Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 12
Coração e garra


Notas iniciais do capítulo

Oh, bem, foi difícil achar a imagem para esse cap.
A roupa nova da Takara segue mais ou menos o modelo da que a Yokai da imagem está a vestir, só que a da Takara é feita de pêlo.



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Takara mirou de cima a baixo o ogro chifrudo com rancor e desprezo. Tentava não deixar qualquer outro sentimento transparecer. Nem mágoa, nem tristeza, tão somente raiva. Não podia mostrar qualquer fraqueza. Tinha de aproveitar a surpresa daquele Yoakai. Tinha de deixá-lo completamente aterrado. Mostrar-se forte e inatingível, um ser com absoluto poder. E ia fazê-lo. Se tivesse que chorar, fâ-lo-ia depois, porque agora, nada lhe daria uma maior satisfação do que poder cortar em postas aquele ser horrível que matara Kirara tão cruelmente, sem apresentar qualquer remorso. E pela primeira vez, Takara iria vingar a morte de um amigo, enquanto das outras vezes tinha que correr, fugir... isso sempre a revoltara.

Mas não desta vez! Desta vez iria permanecer ali e iria enfrentar o adversário. Não precisava mais esconder-se a tremer, não precisava mais de fugir apavorada... porque esta era a sua luta... e ela iria vencê-la.

Algo como uma prepotência assomava-lhe ao espírito. Uma tremenda confiança que a fazia ver que aquele Yokai era fraco, na verdade.

A garota começou a correr e, num salto extraordinário, fincou as unhas no punho esverdeado do oponente. O ataque do ogro foi previsível. Ele tentou com a outra mão esmagar Takara que, para ele, tinha o tamanho de um esquivo esquilo. Como numa escada, Takara foi subindo pelos braços do Yokai e espetou as garras aonde ela sabia que causaria mais dor. Nos olhos pequenos da criatura.

Saltou logo de imediato para o chão e tropeçou na barra do vestido.

«Kusu, eu tenho que arranjar uma roupa mais adequada. Lutar de vestido agora já não dá para mim!»

O Yokai monstruoso ainda berrava em agonia e derrubou uma árvore próxima, ou por acidente, ou para desconto de raiva.

Se fosse qualquer outra, continuaria a desferir golpes profundos mas não letais, para usufruir do sofrimento do adversário. Era o mínimo que o outro deveria sofrer por ter matado Kirara. Mas a satisfação que conseguia com isso não era nem um pouco prazerosa a Takara. Ela não queria jogar aquele jogo. Se tinha que matar aquele imbecil, então deveria matá-lo de uma vez e não perder tempo nas preliminares com todo esse sadismo.

Forçou até sentir todas as garras estendidas ao máximo. Não tinha a certeza se conseguiria, porque era algo que ela nunca tinha experimentado antes. Mas antes não era Yokai! Antes não tinha felpudas orelhas, nem uma cauda. E, sem dúvida, as suas garras estavam mais chamativas e afiadas do que nunca. E quanto à força? Era o que Takara pretendia descobrir agora!

Para ganhar balanço lançou-se contra uma árvore, escapando a uma nova investida do Yokai e lançou-se contra ele, tudo num vigoroso impulso, que ganhou ao pressionar com as patas traseiras o tronco da árvore.

Em poucos segundos o gigantesco Yokai foi completamente separado em duas partes. As garras de Takara trespassaram tudo: ossos, fibras, músculos...

Coberta de sangue, mas ainda assim, orgulhosa. Aquele sim, fora uma ato digno de um poderoso Yokai. O regozijo da vitória não durou muito porém... Takara olhava para os restos do cadáver e tomou a súbita consciência do que acabara de fazer. Ela tinha morto um Yokai! E, apesar de sempre ter imaginado como seria, tantas vezes ao ponto de acreditar que já não iria sentir nada, não podia negar que o seu coração mirrara.

