À Sombra da Justiça escrita por BadWolf


Capítulo 19
Preparativos Finais


Notas iniciais do capítulo

Então, será que era mesmo a Esther a quem Jack se referia??
Só o que sei é que Holmes não gostou nada disso... Será que ele será capaz de salvá-la?
Esse capítulo é praticamente uma ponte, mas altamente necessário. Lancei alguns detalhes que será importantes nos próximos, fiquem atentos.
Obrigada por acompanharem e boa leitura!



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–Maldito seja! – esbravejou Reid. – Spence, chame Mr. Abberline, diga a ele o que acabamos de receber. Eu vou levar esta carta ao Juiz Riddle, tenho certeza de que ele será rápido com o mandato.

E de fato foi. O olhar estarrecido do juiz, ao ler cada vírgula daquela carta, fez-lhe sair o mandato mais rápido que Holmes já presenciara, não importasse para quem. A gravidade do assunto realmente era mais forte que a temida burocracia.

Holmes tremia por dentro. A mulher que ele referia... Seria Esther? Não, isso seria coincidência demais. Os pertences eram de Stewart. Talvez, o desenho dela estivesse ali no meio por engano. Paixão boba de estudante, não um alvo em potencial do Estripador. Não poderia ser ela, não poderia...

–Então, o senhor é mesmo o Engomadinho da City... Afinal, estamos indo para a casa de um banqueiro...

Holmes bufou, irritado. – Mr. Reid, se todos os Holmes da Inglaterra fossem meus parentes diretos...

Reid soltou uma risada. Um criminoso com o mesmo sobrenome era demais. Curiosamente, em anos de carreira, isso jamais aconteceu a Holmes.

–Por isso você me chamava de Engomadinho da City?

–Devo confessar que sim. Não é a primeira vez que o jovem Carlston Holmes cruza o meu caminho.

Holmes estranhou. – Não? Então, ele não é réu primário?

–Não, não desta forma... Ele... Bem, eu tive desavenças pessoais com ele.

–Com certeza, envolvendo sua ex-esposa.

Mulheres, sempre a raiz do problema entre dois homens.

Minha esposa. O divórcio não existe na Inglaterra, com a graça de Deus! E eu tenho certeza de que Norah irá voltar para mim.

Não foi isso que me pareceu no último encontro, pensou em dizer Holmes. A não ser que outro encontro tenha ocorrido.

A julgar pela sua gravata, que trazia um nó mais formoso que os de Reid usava (nós que só mulheres sabem fazer), bem como a ligeira fragrância feminina (seria loção de cabelos?) que exalava de si, além do disfarçado ar revigorante de um noite muito bem aproveitada (que nos últimos tempos Holmes sabia bem o que era e que agora sabia reconhecer nos demais)...

É, Reid... Deve ser questão de tempo agora.

–Mas... No quê Carlston Holmes esteve implicado antes?

–Nada oficial. Ele apenas ciscou onde não deveria. – disse Reid, mostrando toda sua rudeza e masculinidade estalando os dedos. – Mas eu o coloquei em seu devido lugar, sem necessariamente envolver a Justiça nisto. Mal vejo a hora de estalar seu maxilar novamente.

Para conseguir prender o jovem Carlston Holmes, Reid e Holmes mobilizaram alguns homens da Scotland Yard, que rapidamente cercaram a imponente mansão de um dos maiores banqueiros da Inglaterra. Ao menos neste aspecto Reid era diferente de Lestrade, sempre vagaroso para lidar com tais situações. Com autoridade, o inspetor deu instruções rápidas aos seus homens, que pareciam mais confiantes após a conversa com o líder.

–Espero que Sir Carlston Holmes não esteja em casa. – torceu Reid. – Ou ele me fará de ensopado aos meus superiores com sua meia dúzia de bons advogados.

