Fragilidade violenta. escrita por RedSenpai


Capítulo 3
Capítulo III: Um jogo que se joga a dois.


Notas iniciais do capítulo

Oi gatos e gatas, tenham um bom capítulo e leiam as notas finais



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Só agora havia reparado que todas as mesas tinham um bloquinho de notas, lápis, borracha e apontador. Achei bem interessante o fato de ter mais botões nas carteiras, será que eu podia pedir pizza com eles? Lembro que usavam uns botões pra pedir quando eu estava trancada no quartinho, e eu pensava como aquela maquina fazia aquilo, até o dia que vi o entregador na porta .

Abri o bloquinho e comecei a desenhar, era como areia só que mais fácil de coordenar, caramba, era incrível!

Enquanto eu me entretia com meus rabiscos senti uma presença se aproximando e sentando na cadeira a minha frente, virado para mim. Ergui os olhos e reparei que era o gordinho simpático que havia me encarado quando cheguei, e ele parecia meio tímido, mas tentou puxar assunto, o que me fez rir.

—E-Então menina nova... Por que você tinge o cabelo? – Ele começou.

—Por que eu tingiria? – Arqueei a sobrancelha, não entendendo o motivo da pergunta. – Não entendo por que tanto estranhamento com ele... – Conclui puxando uma mecha e olhando, eu os achava tão bonitos.

— É que não é muito normal. – Ele disse coçando a nuca meio sem jeito, parecia curioso, então eu sorri para que ele continuasse. – Daonde você veio? Qual seu nome? Por que ta aqui? Verdade que você é uma bruxa maligna contratada pelo diretor para proteger a escola? - Ele perguntou tudo tão rápido e embaralhado que eu tive dificuldade para me lembrar de tudo.

—Han, bem, eu... Meu nome é Luna. Luna Skallagrimm. – Eu pausei, e ele pareceu esperar para que eu respondesse o resto, e eu me esforcei pra lembrar. – Vim da Islândia, não sei o motivo, e o que seria uma bruxa? – Eu perguntei confusa.

—Uma bruxa, você não sabe o que é uma bruxa? – Eu gesticulei um não meio envergonhado – Vassouras, feitiços, nada? – Ele gesticulou loucamente e eu acompanhei seus movimentos achando aquilo muito engraçado.

—Bom, uma vez minha família estava rezando para Thor e...


—REZANDO PRA THOR? O VINGADOR DO MACHADO LÁ? – Ele me interrompeu com uma feição surpresa e gritando, e eu apenas respondi um “sim” baixo e envergonhado ao ver a atenção da classe voltada a nós. – VOCÊS REZAVAM PRA UM SUPER-HERÓI?!

— Cultura nórdica, seu jumento, ela é islandesa nórdica. – O garoto de cabelos castanhos e olhos verdes se intrometeu e parecia perceber minha vergonha por aquele escândalo que o outro tinha feito. – Então novata, Luna, né? – Eu acenei afirmativamente para ele, que prosseguiu. – Meu nome é Mauryr Kovski, mas pode me chamar de Kovski, o terror das novinha. – Ele apontou pra si mesmo debochadamente, o que me fez rir. – Esse aqui é o Petter. – Disse cercando o outro. – Esse é o Roger... – Disse ele se referindo ao gordo maior que tinha se juntado ao nosso grupo agora. – E o anti-social ali é o Luke, que tá concentrado demais tentando pegar uma mina ae e não quer vir com a gente.

— É a Bela, dá um desconto, ela é gostosa pra caralho. – Ouvi Roger falar cutucando o amigo e nisso se voltaram a mim novamente, mas eu tinha desenvolvido uma expressão meio pensativa e estava decepcionada por pensar que ele estava ou ia estar namorando (afinal, era isso que “pegar” significava, né?). Mas logo desfiz e encarei eles.

Pareciam me avaliar. Aquilo me assustava.

—Me fala um pouco da sua religião aí. – Petter pediu gentilmente se escorando na mesa, parecia interessado. – Estranho seguir um Deus de comic.

—Ele não é um Deus de comic. – Respondi seca, aquilo era blasfêmia, eu tinha lido algumas HQ’s quando descobri que eles tinham transformado Thor em um super-herói. – E eu não sigo Thor necessariamente, os vikings seguem bem mais. Eu tenho afeição maior por Freya, Odin e até Loki.

