Ao ouvir o barulho de aparatação Mônica abriu a porta e se ajoelhou ao lado da filha.

— Meu Deus... Não fique assim Hermione...

— Como não vou ficar assim? Se acabei de magoar o amor da minha vida!

— Foi tudo um grande mal entendido...

— Você ouviu?

— Ouvi, na verdade... Nós dois ouvimos tudo...

— Ai meu Deus... Que vergonha...

— Eu te entendo querida... Sei que não foi culpa sua...

— E agora mamãe? O que faço?

— Sobre?

— Sobre os dois!

— Sobre quem escolher? Ou sobre que atitude deve tomar?

— Não tem o que escolher. Eu amo o Rony. Mas, sim... Como fazer para que ele volte a confiar em mim?

— Bom... Isso é complicado... – Mônica sentou ao lado da filha – Se você tem certeza de é isso que quer, é ótimo! Já tem metade do problema resolvido. Mas, você tem que ter certeza de que realmente ama Rony. O segundo passo é fazer ele entender que é ‘de fato’ isso que você quer. Está me entendendo?

— Sim...

— Bom, o terceiro passo... Vai ser complicado... Porque já percebi que Rony tem muito ciúmes de Alberto...

— Verdade...

— Então... Infelizmente, você vai ter que se afastar dele.

— Mas eu gosto dele...

Mônica arqueou a sobrancelha.

— Como amigo é claro! É o único amigo trouxa que tenho... – emendou a morena.

— Hum... Eu sei meu bem... Mas ele não quer só sua amizade... Se fosse só uma questão e manter-se longe por ciúmes do Rony e Alberto só fosse amigo mesmo. Mas ele está envolvido. E não o culpo por isso... Você se tornou uma moça muito bonita.

Hermione corou.

— Deixa disso mamãe!

— Estou falando a verdade... Mas é isso... Infelizmente vai ter que afastar do Alberto se quiser manter seu namoro. É uma escolha que terá que fazer...

— Mas vou magoá-lo... Não queria magoar nenhum dos dois...

— Eu sei... Mas não vejo muitas opções pra você.

— Não posso me afastar de Alberto mamãe...

— Mas se ficar próximo o estará magoando também...

— Como?

— Imagine você gostar muito de uma pessoa, saber que ela tem outra pessoa e todos os dias você ver os dois juntos e não poder fazer nada para estar junto dela no lugar desta outra pessoa.

— É complicado...

— Pois é. E é exatamente isso que está acontecendo com Alberto...

— Ai meu Deus!

— Olha, é melhor secar estas lágrimas. Tomar um belo banho e dormir. Amanhã com a cabeça mais fria acho que você pode ficar com o pensamento mais claro a cerca de tudo isso. Eu dei minha opinião dando uma visão de quem está apenas de fora observando a tudo. Mas só você, pode decidir o que fazer da sua vida ok?

— Ok.

— E outra coisa, seu pai quer conversar contigo. Pegue leve com ele...

— Tudo bem, obrigada mamãe. – Disse dando-lhe um beijo na bochecha.

— Por nada minha filha, qualquer coisa já sabe quem procurar.

— Com certeza!

E as duas entraram em casa e Hermione foi ao encontro de seu pai.

— Papai?

— Filha me perdoe, eu não sabia... – Disse Wendell levantando do sofá indo em direção à filha.

— Eu sei, eu sei... Não tem problema... Foi tudo uma confusão. Tudo aconteceu rapidamente e nem deu tempo de explicar.

— E como foi com Ronald?

— Péssimo! Ele reagiu muito mal. Mas...

— Mas terminaram?

— Acho que terminamos... Não entendi direito o que quis dizer. Ele saiu muito atordoado.

— Entendi...

— Amanhã vou conversar com ele...

— Filha, mais uma vez me perdoa...

— Tudo bem papai... – Disse Hermione antes de acenar e subir as escadas bastante triste em direção ao seu quarto.

Nesta noite Hermione não conseguiu dormir direito. Teve diversos pesadelos. Em um deles, Rony partia em viagem para jogar Quadribol com o Chudley Cannons apenas para ficar longe dela. Depois acordou na madrugada, perdeu o sono e ficou embolando na cama apenas esperando o dia amanhecer para poder encontrar Rony.

Quando viu os primeiros raios de Sol invadir seu quarto, foi até a varanda para ver o amanhecer. Lembrou-se do dia em que Rony esteve com ela nesta mesma varanda.

