Art:– Agora? – Ele olhou no relógio. – Tomando o banho de sol no presídio.

Manu:– OOOOI?! Ela tá presa?

Art:– Tá, foi pega levando dinheiro pra cadeia, e olha que coincidência, o dinheiro vinha do tráfico de drogas que ela tava praticando. E dentro da nossa casa, com o meu filho lá. – Ele fez uma cara de desgosto.

Me sentei no sofá pra assimilar tudo, depois de uns dois minutos calada, pensando, eu olhei pro Art embasbacada. Ele só deu de ombros e foi atrás do Gui, nos braços de uma das pretendentes dele. Ainda fiquei uns cinco minutos sentada, depois fui pra piscina e o Gui tava com a Van lá. Tomei ele dela e fui pra piscina com ele.

Coloquei ele na beirada e fiquei de frente pra ele:

Manu:– Então Gui, tu estuda?

Gui:– Ainda não, o papai disse que vai me colocar no “coiégio” “póximo” ano.

Manu:– Ai que chique.

Gui:– É... Seu cabelo é da cor do suco que a vovó compra pra mim.

Manu:– É? E é bonito?

Gui:– É. E é cheiroso. – Ele falou cheirando meu cabelo. – Mas não tem cheiro do meu suco. – Eu ri e fiquei conversando mais um pouco com ele.

O Art veio pegar ele e se despedir de mim porque ainda tinha que levar ele no médico. Fiquei olhando ele ir embora e achei aquela cena linda.

Fui me secar e trocar de roupa, quase todo mundo já tava indo embora, no final, só ficou o Vini pra ajudar a arrumar a bagunça, subi pro meu quarto e fui dormir. Acordei eram quase 19h00min e o Vini ainda estava lá, ele sentou na minha cama e nós ficamos conversando.

Manu:– Mudando de assunto, o Gui é muito fofo.

Vini:– Verdade, eu roubaria ele pra criar fácil.

Manu:– Quem não?

Vini:– Tu soube que a Priscilla foi presa né?!

Manu:– Aham, o Art me contou tudo.

Vini:– Achei maneiro da parte dele continuar criando o Gui.

Manu:– É né Vini, ele é filho dele.

Vini:– Mas nem todo mundo cria o filho dos outros assim na maior facilidade.

Manu:– Como assim dos outros?

Vini:– Da Priscilla e... Ai meu Deus, ele não te contou isso né?!

Manu:– O que Vinicius? – Sentei na cama e encarei ele.

Vini:– Deixa quieto.

Manu:– Deixa quieto o caralho, conta.

Vini:– Deviam fazer uma colagem permanente na minha boca.

Manu:– Desembucha, moleque.

Vini:– Ah... tá. O Gui... Não é filho biológico do Art, a Priscilla tava grávida de outro cara e empurrou a responsabilidade pra cima dele.

Segunda vez no dia que eu bastante tempo tentando assimilar algo.

Manu:– Porque ninguém me conta as coisas?

Vini:– Não deu tempo, Manu. Tu chegou hoje.

Manu:– Vou perdoar dessa vez, mas meu deus, essa menina não se cansou de fazer mal para todo mundo não?

Vini:– Pior que não, parece que aquela garota tem um ser do mal dentro dela.

Manu:– Mas pelo menos agora ela tá presa e não vai poder fazer mal a ninguém, principalmente para o Gui.

Vini:– Exato. Principalmente se ele tiver, não sei... Uma mãe substituta. - Ele me olhou com uma cara maliciosa.

Manu:– Ai meu Deus, Vini, tu não cansa não é?

Vini:– Nunca. - Ele riu - Mas Manuzita tu tem que se resolver com o Art, vocês se amam, estão totalmente desempedidos agora, não vejo porque motivo vocês não voltam logo.

Manu:– Não é simples assim Vini, a gente passou muito tempo longe um do outro, eu passei por muita coisa, ele também. Ele tem um filho agora, porra. Isso muda muita coisa.

Vini:– Ah faça-me o favor Manuela, o fato de o Gui existir na vida do Art não muda nada pra ti. Tu não ia deixar de gostar daquele garoto nem que ele fosse filho do Hitler. Todo mundo viu o jeito que tu se encantou por ele assim que conheceu. E ele também te adorou, tu pode até não conhecer ele, mas todo mundo sabe que o Gui não fica no colo de alguém que ele acabou de conhecer nem por todas as barras de chocolate do mundo. Vocês dois se conquistaram assim que se viram e tu ainda ama o pai dele, isso é óbvio, qualquer um pode ver. Acho melhor tu correr logo atrás do tempo que tu perdeu e deixar esse orgulho besta de lado.

Manu:– Eu já disse que te odeio por me convencer das coisas tão fácil?

Vini:– Tá, tá, eu já entendi que tu me ama. Esse amor as vezes me sufoca.

Manu:– Idiota.

Vini:– Mas que tu ama. Não vai correr atrás do Art agora?

Manu:– Vou, mas não agora né?! São quase nove da noite, amanhã eu vou.

Vini:– Hm, sei. - Ele riu.

Continuamos conversando ate quase duas da manhã, quando o sono começou a chegar em mim. Dormi no dia seguinte até dez da manhã. Acordei totalmente renovada, desci pra tomar café da manhã e depois fui me arrumar para ir no shopping comprar umas roupas mais normais para o calor de Fortaleza, acabei levando o presente que eu tinah comprado pro Art em Londres, porque eu ia passar na casa dele depois das compras.

Comprei só o basico, o resto eu ia comprando aos poucos, no caminho para a saída do shopping vi uma loja de brinquedos infantis e acabei entrando e comprando um carrinho pro Gui. Eu estava lotada de sacolas, mas consegui me equilibrar e ligar pro Vini pra pedir o novo endereço do Art.

Peguei um taxi até lá e ele tinha acabado de chegar pro horário de almoço e me atendeu com um sorriso enorme no rosto:

Art:– Oi.

Manu:– Oi, vim te visitar. - Sorri e encarei o chão.

Art:– Entra. - Ele saiu da frente da porta pra eu passar.

Eu coloquei minhas sacolas no chão e me sentei no sofá do apartamento dele.

Manu:– Eu esperava uma casa mais bagunçada. - Nós dois rimos.

Art:– E seria se não fosse a Gisele sendo um amor de pessoa e arrumando tudo.

Não pude conter o ciume que brotou em mim ao citar o nome de alguma mulher perto dele.

Manu:– Ah... Ela deve ser muito boa. - Tentei sorrir.

Art:– E é. - Ele sorriu como quem tinha entendido tudo. - Aliás ela tá dando o almoço do Gui agora, vamos lá dentro que eu te apresento ela.

Ele me chamou pra cozinha e fui rápida, afinal eu estava louca pra conhecer essa Gisele (iga) que me parecia ser uma vadia loira que com certeza se atirava pra cima do Art...