Para sorte de Holmes e Reid, o pai de Jeffrey estava na Escócia, de modo que houve menos resistência a procurar o jovem. Intimidado com a força policial e com a descrição de tudo de ruim que poderia ocorrer consigo se ele mentisse em depoimento, o mordomo da família confessou que Carlston Holmes não estava em casa nos horários aproximados dos ataques, de modo que o rapaz já tinha perdido um álibi. Ele evitou, entretanto, falar da vida particular do jovem, apenas disse que, naquele momento, ele não estava em casa.

Para se certificarem disso, Reid decidiu subir até o quarto de Jeffrey, acompanhado de Holmes. Como já estavam com um mandato de busca, o mordomo não pôde impedi-los.

De fato, o rapaz não estava em seu quarto. Não havia qualquer sinal dele por ali. Seu quarto tinha a rotineira bagunça de um estudante com causas demais para abraçar. Havia sobre a mesa uma quantidade infinita de livros em russo. Ao pegar em um deles, Holmes reconheceu que um deles pertencia a Esther. Uma sensação ruim apoderou-se dele, e o fez abandonar o livro imediatamente.

Infelizmente, sua sensação tinha um fundamento.

–Holmes... – chamou Reid, com espanto. – Olhe para isto!

Ao abrirem a porta do guarda-roupa, Lestrade encontrou reportagens da época sobre o Estripador, ao lado de alguns pertences femininos, dentre eles a bolsa de Lisbeth, a vítima que foi encontrada praticamente sem nada. Havia também, junto aos jornais, desenhos dos rostos das moças e dos corpos delas, como se ele tivesse planejado onde seria feito os cortes, de modo que fossem similares aos feitos por Jack anteriormente.

–Esses pertences... Batem com os pertences desaparecidos das vítimas! – concluiu Holmes.

–Por que ele não se livrou disso? Afinal, se isso fosse encontrado, ele seria tido como culpado...

–Porque era necessário para lançar a culpa sobre outra pessoa. Certamente ele iria plantar estas provas na casa de Stewart quando tivesse oportunidade. Uma longa e comprida história, Reid...

–E ele também é um colecionador, pelo visto. Desenhou os rostos delas, guardou objetos pessoais, pentes, carteiras... Será que isso era de uma delas?

Holmes olhou consternado para o objeto que Reid ergueu em suas mãos. Ele reconheceu o cordão prateado como o mesmo que entregara à sua esposa Esther, quando ambos estavam em Montpellier. O cordão com a Estrela de Davi.

–O estranho é que não me lembro de nenhuma judia nos autos...

–Er, isso deve ser de outra pessoa... Espere!

Holmes estava revirando os pertences de Jeffrey até encontrar, sobre a mesa, uma folha solta com endereços anotados. Todos eles condiziam com os endereços das vítimas, em East End.

–Parece que ele planejou isso por meses, no mínimo. As vítimas não eram encontradas a esmo. Ele estudou suas rotinas, seus hábitos... Impressionante. – disse Reid, impressionado com a frieza de Carlston.

–Olhe só para o tinteiro, Holmes. É sangue.

–Como o escrito na carta! – disse Holmes. – Sangue humano. Acho que o patife se cortou e derramou um pouco no tinteiro para escrever a carta.

–Que frieza. – disse Reid.

Passando por todas as folhas, a última página escrita continha um endereço, o único que não pertencia à East End. O endereço de Esther.

–Reid, olhe isso!

–Será que é o endereço da próxima vítima?

Embora seu intelecto colocasse Holmes em dúvida a respeito disto, sua preocupação com a segurança de Esther era muito maior, a ponto de abandonar a captura de um inimigo apenas para garantir que Esther ficasse bem.

–Só saberemos se verificar, Reid.

–Certo. Mandarei duas equipes procurar por Mr. Carlston Holmes, enquanto eu, você e mais alguns uniformizados averiguamos este endereço. Ele não nos escapará.


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Notas finais do capítulo

Então?? Ansiosos para o próximo???
No próximo cap, teremos a presença de Norah (e comentários sobre essa noite com Reid.. Hmmm, parece que os dois estão se acertando,..) e mais revelações. Saberemos se a ameaça será mesmo cumprida. Até lá, e obrigada por acompanharem!!!



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