Final Warrior LXXVII escrita por Satsuki Ichi


Capítulo 2
A Armadura de Gelo


Notas iniciais do capítulo

Tentarei atualizar os capítulos de acordo com os acessos á fanfic. A partir de três comentários postarei um capítulo novo.

Espero que gostem, boa leitura.



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Acordei sentada á uma cadeira especial em uma grande sala repleta de máquinas e computadores, minhas mãos e meus tornozelos estavam presos á cadeira, e vários fios estavam grudados aos meus braços.

Eu não era a única ali, havia uma grande fileira de cadeiras ao meu lado, na minha frente e atrás de mim, todas elas ocupadas por jovens desacordados com mais ou menos a minha idade e no mesmo estado que eu. Agitei meus punhos para o lado em uma tentativa de me libertar, mas alguém me chamou a atenção.

–Ei! – disse uma garota que estava presa á cadeira na minha diagonal. Possuía cabelos curtos e verdes, usava uma blusa de manga comprida suja e uma calça amarrotada. Tinha uma expressão selvagem no rosto – eu ficaria quieta se fosse você.

–Onde é que eu estou? – perguntei – o que aconteceu?

–Shh! Olha, se pretende fugir daqui, é melhor que fique quieta por um tempo – disse ela – eles estão voltando. Não se preocupe, assim que eles nos derem poder, teremos mais chances de sair daqui. Se tentar sair agora, eles vão matar você!

Baixei a cabeça. Lembrei-me naquela hora tudo o que tinha acontecido, eu realmente não havia conseguido salvar Laxus e agora estava presa também... Pior, Laxus já deveria estar morto àquela altura.

–Quem é você? – perguntei finalmente.

–Meu nome é Huna – respondeu – vim para cá por vontade própria.

–Mas você não queria fugir também?

–É claro que quero, mas não quero voltar a correr perigo nas ruas – ela fez uma careta – pelo menos aqui poderei treinar, e então quando finalmente sair, não vou me arrepender.

–Desculpe estragar os seus sonhos, Huna – disse o garoto que antes dormia na cadeira ao meu lado. Tinha cabelos longos e vermelhos e parecia um tanto entediado – mas quando vim para cá, fiquei sabendo que uma vez que seu DNA é modificado, você não pode mais ter contato com os humanos de sangue puro.

–“Desculpe”? Você adora fazer isso, Lochsa – Huna cerrou os punhos e se recostou á cadeira novamente – não importa, eu não tenho ninguém. Eu não preciso de ninguém!

–Ah... então vocês já se conheciam antes de vir parar aqui? – perguntei tentando mudar de assunto – A propósito, meu nome é Nemesis...

Lochsa deu uma pequena risada.

–Olha, Nemesis, eu costumava roubar comida com ela, éramos tipo parceiros de crime – disse ele – mas amigo dessa estranha eu nunca fui.

–Não era crime, seu idiota – repreendeu-o ela – crime é o que esses filhos da mãe estão fazendo deixando tanta gente desabrigada assim. Se não roubássemos acabaríamos morrendo de fome.

–Eu sei como é – disse eu – quando eu e meu irmão fomos separados de nossos pais, nó-

Fui interrompida pelo barulho de uma porta de ferro abrindo. Adentraram á sala, três homens e três mulheres ambos usando jalecos brancos, atrás deles vinham outros dois homens, um deles usava um terno azul marinho e tinha o cabelo preto desgrenhado penteado para o lado, parecia ser o chefe. Ao lado dele estava um rapaz que aparentava ser uns dois anos mais velho que eu, tinha cabelos longos da cor prateada, olhos da cor roxa e usava uma espécie de armadura.

Não era uma armadura qualquer, parecia ser indestrutível e ao contrário de uma armadura normal, era como se fizesse parte de seu portador. O rapaz tinha uma expressão calma e ao mesmo tempo bruta, como se fosse capaz de matar friamente cada ser presente naquela sala. O homem com o terno azul marinho o chamou e depois se voltou para os cientistas que aparentemente aguardavam ordens, postados ao lado de algumas cadeiras.

–Comecem o procedimento – ordenou – certifiquem-se de que os rastreadores estejam funcionando antes de serem colocados.

E assim os seis cientistas dirigiram-se rapidamente aos jovens da primeira fileira á minha frente. Carregavam seringas normais que continham um líquido roxo e uma feita de ferro, provavelmente onde estavam os tais rastreadores. Eu não podia acreditar, além de ter o DNA modificado, ainda viraria propriedade deles? Eu vi quando uma das cientistas puxou o pulso de Huna e lhe aplicou a substancia roxa, Huna cerrou os punhos e trincou os dentes provavelmente evitando gritar. Depois veio o pior, o rastreador.

