The Hunger Games : A New Beginning escrita por Mila Guerra


Capítulo 58
Chapter Twenty-three


Notas iniciais do capítulo

Olá, eu disse que voltava e esse capítulo é o MAIS ESPERADO DE TODOS.
ÚLTIMO CAPÍTULO SEM PEETA, no próximo ele volta.
Beijos e Boa Leitura.



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Não é fácil convence-la de que não tem perigo, minha mãe e Prim tomaram como missão especial me deixar em segurança, e isso inclui acabar com os planos do Haymitch, durante a reunião ele disse que eu deveria entrar em combate, isso queria dizer que eu teria que ir no Distrito 8, que tinha acabado de ser bombardeado, e ela não estava nem um pouco feliz, insiste em dizer que eles não podiam fazer muita coisa num Distrito que já estava destruído e ela me olhou feio, no fim ela não falou mais nada porque eu iria mesmo sem ela deixar. Mas eu tinha que tomar o dobro de cuidado afinal, eu não podia dizer que também não estava com medo, eu estava, depois de perder o Peeta eu não me atreveria a perder um pedaço dele que estava dentro de mim.

E a ideia de ser alvo de um ataque do Capitol enquanto eu estava no 8 também me perseguia, mas eu sabia que tinha que fazer isso, não pelo Distrito 13, nem porque eles pediram, mas por causa daquelas pessoas, o meu Distrito também havia sido destruído, e eu queria saber como essas pessoas estavam e eu sabia que filmando tudo isso a nossa causa ficaria maior e isso tudo poderia acabar mais rápido, eu estava cansada de ficar presa em baixo da terra, sem a floresta, o lago que eu tanto sentia falta, mas isso também me assustava para onde eu iria depois que isso tudo acabasse, e se eu não tivesse mais o Peeta, e se nós perdêssemos. Pelo menos da ultima eu sabia, seriamos todos mortos.

Nós somos rapidamente deixados no 8, e a nave desaparece. Eu estou com Gale e Boggs e mais dois soldados. A equipe de Tv, é composta de Cressida que tem a cabeça raspada e tatuada com videiras verdes, e seu assistente Messala, um jovem cheio de piercings. Boggs nos guia por um beco, enquanto outro aerobarco cheio de médicos pousa, e saímos para uma rua que está cheia de gente ferida sendo levados em macas, em carroças, ou até mesmo pelas mãos, todos estão sangrando, alguns sem partes do corpo e inconscientes. Estão indo em direção a um armazém imundo com um H acima da porta.

– Vocês querem que eu filme aqui? – pergunto soando meio desesperada.

– Você vai, eles só querem te ver, para eles você é melhor do que muitos médicos. – diz Boggs me passando um pouco de segurança

Uma mulher aparece guiando os pacientes, e se aproxima, seus olhos são castanhos escuros e ela usa uma atadura que precisa ser trocada, ele carrega uma arma. Apesar de tudo parece firme e autoritária e jovem, talvez menos de trinta anos.

– Esta é a Comandante Paylor do Oito, - fala Boggs – Comandante, está é a Soldado Katniss Everdeen.

– Sim, eu sei quem ela é. – diz Paylor – É bom saber que você está viva, não tínhamos certeza.

– Nem eu tenho ainda. – digo

– Ela estava se recuperando da concussão, e mesmo agora, ela quis vim ver os pacientes.

– É, nos temos muitos deles. – fala Paylor

– Você acha isso uma boa idéia? – pergunta Gale – Juntar todos os feridos aí?

Eu não acho, essas pessoas que já estão mal poderiam ficar pior, com a facilidade de pegar uma doença contagiosa.

– Não realmente, mas é melhor do que deixa-los morrer. – responde Paylor

– Não foi isso que eu quis dizer. – fala Gale.

– Essa seria a minha outra opção. Mas se você tiver alguma e a Coin aparecer, eu estou aberta a sugestões. – ela acena em direção à porta – Venha Mockinjay, e traga seus amigos.

Eu tomo coragem e atravesso uma espécie de cortina industrial, que cria um corredor no armazém. Há cadáveres empilhados um ao lado do outro, cobertos por lençóis brancos.

