À Sombra da Justiça escrita por BadWolf


Capítulo 7
Caso Reaberto


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Pessoal, preciso avisar que este capítulo está inserido dias antes de Esther contar a Holmes sobre o emprego na Universidade. Como eu disse antes, será mostrado o que aconteceu a Holmes nesses dias que ambos tiveram separados. Espero que isso não lhes confunda. Está dividido em dois capítulos. Depois desses dois capítulos, onde será mostrado um pouco do andamento da investigação - e do passado também, para quem tem interesse em saber da desavença entre Reid e Holmes - a história voltará ao curso normal, mostrando como a Esther está se saindo com esse novo emprego.
Boa leitura!!



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Lemon Street, Whitechapel. 17 de Maio de 1894.

(Dois dias atrás...)

A madrugada já tinha chegado a Londres. Apenas algumas luzes iluminavam as ruas do reduto mais difamado e proibido de Londres. Na mesa do tenaz inspetor Edmund Reid, uma vela ajudava o oficial em sua busca incessante por uma linha de raciocínio, fazendo-o reanalisar os casos de assassinato creditados a Jack por várias vezes. Ele sentia-se tão familiarizado com aquele texto que até tinha decorado algumas coisas.

O fato é que o cadáver encontrado naquela noite ainda estava no necrotério. Era uma moça loira, com idade de vinte anos. Como sempre, não havia qualquer vestígio ou documento, nem cicatrizes ou tatuagens em seu corpo. A menina usava roupas limpas e modestas, e ao que parecia não era prostituta, embora a autópsia tenha verificado recente atividade sexual. Poderia ter sido estuprada. O tórax tinha sido aberto e as entranhas reviradas, mas nenhum órgão foi retirado, o que demonstrava uma possibilidade de não ser Jack - ou dele ter mudado seu jeito de agir.

Reid bufava. Seus olhos já estavam cansados. Ele não era mais um rapaz entusiasmado como nos primeiros anos da Força. O peso de seus trinta e sete anos, dos quais vinte servidos à Força Londrina, o havia deixado cansado e desesperançoso. O fato era que Whitechapel parecia o local perfeito para um assassino se esconder e ocultar pistas. Havia pessoas que simplesmente não teriam justiça ali, como se tivessem decretadas a isso. A Justiça por vezes parecia desconhecer aquele distrito.

A porta se bateu, enquanto o inspetor bebia um gole de café.

–Entre. – disse.

Era o inspetor-chefe Abberline e o inspetor Rodgers, de Covent Gardem. Reid logo deduziu que, àquela hora, o assunto não seria dos melhores.

–Sir, pensei que o senhor tinha concordado em dar-me um prazo...

–Infelizmente não posso mais dar-lhe oportunidade, Edmund. Rodgers. – pediu Abberline ao mais jovem.

–Mr. Reid, nós também encontramos um corpo em nossa Divisão. E pelo relato de Mr. Abberline... Também acredito que tenha sido obra dele.

Reid se levantou, revoltado. – Por Deus! Quando isso aconteceu?

–Há exatos três dias. – disse o inspetor Rodgers, nervoso. – A mãe dela relatou seu sumiço. Seu nome era Catherine Bryant. Trabalhava como empregada doméstica e ao que parece, tinha uma vida íntegra. O tórax dela também foi aberto e... Mexeram nas tripas. – disse o inspetor, com indisposição.

–E tem mais, Reid. – acrescentou Abberline. – Mostre a ele, inspetor.

Obedecendo a Abberline, o inspetor Rodgers retirou do bolso um item, embrulhado em um pano, e o entregou a Reid.

–Acredito que ele tenha deixado uma pista. Isto estava na mão dela, agarrado firmemente. Tivemos que quebrar os dedos dela para conseguir retirar.

Era um uma passagem de navio. Só era possível saber o destino da viagem pela numeração, que estava borrada e ilegível.

–O problema é que eu acredito que o suor na mão dela tenha manchado parte da letra.

–Isso já é um começo... – observava Reid. – Ainda temos a data, veja. Ao menos é uma pista por onde podemos começar.

–A próposito, Edmund, conseguiu identificar a vítima?

–Ainda não. Estou analisando relatos de mulheres desaparecidas pela região. Verificando se acho alguma semelhança com...

De repente, gritos femininos ecoavam pela delegacia.

–Mas que diabos é isso?! – Reid levantou-se e saiu de sua sala, sendo acompanhado pelos outros. – Havengard, o que está havendo? – perguntou a um dos oficiais que tentava contê-la.

–Ele está de volta às nossas ruas! Jack, eu sei que ele está! – ela gritava, com pavor, diante dos demais oficiais e inspetores.

