À Sombra da Justiça escrita por BadWolf


Capítulo 23
Respostas à Altura


Notas iniciais do capítulo

Feriadão, tempo nublado aqui em casa... Então, o que fazer? Postar, é claro!!!

(Como se eu não tivesse um capítulo da monografia para entregar essa semana, mas tudo bem...)

Para todos aqueles que estão ansiosos por esse dia... O dia de ajuste de contas... O dia D!!!

Holmes X Carlston

Saberemos de algumas coisas, também...
(Infelizmente, acompanhados de uma notícia muito ruim, vocês verão...)

Chega de comentar, podem ler... Boa leitura!



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Holmes já estava em East End. Tinha entregue a fortuna de uma libra para que o cocheiro corresse até East End como se fosse por sua vida. Nas ruas imundas daquela cidade, ignorando o vai e vem de gente, Holmes correu até o endereço do folheto. Aparentemente, era uma casa abandonada, mas ao olhar em seu vidro, ele percebeu a fraca luz de uma vela acesa. Não estava tão abandonada assim.

Havia o vulto de duas pessoas ali, dispostas de maneira agachada. Ele percebeu uma movimentação estranha pela luz. Uma movimentação ritmada, que lhe parecia similar a algo que, se fosse verdade, evocava verdadeiro pavor de seu estômago, a ponto de sentir uma vontade de vomitar apenas com aquela perspectiva. A sórdida perspectiva de imaginar a mulher que ele amava, sendo...

Não. Aquele lunático não poderia estar... Não com minha Esther...

O calor das emoções foi mais forte. Esther precisava de ajuda, e ajuda imediata. Aquilo tinha que acabar, ou ao menos ser interrompido, que fosse. Claro, com uma resposta adequada. Holmes caminhou até a porta, e sem pensar duas vezes, com um só golpe, pôs a porta abaixo. Com a arma em punho, ele entrou, interrompendo o ato e se colocando diante da cena mais deprimente que ele jamais desejaria ter visto. Seu semblante caiu em desgosto, asqueado. Do mais profundo de seu estômago, a bile parecia emergir em sua boca, diante de tamanho desagrado. Sua sensação de asco diante daquele homem depravado só não era maior que a raiva que exalava de si, esta sim, que associada à sua mente racional, tornava-se algo mortífero, irremediável. Impossível de se impedir.

Haveria consequências, ele dizia a si mesmo.

Esther estava com o semblante apavorado, pálido, e havia dor irradiando de sues olhos. Sua blusa estava levantada, deixando parte dos seios à mostra. Mas antes fosse só isso. Seu vestido estava levantado. Jeffrey trazia gotas de suor na testa e ofegava, satisfeito, enquanto abotoava a calça.

–Parece que alguém precisou fazer o trabalho que você não faz, Mr. Sigerson. – disse o jovem, com deboche. – Sua mulher estava precisando disso... Afinal, tanto tempo sem ter um homem de verdade por perto...

–Cale essa boca! - disse Holmes, com ódio, que sem pensar duas vezes, deu um tiro no tórax de Jeffrey, que gritou de dor.

–Você atirou em mim! – exclamava Jeffrey, descrente com o sangue em suas mãos. – Caramba, isso dói! – dizia, aos risos.

–Desgraçado... – Holmes deu um passo a frente. – Você não passa de um mero imitador, um fracassado vulgar, incapaz de conseguir algo por méritos próprios... Nem mesmo uma mulher!

Holmes deu-lhe mais dois socos, fazendo o nariz de Carlston sangrar.

–Eu sei que nem você, e nem James Stewart, como você queria que todos acreditassem, eram o Estripador. Mas você sabe quem ele é, não sabe? Algo lhe motivou pela escolha de Jack... – perguntou Holmes, pegando-o pelo pescoço.

Carlston começava a se sentir fraco pelo disparo, mas não hesitou.

–Não pode tirar este mérito de mim. Chama-me de medíocre, mas eu ao menos sei quem era Jack. Algo que nem a polícia, nem Sherlock Holmes conseguiram descobrir...

–Diga...

Carlston riu. – Por quê eu diria a você? O que fará com esta informação?

