Missão Cupido escrita por Lua


Capítulo 1
Ficha Suja


Notas iniciais do capítulo

Essa fic é culpa exclusivamente de quatro pessoinhas: Rayanne, Tailane, Yasmin e Andy. De todas aquelas nossas conversas sobre fanfictions, essa ideia borbulhou na minha mente. Então a história vai dedicada todinha a vocês.
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Vou avisando que talvez haja momentos em que a fic seja narrada em primeira pessoa e outros em terceira. Isso é porque eu estou num conflito interno severo e MUITO crítico com a minha narração/criatividade. Nós estamos seriamente de mal. E, talvez, por esse mesmo motivo, os capítulos sejam curtos.
Enfim, aqui vai o capítulo.
Enjoy :)



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Dizem que, quando você está prestes a morrer, um filme cheio de flash’s sobre sua vida começa a passar bem diante dos seus olhos. Agora Bonnie sabia que tudo isso não passava de uma grande mentira. Nada disso tinha acontecido quando ela morreu. Tudo o que viu foi simplesmente a madeira da escada de sua casa quando caiu de encontro ao chão. Nem tempo de gritar ela teve, só aqueles batimentos cardíacos acelerados e o súbito pensamento de que a queda iria doer. Mas nenhum flash apareceu.

E agora ela estava ali, naquele grande prédio que parecia até a redação de um jornal. Porque outro motivo estaria cheio de pessoas em mesas cheias de pastas e papeis, falando sobre acidentes, tiroteios, catástrofes mundiais e coisas do tipo?

– Mas que diabos? – perguntou-se com uma expressão confusa. Então, repentinamente, todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ela, uma porção de rostos sérios a encarando.

– Não diga isso. – falou uma mulher muito parecida com a Sandra Bullock que estava de pé segurando uma prancheta próximo à morena.

– Isso o que? – Bonnie franziu o cenho. – “Diab...”

– Não diga! – a mulher repreendeu novamente.

– Tanto faz. – Bonnie revirou os olhos. – Que lugar é esse afinal?

– Você é Bonnie Bennett, certo? – a mulher consultou algo em sua prancheta e não esperou resposta. – Me acompanhe.

Ela virou as costas e saiu andando, mas Bonnie não moveu os pés de onde estava.

– Acompanhar a onde? Você ainda nem me disse que lugar é esse! E pra sua informação eu fui ensinada a não confiar em estranhos.

A Cópia da Sandra Bullock respirou fundo com uma expressão levemente impaciente.

– Só, por favor, venha comigo.

Bonnie não entendeu porque, mas subitamente começou a andar, suas pernas começaram a se mover como se ela realmente quisesse seguir a mulher. Elas começaram a se afastar da sala que parecia uma redação de jornal em pleno funcionamento e entraram por uma porta que dava para um corredor claro e estreito, cheio de outras portas.

– Pra onde é mesmo que estamos indo? – a morena perguntou olhando para cada porta pela qual passavam. – E como diab...

– Não diga isso! – a mulher virou-se para ela com uma expressão dura no rosto. – Isso aqui é um lugar divino.

– Divino? – Bonnie arqueou as sobrancelhas.

– Qual é a última coisa que você se lembra, Bonnie?

– Eu estava em pé, parada no meio daquela sala, quando você apareceu e...

– Antes disso.

Bonnie estreitou os olhos e encarou o teto, buscando na mente aquela informação.

– Eu estava em casa, iria sair para uma festa, algum idiot... Digo, alguém tinha molhado a escada, então eu escorreguei... E depois... Uma luz... E eu vim parar aqui. Não é estranho?

– Isso mesmo. – a mulher sorriu pela primeira vez, como se aquilo fosse toda a explicação que Bonnie precisava.

– Tá. E o que isso explica sobre esse lugar ser divin... Oh, não! – a morena se interrompeu subitamente e seu rosto ficou em choque. – A queda foi tão grave que eu fiquei doida e estou tendo alucinações?

A mulher revirou os olhos, dando um curto suspiro, como se estivesse entediada.

