Fragilidade violenta. escrita por RedSenpai


Capítulo 5
V- Upa, cavalinho!


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora pra postar hoje. Mas aqui está, boa leitura o3o



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Agora fazia cinco meses que eu havia chegado à Listerning, e já havia me adaptado melhor aos padrões tecnológicos do ambiente. Por hora, descobri que moraria em uma pensão na mesma rua que Roger e Luke, até que eu achasse alguém para me “adotar”, afinal o governo já me manterá com dinheiro de um salário mínimo por mês.

E sobre minha vida, estava normal de um jeito que nunca esteve. Eu tinha feito amizade com os garotos da sala e passava quase o dia todo com eles (menos com Petter, que vivia em grupos escolares tentando conseguir uma nota melhor). E Rafael, depois do dia da confusão com eles nunca mais tinha comentado nada comigo, mas eles pareciam menos irritados um com o outro e agora às vezes até faziam brincadeiras e riam juntos, o que era bom.

E também tinha o estranho fato de que todo professor queria me catequizar e me fazer crer na crença cristã, ou tentar me convencer de que meu povo seguia ideologias ultrapassadas. Porém nada, NADA, nem a Santa Inquisição, me faria abrir mão de meus princípios. Agora, por exemplo, um professor explicava sobre a descoberta da América parecendo desconhecer Leif Eriksson.

—Bom alunos, todos sabemos que a América foi descoberta por Cristovão Colombo, em 12/10/1492. E há registros científicos e físicos que comprovam isso. – Ele me olhou, pois sabia que eu discordaria, então como a maioria dos professores ele esperava para ouvir minha argumentação.

—Bom, professor, quem descobriu a América foi Leif Erikson, filho de Erik, o Vermelho. – Eu comecei, e todos da sala me olhavam como se eu estivesse contando uma fábula muito interessante. – A história começa quando Erik descobriu, colonizou e nomeou a Groelândia. [Nota da Autora: Vocês sabiam em “Groelândia” foi uma puta jogada de marketing feita por Erik? Pois é, diferente da “Islândia”, que significa Terra do Gelo, ele achou que Terra Verde chamaria bem mais atenção e em pouco tempo muitas tribos migraram para lá. Lembrando que essa história é verídica]. Depois de um tempo, quando o filho dele já estava crescido, foi em expedição para procurar a tal terra dos sóis e encontrou o que hoje vocês chamam de Canadá.

— E que provas você tem para afirmar tal coisa como verdadeira, Skallagrimm? – Ele me desafiou.

—Quer que eu traga minha Terra pra você? Lá tem as escrituras dos meus antepassados. Sou descendente de Leif. Procure se informar mais, professor. – Eu sorri docemente e ele me devolveu um sorriso sem graça. Pude ouvir a sala inteira segurar os risos e, depois de alguns minutos, o sinal bateu.

Sabe, eu não tinha absolutamente nada contra os povos daqui e suas crenças, elas eram bem detalhadas e originais. Porém, eu me lembro de quantas pessoas morreram por não aderir ao Cristianismo, por defender sua crença, por serem eles mesmos. E ver alguém falar algo se esquecendo de mencionar meu povo faz com que eu me sinta menosprezada e enjoada dessas pessoas que se julgam tão superiores.