Quando o Sol já havia passado completamente da linha do horizonte em meio a algumas nuvens cinza, decidiu tomar um banho e ir até a cozinha. Minutos mais tarde já estava na cozinha preparando algo para comer. Quando já passava das 6h Mônica entrou na cozinha.

— Já de pé minha querida? – Perguntou Mônica dando um beijo na testa da filha.

— Mal consegui dormir hoje...

— Estou vendo... Pelo menos tem fome...

— Na verdade não, mas, tenho que comer...

— Verdade, então, vem cá que vou te ajudar.

E Mônica ajudou a filha preparar o café da manhã. Logo chegou Wendell e juntou-se as duas. Conversaram sobre a noite anterior, mas, fizeram questão de esquecer o fato ocorrido no final da noite. Hermione comeu um pouco do café e avisou aos pais que iria até a Toca ver Rony.

Aparatou nos jardins da Toca e deu de cara com a senhora Weasley.

— Bom dia Hermione! Que bom que chegou! Já estava prestes a te mandar uma coruja para pedir que vinhesse até aqui para ver Rony.

— O que houve com ele?

— Está muito mal, já chorou bastante. Não entendi direito o que ocorreu, mas, Gina me explicou rapidamente sobre Alberto...

— Pois é... Foi tudo um mal entendido...

— Acredito em você querida... Mas, você sabe como Rony é cabeça dura...

— Eu sei... Posso falar com ele?

— Claro querida, ele está no quarto.

— Obrigada Molly. – Hermione sorriu e foi em direção a casa.

Abriu a porta e encontrou Harry e Gina na sala.

— Hermione! Que bom que chegou! – Disse Gina.

— Rony está inconsolável, não quer comer, nem conseguiu dormir direito – Completou Harry.

— Pois é, imaginei isso. Minha noite também não foi muito boa...

— O que houve Mione? Rony saiu tão alegre para encontrá-la. – Disse Gina.

— Foi Alberto... Deixa explicar...

E Hermione resumiu toda a história para os amigos, desde a saída à tarde até o momento da briga. Os dois ficaram apenas ouvindo até o fim. Quando ela terminou perguntou o que deve fazer agora.

— Vocês precisam conversar... – Começou Harry.

— Também acho, e entendo que a culpa não foi sua. Mas, todos estes encontros levaram a isso. Calma, não estou julgando. Sei que Alberto é só seu amigo. E entendo que ter um elo com o mundo trouxa é importante pra você. Mas, Rony é ciumento até com a sombra!

— Eu sei, eu sei... Vai ser difícil essa conversa...

— Vai mesmo... Mas com jeitinho você consegue, Rony te ama. – Disse Gina.

— Eu espero que sim...

— Boa sorte amiga!

— Obrigada!

Hermione subiu as escadas e seguiu até o quarto de Rony, torcendo para que ele desse a ela pelo menos uma chance de se explicar. Ao chegar à porta do quarto respirou fundo e bateu três vezes. Não ouviu nada. Bateu mais três vezes e a porta abriu sozinha, pois estava apenas encostada.

Ela viu um grande volume “embrulhado” embaixo dos lençóis e se aproximou com cautela. Sentou-se na cama e falou:

— Ron?

Rony virou assustado ao ouvir sua voz e perguntou:

— O que faz aqui? – disse zangado.

— Prometi que te veria hoje não foi?

— Isso foi antes da briga!

— Eu sei, mas, precisamos conversar...

— Já conversamos!

— Não, nós brigamos! Agora quero conversar...

— Você já fez sua escolha!

— Foi mesmo! – Rony arregalou os olhos incrédulo – Mas, não é da forma que está pensando... Escolhi você!

— Não é o que parece!

— Rony, seja sensato, eu não estaria aqui tentando falar com você se estivesse com Alberto.

— Vê como eu tinha razão quando dizia que não gostava dele? Agora olha só no que deu!

— Rony... Por favor, me perdoa... Sei que não tenho culpa pelo beijo... Mas, tenho culpa por permitir a aproximação dele em minha vida.

— Ainda bem que assume...

— Não é questão de assumir. É questão de compreender como chegamos a essa situação.

Os dois ficaram em silêncio.

— E então? – Perguntou Hermione.

— E então o quê!?

— Como ficamos? Você me perdoa?