– Por que só me sobram as desse tipo? – perguntou olhando para cima, como se falasse com alguém que estivesse ali. – Sabe, Bonnie. – virou-se novamente para a morena. – Conhece aquela frase que os mortais tanto usam “Não vá para a luz”?

Bonnie assentiu. Era a citação de Poltergeist, um antigo filme de terror. A frase virou moda clássica e era usada até os dias atuais, geralmente para fazer piadinhas.

– Então, - a mulher continuou. – Aquela luz que você viu quando caiu da escada é esse lugar. Esse lugar aqui é aquela luz. Você foi para a luz. Você entrou aqui. Você fez a passagem.

– Não entendi nada. Que passagem? – Bonnie perguntou estupidamente e se arrependeu na mesma hora, pois as palavras da mulher começaram a se encaixar na mente da morena.

Ela havia dito “mortais”, como se não fosse uma.

Ela não parecia estar brincando quando disse que aquele era um lugar “divino”.

A frase “Não vá para a luz” no filme não tinha um significado tão engraçado assim.

– Eu... Estou morta?

– Está.

Bonnie ficou tonta. Ela sentiu seu corpo cambalear, viu sua vista embaçar e escurecer, enquanto sua garganta parecia estar se fechando completamente. Ela ainda tinha batimentos cardíacos? Porque parecia que eles estavam muito rápidos. Ela ainda precisava respirar? Estava se sentindo tão sufocada. E se estava morta, porque as mãos pareciam estar suando e tremendo tanto?

– Então... – forçou a voz a sair, enquanto se apoiava em uma parede para não desabar. – Isso aqui é o céu?

– Mais ou menos.

Bonnie encarou a mulher e franziu a testa.

– Como pode ser mais ou menos o céu?

A Cópia da Sandra Bullock olhou pra cima com a mesma expressão que havia feito na outra vez.

– O que eu fiz pra merecer, Senhor?

Bonnie seguiu o olhar da mulher parecendo bastante curiosa.

– Ele está lá em cima?

– Enfim, - a mulher disse, chamando a atenção de Bonnie. – Esse aqui é o lugar para onde todos vêm depois que morrem. É aqui que ficarão sabendo se irão para o Purgatório ou para o Paraíso.

– Oh, - murmurou a morena. – E eu vou para onde?

– Vai saber logo. Foi por isso que eu mandei me acompanhar.

Ela voltou a andar e Bonnie voltou a segui-la. Agora sim havia um filme bem grande passando pela sua mente. Ela estava tentando reunir todas as suas lembranças de boas ações que tinha efetuado em vida e esperava que fossem maiores do que as más ações. Se isso talvez fosse ser de alguma serventia na hora de... de... Cara! Ela não podia acreditar que estava morta! E nem sequer estava tendo, tipo, um momentinho pra digerir isso.

A Cópia da Sandra Bullock finalmente parou e abriu uma porta. Ela não entrou, mas fez um sinal com a cabeça indicando que Bonnie entrasse. A morena estremeceu. Será que aquela era a porta para o Paraíso? E se não fosse? Um pouco receosa, Bonnie entrou pela porta e respirou aliviada quando viu que era apenas uma sala de espera.

– Entre e espere até que chamem seu nome. – falou antes de começar a se afastar.

Se não fosse a sensação estranha que estava sentindo por estar morta, Bonnie até acharia que estava numa entrevista de emprego, pois ali era igualzinho a sala de espera de um escritório. Algumas cadeiras acolchoadas num canto, uma mesinha de centro com algumas revistas no outro, tinha até uma “secretária” num balcão. Ela é quem ia chamando os nomes das pessoas ali.

Bonnie resolveu sentar. Talvez uma daquelas cadeiras acolchoadas fosse o último conforto que ela veria antes de... Seja lá o que a tivesse esperando. Aparentemente, muita gente estava morrendo naquele dia, pois não paravam de trazer pessoas para aquela sala. A morena percebeu que as pessoas que a secretária chamava entravam num outro cômodo e não saiam mais. Aquilo lhe deu uma sensação de que sua barriga estava se contorcendo, pois se ninguém saia dali, queria dizer que a partir do momento que se entrava naquele lugar não tinha mais volta. E logo chegaria a vez dela.

