Rony desesperou-se ao ouvir aquilo, como Hermione poderia brincar com ele dessa forma? Como poderia perguntar por Viktor, era ele que estava durante toda a noite aguardando ela acordar. Isso não fazia o menor sentido.

— Como é a história? – perguntou Rony – Está de brincadeira não é?

— Sr. Weasley, calma, ela pode estar confusa... Espere, não fale nada. – disse o segundo medibruxo.

— Rony, o que faz aqui? Onde estou? – perguntou Hermione angustiada.

— Calma Srtª Hermione... Em que ano estamos?

— 1994.

Rony se desesperou e saiu da sala aos prantos.

— Por Mérlin, o que houve lá dentro? – perguntou o Sr. Granger.

— Her-mi-o-ne... acordou! – disse Rony aos prantos.

— Que susto rapaz! Então tudo vai ficar bem...

— M-Mas... Ela está con-fu-sa...

— Como assim confusa?

— Ela... Ela... Retornou no passado...

— Como assim? – Insistiu o Sr. Granger – Rony, estou ficando preocupado.

No mesmo instante o Dr. Davies entrou na sala.

— Sr. Ronald, mantenha a calma, tudo vai se resolver... Não pode se abalar com isso...

— O que o senhor quer que eu faça? Ela nem sabe que eu sou o namorado dela! – disse Rony muito irritado.

— Calma Rony... – disse Mafalda puxando-o para um abraço – Doutor... Pode nos explicar o que está acontecendo?

— Hermione acordou confusa... Olhe, pode parecer preocupante, mas, é normal nestes casos... Como o trauma na cabeça foi forte, ela está atordoada, agora ela pensa que estamos em 1994. Mas fiquem tranquilos, estamos realizando estímulos “trouxas” para tentar recobrar sua memória.

— Mas porque estímulos “trouxas”? – Perguntou o Sr. Weasley – O feitiço Obliviate não seria suficiente para reverter esta situação?

— Tecnicamente não... Como o trauma não foi causado por magia ou essa confusão na memória não foi fruto deste feitiço (o Obliviate), então temos que aguardar o cérebro se ajustar sozinho – disse o medibruxo.

— Isso me preocupa, pois já li sobre trouxas que ficam nessa condição pra sempre... – reforçou o Sr. Weasley.

— Mas não será o caso... Como disse foram realizados estímulos e Hermione reagiu muito bem... Acredito que em questão de dias ela volta ao normal.

— Podemos vê-la doutor? – Perguntou a Srª. Granger.

— Podem sim, queiram me acompanhar... – disse o medibruxo.

— Rony, se acalme... Você ouviu o doutor... Olha, porque não vamos para casa e você descansa um pouco... Mais tarde nós voltamos aqui... – disse Mafalda tentando convencê-lo.

Rony concordou com a cabeça enxugando umas lágrimas silenciosas.

— Podem ir... Eu aviso aos Grangers – disse Artur.

E os dois aparataram na Toca. Rony foi para o quarto e Mafalda foi explicar para todos que Hermione despertou, mas revelou sua atual condição psicológica.

— Tadinho do Rony, deve estar arrasado... Assim que ela despertou foi logo perguntar do Viktor... – disse Gina.

— Mas quem é Viktor? – perguntou Mafalda.

— Viktor Krum, nós o conhecemos, eu já devo ter comentado isso contigo... – disse Gina.

— Aaah, sim... Lembro sim... Caramba, mas eles namoraram mesmo?

— Sim, foi um namoro rápido, mas foi intenso... Acabou por conta da distância... E também porque Hermione percebeu que era apaixonada pelo Rony. Mas a teimosia de ambos atrapalhava essa relação.

— Hum... Entendi.

— E o médico deu algum tipo de prazo para que ela continue nesta condição? – perguntou Harry.

— Ele falou que é questão de dias... – afirmou Mafalda.

— Entendi...

O restante do dia seguiu se arrastando e todos estavam muito tristes que isto pudesse estar acontecendo com Hermione, à tarde Molly, Harry e Gina foram ao hospital ver como ela estava e Rony ficou com Mafalda e Jorge em casa.

— Jorge, vai sair? – perguntou Mafalda.

— Sim, tenho que ver umas coisas na loja de logros e depois vou passar na casa de Angelina.

— Certo...

— Está precisando de alguma coisa do Beco Diagonal? Posso trazer...

— Na verdade sim... Vi recentemente uma edição de luxo do xadrez de bruxo. Ela vem em uma caixa de veludo vermelha. Estou pensando em presentear Rony com ela, pra ver se ele se anima um pouco... Com toda essa confusão envolvendo a namorada, ele precisa relaxar um pouco... Estou aqui com o dinheiro, mas como não tive tempo de passar por lá, será que poderia me fazer este favor?

— Claro que sim – E Jorge pegou o dinheiro. – Mais alguma coisa?

— Não, só isso mesmo... Muito obrigada!

Jorge saiu e Mafalda seguiu para o quarto de Rony. Bateu na porta e ouviu um murmurar...

— Não quero ninguém aqui...

— Rony por favor... Abre a porta, estou preocupada contigo.

Nada pôde ser ouvido nenhum movimento do lado interno.

— Rony! – Mafalda insistiu.

Então Rony abriu a porta.

— Mafalda... Por favor...

— Rony, você não pode se entregar desse jeito... Você ouviu o que o doutor falou... Ela vai se recuperar...

— Ele não tem como garantir isso Mafalda.

— E você vai ficar assim desse jeito? Não vou permitir isso primo. Sinto muito! Vamos! Só vou sossegar quando você abrir estas janelas – falou Mafalda invadindo o quarto – Tomar um banho, fazer esta barba, trocar essa roupa...

Rony sentou-se desanimado na cama.