Rony sentou na cama, enxugou as lágrimas, olhou nos olhos de Hermione, suspirou e falou:

— Fiquei extremamente magoado com o que aconteceu, entendi tudo o que me falou, confesso que faltou muito pouco para perder o controle com Alberto, mas, estou tentando mudar esse meu gênio. E apesar de tudo, vejo sinceridade no seu olhar...

— Então você me perdoa?

— Sim...

— Obrigada meu amor! – Disse Hermione beijando a bochecha de Rony.

— Mas...

— Mas?

— Não quero ver você perto do Alberto!

— Rony, não seja radical. Já conversamos sobre isso...

— Hermione eu não acredito em amizade entre um homem e uma mulher!

— Então também não acredita na minha amizade com o Harry?

— Com o Harry é diferente...

— Não vejo diferença entre ter uma amizade com o Harry ou Alberto.

— Como não tem diferença? Alguma vez você já beijou o Harry por acaso?

— Você não vai vir com essa agora não é? Mas é claro que nunca beijei o Harry!

— Então não pode me dizer que a amizade com ele é da mesma forma?

— Tudo bem... Não vou conseguir mesmo convencer você sobre isso. Mas já te falei, conheço Alberto há muito tempo. Quase o mesmo tempo em que conheço vocês. E uma amizade assim não pode ser desfeita de uma hora pra outra. Nem quero que seja assim. Temos que encontrar um jeito de lidar com essa situação... Você tem que confiar em mim!

— Mas eu confio em você, não confio nele...

— Rony por favor...

— Bom... Eu odeio discutir contigo... Não vou continuar com isso. Eu já falei o que acho de tudo isso e se dependesse de mim, nunca mais você falaria com ele. Mas infelizmente, não funciona dessa forma... Sua mente é seu guia e você deve ter liberdade para fazer o que quiser com a vida. Namoro “sem liberdade” é horrível.

— Pois é...

— É “sufocante”... Mas tudo bem... Eu entendi a situação... Me perdoe se fui um pouco grosso...

— Na verdade você não foi grosso. Reagiu até dentro da normalidade... Em outros tempos acho que a briga seria maior...

— Pois é Mione... Estou mudando...

Gina bateu na porta do quarto.

— Tem alguém vivo aí ainda? – Ironizou Gina colocando a cabeça dentro do quarto.

— Está tudo bem... – Disse Rony.

— Que bom. Mamãe pediu pra vir aqui saber. Ela está preocupada com Rony que não comeu ainda.

— Rony não comeu!? – Espantou-se Hermione.

— Dá pra sentir o tamanho do desespero da mamãe? – Disse Gina sorrindo.

— Então vou sair daqui do quarto para que você se arrume e vá comer ok? – Disse Hermione para Rony.

— Tudo bem, te vejo daqui a pouco... – Respondeu Rony meio chateado ainda.

Hermione deu um beijo na testa de Rony e saiu com Gina.

— Pois é Mione... Estou mudando... Mas parece que só eu estou disposto a mudar e lutar por nós dois... – Disse Rony baixinho ao Hermione fechar a porta.

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Rony tomou banho, se arrumou e desceu para se juntar ao pessoal.

— Bom dia Rony! – Disse Molly ao ver o filho.

— Bom dia mãe...

— Ainda tem torradas e suco de abóbora, você quer?

— Quero sim.

Rony sentou-se à mesa e começou a tomar o café da manhã oferecido pela mãe. Enquanto Harry, Gina e Hermione estavam na sala. Molly aproveitou para conversar com o filho.

— E então meu querido? Conversou com Hermione?

— Conversei.

— Vocês se entenderam?

— De certa forma sim... – Disse enquanto pegava uma torrada.

— De certa forma?

— É... Eu entendo eu possa ter sido um mal entendido todo o lance com o Alberto. Mas, ela não entende que permanecer próximo a ele vai agravar a situação. Ela aceita a amizade dele, mas ele quer outra coisa... Isso sempre foi claro pra mim.

— Mas o que houve?

— Eles se beijaram. Quer dizer... Alberto a beijou.

— Por Mérlin!

— Pois é... Mas ela me explicou como foi e acredito que ele foi o responsável. Vi sinceridade nos olhos dela.

— E então, como ficou?

