"O tempo pode apagar lembranças de um rosto, um corpo, mas jamais apagará lembranças de Pessoas que souberam fazer de pequenos instantes, grandes momentos."

(Autor Desconhecido)

Forks, Washington. População 3.175. Clima frio e úmido não me agrada nem um pouco. E esse vai ser meu lar pelos próximos meses a partir de hoje. Reneé esta acompanhando o Phil, um jogador de beisebol, durante as temporadas de jogos. E eu estou aqui, sentada na cama do meu novo quarto, que Charlie tomara o cuidado de deixar aconchegante. Ele havia me deixado só assim que chegamos a casa para me deixa a vontade, mas sabemos que não é isso. Somos tímidos, o que talvez dificulte nosso relacionamento. Ou não.

Suspirei levantando-me da cama e caminhei muito lentamente até a janela, afastei um pouco a cortina para o lado, e na frente da casa havia uma caminhonete estacionada e Charlie conversava com um senhor de cadeira de rodas e um rapaz de cabelos longos. Soltei a cortina, mas antes pude perceber um olhar desse rapaz de pele amadeirada e cabelos negros.

Pouco minutos depois Charlie me grita do pé da escada: - Bella desça você tem visitas! – Franzi a testa.

– Visitas? Mas ainda nem conheço ninguém aqui. – Resmunguei e rolei os olhos.

Peguei o casaco que estava na cama e o vestia enquanto descia as escadas, e lá estavam eles novamente o senhor na cadeira de rodas e o rapaz. Aproximei-me deles e logo Charlie puxou-me pela cintura, deixando-me cara a cara com o garoto que era da minha altura. Pus uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorri timidamente.

– Charlie não parava de falar de você, desde quando ligou avisando que vinha. – O senhor na cadeira de rodas bufou. O garoto conteve a risada e Charlie pareceu desconfortável ao meu lado. – Eu sou Billy Black, e este é o meu filho Jacob. – Sorriu simpático ao nos se apresenta.

– Bella, mas acho que vocês já sabem. – Sorri amarelo e mordi o lábio inferior.

– Jacob porque não vai lá fora com ela? – Charlie sugeriu.

– Claro. – Jacob sorriu um sorriso infantil, porém muito bonito. – Vamos. – Chamou indo em direção a porta.

Antes de sair virei-me na direção de Charlie e ele praticamente me enxotou para fora de casa, fazendo gestos com as mãos para sair mais rápido. Arqueei a sobrancelha direita antes de segui-lo porta a fora.

Assim que pus os pés na calçada for atingida por uma brisa fria e cortante, fechei o casaco. Jacob estava com o braço apoiado no capô da caminhonete vermelha.

– É para você! – Falou abrindo um largo sorriso.

– Isso? – Arregalei os olhos.

– Não gostou? – Franziu a testa e perguntou um tanto quanto decepcionado.

– Gostei. – Sorri. Sua feição tranqüilizou. – É para mim? – Perguntei sem acreditar.

– Claro, o Charlie comprou pra você e eu arrumei o motor. – Sorriu satisfeito de si mesmo.

– Adorei. – Olhei o carro cuidadosamente. Apesar de ser antigo, é melhor que nada. – Obrigada.

– Não há de quê. – Jacob estava com os braços cruzados em frente ao corpo, me observando. – Bella...?

– Sim? – Perguntei, mas continuava a analisar o carro.

– Você não se lembra de mim não é? – Perguntou receoso.

– Não. – Mordi o lábio inferior. Virei para encará-lo. – Desculpa Jacob.

– Me chame de Jake. – Forçou um sorri.

– Certo, Jake. – Sorri amarelo.

– Com licença? – Um entregador de pizzas estava parado próximo a calçada e olhava um papel. – Foi aqui que pediram duas pizzas grandes, calabresa e portuguesa?

– Olha... – Comecei a falar, meu pai havia pedido pizza?

– Sim, foi aqui. – Jacob interrompeu-me já indo em direção ao entregador. Entregou-lhe o dinheiro e pegou as pizzas.

– Quando pediram pizzas? – Arqueei a sobrancelha esquerda.

– Charlie pediu antes de você descer. – Disse indo em direção a porta. – Você vem ou não?

Dei de ombros e o segui para dentro de casa. Charlie e Billy estavam na sala assistindo ao jogo de beisebol, ambos com cerveja em mãos.

– Crianças venham aqui. – Charlie para nos por sobre o ombro.

Jacob colocou as pizzas na mesa de centro, e percebi que no acento ao lado do meu pai havia várias fotos espalhadas, uma em particular me chamou atenção. Era uma foto de mais ou menos dez anos atrás, duas crianças entre 4 e 6 anos brincando na praia. Uma garotinha muito branca e um garotinho de pele amadeirada. Eu e Jacob.

– Onde essa foto foi tirada? – Perguntei.

– Na reserva, em La Push. – Jacob falou após dar uma rápida olhada na foto. – Se quiser qualquer dia te levo lá. – Sorriu para mim. Retribuiu o sorri.

– Você e o Jake eram feito unha e carne. – Charlie riu. – Sempre que você vinha para cá implorava para te levar para ver o Jake, mal ficava comigo, preferia ficar na reserva. – Fez careta.

– Claro, eu sou muito mais legal que você. – Billy gargalhou.

– Legal? – Charlie ralhou.

Os dois começaram, como sempre, a discutir, mas desliguei-me ficando completamente alheia aos acontecimentos a minha volta. Não estava mais na sala da casa do meu pai, tentava de alguma forma me conectar com aquele passado que não recordava. Não lembrava a praia, e não lembrava o garoto de pele amadeira e escuros.