Sentia-se mal! Não culpada, porque aquele canalha tivera o que merecia, mas não podia deixar de lamentar ter sido ela a matá-lo. Seria tão fácil! Ter alguém que pudesse punir por nós. Por muito certo que aquilo parecesse, continuava a ser difícil.

«Eu sempre soube que não seria fácil! Mas nunca pensei que fosse tão difícil!»

Takara quase saltou de susto quando sentiu uma mão no seu ombro. Quase teve o instinto de se defender, socando o ser desconhecido, mas este teve a sorte de Takara ainda estar muito chocada. Por isso, em vez de atacar, a garota virou-se lentamente e encarou Inuyasha com uma expressão neutra (ou assim esperava ela).

– Eu sei como é! – Tentou consolá-la o Hanyou. – Eu também fiquei assim quando matei pela primeira vez. Custa um pouco, mas logo te habituas!

– Quem disse que foi a primeira vez? – Replicou ela, sempre mal humorada. O que estava a fazer aquele hanyou metido num momento tão importante da vida dela?

Inuyasha ignorou-a e dirigiu-se aos destroços de Yokai. Quebrou uma costela do cadáver e examinou-a.

– É, até que não era um Yokai tão fraco assim! Lutaste mesmo com garra e coração!

Takara corou levemente. Inuyasha tinha dito que ela lutara bem? Estava a elogiá-la? Era algo a que a menina não estava habituada. Era muito critica consigo própria para receber algum reconhecimento próprio na maior parte dos casos.

– Arigato... Inuyasha.

– Só estou falando a verdade!

– Ei, mas, como é que apareceste aqui?

Takara olhou em volta, parando um pouco o olhar na direção de onde o Hanyou poderia ter vindo. Foi muito difícil para Takara conter as lágrimas desta vez. Mas ela conseguiu, porque era muito teimosa. Se Inuyasha não estivesse ali, então talvez tivesse deixado verter umas quantas lágrimas, mas não queria dar parte de fraca, ainda menos agora que ele a tinha elogiado.

Correu na direção de Kirara e abraçou-a fortemente, alisando com gosto o pêlo sedoso da gatinha.

– Kirara, estás viva! Yokatta! Mas... mas como pode isso? Kirara... – A garota virou-se para Inuyasha. – Ela tinha parado de respirar.

– Ela provavelmente só estava a fingir! Para conseguir escapar do local e chamar ajuda! Mas pelos vistos, até que deste conta do recado sozinha. É, Kirara... substimaste a criança!

Takara pensou em reclamar por Inuyasha tê-la chamado criança, mas não conseguiu. Estava demasiado feliz por ver que Kirara estava viva e de boa saúde. A gata de duas caudas começou a remexer-se inquieta ao ver que Takara continuava a apertá-la num caloroso abraço.

– Ai, Gomen ne, Kirara! Sujei-te o pêlo com o sangue daquele Yokai desprezível, não foi? – Disse a menina. Olhou para o próprio corpo e suspirou. – E eu também estou a precisar de um banho!

Voltaram os três para o vilarejo e Takara foi de imediato levada a uma divisão onde se pôde banhar e retirar todo e qualquer vestígio do sangue do Yokai que a atacara. Takara já não se contentava em beber do sangue dos fracos. As suas ambições eram mais elevadas agora. Para quê beber do sangue de Yokais mais fracos que ela? Isso só iria enfraquece-la.

Saiu da tina de metal cujo conteúdo era agora vermelho sangue e mirou-se no grande espelho que a divisão continha. Entre o vapor ela pode perceber que o vestido que ela sempre usara estava um trapo. Pensou em vestir roupas modernas, que trouxera da época da Kagome, mas pensou melhor e decidiu que essas roupas pouco usuais poderiam chocar os habitantes do vilarejo. Uma criada veio trazer-lhe um quimono. Takara não o apreciou. Era pesado e dificultava os movimentos. Quando entrou na casa do chefe do vilarejo, onde continuava a haver grande convívio, procurou Sango entre a multidão. Lá estava ela, a conversar um um lindo rapaz de cabelo aloirado e olhos azuis escuros. Muito bonito!