A cientista se certificou de que ela estava presa e logo colocou a mão direita sobre sua face, pude vê-la esticar as pálpebras de Huna e direcionar a seringa de ferro para sua íris, depois, apenas um grito. Doeu só de pensar no que Huna estava sentindo, e doeu mais ainda quando pensei que alguns minutos depois, eu seria a próxima.

Fizeram isso com todos os jovens presentes na sala, a dor era insuportável, mas não era nada se comparada ao final, quando o homem de terno azul marinho mandou que ligassem a máquina que finalizaria a modificação do DNA. O cientista mais próximo apertou o botão vermelho de uma grande máquina que descansava no canto da sala, e alguns segundos depois, os fios que estavam ligados aos nossos braços nos deram um forte choque, tão forte que não deu nem tempo de gritar, pois ele nos tirou toda a força que usaríamos para fazê-lo. Quando finalmente terminou, os cientistas se retiraram, e eu sentia meu corpo um tanto leve, como se eu estivesse sonhando e nada nunca tivesse acontecido.

O homem de terno caminhou entre as fileiras ainda sendo seguido pelo rapaz de armadura, examinando cada um de nós.

–Você será responsável por alguns deles – disse o homem ao rapaz de armadura – mesmo aqui dentro, eles podem ser um tanto perigosos. Não precisa se preocupar em procurá-los se fugirem, foi para isso que forjamos os rastreadores e de qualquer forma será apenas por um tempo, mas é melhor que os controle o quanto puder, entendeu Zephiros?

–Sim senhor – respondeu o rapaz – quem o senhor qualificou para ser meu protegido?

–Escolha os dez soldados que mais lhe pareçam perigosos – respondeu – você é o que melhor pode lidar com eles, agora.

–E quanto aos outros?

–Serão guiados por outros guerreiros. Seja breve, temos que começar o treinamento o quanto antes – o homem de terno azul marinho se direcionou para fora da sala – se demorarmos mais um pouco, o capitão não irá gostar.

E então se foi, deixando-nos com Zephiros. Olhei com dificuldade á minha volta e vi que todos estavam acordados e um tanto abalados, mas continuavam em silêncio. Huna chorava sem expressão alguma no rosto, provavelmente amaldiçoando cada um daquela organização. Eu a entendia porque também estava naquela situação, mas já não tinha mais forças para chorar.

Enquanto Zephiros andava de um lado para o outro avaliando os soldados, esforcei-me para esticar a mão e cutucar Lochsa que parecia achar tudo aquilo muito ridículo, pois não expressava medo, desgosto ou tristeza, na verdade possuía um pequeno e tranquilo sorriso no rosto.

–Lochsa – chamei – o que acontece agora?

Ele se voltou para mim – Você pergunta isso pra mim? Tudo o que sei é que aquele cara ali deve ter poucos amigos. Ah, veja só – ele piscou pra mim – a cor dos seus olhos mudou, deve ser efeito da modificação do DNA... Se me permite dizer, o verde te caiu melhor que o castanho.

–Os seus também mudaram... De preto passou para azul.

–Ah qual é – reclamou – azul não combina com vermelho!

–De tantas coisas para se preocupar, soldado, você está reclamando da cor dos seus olhos? – perguntou alguém aparentemente entediado.

Voltei-me para a direção da voz, e vindo em nossa direção, estava Zephiros.

–Vai dizer que não ficaria bolado também? – Lochsa riu.

–É, tem razão – disse Zephiros calmamente – você não parece preocupado de estar aqui.

–E por que deveria? O que mais eu tenho a perder? – ele deu de ombros – mas não vá pensando que estou fazendo isso pelo país, falou? Vocês não sabem nada sobre mim, e nunca saberão.

–Certo... Você está na minha equipe, serei responsável pelo seu treinamento – e então Zephiros se voltou para mim.

–Cara – Lochsa sorriu – você realmente não entendeu o que eu quis dizer, haha.

Zephiros o ignorou completamente sem dar importância para a ameaça de Lochsa. Eu estive com ele por poucos minutos, mas eu não o subestimaria daquele jeito. Zephiros ficou de frente para mim.

–E então? – perguntou ele.

–E então o que? – perguntei de volta.

Pude ouvir a risada de Huna vinda do outro lado, enquanto Lochsa se controlava para não fazer o mesmo.

–Seu nome – disse Zephiros.

–Nemesis Locseph – disse.

–No registro diz que você tinha um irmão, onde ele está?

–Morto graças a essa organização – respondi – por quê?

–Uh... – ele desviou o olhar como se tivesse se arrependido de perguntar – eu... Eu sinto muito. Você está na minha equipe, serei responsável pelo seu treinamento. – e então se dirigiu os outros.