– Nós temos uma vala há alguns quarteirões, mas não temos como gastar pessoas agora para movê-los. – fala Paylor.

Ele me guia até outra cortina e a abre. Eu me viro e busco alguém conhecido, o Gale, meu olhar o alerta e ele se mantêm próximo. Quando eu passo a cortina, eu me esforço para não vomitar, ou cobrir o nariz, ou sair correndo. Há claraboias abertas em todo o espaço, mas o ar que entra por ali é pouco se comparado ao cheiro do lugar. Há fileiras e fileiras de feridos, em camas, no chão, há moscas por todo o local, gemidos e choro.

Eu começo a suar e tremer, e respiro pela boca, tentando fazer o enjoo sumir, minha visão começa a ficar turva e eu penso que vou desmaiar, mas me forço a entrar mais no armazém e a andar pelas camas.

– Katniss? – alguém me chama e eu me viro em direção a uma menina com a perna machucada, seus curativos estão cheios de sangue e de moscas. Ela parece com dor, mas ao me ver seu rosto se ilumina com algo completamente estranho a sua situação. – É você mesmo?

– Sou eu, sim. – respondo e seu rosto se enche de alegria, e o sofrimento some.

– Vocês estão bem! Nós não sabíamos, alguns afirmavam que sim, mas não tinham certeza. – fala com entusiasmo.

– Eu estava me recuperando e fiquei melhor, assim como você ficará. – digo

– Eu tenho que dizer ao meu irmão. – ela se esforça e senta para chamar alguém a poucas camas de distância. – Eddy, ela está aqui, é Katniss Everdeen!

Um menino com cerca de 12 anos, se vira em nossa direção, seu rosto está quase todo coberto de bandagens, e sua boca, ou a parte que eu posso ver, se abre em espanto. Eu vou até ele, e ajeito seus cabelos cacheados na testa e digo oi, ele não pode me responder, mas seu olho visível me fita com intensidade, como se ele quisesse me gravar na cabeça.

Pouco tempo depois não há mais sons de lamento, nem de dor, e começam a ser substituídos pelo meu nome, então eu começo a andar com pessoas me tocando, me saudando, e eu falo com eles, nada de importante, mas que os faz feliz. Alguns me perguntam por Peeta e falam que tem certeza que ele logo estará comigo, uma mulher chora quando vê a minha barriga. Eu acabo em cima de uma mesa dando adeus a todos, e depois de sair eu me sinto mais obrigada a ajuda-los do que antes.

Quando eu estou fora, eu paro um pouco para respirar e beber água.

– Você fez bem! – diz Boggs

– Nós pegamos algumas cenas legais lá dentro. – diz Cressida.

Em algum momento eu esqueci que eu havia ido lá para me filmarem, e agora eu vejo que isso realmente nunca me importou.

– Eu não fiz muita coisa. – digo

– O crédito vai para o que você fez no passado. – diz Boggs

O que eu fiz no passado? Tudo que está acontecendo agora é culpa minha, pessoas estão morrendo e se machucando e eu estou sendo a imagem para dar forças a elas, eu não posso achar que isso é de todo bom, a causa pelo qual eu luto, talvez seja boa, mas o preço por isso tudo é muito caro.

– Isso é bom e ruim. – digo no fim, cortando todo o meu discurso auto depressivo.

– Bom você não é perfeita, mas nos tempos que estamos você vai ter que servir. – diz Boggs

Nossa, que estimulante.

– Eu não acredito que você deixou que todos te tocassem, eu pensei que você correria para a porta. – Gale diz.

– Silêncio. – digo rindo.

– Sua mãe vai ficar orgulhosa da sua força. – ele fala

– Que nada, ela só vai ver essas pessoas. – digo – Todos os Distritos estão assim?

– Sim, a maioria deles está sob ataque, nós estamos tentando ajudar, só que não é o suficiente. – ele para de falar, parece distraído com algo. – Nós precisamos voltar a pista, agora mesmo. Nós temos um problema.

– Que problema? – Pergunto.

