Greycity- Elementis Magi escrita por Selaya


Capítulo 15
Não-convidados


Notas iniciais do capítulo

Estava ansiosa para postar este capítulo, boa leitura :)



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“Os treinos da última semana estão sendo mais pesados. Na hora da batalha contra Aimee, só poderei usar o elemento que foi anotado em meu registro: fogo. Miriã e Tyler são extremamente rigorosos e negativos, papai também me ajuda a treinar. Estou faltando muito na escola, meu pai conversou com a professora e disse-lhe que eu tinha quebrado o braço, mas mesmo assim todo dia ela me manda um dever novo, através de Chris, que ao menos é da minha sala. Não vejo Isaac á dias, quer dizer, na realidade, porque quando não tenho um pesadelo, tenho sonhos com ele e é incrível como ele não sai da minha cabeça, papai disse que nossa história não terminaria agora, porém parece impossível perdoá-lo. Elizabeth não saia de casa. Eu não sei porque estou escrevendo nesse diários todas as noites, talvez queira ser lembrada quando morrer. Hoje é o grande dia, finalmente a convenção de magos elementais ocorre. Eu preciso me aprontar.”

A morena terminou de escrever em seu diário, soltando um grande suspiro. Após lavar-se na banheira, ela ficou olhando seu guarda-roupa em busca de algo que não parecesse tão simples e então, deparou-se com Miriã em sua cama e, por incrível que pareça, sorriu, já não odiava-a tanto assim... É impossível ver alguém todos os dias e não acabar conhecendo-a melhor, ou talvez fosse possível já que ela ainda odiava Tyler.

— Está ansiosa? Sabe, quando eu morava em Londres também teve uma única convenção! E eu ganhei, só tinha 14 anos... Alguns magos tem sorte de não terem convenções em seus estados... Eu achava que Greycity nunca participaria sendo uma cidade de pouca importância. Mas adivinhe! Isso mesmo, eu comprei um vestido para você! Abra e coloque-o. – murmurou sorrindo enquanto apontava a sacola.

Thalia abriu e deparou-se com um lindo vestido vermelho reluzente, ele tinha uma longa calda e uma fenda entre as pernas, no mínimo extravagante. Vestiu-o olhando-se no espelho e abismou-se com tal visual. O decote era muito grande e mostrava suas pernas ossudas pela fenda, aliás mostrava até mesmo suas coxas!

— Miriã isso ficaria ótimo em você... Para uma festa! É... É doido demais! Aliás eu nem tenho seios pra encher esse decote, ah me desculpe mas eu não vou usar isso não. – murmurou boquiaberta com tal roupa e viu a outra rir. Nesse momento Edmund entrou no quarto.

— Mas o que... Não vai usar isso não! Que indescência. Além disso, sua mãe lhe entregou um vestido para caso ocorresse a convenção, junto há um bilhete que eu não li todos esses anos... – murmurou balançando a cabeça negativamente e oferecendo a caixa um pouco pesada.

Thalia abriu rapidamente e encontrou um lindo vestido rosa salmão de alcinhas finas, um pouco curto e com detalhes florais na bainha, um laço dividia sua cintura. Sorriu ao ver-se no espelho e aproveitou para ler a carta:

“ Se estiver lendo isso... Hoje será o dia. Acredito em ti, sei que pode ganhar a convenção com quem quer que seja, porque você é forte. Você se ergue como um muro, você é tão pesado de derrubar quanto um. Céus, eu confio em você, seu pai confia em você, então lute. Sem peso na consciência, lute pelo que acredite, o que quer que seja. Talvez você prefira morrer do que matar alguém, não é o que eu gostaria mas se seu coração mandar... siga-o. Ele é a voz da razão. Meu anjinho, estarei torcendo por você, little badass, de onde quer que eu esteja, por o que quiser. Com amor, mamãe.”

Os olhos azuis e penetrantes dela, agora marejavam. Ela limpou a única lágrima que insistiu em descer e sorriu, retocando sua maquiagem. Calçou o salto-alto prateado e arrumou os fios negros em ondulamento. Miriã assentiu e bateu palmas dizendo “linda”e Edmund chamou-as para ir. Então foram esperando a hora chegar, mesmo com os estômagos embrulhando e não demorou muito para chegarem ao centro onde existiam todas as lojas possíveis. A morena franziu o cenho não enxergando o tal lugar que ocorreria, mas então desceu do carro e Ed encaminhou-as para uma boutique, na qual andaram até chegar no fim da loja e seguiram por um corredor estreito e íngreme, subindo algumas escadas que revelaram uma porta. Edmund pousou sua palma da mão ali e as morenas fizeram o mesmo, então a porta abriu revelando um imenso salão em cores vermelhas e douradas em tudo, bexigas, mesas e bandeiras, parecia até mesmo uma festa.

