as melhores coisas que tinha conquistado na vida foram os meus amigos. Hinata sempre ajudava e dava apoio quando eu mais precisava, Ino me deu um emprego e me chamou para os Estados Unidos quando meus pais morreram, e Henrique já me ajudou muito pagando minha conta na lanchonete para que eu não passasse fome. Com esses pensamentos, eu senti como se meu coração começasse a chorar — Panquecas? — ela perguntou

— Claro! — Eu respondi, me sentando a mesa e sendo servida pela minha amiga com um sorriso. Conversamos um pouco enquanto saboreávamos as deliciosas panquecas de Hinata, ela era uma cozinheira de mão cheia. Meu café foi interrompido quando eu ouvi o meu toque de celular. Tell Her (Jessie McCartney), a minha musica favorita na adolescência.

— Quem é?

— Numero desconhecido... — eu falei, por fim atendendo.

Telefone On

— Alô?

— Alô, Sakura?

— Sim, quem é?

— É o Sasuke. Eu liguei para perguntar se você quer sair comigo.

— Desculpe não vai dar... Eu tenho alguns trabalhos da faculdade para fazer.

— Mas hoje é sábado!

— Eu sei, mas eu tenho que entregá-los na segunda. Realmente não vai dar Sasuke...

— Mas você não pode sair à noite?

— Não!

— E amanhã?

— Talvez...

— Ótimo, te espero às 20:30.

Ele disse sem esperar a minha resposta.

Telefone OFF

— Quem era?

— Sasuke.

— Quer dizer Sasuke Uchiha? Aquele gostoso rico? — Hinata perguntou, com os olhos arregalados. Eu também fiquei com os olhos arregalados.

— Quando foi que você ficou tão tarada? Você já foi moça de família, sabia? — eu falei e deu risada junto comigo.

— Como ele sabe seu número?

— É uma longa história.

— Me conte tudo.

— Depois eu te conto, agora eu tenho que ir, tchau. – sai correndo para o meu quarto e coloquei uma roupa básica. Blusa branca com colete roxo e uma saia rosa com uma meia-calça branca. Olhei no espelho dando uma ultima olhada — Tudo vai ficar bem! — eu disse para mim mesma.

Logo, como chegaria mais tarde ao trabalho hoje, eu fui a um lugar um pouco longe dali. Sabe, quando me mudei para os Estados Unidos, o primeiro lugar em que pisei foi um jardim botânico, repleto de flores de cerejeira. Flores de cerejeira, dizem que é o significado do meu nome.

Naquele lugar repleto de flores, eu me sinto como uma delas, balançando ao vento, sem um destino e sem preocupações. Eu realmente queria ser como as flores...

Quem sabe em outra vida?