– Bombardeios chegando. – diz Boggs – Vamos logo.

Eu vou atrás dele, mas para mi não há nenhuma ameaça evidente, só por alguns instantes, porque sirenes começam a tocar e em poucos segundos uma formação em V de aerobarcos aparecem, e as bombas começam a cair. Algo atinge meu joelho e o Boggs me obriga a ficar no chão e se coloca na minha frente. É uma sensação horrível estar presa ao chão e protegida enquanto milhares de pessoas podem morrer agora.

– Katniss. – o Haymitch fala comigo pelo comunicador.

– O quê? – questiono

– Nós não podemos descer agora, mas é importante que não te vejam. – diz

– Mas eles não sabem que estou aqui? – pergunto, já que facilmente a minha presença poderia ser o motivo do ataque.

– Pensamos que não, que o ataque já estava agendado. – diz Haymitch

– Há um armazém azul há três ruas abaixo de onde vocês estão. – diz Plutarch – Lá tem um refúgio, vocês podem chegar lá?

– Vamos fazer o nosso melhor. – diz Boggs

Procuro Gale e o encontro bem, minha perna esquerda doi, mas eu continuo me movendo. Eu ando devagar mais ninguém reclama, eles me circundam e seguem meu ritmo. Ao longe eu consigo ver uma fachada azul, mas ainda temos que passar por um beco, só que a onda de bombas recomeça.

Eu me prenso novamente na parede e dessa vez o Gale se coloca a minha frente.

– Está tudo bem? – pergunta ele

– Sim, eu creio que eles não nos viram. – respondo – Eles não estão nos seguindo.

– Não, estão indo para o outro lado. – afirma Gale

– Sim, mas não há nada lá... – a certeza me atinge ao mesmo tempo que a ele.

– Eles estão indo para o hospital. – Gale grita

– Isso não é nosso problema. – diz Plutarch – Vão para o depósito.

– Mas estão todos feridos. – eu digo

– Katniss. – ouço a voz do Haymitch – Nem pense em...

– Haymitch, por favor, deixa pelo menos o Gale tentar ajuda-los. – interrompo.

Dá para ouvir o som de armas de fogo disparando, há alguém tentando defende-los, e há uma escada do meu lado.

– Gale, vamos. – eu grito

Ele começa a escalar, e eu vou atrás, sei que vou me arrepender disso depois, mas não há nada que possa me impedir agora, já que o Boggs está incapacitado. O telhado está repleto de rebeldes, eu me arrasto até o lado de um deles.

– Boggs sabe que vocês estão aqui? – pergunta Paylor

– Ele sabe onde estamos. – digo evasiva

– Aposto que sim. – diz rindo – Vocês usam isso?

Há um estoque de armas do seu lado.

– Não precisa, nós temos os arcos. – eu levanto o meu arco.

– Tudo bem. – diz Paylor – Eu acho que eles têm pelo menos mais três ondas e eles precisam diminuir a proteção para soltar as bombas. Você se abaixe, não queremos nenhum desastre aqui.

– É melhor começarmos. – fala Gale

Eu pego uma flecha e estimo o tempo de espera nos aerobarcos e mando a flecha, eu atinjo uma asa e ela explode. O aerobarco desvia da formação, mas ainda libera as bombas. Eu mudo para as flechas explosivas. Os aerobarcos voltam silenciosamente e eu tenho uma ideia.

– Gale, fique de pé. – é a melhor posição para mirar, mas eu não posso fazer isso, então ele faz.

O tiro dele faz um buraco na barriga do aerobarco, e o meu na cauda, fazendo o aerobarco cair e acontecem várias explosões. Outra formação em V aparece, Gale atinge o aerobarco no local certo e o outro com a asa estragada se choca contra eles. Só que isso aconteceu em cima do hospital e provavelmente alguma coisa os atingiu. Eu começo a descer a escada cautelosamente e percebo que a equipe de Cressida esteve me filmando o tempo todo e vou em direção ao Hospital.

