Imortais escrita por kathe Daratrazanoff


Capítulo 22
Capítulo 21 : Morgana




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Bruxas geralmente eram retratadas como sendo uma mulher velha, nariguda e encarquilhada, exímia manipuladora de Magia Negra
e dotada de uma terrível gargalhada. Supersticiosos diziam que era uma pessoa cuja alma foi vendida a Satanás em troca de poderes, e não podemos nos esquecer da vassoura, da maldita vassoura. Como se seres tão magníficos como as bruxas fossem apenas isso.

Morgana odiava todos esses contos e mitos mentirosos e fajutos. Acreditava que uma definição mais próxima da realidade era a de que mulheres como ela eram sábias detentoras de conhecimentos sobre a natureza e sim, magia também.

Mas nem toda magia era ruim. Era ruim aquele momento em que duas pessoas se olhavam, olho no olho, e sentiam uma sensação indescritível, como se nada mais importasse além deles? Ou quando as plantas começam a emitir um tipo de canto, isso é perigoso ou assustador?

Bruxas tinham uma ligação especial com o incomum, e nem todas eram criaturas vis. Ela mesma tinha sido uma mulher belíssima cujo juramento de proteger os seres vivos era cumprido todos os dias. Criava poções que curava doentes, fazia pessoas solitárias se encontrarem e se apaixonarem. Que mal havia em colocar a mão sobre uma árvore que estava morrendo e trazê-la a vida?

Sim, ela já tinha sido boa e ingênua. E muitas de suas amigas também. Mas onde seu povo estava? Onde sua família tinha ido parar? Ah, sim, na fogueira. Ainda guardava um potinho com as cinzas da sua mãe consigo. E então toda bondade sumiu, e o ódio
e a raiva foram os sentimentos que ajudaram a suportar a dor da perda.

"Essas pessoas não nos entendem, nunca nos entenderiam. Por que quer salvá-las?"

Antigamente, toda vez que perguntavam isso a ela Morgana tinha uma lista enorme de motivos pra dar. Uma lista que depois rasgou em pedacinhos e deixou queimar.

Causou a destruição de muitos vilarejos, e mais de uma vez invocou dragões. Criou sua própria fortaleza, e construia um exército para dominar a Terra quando um velho mago a trancafiou numa cela subterrânea. Tinha passado alguns séculos presa naquele lugar, mas não desanimou.

Havia recebido uma visão de que um homem manchado pela corrupção a libertaria, e tudo que teria que fazer em troca era levá-lo para ter uma audiência com Crowley, um chefão do submundo. E ela esperou, cada dia de sua miserável vida ali pelo dia em que se vingaria. As pessoas que viveram na Idade das Trevas poderiam ter ido, mas seus descendentes e reencarnações continuavam povoando, como uma praga. Pacientemente esperou por aquele momento, o momento em que o reitor Justus estaria liberando sua cela dos feitiços.

— Eu a liberto agora, Morgana, rainha das aves. Na esperança de que cumpra com seu destino.

Morgana sorriu ao ouvir as últimas palavras de Justus. Deu um passo de cada vez daquele lugar e se sentiu livre quando finalmente se viu do lado de fora. O céu escureceu e trovões e raios começaram a iluminar aquele fim de mundo. Isso estava apenas começando.


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