Para pavor de Carlston, Holmes não disse nada, apenas encostou o cano do revólver em sua calça, destravando o revólver intimidadoramente.

–Está bem, está bem! O irmão de Stewart! Ele era Jack!

O revólver permanecia encostado. – Lewis Stewart? O viciado?

–S-Sim... – disse Carlton, ainda sentindo a quentura do cano. – Nós crescemos juntos: eu, James e Lewis. A brincadeira favorita dele era decepar e dissecar animais. Ele sempre foi frio. Ele era estudante de Medicina, antes das drogas. Um aluno brilhante, mas calculista, impassional. Até que ele conheceu o Professor Cohen... Era um homem com idéias malucas, tinha uma seita... Ele manipulava Lewis com ópio e mais uma droga poderosa. Lewis matava as prostitutas a seu mando... Parece que para um ritual...

–Nenhum daqueles homicídios parecia um ritual! – esbravejou Holmes. – Você está blefando comigo!?

–Não estou... Eu juro, por favor, não atire... - choramingava o rapaz... - E-Eu tinha um diário dele, mas sumiu... Estava em hebraico, ou árabe, que quer que fosse, mas tinha detalhes sobre a seita... Eu sei que tinha... Por favor...

Holmes lembrou-se do diário que achou na casa de Esther. Parecia corresponder ao Diário que estava nos poderes dela, sabe-se lá como, e que agora estava ali, exatamente no bolso de seu colete. Finalmente, ele retirou o revólver de Carlston e o desencostou da parede. Ainda cambaleante, Carlston zombou.

–Apenas isso, Mr. Sigerson?

–Sim, obrigado pela informação.

Passou-se segundos em silêncio, até que Carlston se apoiou na parede, levando a mão ao estômago, zunindo de dor.

–Sentindo dor, Mr. Carlston Holmes? – ele perguntou, com muito sarcasmo, ao sentir o jovem estremecer, já com sangue escorrendo da boca.

–Tomar um tiro é mais doloroso do que pensei. Caramba! – urrou de dor. – Mas ainda assim, ele será bom porque você vai para a prisão e deixará sua mulher livre para dar-me mais prazer...

–No inferno não há prazer. – disse Holmes, descarregando seu revólver em sua cabeça, selando de vez o destino de Carlston com cinco balas distribuídas pelo rosto, a ponto de deixá-lo praticamente desfigurado. Na parede do fundo, perto de onde o jovem recebera os disparos, pedaços de massa encefálica escorriam unidos a sangue, tornando a aparência do cômodo mais horripilante e sanguinária.

Olhando por instantes o corpo morto, Holmes correu até Esther, que, de cabeça baixa, chorava sem parar e parecia em estado de choque. Ele se aproximou e, por fim, retirou-lhe a mordaça. – Esther, você está bem?

Em meio ao choro, Esther parecia incapaz de dizer qualquer coisa.

–Não temos muito tempo. – ele disse, enquanto desamarrava-lhe as pernas. – Os vizinhos certamente escutaram os tiros e logo alguém vai aparecer. Precisamos ser rápidos.

Enquanto desamarrava as pernas dela, Holmes notou que algumas gotas de sangue estavam escorrendo por sua virilha, mas ele não quis comentar qualquer coisa naquele momento.

–Vamos. – ele disse. Até que ouviu o barulho de charretes. Provavelmente eram o inspetor Reid e um bom contingente da Yard. Ele havia deixado com o guarda, na casa de Esther, um recado para Reid contando sobre o endereço no East End e pedindo reforços, mas não contava que o inspetor fosse tão rápido. Mais um pouco e teria pego Carlston ainda vivo. O que Lestrade tinha em falta, o Inspetor Reid tinha em excesso. Naquele caso, e naquele momento, isso era algo nada bom.

–Droga! – disse Holmes, retirando seu terno rapidamente para cobrir a nudez parcial de Esther, antes que a Scotland Yard chegasse.