– Bonnie Bennett. – a secretária chamou, o que fez Bonnie quase pular de susto.

– Mas já? Tá tão legal aqui.

A mulher nada disse, apenas acenou em direção à porta pra que Bonnie entrasse. A morena, já que não tinha escolha, obedeceu. De que adiantaria prolongar mais aquilo? Se tivesse que ir para o céu, que assim fosse. Se tivesse que ir para o inferno... Espantou esse pensamento da mente e abriu a porta, só pra se deparar com mais uma sala. Mas não era uma sala como as outras. Lembrava um pouco um escritório particular, apenas um tanto mais... Celestial.

Atrás de uma mesa executiva estava um homem com expressão dura e impassível, vestido num terno preto e sentado numa poltrona moderna de couro branco.

– Você é Deus? – a morena perguntou estupidamente. Percebeu a expressão do homem vacilar um pouco, como se ele quisesse revirar os olhos, ou fazer cara de tédio, mas no fim permaneceu impassível.

– Sente-se. – disse ele.

Ela obedeceu. Ele era um ser divino. Não seria inteligente desrespeitá-lo.

– Você é, tipo, um ser celestial? – ela perguntou.

– Sou um anjo. – ele disse lendo alguns papéis.

– Eu pensei que anjos só vestissem branco.

– E eu suponho que você queira ir para o Paraíso... – ele comentou.

– Bem, já que mencionou...

– Fica difícil com a sua ficha tão suja assim. – ele a interrompeu.

– Qual é? É nunca matei ninguém. Não era terrorista. Nunca roubei...

– 13 de março de 2006. – o homem encarou Bonnie com seus olhos azuis cristalinos. – Sua amiga Caroline comprou um par de óculos Gucci e você esperou ela dar as costas, os tirou da penteadeira dela e guardou na sua bolsa.

– Ah, isso? – Bonnie deu um sorrisinho. – Eu iria devolver...

– Você a fez achar que ela os tinha perdido. Mentir pra mim não vai funcionar. – o homem disse cruzando as mãos sobre a mesa.

Bonnie se encolheu na cadeira um pouco envergonhada.

– Foi só um oculozinho de nada. No verão seguinte eu dei de presente pra ela um par de botas muito lindas. – dizer aquilo não pareceu amenizar muita coisa, a expressão dele continuou impassível.

– Enfim. – o homem se inclinou na poltrona e continuou a ler alguns papéis. – Você mencionou que não matou pessoas, mas pelo que vejo aqui matou muitos amores. E, sendo o amor um sentimento tão puro, isso é tão grave quanto.

– Agora não sei do que você está falando. – Bonnie franziu o nariz. – Senhor...? Qual é o seu nome mesmo?

– Damon. – ele respondeu.

– Senhor Damon... Poxa “Damon”? Sério? Não me parece um nome muito celestial. Nada de Daniel? Nem Miguel? Nem Castiel? Nem...

– Você dizia? – ele a interrompeu revirando os olhos como se sempre ouvisse comentários assim sobre seu nome.

– Certo, senhor Damon. Realmente não sei do que está falando.

– Ok, então, vejamos isso. – ele puxou um dos papéis do lote em que estava lendo antes. – 25 de dezembro de 2013. Você fez Jeremy Gilbert acreditar que sua namorada, Annabelle, o estava traindo com outro garoto. No natal. E os dois acabaram se separando.

Bonnie encolheu os ombros sem dizer nada. Contra isso não tinha como se defender, ela inclusive se lembrava da cena nitidamente em sua mente. Era totalmente culpada.

– Entende agora do que estou falando, Bonnie?

– Uhum. – ela murmurou. Será que não tinha nenhuma boa ação que amenizasse isso? – Ah, mas e aquele dia em que eu fui voluntária na igreja, levei uma panela bem grande de sopa pra alimentar os mendigos, hein?