—Você não curte muito os Aesir, pelo jeito... – Comentou Kovski. – Asgard, Midgard ou Niflheim?

—Midgard mesmo. – Os outros dois pareceram confusos e eu tomei a liberdade de explicar. – Midgard é a Terra dos Humanos. Asgard a dos Deuses e Niflheim o inferno de gelo. Algumas pessoas nascem pra mundos diferentes. Tudo depende da Yggdrasill.

— A árvore da vida. – Completou o de olhos verdes boquiaberto. – Porra, nunca pensei que veria uma nórdica ruiva gostosinha e inteligente na minha vida. – Ele sorriu escancarado para mim, que retribui rapidamente. Era legal ter alguém naquele monte de gente que conhecia meus princípios e entendia.

— Ele é russo e os avôs dele são islandeses, por isso ele sabe de tudo, não se empolgue. – Petter disse entediado. – Caramba, isso nem é matéria de religião! E para de dar em cima da garota, sua mula. – Ele deitou sobre a mesa e parecia que a conversa tinha o cansado. Ocidentais tem mente fraca mesmo.

Do nada a baderneira da classe parou e todos pareciam baratas procurando seus lugares, o sinal tinha tocado. Os lugares acabaram ficando assim:

Petter~
Eu~
Roger~
Kovski~ Luke~

Um professor de cabelos grisalhos entrou na sala e pela primeira vez naquela escola alguém me tratou com naturalidade. Ele apenas disse um “Seja bem-vinda, Skallagrimm” e começou a explicar uma matéria totalmente louca sobre Física, sempre perguntando se o português dele estava entendível. Lógico que NÃO ESTAVA, AQUILO ERA MALDIÇÃO? Mas enfim, ele disse que eu logo me acostumava então eu me aquietei.


~~~*~~~*~

Na terceira aula, antes do recreio, tivemos cinco minutos para anotar algumas notas sobre Literatura. Quando terminei, ousei olhar por cima dos ombros o garoto que eu ainda estava muito curiosa para conhecer, e foi ai que me surpreendi.

Ele estava debruçado na carteira, me encarando ao que parecia muito tempo. Senti meu rosto inteiro esquentar e me virei bruscamente de volta, tentando não demonstrar meu susto. Aquele olhar, tudo aquilo... Caramba, ele era incrível.

Por que ele estava me olhando daquele jeito? Ele também não tinha simpatizado comigo assim como a garota no vestiário? O que eu tinha feito de errado? Eu não tinha matado ninguém nem quebrado nada, ainda.

Ousei olhar mais uma vez. Agora ele tinha um sorriso torto bem cafajeste e parecia se divertir com meu embaraçamento, o que me deixou furiosa. Arqueei a sobrancelha e o encarei com os olhos estreitos numa pergunta indireta de “por que ta me olhando, filho da puta?” (sim, eu aprendi muitos xingamentos) e ele riu e se virou, e eu me virei também. Porém logo senti seu olhar sob minhas costas de novo, mas apenas suspirei e debrucei na mesa esperando que o intervalo para lanchar chegasse.

~~~*~~~*~

O sinal tocou e eu me levantei rapidamente, tendo como objetivo sair da sala o mais rápido possível. Honestamente, eu queria encontrar o Rafael para não me sentir tão perdida e perguntar onde é que eu conseguia comida, estava morrendo de fome.

Mas antes que eu pudesse sair, senti as mãos de Petter nos meus ombros, e logo ele falou:

—Então menina, quer ficar com a gente? Melhor do que começar a andar com aquelas ali... – Ele apontou pra um grupinho de meninas bem arrumadas que estava na porta e, uma delas, era a loira do vestiário. – E virar uma vadiazinha igual.

—Acho que na verdade, elas não gostam muito de mim. – Eu comentei com a sobrancelha arqueada olhando pra elas, que me olharam com uma expressão de desprezo. – Só acho.

—Aposto que em menos de um mês vai surgir umas sete ruivas na escola. – Roger comentou se juntando a nós dois enquanto saímos pela porta, seguidos por Korvski e Luke que vinham conversando enquanto olhavam alguma coisa no celular.

Nossos olhares se encontraram de novo. Porém, dessa vez ele parecia bem mais amigável dessa vez.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Eu fiquei muito, muito animada com os comentários, por que essa fic tem que ser bem explicada pra ser entendida e achei que isso tivesse feito com que ninguém se interessasse. Mas vi que tem bastante gente acompanhando