Ao entrar na casa, Reid, juntamente de alguns guardas uniformizados, foram tomados de surpresa pela cena sanguinária: um homem quase sem rosto, repleto de balas cravejadas pela face. Sangue e partes de cérebro cobriam uma das paredes. Sentada a uma cadeira, estava Esther, com os cabelos desgrenhados, coberta por um terno escuro, tremendo e chorando. E Mr. Sherlock Holmes, em mangas de camisa, aparentando a frieza e calma habituais.

–Por Deus, parece que alguém foi mais rápido que a própria Justiça... – disse Reid, observando o corpo de Jeffrey, com a cabeça estourada. – Pelas vestimentas e descrição, diria que este é Jeffrey Carlston Holmes, ou o que restou dele para se conhecer. O que aconteceu aqui, Mr. Holmes?

–Sophie! – gritou Watson, surgindo de repente, interrompendo a pergunta. – Por Deus, Sophie, o que aquele monstro fez com você?! – perguntou o bom doutor, aproximando-se dela para examiná-la, tão preocupado que praticamente ignorou a presença de Holmes, a esta altura distante de Esther.

–Não cheguei à tempo, Watson. Quando cheguei aqui, já era tarde demais. – lamentou Holmes, tentando esconder sua decepção.

–Foi você quem o matou, Mr. Holmes? – perguntou Reid. – Porque Jeffrey tomou vários tiros, apenas um na barriga e todo o restante na cabeça. O assassino já perderia a alegação de legítima defesa diante disso e...

–Não é tempo para pensarmos nisso, Mr. Reid, e se está tão interessado em saber quem foi o responsável por tirar a vida deste meliante, eu lhe respondo que não fui eu. Espero que não se sinta lamentado por não me levar em algemas. Quando cheguei aqui, Carlston já estava morto. E parece, Watson, que o marido dela não era tão relapso quanto você o chamava. Foi ele quem a defendeu e matou Carlston. Eu o vi saindo da cena do crime, e parecia assustado, em fuga.

Enquanto examinava Esther, ainda em estado de choque, Watson negativou. – Ainda assim. Um homem de verdade não deixaria sua esposa neste estado para simplesmente fugir da polícia.

Holmes calou-se.

–De qualquer forma, Mr. Holmes, precisaremos de seu depoimento. O senhor é uma testemunha importante, que não pode ser ignorada. Preciso também de uma descrição deste homem para coloca-lo na lista de foragidos. A Justiça não pode ser tomada em suas próprias mãos, você sabe disso.

–Podem ir, senhores. Eu me encarregarei de cuidar de Sophie. Irei leva-la a um hospital... Só Deus sabe o que esse facínora fez a ela que... – disse Watson, já com suas suspeitas a respeito do ocorrido. – Enfim, vá com o Inspetor Reid até a Delegacia, Holmes. Nos veremos em Baker Street.

A contragosto, deixando sua esposa, a mulher que ele amava, aos cuidados de Watson, Holmes precisou acompanhar o Inspetor Reid, evitando demonstrar sua tristeza de, mais uma vez, estar abdicando de suas obrigações como marido e amante em nome de sua profissão e reputação.


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Notas finais do capítulo

Oh, Holmes... Eu realmente sinto muito por você...
Ter um casamento secreto tem essas desvantagens...

E tadinha da Esther... Realmente eu acho que peguei pesado com ela. Me ausentei do computador para pegar um Kit Kat e encontrei isso já escrito!! Juro que foi o Moriarty quem fez isso, rs!

E o que acharam da identidade do verdadeiro Jack? Eu deixei uma pista importante, na cena em que Holmes invade o cativeiro e encontra o corpo da prostituta. Alguém conseguiu captar?

Ah, e eu peço desculpas por certas cenas descritivas. Não é agradável ler pedaços de cérebro, massa encefálica, etc. Embora eu ache que não tenha nada que um filme de terror 14+ não já mostre.

Bom, gostaram dos rumos da História? Ainda tem mais, vocês vão ver.
Acrescentei algumas coisas à história. Só faltaria um ou dois caps, mas pensei em um final melhor. Creio que haverá mais caps. Espero que vocês não fiquem irritados por eu ainda estender um pouco mais essa história, só quero cortar todas as pontas.

Obrigada pela paciência em acompanhar. E reviews!



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