Thalia olhou para cima vendo que ali havia algo como um “camarote” no qual Joseph e Logan estavam observando, o que deu-lhe arrepios. O “ringue” estava disposto no fim do salão e na frente havia mesas com comidas e bebidas. Na arquibancada, onde a multidão estava, já vibrava com as apostas de kunys. Ed despediu-se da filha e encaminhou-se para o camarote onde todos os membros da seita iriam ficar. Miriã despediu-se e deslocou-se para um assento vip na arquibancada muito próximo, ao lado de Toby. Estava tudo encaminhando-se bem, até mesmo Elizabeth saiu de casa... Então Thalia ouviu sua voz, grossa mas com tom delicado; seu cheiro que sentia até mesmo de longe: incenso de hortelã. Desnorteada. Confusa. Este seria o efeito pós-término?

— Hey morena! Eu sei que não quer falar comigo mas... Boa sorte! Eu sei que você ganha essa. Preciso lhe contar uma coisa: eles não vão queimar os luminosos agora... Ocorrerá primeiro a batalha! Você tem que sobreviver para depois atingi-los. Não dá pra fazer agora porque eles estão muito longe... Prometa-me que irá lutar! Não posso deixar de dizer: Eu te amo, seu pai te ama e todos seus amigos. Estamos aqui. Tenho de ir lá pra cima por... – a morena não deixou Isaac terminar de falar, simplesmente abraçou-o firme e ele retribuiu, acariciando seus cabelos negros e observando o quão linda ela era, então em minutos, ele partiu.,

Ecoou o hino dos magos, muito antigo e ainda em latim no local, todos pousaram suas mãos sobre o peito e começaram a cantar:

“Respice post te, et fratres tui,

Ut magi, albus sanguis

Et altius nostris in sanguine est magicis

Sed non magis potest obstare

Indoctis hominibus, et non ad virtutem,

Ut magi, fortissimum

Caelestis, magi.”

Ao acabar, ocorreu uma salva de palma e observou-se toda a seita no palco, já não havia ninguém no camarote, todos usavam seus majestosos mantos vermelhos, menos o líder que sempre usava preto. Joseph pegou o microfone.

— Caros irmãos! Sabemos que esta é uma das datas mais esperadas do ano, no qual os jovens mostram-se mais fortes que o outro, que mostra seu valor para nós, a seita! Estamos muito felizes com tal data e ainda mais que logo após a batalha, conseguiremos finalmente extinguir a raça impura de Greycity. Eu, como líder e sem dúvida o maior mago existente, decreto que os jogos irão começar. Nenhuma magia é forte o suficiente para parar-me, então lembre-se disto antes de berrar comigo e chorar feito um bebê! As tabelas de aposta estão abaixo de vossos assentos e, tudo ocorrerá em ordem alfabética. Agradeço a presença de vocês e declaro que todos os jovens que não vieram, estão sendo rastreados neste momento. Não há como fugir. E que comece a batalha por sua vida. – murmurou alisando sua barba branca.

Logan havia sumido e Edmund anunciou os primeiros nomes: Abby e Martis. A menina era loura e alta, tinha semblante rabugento e teria em vista uns quinze anos, enquanto Martis era ruivo e magrelo, sorridente, tendo pouco mais de doze anos. A arquibancada gritava pelo nome de Abby quando ela entrou no ringue, já Martis recebeu uma pequena salva de palmas. A loura avançou jogando um ciclone para o menor que acabou despencando e perdendo-se no meio do fenômeno, ninguém mais via-o, o que perturbou Thalia. Então ele acabou saindo encolhido, as lágrimas dançavam por seu rosto sardento quando ele jogou picos afiados de gelo na maior prendendo-a na parede e o erro de Abby foi usar fogo para derretê-los: ela só poderia usar o ar, mas sua raiva desconcentrou-a e a fez ser desclassificada como uma luminosa, os soldados levaram-na enquanto ela gritava por sua vida, o cheiro da fumaça vinda de um quartinho dos fundos já repertia no local; o pequeno alaranjado sorria, ele não tinha esperanças de viver mas conseguiu.

Edmund chamou outro nome: Aicon e Jonas, ambos entraram no ringue sorrindo, enquanto Aicon era negro e forte, Jonas era indígena e alto demais. Miriã surpreendeu-a quando passou pelo palco com uma plaquinha escrito “segunda batalha”, parecia mesmo um evento de televisão, como MMA com poderes. Aicon avançou fazendo com que muitas esferas celestiais de fogo surgissem mas Jonas conseguia rebate-las com o caule de suas plantas gigantescas, ele usou-as para prender o outro firmemente, porém o moreno queimou-as com uma fogueira abaixo de si... Exato! Fogo não queima fogo, pensou a morena. Em compensação, o índio e suas plantas estavam agonizando com as queimaduras e Aicon pois um fim nisto: fez a maior esfera possível e lançou para o índio que gritava enquanto sentia a dor excruciante. Os olhos de Thalia marejaram quando ele caiu no chão rolando e ninguém fazia nada, só quando ele parou de mexer-se que os soldados tiraram-o do chão, e alguns suspiros chateados da plateia misturavam-se com comemoração. Uma senhora da arquibancada vip soluçava, ela também tinha características indígenas, poderia ser seu filho ou neto que acabara de ser morto enquanto a multidão não fazia nada, apenas vibrara.