Enquanto pensava, desviei meus olhos pra Roger, que conversava rindo com Luke. O ultimo me olhou com a mesma expressão de “muito bem, garota” de sempre, o que fazia eu me sentir bem mais convencida de que deveria continuar preservando minhas origens. Sim, Luke quem vivia puxando minha orelha e falando que eu tinha que ser forte para não acreditar em todas as teorias sem sentido que incrivelmente fazem sentido.


~~~~~*~~~~~*~

— E então, como foi a aula? – Rafa me perguntou enquanto almoçávamos, era raro ele ter tempo pra mim ultimamente. Mas sempre que percebia que eu estava muito próxima de outras pessoas dava um jeito de fazer com que eu me afastasse delas. Ainda não entendia o motivo. – Soube que contou a história do vira-casaca de Odin pro professor.

—Aham, tive que explicar toda a história sobre o descobrimento da América pra ele. – Chamávamos Leif de vira-casaca de Odin por que tempos antes de partir em expedição, tinha se tornado um cristão, e claro, causado desgosto horrível a Erik. Já tinha contado essa história à ele. – E a sua, como foi?

—Vou ter que estudar com a Yuui até tarde hoje, de novo. – Ele falou suspirando.

Eu abaixei a cabeça soltando um “ah...” meio desanimado, e sabia que ele tinha percebido. Eu meio que gostava dele e ele parecia gostar de mim também, porém nunca tinha tempo pra mim, o que era ruim. Acabei por me lembrar que há umas semanas ele havia me levado para casa e eu acabei comentando sobre seu afastamento, e ele acabou sendo totalmente frio dizendo “Acontece que eu não tenho tempo pra ficar dando atenção pra você sempre”.

Senti as mãos dele na minha cabeça fazendo um carinho reconfortante, e voltei de meus devaneios.

—Ela é só minha parceira de grupo, certo? Só espere um pouco mais. – Disse sorrindo, embora eu já estivesse ficando de saco cheio de esperar.

Sussurrei um “uhum” meio tímido e ao longe avistei Luke e Petter caminhando em nossa direção, o que me fez abrir um sorriso instantâneo tentando disfarçar meu estado acabado, e pude ver Rafa bufando quando percebeu que tinha alguém se aproximando.

O moreno me encarava questionador enquanto andava, já Pet me devolvia o sorriso alegre que eu tanto gostava. Só agora tinha percebido que Kovski não tinha vindo à aula hoje.

—Luna, a Breyan ta desesperada tentando te achar, parece que ela vai participar do concurso de modelo! – O gordinho falou, e eu praticamente saltei da cadeira ao ouvir. Aquele era o sonho dela.

Breyan era minha atual melhor amiga, e a única garota que tinha gostado de mim logo de cara.

—Se importa se eu sair? – Perguntei a Rafael, o vendo revirar os olhos e murmurar um “não”, então sorri. – Onde ela está?

—Do outro lado, no gramado, em baixo de uma arvore. – Respondeu Petter.

— Vai ser difícil passar nesse tumulto... – Luke começou olhando para a multidão do refeitório. – Tive uma idéia! Luna, sobe.

Eu olhei confusa e vi ele se virar de costas, fazendo menção para que eu subisse. E é claro que eu não entendi aquilo instantaneamente e quando entendi quase recusei (ainda mais por Rafa estar do nosso lado), mas depois pensei bem e não vi problema algum, já que ele era um dos meus melhores amigos também.

Então eu subi, sentindo suas mãos grandes em minhas pernas. Não era a primeira vez que fazíamos isso, algumas vezes no final das aulas Breyan, eu, ele e Petter fazíamos corridas de cavalinhos. Geralmente eu ia com Pet, mas eu confesso que Luke levava muito mais jeito pra coisa.

Percebi que ele tinha ficado meio tenso quando sentiu minhas mãos ao redor do seu pescoço o agarrando, o que me deixou envergonhada. Mas logo corremos, os meninos gritando e eu agarrada ao pescoço dele com um puta medo de cair. Realmente, foi a coisa mais emocionante que eu fiz aqui até agora: Correr de cavalinho no meio do pátio durante com intervalo, e com um dos garotos mais populares da escola.

~~~~~*~~~~~*~

—BREEEEEYAAAAAAN! – Eu gritei quando avistei minha amiga sentada no gramado tomando um suco natural de laranja, recebendo os olhos azuis dela arregalados quando nos viu.

— Mas o quê... – Ela me olhou ainda montada nas costas do moreno, e riu. Eu ri também, fazendo um “upa, cavalinho” antes de descer.

Quando eu desci, acabei me enroscando e puxando o pescoço de Luke mais pra frente do que o esperado, fazendo com que ficássemos estranhamente próximos e nossas risadas parassem imediatamente. Mas nosso contado durou breves segundos, já que logo ele desviou o olhar e se afastou (coisa que não passou despercebida pelos outros dois amigos ali presentes, que olhavam pra gente com uma expressão estranha).

—A-Ah, então, você vai participar do concurso? Pet me falou. – Tentei disfarçar meu rubor pelo acontecido, o que não funcionou muito bem.

—Vou sim! – Bre se levantou num pulo dando voltinhas, ela realmente era linda. Meio gordinha, mas continuava perfeita. – E preciso da sua ajuda com a maquiagem, já que você é a melhor maquiadora que eu conheço.

—Claro, pode contar comigo, vou ser sua maquiadora particular. – Eu disse sorrindo ainda timidamente para ela. Desde que a conheci, torci para que ela tomasse coragem para participar do concurso.


Desviei meus olhos para Luke por um breve momento, percebendo que seu peito subia e descia de uma forma estranha enquanto ele encarava um ponto fixo aleatório em algum lugar do chão.

Voltei minha atenção para Bre e passamos o resto do intervalo falando sobre o concurso, e poucos minutos depois os meninos se juntaram a nós no gramado, juntamente com Roger que agora tinha aparecido também.

Mas hora ou outra, eu sempre pegava Luke me encarando com a mesma expressão cafajeste do nosso primeiro dia, o que me fazia ter vontade de espancá-lo.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, o que acharam? ;w;
Se precisarem me contatar e não conseguirem falar comigo por aqui, me sigam no twitter e se necessário, pra assuntos pessoas, eu passo meu Facebook, ok? =3

Espero que tenham gostado, até a próximo =D