— Foi o que falei... Mais ou menos. Eu a desculpei pelo que aconteceu apesar de ter sido ele que roubou o beijo. Mas pedi que ela se afastasse dele. Só que ela não quer, quer continuar encontrando ele. Falou que ele é uma pessoa importante na história dela. Que o conhece há anos. Sem contar que ele é bem-vindo na família dela. Os pais até o convidaram para o jantar de ontem.

— É complicada a situação. Entendo a confusão... Entendo seu lado e o lado da Hermione.

— Pois é... Não sei o que faço... – Disse dando um gole em seu suco de abóbora.

— Neste caso é melhor dar tempo, ao tempo... Retome sua rotina com ela, deixe-a livre para continuar a amizade com Alberto... Não me olhe com essa cara meu filho, você tem que confiar nela.

— Eu confio... Não confio nele...

— Vamos ver como ela consegue administrar essa situação... Com o tempo ele vai perceber que o amor de vocês é mais forte e desistirá dela.

— Será?

— Bom, só podemos saber tentando...

— Ai, ai... Já vi que vai ser difícil... Mas, vou tentar seguir seu conselho. Obrigado mamãe. – Rony levantou da cadeira, foi em direção à mãe e deu-lhe um beijo na bochecha e um abraço apertado.

— Não foi nada meu filho... Vai lá, eles estão te esperando.

Rony sorriu e saiu em direção à sala.

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Quando Rony saiu da cozinha podia ouvir uma animada conversa entre os três falando sobre Luna.

— O que aconteceu com Luna? – Perguntou Rony interrompendo a conversa dos três.

— O primo dela vai passar o fim de ano na casa dela e ela nos convidou para passear hoje, o que acha?

— Por mim tudo bem, é sempre bom sair...

— Então ok. Vamos?

— Já é agora?

— É sim! – Disse Gina.

— Tudo bem, deixa só pegar a carteira lá no quarto.

— No vemos no jardim. – Disse Gina puxando Harry e Hermione para fora de casa.

Ao subir as escadas Rony viu Jorge entrar no quarto.

— Jorge?

— Oi.

— Mais tarde vamos lá na loja terminar de conferir a última entrega ok?

— Certo.

— O que vai fazer agora?

— Na verdade nem sei...

— Vou sair com o pessoal, vamos?

— Para onde vão?

— Ainda não sei, foi Luna quem convidou, parece que um primo dela chegou e ela resolveu propor este passeio.

— Hum... Quem vai?

— Harry, Gina, Mione, Luna, eu e o primo de Luna... Acho que só.

— Só casais... Não vou não... – Disse Jorge sorrindo.

— Eu falei “o primo da Luna” e não “o namorado”.

— Mesmo assim são “casais”.

— Ah, qual é Jorge... Vamos... Chama Angelina!

— Não dá... Ela viajou com a família...

— Vamos cara, prometo que será melhor do que ficar em casa sozinho.

— Hum...Tudo bem... Você me convenceu... Deixa só trocar essa camisa.

— Mas não demora, eles já estão lá embaixo aguardando.

— Certo, vou ser rápido.

Rony pegou a carteira, deu uma conferida no espelho pra ver se o cabelo estava em ordem e saiu do quarto. Jorge já o esperava no pé da escada.

— Caramba Rony! Que demora! Parece uma noiva!

— Ah, não enche! – Disse Rony sorrindo. – Tenho certeza que aparatou do quarto até aqui só pra fazer graça!

Jorge sorriu.

— Eu te conheço cara...

E os dois saíram de casa e encontraram os três já aguardando.

— Que demora! – Disse Harry.

— Foi mal pessoal, estava convencendo Jorge a ir também, tem algum problema?

— Claro que não. – Responderam os três.

— Bom, vamos? – Disse Gina.

E os cinco saíram em direção à casa de Luna Lovegood. Não era muito distante, mas ficava a algumas milhas, por este motivo resolveram aparatar para serem mais rápidos, logo já podiam ver a estranhíssima casa dos Lovegood. Estranhíssima, porque ela se ergue verticalmente contra o céu da tarde, um cilindro negro, que lembra uma torre de xadrez. Sem contar as três placas na entrada da casa:

O Pasquim. Editor: X. Lovegood

Traga seu próprio visgo

Não se aproxime das ameixas dirigíveis

Entraram no jardim e bateram na porta. Ouviram os passos atrás da porta que abriu lentamente. Quando abriu por completo uma voz masculina falou de forma surpresa:

— Hermione!?

— Você é o primo de Luna? – Perguntou Hermione.