– Sim, isso consta aqui. – ele concordou. – Bem acima da parte em que, no mesmo dia, você fez Stefan Salvatore e Elena Gilbert se separarem. Fora vários outros romances que terminaram por sua culpa.

Agora Bonnie sabia por que não existia nenhum filme em sua mente quando estava morrendo. Era porque ele estava sendo guardado para esse momento. E agora ela entendia por que se chamava “acerto de contas”.

– Mas, calma aí, não tem como haver “vários” namoros que terminaram por culpa minha.

– Tem sim. Mas se te faz sentir melhor, vou dizer que foram romances rompidos em que você teve alguma colaboração.

Bonnie apertou as mãos umas nas outras.

– Mas, tipo, o Paraíso ainda está de pé? – Ela perguntou timidamente. Damon ia dizer algo, mas ela continuou. – Sabe, eu sei que fiz algumas coisas que não foram muito legais, só que, tipo assim, eu não sou tão religiosa, mas ouvi o pastor dizer uma vez que quando alguém perguntou a Jesus quantas vezes se deve perdoar, Jesus respondeu algo como “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”, o que eu acho que significa que o perdão está sempre de pé, né? Então, não rola, tipo assim, um perdão pra mim por aqui?

Damon cruzou os braços e encarou Bonnie por longos segundos. Um grande silencio ocupou aquele espaço por um bom tempo, até que finalmente o anjo suavizou a expressão - nem tanto - e respondeu.

– Tem um único jeito, uma coisa que você pode fazer para ter sua alma salva.

– Qualquer coisa. - a morena respondeu, pensando que faria de tudo para se salvar.

– Preste atenção. – Damon se inclinou sobre a mesa, juntando um papel em branco da sua pilha e começou a escrever algo nele. – Você voltará para a terra como um anjo... Como é mesmo que os mortais dizem? Ah, cupido! Você voltará como um anjo-cupido e sua missão será unir alguns casais.

– Beleza! Vai ser facinho, facinho. Eu aceito.

– Então, já que está de acordo, assine aqui. – ele lhe entregou a folha em que esteve escrevendo antes e uma caneta.

– Ah, um contrato divino! – Bonnie sorriu. – Legal.

Ela assinou o local onde ele indicou e depois o encarou sorrindo.

– E então, quando eu começo?

– Agora. – ele estendeu para ela um outro papel. – Boa sorte.

Antes que a morena pudesse dizer algo, o anjo estalou os dedos e ela já não estava mais naquela sala. Agora estava em um corredor com paredes de cor bege, com armários estudantis cinza e... Espere, ela estava reconhecendo aquele lugar. Era... O Mystic Falls High School. Era o colégio dela!

– Ah, não... – ela murmurou e subitamente ergueu o papel que Damon havia lhe dado. Era uma lista. Não uma simples lista, mas a lista de casais que ela deveria unir. Os casais em que ela esteve “envolvida” no rompimento. – Droga! – xingou.

“Não diga isso”, a voz de Damon em seu ouvido a fez gritar de susto. “Você agora é um ser divino. Comporte-se como tal!”

– Desculpa. – ela sussurrou, ainda encarando as paredes bege ao seu redor. – Mas isso aqui já vai ser o próprio purgatório. Não tinha outro lugar pra você me mandar não?

“Aproveite Bonnie”, a voz de Damon era quase como sábia. “Nem todos têm uma segunda chance. Não desperdice a sua”.

E foi a última coisa que ela ouviu dele, porque no momento seguinte, os portões abriram e todos os alunos começaram a ocupar os corredores do colégio.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Alguém aí já imaginou o Damon um ser divino?
Comentem, é de graça e faz bem pra qualquer autor =)
Aproveitem pra dizer quais casais vocês querem juntos nessa lista
E não gente, apesar da citação bíblica da Bonnie sobre perdão, essa não será uma fic religiosa. Eu acho.
Enfim, beijos!
Até a vista :)