Os olhos de Reid tomaram-se de pavor.

–Sargento, solte-a.

–Essa mulher é louca, inspetor. Imagine, Jack de volta... Acredito que uma noite na cela irá acalmá-la devidamente e...

–Sargento, me obedeça! Solte essa mulher e deixe-a falar. Averiguaremos se será necessário.

Todos na delegacia voltaram-se a Reid, tentando entender o que estava acontecendo. Por que Reid estava levando a histeria daquela mulher a sério.

–Senhora, por favor, nos acompanhe. E vocês, voltem ao trabalho! Há escória lá fora para pegarmos! – ordenou Reid, fazendo a delegacia voltar à sua rotina normal, apesar de alguns cochichos.

Dentro da sala, a mulher puxou uma cadeira e se sentou. Aproveitou também para tirar do bolso um cigarro.

–Eles não sabem, não é? – perguntou, depois de uma baforada.

–Diga-nos, o que você quer dizer com “Jack está de volta”?

Ela respirou fundo. – Eu vi um corpo. Dilacerado feito um bife. É assim que ele faz, não é?

–Onde esse corpo está? - perguntou Reid, ignorando-a.

–Na esquina de Steel Street. É uma mulher loira. Outras pessoas também já viram, e se eu fosse vocês, iria para lá agora. – alertou a mulher.

A Steel Street ficava a duas quadras dali. Ainda daria tempo de retirá-lo e impedir a participação da imprensa no caso, mas o boato certamente já estava decretado a ser disseminado por Whitechapel.

–Parece que precisaremos de reforços, Reid, quer você queira ou não. Em menos de dois dias, já há três corpos. – disse Abberline, irritando profundamente Reid, pois ele sabia muito bem a quem iriam recorrer.

–Havenford, prepare homens com cassetetes e aparatos. Usem a força se necessário, mas tragam o corpo aqui. A imprensa não pode saber desse corpo. - ordenou Reid.

Havenford concordou com a cabeça, já procurando rapidamente por outros oficiais.

–Será que ele está acordado a esta hora? – perguntou Abberline. – Que seja. A questão é importante demais para deixar para o dia amanhecer. Reid, você irá me acompanhar. Iremos buscar Lestrade em Westminster, ele é mais próximo do detetive e pode nos ajudar a convencê-lo a participar do caso. Muito embora um homem como ele não precise de muito para aceitar um caso difícil.

–Talvez fique até feliz e poste isso como um conto no Strand. - disse Reid, com deboche.

–Se este caso for resolvido, Reid, é bem provável que você seja promovido a Inspetor-Chefe e vá para o distrito que quiser. Quem sabe assim Norah não volte para você...

Reid sentiu-se incomodado com a menção de Norah, sua ex-esposa.

–Por favor, Sir. Não quero tocar neste assunto.

–Ele ainda machuca você, não é? Da mesma forma que Jack.

–Eu não a perdi por causa de Jack, inspetor Abberline. Resolver o caso do Estripador não trará minha esposa de volta. E aliás, essa conversa está tomando um rumo que creio que não nos acrescentará em nada produtivo a esta investigação; Agora, vamos a Baker Street buscar logo esse engomadinho da City antes que eu me arrependa.

–Ele pode ser um engomadinho, mas ele não é da City. Parece que vem de uma família de fidalgos, eu acho... Li isso em algum lugar...

–Certamente um homem repleto de terras que expulsa e explora camponeses, camponeses tais como o meu pai fora a vida inteira até ser expulso das terras que pertenciam à família dele há gerações por um engravatado protegido da Rainha. Não sei o que é pior.

Abberline riu. Realmente, Reid detestava qualquer coisa vinda de Holmes. Ele gostaria de saber o que tinha feito ter tal opinião mordaz do detetive consultor, embroa soubesse que o inspetor jamais lhe contaria todos os detalhes de sua desavença, muito menos os motivos que trouxeram o seu desentendimento.


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Notas finais do capítulo

É Reid, você é azedo demais... Eu também queria entender o porquê do seu ódio e desprezo por Mr. Holmes...
E para quem não sabe, a City é como é chamada o centro de negócios de Londres, ou seja, a área financeira (bancos, etc) Nada haver com o Holmes, Mr. Reid! Não pode chamá-lo assim só porque ele se veste melhor do que você, ora!
Espero que estejam gostando da história, pessoal. No próximo cap, saberemos qual será a reação de Holmes ao caso de Jack e, finalmente, porque Reid odeia Holmes. Espero que a história não esteja entediante.
Obrigada pela atenção e deixem reviews.



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