– Sango, onde arranjaste essa roupa de exterminadora? Ando a precisar de uma assim!

O loiro interveio antes que Sango pudesse responder, antes sequer que ela pudesse arquejar de espanto ante a nova aparência da companheira:

– Foi o meu pai que lhe fez o traje. Acho que ainda tenho alguns antigos que podes experimentar. Já agora, o meu nome é Armin!

– O meu é Takara.

Ela seguiu o rapaz até a uma carroça estacionada quase à entrada do vilarejo. Enquanto Armin se debruçava para dentro da carroça à procura do dito traje de exterminadora, Takara passava as mãos pelos vários tecidos, ficando admirada com a quantidade de cores e texturas. Puxou um casaco de pêlo do meio de todos os outros e decidiu com convicção.

– Arigatou, Armin, mas não precisas mais de procurar. Eu vou fazer a minha própria vestimenta com este tecido aqui.

Takara trancou-se numa das casas de banho, a mesma em que estivera poucos momentos antes e começou a cortar habilmente o casaco de peles, usando as unhas para criar uma peça de vestuário única, que a marcasse como Yokai que era. Não se iria sentir bem usando um fato de exterminadora.

Já vestida, deu uma volta completa pelo espelho e achou que estava fantástica. Nem parecia uma humana agora. Tinha orelhas roxas felpudas que sobressaíam num cabelo de cor roxa, uma longa cauda listrada que agora ondulava livremente de um jeito bem atrevido e desafiante, garras que não se continha de mostrar para todo o mundo, caninos que se notavam sempre que ela sorria e lindos olhos com laivos roxos que faziam qualquer um ter respeito pela Yokai na frente deles. E claro que, parte do corpo, estava coberta pelo macio e sedoso tecido.

Quando se mostrou na festa, vestida daquele jeito, todos a olharam com estranheza. Takara pensou que, se calhar, devia ter encoberto um pouco mais as pernas, porque aquilo ali era só gente antiquada.

«Se calhar as roupas modernas chamariam menos a atenção!» Pensou revirando os olhos.

Não tardou a que o grupo todo estivesse na frente dela. Inuyasha não sabia se havia de rir ou repreender Takara, mas pelo olhar a rapariga sabia que ele a aprovara. Kagome também não parecia ter problemas, afinal, com aquela mini saia, ela não poderia falar muito, né? Sango não gostou muito, talvez porque Miroku olhava para Takara quase babando.

– Takara, és mesmo tu? Há pouco não acreditei! Tu estás... com uma aparência de Yokai. E que roupa é essa? – Perguntou Sango. Parecia duvidar que aquela na sua frente era mesmo a Takara.

– Minha roupa de combate, oras... preciso de ter liberdade de movimento. Quase ia caindo na frente daquele monstro por causa do vestido.

Depois principiou a contar todo o relato. Todos ouviam atentamente.

No final, estavam todos com o mesmo ar de impressionados.

– Quer dizer que a Takara agora é mesmo uma Yokai? – Perguntou Shippo.

– Na verdade, sou Hanyou! Mas eu chego lá! – Afirmou Takara com orgulho ondulando mais uma vez a cauda e mostrando um sorriso triunfante.

Logo o sorriso sumiu quando a rapariga sentiu «algo» a apalpá-la.

Instantes depois, Miroku jazia no meio do chão e na sua cara podiam ver-se marcas de arranhões.

– Sério? – Perguntou ele seguindo os traços da ferida com a ponta dos dedos. – Preferia a chapada...

Sango surgiu na frente dele como um demónio a cuspir fogo, satisfeita por poder libertar um pouco a raiva que sentia do monge mulherengo.

– Não seja por isso, Miroku!

Uma marca de cinco dedos logo surgiu na outra face do monge.


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Notas finais do capítulo

Enfim, eu sei que o capítulo está meio chatinho, mas eu prometo que o próximo é melhor!
Kirara tá viva o/



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