— Não está ouvindo o que eu falei?

— Tudo bem... Eu vou... Quem sabe assim você pára de pegar no meu pé – falou Rony emburrado.

— Estou ouvindo hein? Hum! – brincou Mafalda – Vou te esperar lá em baixo.

Após quase uma hora Rony desceu as escadas de banho tomado, barba feita e com roupas novas.

— Ah! É disso que estou falando! Olha só que rapaz charmoso!

— Não adianta nada esse charme todo se minha Mione não me vê mais como namorado.

— Rony, tenho certeza que o amor que Hermione sente por você está em algum lugar dentro dela esperando para desabrochar... E se você em vez de se desesperar por ela não saber que é sua namorada... Você tentar reconquistá-la?

Rony ponderou um pouco o conselho da prima.

— Olha, pelo que Gina me falou... Esse lance de vocês é antigo... Então que tal convencê-la a te ver como namorado “novamente”?

— É uma excelente ideia! Vou fazer isso agora! Obrigado Mafalda! – disse um Rony mais animado depositando um beijo na bochecha da prima e aparatando.

[No St. Mungus]

— Rony querido, que bom que veio! – disse a Sr. Granger – Hermione estava perguntando por você...

— Ela recobrou a memória!? – perguntou cheio de esperança.

— Ainda não... Mas, ela quer conversar contigo.

— Hum... Entendi... Já posso vê-la?

— Sim, ela recebeu muitas visitas hoje, mas, fiz um pedido especial para Dr. Davies e ele abriu uma exceção para você, ela agora está no quarto, vou levá-lo até lá.

— Obrigadao Mônica – disse Rony beijando a mão da sogra.

Rony conjurou um pequeno buquê de rosas e entrou no quarto. Hermione estava com os olhos fechados e ele se aproximou bem devagar para não acordá-la. Ao sentar na cadeira ao lado da cama, ela abriu os olhos e sorriu.

— Olha só quem está aqui... Hum... Flores?

— É são para você...

— Obrigada... Alguma coisa não está certa...

Rony a olhou confuso.

— Você me trazendo flores? Devo estar sonhando...

Rony sorriu.

— Pois é... Acho que mudei um pouco nos últimos tempos... – falou com certa insegurança.

— Últimos tempos... Ou anos? – Hermione brincou.

— Você se lembra? Ou melhor... Lembrou de algo?

— Na verdade não... Me explicaram que estou com este pequeno problema na memória... E me falaram mais algumas coisas... Coisas que me surpreenderam um pouco... – falou mais para si do que para Rony.

— O que te falaram?

— Bom, me disseram que estamos namorando... É verdade? – perguntou bastante envergonhada.

— É sim... – disse Rony segurando sua mão e Hermione não se sentiu muito à vontade e retirou rapidamente. Fazendo Rony se desculpar prontamente.

— Não tudo bem... É que pra mim é estanho entende?

Rony confirmou com a cabeça.

— Porque para mim... A última lembrança que tenho de nós dois é você entrando zangado no dormitório dos garotos porque havia descoberto que Viktor e eu estávamos namorando...

Rony se lembrou deste dia terrível que viveu a 6 anos atrás.

— Foi um dia terrível... E você não se lembra de mais nada?

— Hoje à tarde tive uns flashes... Mas, nada muito nítido... Estou muito confusa. Como isso pôde acontecer comigo?

— Foi uma fatalidade... Mas, fico feliz que esteja melhor meu diamante...

— Como?

— Me desculpe... É que gosto de te chamar assim... Não me acostumei com isso ainda... Sei que é estranho para você...

— É engraçado... Não, na verdade é muito fofo... – Hermione fechou os olhos por um instante – Como posso me esquecer de coisas assim...?

— Você vai lembrar, o Dr. falou que é só uma questão de tempo...

— Ele me falou isso... Disse que era pra ter calma... Que tudo ia “clarear” em minha mente. Mas é demais pra mim, “acordar” e já não ser mais uma garotinha... Descobrir que graças a Mérlin Harry conseguiu vencer Voldemort e nada disso o afetará mais em sua vida... Descobrir que tenho outro namorado... É como se tivesse traído Viktor depois de uma bebedeira, entende? – falou sorrindo no final.

— Deve ser estranho mesmo...

— Por isso queria falar contigo, pedi para mamãe interferir e conversar com o doutor para poder te deixar entrar. Olha, o meu carinho “de amiga” continua o mesmo... Mas eu te peço que tenha um pouco de paciência... Meu corpo é de uma “mulher”, mas, minha cabeça é de uma “garota”... Então todas as inseguranças que passei naquela fase estão à flor da pele... Me surpreendi em vê-lo com as flores agora, e pelo que vi tenho muita coisa para lembrar e me acostumar... Mas...

— Acho que entendi o que quer dizer... Você não quer retomar o namoro... – falou com lágrimas nos olhos.

— Rony... É isso... Mas você me entende não é? Eu preciso me sentir segura novamente e tentar entender tudo que se passa aqui dentro de mim...

— Eu entendi... Me dói ouvir isso... Mas não é culpa sua... O destino quis que fosse dessa forma... Só me resta esperar, para ver se vai dar certo novamente...

— Isso... – disse Hermione encarando os lençóis da cama.

— Bom, mas eu ainda posso vê-la? Claro, como amigos?

— Sim, claro que sim!

— Bom, fico feliz que pudemos ter essa conversa... Vou deixar você descançar agora ok? Amanhã eu volto, prometo!

Hermione concordou com a cabeça e Rony se aproximou segurando seu rosto, o toque de Rony fez a morena ficar encabulada e ela virou o rosto para que ele beijasse sua bochecha.

— Até amanhã Mione...

— Até amanhã Ron...