Submundo escrita por Letícia Francesconi
Notas iniciais do capítulo
Oi meus amores! Eu demorei muito, não foi? Me matem! Desculpem-me pelo pequenino capítulo, não tive muito tempo para formular um maior. Espero que gostem! Beijinhos!
Os caçadores perambulavam, inquietos, o salão da corte. As cortinas pesadas calavam a terrível luz cáustica que o sol abonava. O ar enregelado cingia o incomensurável salão. Alex agarrava firmemente a mão da irmã. Anne parecia estar dopada. A cabeça girava em pensamentos absortos e insanos. Ela sabia que Rob a chamara por um motivo sério, porém Alex a assegurava de que estava tudo sob controle, porém isto não lhe garantia a fuga dos pensamentos indesejáveis.
– Anne? – Alex verificou o rosto da irmã, a procura de algum sinal de vida. – Você está bem?
O olhar desvairado da menina pousou na face do irmão. Os olhos claros a fitavam ansiando sua resposta. Os cabelos mantinham um castanho vivo, com a mesma aparência do pai. Alex era como uma cópia jovial de Rob, apesar do mesmo negar este argumento verídico. Anne não era como o pai. A mãe permanecia em parte de suas feições delicadas.
Anne afugentou os olhos do irmão.
– Alex, eu quero ir para casa – suplicou ela. – Este lugar é horrível.
Alex levou as mãos à cabeça, pensativo disse:
– Anne, Rob nos chamou – explicou o irmão, aparentando ter uma mínima paciência com a irmã mais nova. – E devemos o escutar. Ele disse que é sério.
Anne meditou, o olhar perdido pelo salão escuro.
– Entendo – resmungou.
Algumas horas intermináveis passaram-se junto do tédio de Anne. Alex parecia animado e preocupado com o que incidiria. Um homem alto e esguio, acompanhado de uma sombria capa, que acomodava o paletó negro, interrompeu seus passos vagarosos ao notar Anne e Alex. Ergueu o capuz nebuloso e fitou os irmãos. Induziu o charuto à boca, e proferiu uma nuvem branca de fumaça. Anne tossia enquanto Alex abria a boca.
– Charles Jones – o menino lutou para que as palavras saíssem de sua garganta, agora tomada pela fumaça tóxica. – Como vai tio?
Anne remexeu-se no assento, indignada.
– O que disse? – desferiu a pergunta asperamente ao irmão.
Alex a ignorou habitualmente. Erguendo-se, o mesmo estendeu a mão pálida para o homem esquisito.
– Alexander Jr. – Alex pigarreou discretamente e prosseguiu. – Mas, me chame de Alex.
...
A sala de Rob era incomensuravelmente sombria. Não seria um local de trabalho que eu escolheria, pensou Anne enquanto adentrava no recinto. Charles caminhava sorrateiramente, assim como um fantasma. O homem por qual Alex ansiava ver, permanecia assentado em sua poltrona magistral.
– A situação está crítica – articulou Rob. – O submundo está ingressando em uma guerra. Fadas, vampiros e lobisomens estão desesperados. Raphael está de volta.
Os olhos perplexos de Alex mantinham-se no rosto cansado de Rob. A barba afagava-lhe o rosto entorpecido. Anne permanecia-se prudente a cada movimento de Charles. O charuto parou de fumegar. O ar prosseguia ardentemente pesado. As cinzas espalhavam-se no piso. O homem pigarreou e afagou a barba mal feita.
– Onde está o príncipe? – indagou. Sua mão foi induzida ao bolso do paletó, revelando outro charuto. Anne desviou o olhar, velozmente.
– Ele fugiu – disse Rob, enigmático. – Não sei ao certo o que o levou a fazer isto.
– E – Charles emitiu outra nuvem alva de fumaça. O cheiro agonizante do tabaco foi absorvido pelos pulmões sensíveis de Anne. – Onde se encontra?
As palavras eram inevitáveis. Rob ajeitou o colarinho negro da camisa, dissimulou uma breve ponderação e tornou a falar. A voz era áspera e sagaz.
– Está refugiado – a frase veio simultaneamente com outro ataque de tosse, Anne necessitava ausentar-se daquele local fumegante. – Por isto, os chamei aqui. Precisamos dele. Vocês... Irão buscá-lo.
Rob dirigiu-se aos irmãos, ambos assustados.
– Alex – o nome do filho veio-lhe como uma palavra que jamais pronunciara. – Você ficará – virou-se para Anne. A menina encolheu os ombros e estremeceu. – Você vai.
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