— Boa tarde senhora Granger! - disse Rony assustado.

— Boa tarde garotos. Olha, é realmente uma sorte que eu tenha entrado antes.

— Não estávamos fazendo nada demais mamãe.

— Sei que não. Mas, é melhor não abusar... Sabe como seu pai é cuidadoso com você.

— Tudo bem. Vamos ter mais cuidado. – respondeu Hermione sentando um pouco mais afastada de Rony.

— Bom, entrei primeiro porque por algum motivo não estamos com o controle que abre a porta da garagem.

— Verdade, você deixaram em cima da mesa.

— Ok, vou pegar para poder ajudar seu pai a entrar com o carro.

— Precisa de ajuda senhora Granger? É porque está chovendo bastante...

— Primeiro, não precisa toda essa formalidade comigo, pode me chamar apenas de Mônica. Mas, obrigada por se oferecer a ajudar, mas, não será necessário. Bom, vou indo porque seu pai está esperando lá fora.

Ela entrou em casa e logo voltou com o controle e o guarda-chuva.

Em instantes o portão foi aberto e o Sr. Granger entrou na garagem. A chuva piorava e Mônica voltava praticamente correndo para o interior da casa. Logo atrás vinha o Sr. Granger que se recusou a vir no guarda-chuva para poupar a esposa do banho de chuva.

— Boa tarde garotos!

— Boa tarde pai. – respondeu Hermione.

— Boa tarde Sr. Granger. – disse Rony.

— Nossa! Que chuva hein!? Quando passar mais (a chuva) vamos retirar as malas do carro. Bom, vou entrar... Preciso tirar essa roupa ensopada.

— Certo. Vou entrar e ver alguma coisa para comermos. Vocês já lancharam? – Perguntou a Sr.ª Granger aos dois.

— Ainda não. – disse a filha.

— Ok, vou preparar algo.

— Quer ajuda?

— Por enquanto não, mas, se precisar te chamo.

— Certo.

Os dois permaneceram em silêncio quando os pais de Hermione saíram. Rony foi o primeiro a quebrar o silêncio:

— Nossa, que susto! Ainda bem que era sua mãe...

— Não estávamos fazendo nada demais Ronald.

— Eu sei, mas, mesmo assim me assustei com a chegada dela.

Hermione sorriu.

— Bom... O que faremos agora com esta chuva? – perguntou Hermione.

— Não sei...

— Estou pensando... Vamos assistir uns vídeos? 

Rony concordou.

Hermione saiu puxando Rony pelo braço escada acima, quando o Sr. Granger vinda descendo no mesmo instante.

— Onde vão com tanta pressa?

— Vou mostrar alguns vídeos para o Rony.

— Se não for atrapalhá-los... Gostaria de conversar com o Ronald um instante. Prometo que não vai demorar e logo ele irá subir para ver os vídeos.

— Tudo bem... – Hermione não estava entendendo nada, mas, não ia desobedecer a ordem do pai e largou a mão de Rony para que ele acompanhasse o sogro.

Rony ficara pálido neste instante, no fundo estava apavorado. Não esperava que o Sr. Granger o chamasse para uma conversa, será que ele iria fazer com que os dois acabassem esse namoro, será que iria expulsá-lo de sua casa? Rony não fazia ideia do que viria a partir de agora e desceu as escadas acompanhando-o em direção a sala.

Wendell ofereceu o sofá para que Rony sentasse primeiro e em seguida também sentou. Ficou um tempo em silêncio, como que escolhendo as palavras certas para falar para Rony. Quando enfim falou.

— Hermione! Quer por favor parar de se esconder e ir para o seu quarto?

Hermione apareceu no topo da escada meio descabreada. Sorriu e sumiu de vista.

— Bom, acho que agora poderemos conversar... – começou Wendell.

— Sim senhor...

— Calma rapaz, não vou fazer nada com você. Quero apenas conversar.

— Certo...

— Bom... Primeiro, queria pedir desculpas pela forma estúpida que tratei os dois ontem. Foi realmente muito ruim. Eu não sou assim, mas, saí do controle. É que Hermione nunca foi de desobedecer e aprontar travessuras. Isso realmente me deixou meio fora de mim. Conversei muito com Mônica e ela me mostrou o quanto fui rude com os dois.

— Não tem problema Sr. Granger. Eu entendi perfeitamente...

— Bom... Mas mesmo assim me desculpe...

— Sr. Granger... – falou Rony interrompendo-o.

— Sim?

— Aproveitando que estamos tendo esta conversa... Gostaria de... Gostaria de... – Rony Respirou fundo. – Gostaria de com todo respeito que tenho por sua família, pedir oficialmente permissão para namorar sua filha...

— Olha Sr. Ronald... Fico imensamente feliz em saber que você goste de minha filha. Sempre vi esse “relacionamento conturbado” de vocês como uma forma de amor. Era exatamente assim quando conheci Mônica. Sabia que uma hora vocês teriam que assumir isso de alguma forma. Você e sua família são muito especiais e realmente não veria melhor candidato para preencher a vaga de “namorado de minha filha”. Vocês têm minha aprovação.