As bombas derrubaram o telhado do Hospital e o prédio está em chamas, os pacientes estão todos presos lá dentro. Ainda há gente tentando entrar e retirar os pacientes de lá, mas se as chamas não os pegaram a fumaça fez.

E eu me lembro do garoto, Eddy, como ele parecia tão feliz em me ver, só em me ver, meus olhos se enchem de lágrimas, mas eu as detenho.

– Vamos Katniss, Haymitch conseguiu obter um aerobarco para nós. – Gale fala

– Qual é o motivo de tudo isso? Porque matar pessoas que já estão feridas? – pergunto.

– Para assustar as pessoas, impedir que eles obtenham ajuda. – responde Gale – Elas são descartáveis, o que Snow vai fazer com um monte de escravos danificados?

Eu não consigo mais manter meus olhos na cena de destruição, então dou meia volta, a adrenalina abaixando e a dor no meu joelho crescendo, mas eu ainda tenho raiva e impotência, porque apesar de tudo, essas pessoas morreram.

– Katniss, o Presidente Snow passou esse bombardeio ao vivo e disse que essa era a sua mensagem aos rebeldes. – diz Cressida com sua equipe ainda me filmando – Você não tem nada a dizer aos rebeldes?

– Tenho sim. – digo direto para a câmera – Que eu estou viva e no Distrito 8, onde o Capitol destruiu homens, mulheres e crianças, e que não houve sobreviventes. Que se você pensa que o Capitol nos trata de forma justa, você está enganado. Eles fazem isso e nós devemos lutar contra. O Presidente Snow não enviou uma mensagem? Bom, essa é a minha. Você pode nos torturar nos bombardear e queimar nossos Distritos, mas você vê isso? – aponto para o telhado do armazém, onde uma a asa do aerobarco com o selo do Capitol pega fogo. – Está pegando fogo, e se nós queimamos, você queima conosco.

...

Minha mãe não ficou nada satisfeita quando voltamos, mas como eu não voltei realmente ferida a não ser o meu joelho, ela não teve muito do que reclamar e nem teve como me impedir.

Há muito tempo que eu queria ver o D12, mas vinham me impedindo, eu queria ver de novo o lugar onde eu fui tão feliz, um pedaço das minhas lembranças com o Peeta e com a Pearl, eu quero saber o que restou do lugar onde eu vivi os melhores anos da minha vida. Dentro do aerobarco, Plutarch, Cressida e Gale avaliam um mapa. Plutarch parece satisfeito, aparentemente o mapa mostra os Distritos que estão do nosso lado, e depois do Propos no D8, nós conseguimos tomar o 3 e o 11, e os rebeldes conseguiram fazer incursões em outros Distritos.

Agora estão gravando um Propos com o nome de Nós lembramos, que vai falar sobre ostributos mortos de cada Distrito com a Rue e a Mags, o Finnick participou de um deles e parece que ficou absolutamente chocante e doloroso.

Nós desembarcamos no Meadow e eu percebo que o Haymitch não veio conosco.

– Ele não podia enfrentar. – diz Plutarch quando o questiono.

– O quê? Ele não é capaz de enfrentar? – digo com escárnio.

– Suas palavras foram: “Eu não poderia enfrentar sem uma garrafa” – explica Plutarch.

Bom, como o fraco para bebida do Haymitch era antigo deixo para lá. Não restou nada a não ser destroços, eu não sei o que eu esperava já que o Distrito foi destruído, mas olhar para ele parece que torna tudo real, como quando eu perdi o Peeta e só tive certeza quando o vi na mão do Capitol, não há como impedir as lágrimas. E então eu pergunto a equipe o que temo que fazer.

– O que quer que você sinta vontade. – diz ela

Mas quando eu me encontro na minha antiga casa, no Seam, eu não quero realmente fazer nada porque, tudo o que eu tenho são lembranças, o que eu posso fazer se a minha mente não aceita que essa é realmente a casa em que eu vivi com o meu pai, tão destruída do jeito que está.

– Está bom Katniss, vamos em frente! – diz Cressida depois de um tempo.