Enfim quando ele terminou de recrutar os dez soldados, deu a ordem para que nos libertassem, e então nos guiou para fora da sala. Fiquei feliz em saber que estaria no mesmo grupo que Lochsa e Huna, afinal, mesmo que parecessem tão perigosos ainda eram os únicos que eu conhecia, e eu tinha certeza de que não me arrependeria de me aproximar deles.

Passamos por enormes salas e corredores todos repletos de máquinas sendo controladas por médicos, cientistas e até mesmo outros soltados. Alguns cientistas discutiam, outros trabalhavam incessantemente em algo e outros se desentendiam com alguns dos soldados. Aquilo era o inferno das tecnologias, havia maquinas em todos os lugares, computadores, cápsulas e etc, tudo voltado para o treinamento, monitoração ou táticas dos soldados híbridos.

Todos os que vi desde que saímos daquela sala usavam uma espécie estranha de armadura, e todos exibiam uma aura pesada, como se com um soco pudessem destruir qualquer parede do laboratório. Finalmente saímos, e visto do lado de fora, o prédio onde antes estivemos parecia mil vezes maior, o que me fez crer que de mil quartos não conhecíamos dez. O local era bem mais harmonioso do lado de fora.

O chão era ladrilhado com algo que parecia ser vidro, mas era muito mais resistente que aquilo, o ar era limpo diferente das ruas onde eu morava com Laxus e no centro daquele pátio, havia uma grande máquina em forma de cristal, e ao seu lado um homem de cabelos negros e uma barba por fazer que parecia esperar por nós.

Outros soldados, provavelmente os veteranos, estavam postados em fileiras também ao lado da máquina, como se para nos dar as “boas-vindas” ao exercito híbrido. Muitos estavam indiferentes, outros pareciam tranqüilos e outros conversavam normalmente entre si.

Zephiros ordenou que parássemos para escutá-lo, e foi o que fizemos. Ele endireitou a postura e fez sinal em direção ao homem que guardava a maquina em forma de cristal.

–Escutem, soldados – começou – este é Ryuho Lehort, o general do exercito híbrido norte. Esta máquina lhes dará sua mais preciosa arma, a armadura feita para os guerreiros híbridos aprenderem a controlar melhor a força que receberam após a mutação do DNA. Ryuho será responsável por parte do treinamento de vocês com essas armaduras, e eu o ajudarei. Entenderam?

– Sim, senhor – meus colegas de equipe responderam, enquanto eu resolvi ficar em silêncio.

– Quando forem chamados, aproximem-se da máquina e estendam suas mãos – disse Ryuho – a energia da Chaos Matéria irá unir-se com sua energia, e então forjará a sua armadura. Durante o treinamento, os melhores desenvolverão rapidamente os poderes, e a armadura passará a respondê-los melhor. Quanto aos fracos, serão mortos.

Ryuho fez sinal para Zephiros que logo caminhou até a maquina e ligou-a, colocando sua mão direita numa espécie de tela de metal que havia em sua frente. Assim que o fez, a máquina emitiu um barulho suave, as pontas do grande cristal se abriram de um modo que fez a atual aparência da máquina lembrar uma flor, e tudo a nossa volta escureceu enquanto uma energia azul emanava do centro da máquina.

–Mitsumasa – chamou Zephiros, e um garoto de cabelos curtos e negros saiu da nossa formação e caminhou até a frente da maquina. Logo, ele ergueu as mãos, e a energia azulada da maquina as envolveu, e depois todo o resto de seu corpo. Quando ela se foi, Mitsumasa já não vestia mais suas roupas esfarrapadas que o marcavam como um dos garotos jogados nas ruas, e sim uma armadura prateada com detalhes esverdeados que lhe caíam como uma luva.

Pela primeira vez aquele dia eu me senti ansiosa, e se o que Huna me disse poderia ser possível, talvez nós pudéssemos realmente fugir de lá antes do início da guerra.

Haruha, Lochsa, Leon, Karura, Huna, Adrian, Lozu, Shimo... E finalmente, eu. Caminhei lentamente até á frente da maquina, pisquei forte e ergui a mão esquerda, deixando que a energia azulada me envolvesse assim como fez com os outros, logo estava vestida com uma armadura leve e resistente que me servia muito bem, era bem diferente das outras que geralmente tinha detalhes prateados, azuis e esverdeados. A minha armadura era quase completamente da cor do gelo. Dali por diante eu teria muitas coisas para me preocupar, e ainda teria de conviver com a culpa por ter deixado meu irmão... mas nem todas essas preocupações me deixaram esquecer algo estranho que vi no momento em que recebi a armadura. No centro da maquina em forma de cristal, quando ergui a minha mão, pude ver algo que parecia ser a aura de uma mulher lá dentro.


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