— Obrigado Sr. Granger... Prometo que sempre estarei com sua filha e não a farei sofrer.

— Espero que sim, meu jovem. Enfim, é isso... Seja bem-vindo a família – disse Wendell oferecendo a mão para que se cumprimentassem. – Acho que não precisamos mais de tanta “formalidade”, pode me chamar de Wendell.

— Hã... Sr. Gran... Quer dizer, Wendell...

— Sim?

— Só mais uma coisa... Por favor, não castigue Hermione... Sei que ela passou um pouco dos limites com essa história toda, mas, ela fez tudo pensando no melhor para todos. Olha, se não fosse por ela... Nem sei se Harry e eu estaríamos vivos. Ela usou toda sua sagacidade e inteligência para nos salvar.

— Bom, pode ficar tranquilo... Já estava mesmo pensando em retirar o castigo... Porque cá entre nós... Não consigo ficar muito tempo zangado com aquela baixinha.

Rony sorriu e se surpreendeu em ter conseguido conversar de forma mais leve com o sogro.

— Olha, agora vou deixar você ir... Ela deve estar morrendo de curiosidade em saber o que estamos conversando. Se quiser, pode contar para ela sobre a conversa, não tem problema... Só não fale a parte que sou um “pai molenga” que não consegue se zangar com a filha que tem.

Ambos sorriram e Wendell liberou Rony da conversa.

— Obrigada Wendell, você é um grande pai. Espero um dia ser um bom pai como vocês são para Hermione e os meus pais são para mim.

— Mas, não precisa se apressar muito pra isso tudo bem?

— Claro que não senhor, é só uma hipótese... – Rony respondeu vermelho.

Wendell riu da situação, levantou-se e deu um abraço no genro.

— Vai garoto, estou brincando contigo.

Rony retribuiu o abraço e subiu as escadas. E assustou-se com Hermione limpando as lágrimas com uma das mãos e na outra segurando orelhas-extensíveis.

— Ei, isso não vale!

— Shiii, fala baixo Rony...

— O que faz aqui escondida? Estava ouvindo nossa conversa?

— Ah! Acha mesmo que iria deixar você sozinho com o papai?

Rony sorriu e estendeu a mão para que ela levantasse do chão.

— Olha, foi uma das cenas mais lindas que já vi... Fico feliz que agora tudo está entrando nos eixos.

— Está sim. Pode ficar tranquila. Agora sou “oficialmente” membro da “Família Granger”!

— Seu bobo! Mas é o bobo...

— Mais lindo que você já conheceu... Eu sei que sou demais!

E Hermione não se conteve e agarrou Rony contra a parede. Em meio aos beijos Rony disse.

— Hermione... seus... pais...

— Estão... lá... embaixo... – e seguiu com o beijo.

— Mas, não podemos abusar. – falou Rony afastando-se dela.

— Ah, como você é chato...

— Chato não, precavido! Tenha paciência “meu diamante”, vamos ter todo o tempo do mundo para dar nossos beijos. Quer acabar com a confiança dos seus pais logo agora que está tudo dando certo?

Hermione estirou a língua para ele.

— Você tem que parar com isso mocinha... Vem, me mostra os vídeos...

— Não vou mostrar mais...

— Ah, que é isso... Por favor...

— Vai lá, pede ajuda para o papai.

— Mas por Mérlin! Como é teimosa essa garota! O que aconteceu com você? Você não é assim.

— Estou feliz apenas, não posso? - disse sorindo.

— Mas é claro que pode... Só não podemos fazer isso agora.

— Vamos seu chato! – e saiu pisando forte rumo ao quarto.

Hermione mostrou os vídeos de bandas trouxas preferidos, cantou e arriscou até mostrar alguns passos. Realmente Rony estava fazendo muito bem a ela e agora ele começava a perceber um outro lado que amiga nunca teve coragem de mostrar enquanto estudavam em Hogwarts. Pois, quando pensava em Hermione só a imaginava lendo. Mas agora, ela era uma garota que conhecia muitos lugares, que o ensinava sobre todo um mundo que ele sabia que existia, mas, do qual não fazia parte. Ela sabia muito mais de música do que ele poderia imaginar e até dançava! Realmente ela era uma caixinha de surpresas e isso tudo o motivava a conhecê-la mais e mais.

Enquanto estavam no quarto Mônica levou um lanche para eles, mas sem que percebessem antes de entrar no quarto ela ficou espiando a filha pela fresta da porta e pôde perceber o quanto sua “menininha” havia crescido. Agora era de fato uma mulher. Uma linda mulher, diga-se de passagem. E que sabia muito bem trilhar seus caminhos. Agora, arrumara um rapaz perfeito, que era totalmente o oposto dela. Ela sempre foi tão séria, e compenetrada em tudo... Ela amava a força de vontade e o foco de sua filha. Apesar de sentir que ela poderia ser mais maleável em alguns aspectos. E então, ela conhece Ronald.

