Pov. Angie

Me senti uma idiota. Não tinha motivos para ter ciúmes daquela cena. Pelo menos não me preocupar tanto. Era uma cena que chegava a ser cômica. George e Germán jogando bola. Tudo bem, isso não era engraçado, mas ver Jade, de salto, jogando com eles era. Não consegui conter o riso.

—O que está acontecendo aqui?— Pablo perguntou, ele não parecia ter achado engraçado.

Eles pararam imediatamente de brincar quando nos viram. Germán se aproximou de mim e me abraçou. George fez o mesmo com Maria Clara e ela deu um beijo em sua bochecha. Pablo e Jade apenas ficaram se olhando.

— Então, estava preocupada com vocês— Disse me referindo a George e Germán— Não atendiam o telefone.

— Não devo ter escutado— Germán disse.

— Suspeitei disso— Me virei para Jade— O que faz aqui, Jade?

— Eu estava andando por aí e resolvi passar aqui na mansão— Ela começou a fitar o chão— Eu precisava conversar com alguém.

Conversar com quem? Sobre o que? Por quê? Germán também precisa me dar explicações. Precisa mesmo. Acredito que Pablo pensou o mesmo a respeito de Jade, pois a chamou em um canto e os dois pareciam discutir.

— O que deu neles?— Germán me cutucou.

—Sério? Você não faz a menor ideia?— Perguntei e ele começou a olhar ao redor.

—Acho que agora eu sei— Ele disse— Mas Jade e eu não conversamos sobre nada demais!

—Depois falamos sobre isso

Retiramos George e Maria Clara de perto da discussão dos dois. Mandei os dois subirem e brincarem. Germán e eu ficamos vendo até onde aquela discussão iria da porta da cozinha. E foi longe. Muito longe.

— Vamos embora— Foram as últimas palavras de Pablo.

— Tudo bem— Eles deram as mãos e vieram na direção da porta da cozinha.

Germán e eu saímos rapidamente de lá, fomos para a sala e nos sentamos no sofá. Fingimos que nada tinha acontecido e começamos a conversar.

— É... Nos desculpem por isso— Jade falou um pouco baixo— Nós já vamos agora— Ela disse com a cabeça abaixada.

—Não se preocupem. Não fizeram nada demais— Germán disse.

— De qualquer forma nós já vamos— Pablo disse.

Chamei Maria Clara e ela logo apareceu, porém o que não esperava era George aparecer com sua mochila nas costas.

—Onde o mocinho pensa que vai?— Perguntei.

— Ué, hoje é dia de dormir na casa da Clarinha.

— Mas nem está na hora ainda— Germán disse e eu balancei a cabeça concordando.

— Achei que como o tio Pablo e a tia Jade estavam aqui eles me buscariam mais cedo— Justificou.

— Melhor não... Mais tarde seu pai e eu vamos levar você lá, tudo bem?— Sugeri.

— Angie, como nossa ideia de almoçarmos juntos não vai dar certo... Não vejo motivos para não deixa-lo ir com a gente— Pablo disse.

— Mas e quanto sua discussão... — Quase disse “Com a Jade”, mas percebi o quanto seria inadequado.

— Não, Angie! Não se preocupe— Jade intrometeu— Pablo e eu estamos muito bem.

— Se é assim... — Olhei para o Germán e ele concordou com a cabeça— Pode ir, George.

— Isso!— Ele levantou os braços comemorando— Só vou buscar meus super-heróis e já volto.

—É! Aí eles podem ser namorados das minhas Barbies— Maria Clara disse.

— Não! Eles são super-heróis, não tem tempo para namoradas— George reclamou.

— Claro que podem! Se você não sabe o super-homem, o homem aranha e um monte deles tem namoradas— Maria Clara retrucou.

Pablo, Jade, Germán e eu ficamos rindo a “discussão” deles. Era incrível como os dois nos faziam ficar melhor. Suas brincadeiras, “brigas” e outras coisas. Pablo e Jade nem pareciam que tinham acabado de discutir. Era bom isso. Ter nossos filhos nos alegrando.

Quando os dois terminaram de “discutir”— Ficou decidido que George não levaria seus super-heróis porque ele não queria que namorassem com as Barbies da Maria Clara—, eles foram embora deixando Germán e eu a sós na mansão. Ele se sentou no sofá e eu me deitei em seu colo. Percebi que era a hora perfeita para tirar satisfações a respeito de Jade.

— Então, o que Jade queria conversar?— Perguntei.

— Ela chegou aqui chorando— Ele disse, isso eu sabia, mas não o interrompi— Ela começou a dizer algo sobre a Maria Clara a odiar.

— O que?— Levantei minha cabeça— Como a Maria Clara pode a odiar?

— Pelo o que eu entendi, a Jade não acha que ela deveria se dedicar tanto ao canto nessa idade.

—Mas é uma idade boa.

— Foi o que Pablo disse a ela— Continuou— E foi aí que Maria Clara escutou e achou que Jade não gostava que ela cantasse.

— E ela não deu chance para Jade se explicar ainda?— Suspeitei.

—Exatamente— Germán confirmou.

Me deitei novamente no colo de Germán e comecei a pensar a respeito. Fazia sentido, Maria Clara odiou quando Jade nos interrompeu hoje, deve ter achado que não queria que ela cantasse de forma alguma. Parece que Maria Clara é um pouco cabeça-dura igual ao Pablo.