Gale não sai com facilidade da sua casa, ele é filmado em silêncio, enquanto acha um atiçador de metal retorcido, aí ela começa a pergunta-lo sobre sua vida. Ela o faz remontar a noite do bombardeio, fazendo seu caminho até a floresta. Meu cantinho com o Peeta e com a Pearl, chegar ao lago e não vê-los brincando na água é como uma facada para mim. Como todos estão cansados, principalmente Castor e Pollux com o peso dos equipamentos, nós paramos um pouco. Eu me sento próxima ao lago, ainda imaginando como seria tê-los aqui.

Sanduíches de queijo são oferecidos e eu me sento com Pollux – que é um Avox – o que me deixa a vontade para não falar. No silêncio os pássaros se aproximam e eu indico a Pollux um mockinjay. Para lhe mostrar, eu assobio um pio de pássaro, e o mockinjay rapidamente me responde, para minha surpresa Pollux assobia algumas notas, e o pássaro também lhe responde. Ele parece encantado por poder falar com alguém depois de tanto tempo.

Durante nossa pequena amostra vários outros mockinjays aparecem em outras árvores. Pollux escreve no chão com um graveto pedindo que eu cante, o meu primeiro impulso é recusar, mas eu me lembro como eu fazia isso com facilidade aqui na floresta com o Peeta e a Pearl, e não há como recusar nada a Pollux. Então, canto as quatro notas da Rue, elas captam a frase e a repetem enchendo a floresta.

– Quer ouvi-las cantando de verdade? – pergunto, para trazer mais um punhado de memórias para mim, memórias boas.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Onde eles penduraram um homem que dizem ter assassinado três.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Essa é uma antiga canção que meu pai me ensinou “A árvore do enforcamento”, que me faz lembrar um pouco da situação em que eu estou.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Onde o homem morto gritou a seu amor para fugir.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

As aves prestam total atenção em mim, elas precisam de mais um verso para conseguir reproduzir a música sem problemas.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Quando eu lhe disse para correr, assim nós dois estaríamos livres.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Todos os pássaros se calam e me fazem lembrar o Peeta, ele me dizia que quando eu cantava até os pássaros paravam para escutar. E o meu pequeno também gosta de música já que ele chuta o local onde está a minha mão.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Usando um colar de corda, lado a lado comigo.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Quando você escuta a canção toda você percebe que o homem insiste para que a menina corra em direção a ele, só que ele está morto, então é claro que ele pede que ela vá se encontrar com ele, com seu colar de corda, morta ao seu lado na árvore. Por um tempo eu achei crueldade à ideia de que ele quisesse que ela morresse para ficar com ele, mais depois do Peeta, eu não acho isso tão inimaginável.

Quando eu olho para os lados, vejo que me gravam e que Pollux chora, e eu também, todos me observam, eu suspiro e ao mesmo tempo os mockinjays começam a cantar a sua versão da música, fica mais bonita na voz deles. Eu só falo depois que Cressida dá um fim a filmagem.

– De onde surgiu isso? Você é de ouro garota. – diz Plutarch enquanto me abraça e beija a minha cabeça.

– Eu não fiz isso para as câmeras. – digo infeliz.

– Que bom que estavam ligadas, então. – fala ele – Vamos para a cidade!

Na praça destruída, eu caminho em direção à padaria da família do Peeta, e peço que Cressida ligue a câmera.

– Peeta, eu não sei se você sabe, mas eles destruíram a nossa casa, a casa da sua família, e eles não... – é difícil falar essas palavras – E eles não foram encontrados, eu espero que isso te mostre o que o Capitol está fazendo.

Nos continuamos e paramos no que sobrou da forca, e Cressida pergunta se alguém foi torturado, para mostrar Gale tira a camisa e vira de costas, os vergões em suas costas vão ser cicatrizes permanentes e eu não quero continuar aqui, nem gravar mais nada. Então caminho em direção a minha casa, na Vila dos Vitoriosos.

Não sei por que, ou até mesmo para mostrar que a culpa de tudo é minha, o único lugar que sobreviveu ao bombardeio foi a Vila dos Vitoriosos. Entro na minha casa e vou direto para o nosso quarto, eu quero algo que está lá. Mas assim que eu entro, as lágrimas são inevitáveis.