Edmund anunciara outros nomes: Aimee e Thalia. A morena tremia quando foi encaminhada ao quarto para trocar-se. Prendeu seu cabelo e o vestido rosa fora substituído por um macacão elástico que mais parecia de mergulho, era muito colado e continha detalhes vermelhos. Aimee também estava lá, sua face asiática estava contraída e seu macacão era preto, igual o da outra, mas tinha detalhes dourados e também, esta era muito maior que Thalia. Lembrou-se do que Miriã disse sobre conseguir que a pláteia gostasse de si, teria de fazer algo marcante. E então encaminhou-se para o ringue, ouvindo a multidão gritar por Aimee, que sorria de forma provocativa, o que acabou deixando a morena um pouco irritada: mostrou os dedos médios e foi surpreendida pelo apoio da platéia que acabou gostando de seu gesto “rebelde”. Miriã passou com a placa e desejou-lhe um “boa sorte” sem voz e Aimee avançou, ela manteve seus braços abertos ao chão e então a água surgiu de lá, assim começou a subir conforme os braços da asiática moviam-se, ela moldou o monte de água como uma onda acima de sua cabeça e lançou-a para a morena, petrificando-a aos poucos até estar próximo de mais da morena que pulou para o lado. Levantou-se abismada com a onda que agora era gelo, que, provavelmente congelaria-a, suspirou fazendo com que 4 esferas de fogo surgissem de lados opostos perto da outra que conseguiu pará-las, apagando com água. Tentou fazer novamente com 6 esferas, porém em suas mãos, moldou-as de forma que ficassem juntas e resultou em uma esfera tão grande quanto todas que já fizera, lançou-as mas Aimee desviou novamente.

Como num passo de mágica, ela fez surgir uma geleira acima da cabeça de Thalia, com grandes picos gelados, que enquadravam-na, tendo apenas a frente livre para correr, mas Aimee estava ali, com esferas celestiais tão grandes deixando-a presa, ela podia matá-la quando quisesse mas ela queria jogar. Ela lançou uma de suas esferas tão perto de Lia, que esta sentiu o vento em suas orelhas, a esfera atingiu a geleira e então um pico caiu. Se eu usasse fogo, a geleira derreteria aos poucos e os picos cairiam em cima da morena, já que era apenas um cubículo onde ela não podia sair, porque as paredes geladas ocupavam três lados seus e Aimee estava em sua frente.

Thalia olhou para as mesas centrais onde a seita observava tudo do telão e brindavam, mas Edmund não estava lá. Olhou para frente, não para Aimee mas sim para Isaac que estava do lado do ringue, preso por soldados, ele se rebatia e dizia o quão era injusto e que precisava me tirar de lá, sem tirar os olhos de mim, mas os soldados mantinham-se sérios e seguravam-o. A morena murmurou um “eu te amo” sem voz e o castanho conseguiu ler seus lábios, soltando um sorriso, era a primeira vez que falava algo assim tão diretamente e talvez fosse a última... Mas então Aimee caiu. Ela ajoelhou-se no chão segurando a barriga e gemendo com uma dor excruciante, Thalia olhou diretamente para Isaac que murmurava um feitiço em latim e ela não perdeu tempo ao sair da geleira e destruí-la com uma “parede” de fogo, ela sabia que essa era a hora de matá-la, aproveitaria enquanto ela estava no chão... Só que não conseguia! Em tal desespero ela começou a chorar enquanto segurava a esfera que mataria uma inocente, mas a bola dissolvia em suas mãos, era o nervosismo.

Tudo foi muito rápido. Thalia só via fumaça em sua frente e chegou a pensar que havia morrido, mas então ouviu a gritaria da arquibancada que corria para a porta dos fundos e ela também gritou. Isaac colocou suas mãos no ombro dela e apontou pro camarote: Logan e outros membros do clã dos magos negros estavam ali. Eles jogavam tintas verdes na bandeira vermelha e riam. Era oficial: o clã dos magos entraram na convenção mesmo não sendo convidados. Eles haviam jogado uma bomba de gás. Eles estariam aprontando? Com certeza.


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Notas finais do capítulo

Vocês irão ter muitas surpresas com o final de Greycity, muahahaha!



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