Um tempo depois fomos a cozinha e pegamos comidas congeladas na geladeira, já que Olga não tinha feito o almoço. Assim que ficou pronto fomos para a mesa de jantar e começamos a comer.

—Essa comida me lembra daquela nossa viagem à praia— Disse e em seguida ri.

— É verdade! Como esquecer que nenhum de nós dois sabemos cozinhar?— Germán riu.

Ficamos falando da nossa viagem de tempo atrás e rindo ao nos lembrar de tudo o que aconteceu. Terminamos nosso “almoço” e fomos para o nosso quarto. Enquanto conversávamos uma coisa veio a minha cabeça.

—Germán, porque que a Jade contou toda aquela história par você?

— Eu não sei! Ela simplesmente apareceu aqui, chorando, e disse que precisa conversar com alguém.

— Só isso?

— Só isso. Se você que estivesse aqui, acredito que ela falaria com você e provavelmente se sentiria até mais confortável já que ela é mais sua amiga.

— Entendo.

Resolvi dar a conversa sobre o assunto “Jade” finalizada. Não queria mais, de forma alguma, falar sobre esse assunto, pelo menos não com Germán.

Ficamos deitados na nossa cama, sem falar nada, e, na maior parte do tempo, trocando beijos. Foi bom. Adorava quando passávamos nosso tempo assim e, na maioria das vezes, ele passava muito rápido.

— Angie, já viu as horas?— Germán perguntou e rapidamente olhei para o relógio. 18h00min.

— O que é que tem?

— Temos uma reserva em um restaurante às 19h30min.

— Como você não e avisa antes?— Me levantei apressada da cama.

— Nem eu percebi as horas— Germán disse.

—Vou ter que me arrumar rápido.

Peguei uma toalha e fui direto para o banheiro. Tomei banho e lavei meu cabelo. Quase 40min que eu gastei para fazer isso. Saí do banheiro e Germán entrou logo em seguida, ele parecia estar rindo, mas ignorei. Escolhi uma rroupa não muito chique e não muito simples. Germán sabe que não gosto de lugares muito chiques, mas ele também não gostava de me levar em lugares muito simples.

19h00min, estava pronta. Ou pelo menos quase. Dei uma última olhada nos espelho. Uma saia preta e uma blusa azul um pouco brilhante, uma sandália de salto e o cabelo preso de lado. Estava bem bonita. Continuei me olhando no espelho e percebi alguém chegando por trás e me abraçando. Me arrepiei.

— Acho que você está arrumada demais pelo lugar aonde vamos— Germán me virou e me analisou.

— Por quê? Onde esta pensando em me levar, Germán?— Perguntou estranhando. Eu não estava vestindo uma roupa muito chique.

—Bem, como já disse... Surpresa— Ele riu— Mas não precisa trocar de roupa— Ele olhou para o meu pé— Apenas tire o salto.

Fui em direção a minha gaveta de sapatos e coloquei uma sapatilha. Passei um perfume e dei os últimos retoques na maquiagem. Agora eu estava pronta. Desci e esperei Germán. 19h20min e Germán ainda não tinha decido.

— Germán, não tínhamos uma reserva?— Gritei.

— Sim— Ele aparece descendo as escadas rindo— Mais ou menos.

Germán estava com uma de suas típicas roupas. Não estava de terno nem nada. O que me fez acreditar que não iríamos para um restaurante muito chique... Não mesmo.

Ele dirigiu tranquilamente, nem parecia que estávamos atrasados. O que era estranho, porque Germán gosta de ser bem pontual. Porém, percebi que não estávamos indo para os típicos restaurantes que sempre íamos. Estávamos indo para um lugar mais afastado... Eu sabia exatamente aonde.

— Germán... Faz tempo que não vimos aqui— Disse abrindo um sorriso enorme.

— Eu sei... Por isso achei que seria legal fazer uma surpresa— Germán estacionou o carro.

— Era essa a surpresa?— Perguntei.

— Parte dela— Germán saiu do carro e abriu a porta para que eu saísse.

Entramos juntos no meio das árvores. Estávamos indo para o “nosso lugar”. Estava animada para rever aquele lugar lindo e quando o vi parecia não ter mudado nada, exceto o banquinho que tinha no meio, tinha algumas raízes crescendo nele, mas o resto não parecia ter mudado nada.

Germán tinha trazido uma cesta de piquenique. Ele estendeu uma toalha e nos sentamos sobre ela. Nos servimos das comidas que Germán tinha trazido, que estava maravilhosa e com certeza Olga que tinha feito.

— Então, Angie— Germán começou a falar logo após terminarmos de comer— Vou começar a segunda parte da minha surpresa.

— O que?— Perguntei curiosa.

— Isso— Ele pegou um envelope de dentro da cesta e me entregou— Você sabe que nossa lua de mel não ocorreu como o esperado.

Nossa lua de mel era um assunto bem delicado para mim, então acabei deixando cair uma lágrima.

— Bem, a culpa foi minha— Disse cabisbaixa.

— Quantas vezes vou ter que te dizer que não foi? Você passou mal, vou um imprevisto— Germán limpou a lágrima do meu rosto— Enfim, depois de tanto tempo vamos poder compensá-la.

Abri o envelope.