Passar por tudo isso é uma coisa, agora passar por isso sem o Peeta, é dez vezes pior. Ele sempre me manteve em pé depois que nós casamos, até antes, no começo como amigo, depois com seu amor declarado por mim, me mostrando o quanto era bom viver e ter uma família, me amando quando ninguém conseguia ou sabia como.

Eu vim buscar o nosso quadro, ele não era muito de fazer quadros com a sua imagem, normalmente ele fazia de mim e da Pearl, mas tinha um feito há algum tempo. Da campina, eu de frente para ele e com a Pearl no nosso meio. Eu dou um jeito de enrolar a pintura e saio, encontrando com eles do lado de fora. Gale pega a pintura da minha mão para que eu possa subir, e eu passo o caminho de volta ao treze, completamente absorta na minha cadeira.

...

Nós estamos no comando, eu estou entre Finnick e Plutarch, esperando que o Propos gravado no D12 entre ao ar, direto da programação da Capitol, um milagre de Beetee. Ele quer entrar ao ar enquanto o Presidente Snow se pronuncia.

O selo do Capitol aparece na tela, e depois eu estou olhando para o Presidente, a câmera se afasta e inclui Peeta, ele está em frente a um mapa de Panem, sua perna com a prótese bate de uma forma inquieta, e seus olhos estão desfocados e irritados, e ele está magro se comparar a imagem dele que eu tive a uma semana, como ele pode parecer assim tão acabado, a olheiras enormes abaixo dos seus olhos, os meus olhos azuis que me parecem tão desesperados.

E o que eu mais acho estranho ele começa a falar sobre um cessar-fogo, destacando quais são os danos que a guerra está causando, mas sem aviso eu estou na tela, nos escombros da padaria. Quando ele volta seu olhar tem um brilho diferente, mas ele tenta continuar o seu discurso antes de ser interrompido novamente, agora por um clipe do Finnick falando de Rue, depois disso é como uma guerra, a cada três segundos a imagem muda mostrando os nossos Propos e a transmissão do Capitol.

Eu agarro a mão do Finnick, enquanto todos comemoram e só nós dois nos mantemos em silêncio e encontro o mesmo olhar de medo, que deve ser o meu, no rosto do Haymitch, a mesma ideia do que eles podem estar fazendo com o Peeta para que ele diga aquelas coisas.

Snow se mexe na tela, dizendo que os rebeldes estão agora interrompendo a disseminação de informações que acham incriminatórias, mas que a verdade e a justiça reinarão, e que a transmissão voltará assim que a segurança for retomada, e ele passa a palavra para o Peeta, perguntando se depois da manifestação de hoje, ele tem alguma despedida para mim. Os olhos do Peeta se arregalam com a menção de despedida e ele se remexe na cadeira.

– Kat, - pelo menos ele ainda me chama pelo apelido não é? – como você acha que isso vai acabar? Nada do que nós conhecemos vai sobrar, nós não estamos a salvo, nem eu aqui na Capitol, nem você do Distrito 13, - seus olhos migram para o Presidente e ele engole em seco, lutando com as palavras – morta pela manhã.

Snow grita algo como “Acabe com isso” e enquanto Beetee intercala imagens minhas no Hospital, eu vejo o Peeta tentando continuar a falar, a câmera cai no chão gravando o piso branco. Aparecem várias botas e eu escuto um golpe seguido do grito do Peeta.

Dor, pura dor, minha e dele.

Eu nunca havia escutado o Peeta com tanta dor, ele nunca havia gritado de dor. Não dessa forma. Eu vejo o seu sangue manchando o piso, e o meu último registro é do meu grito a ele. Depois o mundo fica preto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do tamanho do capítulo?
ENTÃO EU TENHO UMA NOVIDADE PARA VOCÊS.
SEGUNDA-FEIRA, provavelmente, eu vou postar um capítulo especial todo PELO PONTO DE VISTA DO PEETA, ok?
Vocês acham a ideia boa?
POR FAVOR, comentem.



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