Uma vez Hermione foi questionada por sua mãe a respeito dos garotos, ela deu uma resposta vaga “Eles não reparam em mim”. Então, sua mãe perguntou sobre Harry e ela falou “Mãe, Harry é o irmão que não tive. Adoro estar em sua companhia e também sinto que preciso tê-lo por perto para protegê-lo. E sei que esse sentimento é recíproco”. Em seguida perguntou sobre Rony “Ah, Rony... (e parou para pensar um pouco) Rony é a criatura mais divertida que já conheci – depois dos seus irmãos Fred e Jorge – Mas, também a criatura mais cabeça-dura e irritante. Não sei como posso gostar tanto e odiar uma pessoa com a mesma rapidez. Mas, no final das contas é um ótimo amigo”.

Com essas palavras Mônica teve certeza que sua filha estava apaixonada pelo amigo. E ainda mais, ela sabia que sua filha já tinha consciência disso. Embora não admitisse. Esperava apenas que ela não demorasse muito para assumir isso e encarar a situação. E agora que via sua filha tão mais relaxada acerca de tudo e feliz. Fazia com que ela tivesse certeza de que estava no caminho certo.

— Com licença... - Mônica parou sua breve reflexão e entrou no quarto.

— Mãe, olha só! Rony aprendeu alguns passos de música trouxa!

— Que bom! Olha, está com uma ótima professora hein!? - divertiu-se Mônica.

— Não tenho do que reclamar – respondeu Rony.

— Bom, trouxe umas panquecas e refrigerante para o caso de estarem com fome.

— Obrigada Mônica. – agradeceu Rony.

— Nada. Bom , vou deixá-los à vontade. Hermione, acho que vamos dormir mais cedo, porque a viagem foi muito cansativa.

— Tudo bem mamãe, não se preocupe ficaremos bem... Estava pensando em dar uma volta com Rony, mas com essa chuva acho que não vai dar.

— É hoje não está um dia muito bom... Enfim, vou indo... Qualquer coisa que acontecer, pode me chamar ok?

— Tudo bem mãe, boa noite.

— E juízo hein!? – disse Mônica antes de sair do quarto.

— Mamãe tem cada uma...

Rony ficara vermelho neste momento.

— Hermione... Não acho uma boa ideia ficar no seu quarto, vamos comer em outro lugar?

— Não seja bobo Ron!

— Por favor...

— E pra onde vamos?

— Não sei, qualquer lugar...

— Olha, não vamos fazer nada demais... Vem, vamos ficar aqui na varanda.

— Teimosa... Quero só ver depois se seu pai reclamar de ter um garoto no seu quarto enquanto eles estão dormindo.

— Olha a porta está aberta, o que poderíamos fazer com esta porta aberta?

— Bom, se vai ficar aberta, então tudo bem...

— Vamos aproveitar o momento está bem? Amanhã não vamos estar juntos e já estou morrendo de saudades.

— Por Mérlin, não começa Mione...

— Então só aproveita o momento.

E os dois fizeram um lanche, conversaram sobre como seria o retorno a Toca e antes das 23h Rony despediu-se e foi dormir em seu quarto.

No dia seguinte às 6h Hermione levantou-se, se arrumou e deu uma passada no quarto de Rony antes de descer. Para sua surpresa Rony já estava acordado e pronto a sua espera.

— Bom dia dorminhoca!

— Já de pé? – aproximou-se dando um selinho.

— Não posso passar a manhã inteira dormindo não é? O que seus pais pensariam de mim?

— Você é um bobo! E porque não desceu?

— Fiquei com um pouco de vergonha, então resolvi te esperar.

— Deve estar morrendo de fome então.

— Estou mesmo.

— Então vamos.

Desceram juntos as escadas e encontraram Wendell lendo o jornal no sofá e o barulho de panelas na cozinha.

— Bom dia Wendell.

— Bom dia Ronald.

— Bom dia pai – disse Hermione dando um beijo na bochecha dele.

— Hum. Que bom dia mais gostoso! Hum... O Sr. Ronald deu o meu recado?

— Deu sim...

— Que bom... Olha filha, me desculpa. Espero que tenha me entendido.

— Não precisa se desculpar papai, eu entendi.

— Ok, mas... Preciso que me prometa que nunca mais vai fazer algo desse tipo está bem?

— Eu prometo! – E os dois se abraçaram forte, Rony apenas observava a cena.

Depois desta cena comovente entre pai e filha todos tomaram café e Hermione avisou que gostaria de acompanhar Rony em seu retorno a Toca. E seus pais concordaram, exigiram apenas que ela retornasse no começo da noite. E então os dois partiram para a Toca.

#CRACK – aparataram em frente à porta da Toca.

— Bom, seja bem-vinda! – disse ele.

— Obrigada!