Time escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 10
X - Um encontro com Afrodite.


Notas iniciais do capítulo

[corrigido: 31/03/2015]



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[When You're Gone - Avril Lavigne]

A Grécia parecia incrivelmente cansativa para a deusa da sabedoria... Quer dizer, nada ali parecia se acontecer, mortais morriam e nasciam, gerações se iam e vinham, e absolutamente nada acontecia... Quer dizer, parecia que Cronos queria prolongar sua tortura... Aquilo deixava a deusa ainda mais irritada... Décadas e mais décadas sumiam na poeira azul do espaço e nada! O Olimpo era o lugar mais entediante para se viver...

— Atena! — chamou-lhe Ártemis, em uma ensolarada, porém maldita, manhã. — Afrodite pretende descer a terra esta tarde, daria-nos a honra de acompanhar-nos nesse passeio?

A deusa parecia ponderar, não era como se estivesse muito ansiosa para sair com Afrodite, pelo contrario, a deusa havia transformado sua vida em um inferno... Tentara controlar o coração da deusa da sabedoria e Atena lutou muito para conseguir deixá-lo sólido... Não queria que uma tarde com Afrodite estragasse tudo...

Mas também, Atena tinha certeza absoluta que que Afrodite ainda esperava que o coração de Atena descongelasse e ela “voltasse” — ora, se não é uma ousadia — com Poseidon. E era claro que a deusa da sabedoria iria adorar — não, amar — mostrar para Afrodite que continuava dura como uma rocha.

— Seria uma imensa honra acompanhá-las em vosso passeio — proferiu Atena. — Dar-me-ia alguns segundos para conseguir arrumar-me?

Os olhos verdes de Ártemis brilharam, era claro sua alegria ao saber que teria companhia.

— Tens todos os segundos que Cronos não nós roube, irmã — disse gentilmente Ártemis. — Estarei por esperá-la no pomar de Dionísio.

— Combinado. — Terminou Atena, levantando a barra de seu vestido e partindo para seu quarto, não sem antes soprar um beijo para sua linda irmã dos cabelos vermelhos, que andava, quase pulando, entre as rosas brancas do jardim das Musas.

Time

— Ah, por que tudo tão sem graça, meu Zeus?! — berrava a deusa dos cabelos cor de chocolate, do outro lado do Olimpo.

Enquanto esperava Ártemis voltar com a resposta de Atena, Afrodite revirava gaveta por gaveta de suas roupas, jogando pedaços de seda para todo lado.

— Rosa, rosa e rosa... — xingou a deusa. — Onde está meu vestido azul?! — perguntou, para ninguém em especial, em vista que estava sozinha no quarto. — Atena odiaria usar rosa... — declarou ela novamente.

O forte cheiro de rosas vermelhas estava grudado no seu quarto, sua cama de dossel estava tão cheia de roupas em cima que mal parecia uma cama, estava mais para uma montanha de lixo rosa.

Afrodite estava claramente nervosa.

— Eu sei que esta por aqui.... Não faz poucos dias que eu o mandei lavar... — o jeito como a deusa vasculhava os armários era voraz, como alguém que morre de fome.

— Afrodite? — chamou-lhe Ártemis, da porta. Os olhos da ruiva observaram o quarto, olhando por fim para Afrodite, com uma duvida nos olhos.

— Ah, Ártemis! — saudou a deusa do amor, saltando sobre uma pilha de vestidos. — Estou apenas procurando algo para vestir — mentiu a deusa, tentando justificar a bagunça.

Ártemis jamais poderia saber, ela era próxima demais de Atena para não contar-lhe a verdade. E como Afrodite precisava de uma aliada agora.

O plano era simples... Levar Atena e Poseidon para um lugar neutro, qualquer lugar onde pudessem conversar sem serem interrompidos. A deusa sabia que era difícil, mas havia arquitetado tudo fazia quase três meses...

Um mês inteiro pensando no lugar ideal e na maneira como eles deveria se encontrar, 15 dias para a roupa que cada um ia usar, mais 15 dias para descobrir uma maneira de Atena não matar Poseidon assim que o ver, e ainda por cima, um mês inteirinho para convencer Ártemis que ela e Atena deveriam sair com a deusa do amor... Nada, nunca, havia sido tão complexo.

Afrodite queria correr na direção de Ártemis e fazer a deusa da caça revelar toda a sua conversa com Atena, mas ela sabia que Ártemis desconfiaria, e se Ártemis desconfiasse... Afrodite tinha que ser calculista.

— Bem... — disse Ártemis, depois do que pareceu mais de séculos. — Atena concordou em ir conosco — Afrodite até poderia ter ficado magoada com o alivio na voz da ruiva, mas estava tão feliz por ter, finalmente, conseguido.

— Ah é? — Afrodite fingiu que não se importava, enquanto pegava um par de sandálias do chão e mostrava para Ártemis. — O que vou achou dessa?

— Hm... — Ártemis parecia confusa. — Igual a todas as outras sandálias do mundo...

Afrodite bufou.

— Eu sei, não é horrível mulheres terem apenas uma opção de sandálias? Quer dizer, eu acredito em um mundo onde eu possa ter um armário cheio e sandálias, dos mais diversos tipos... — Ela aceitou!!! Agora eu tenho que tirar Ártemis daqui para conseguir encontrar o maldito vestido azul... — Artie, querida, você pode procurar Apolo? Eu realmente preciso de um sapato novo! — E aproveita e se casa de uma vez com aquele deus sol... — Eu vou procurar uma roupa, te encontro as duas na pomar de Dionísio? Pode ser? — a deusa não esperou resposta, e começou a empurrar Ártemis para fora do quarto, trancando a porta assim que essa saiu.

Agora... Onde esta aquele maldito vestido azul?

Time

Atena acabara de sair do banho, sua pele estava macia como veludo e seus cabelos caiam em lindos cachos dourados em suas costas.

Ela se sentia bem, por mais que a ideia de passar uma tarde com Afrodite ainda lhe revirasse os olhos. E deuses sabem como Atena estava cansada de Afrodite e seus joguinhos...

Para ser totalmente honesta, a deusa nunca conversou com Afrodite diretamente, e lá estava ela... Com o coração nas mãos maléficas da deusa do amor... Ou melhor, estava né? Porque qualquer sentimento que Atena sentiu por... Por ele... Já estava no mais remoto passado. Queimado a la pira grega.

Atena estava a um passo de abrir seu armário, e escolher qualquer vestido para o passeio quando ouviu uma batida leve na porta.

Por mais que estivesse apenas de toalha, não hesitou em marchar graciosamente até a porta e abri-la.

— Ateninha! — saudou Afrodite, com seus lindos cachos chocolate presos no mais antigo penteado grego, rabo de cavalo com metade solto, só de um lado, seu vestido branco, com detalhes em dourado, e seu rosto lindamente maquiado com algo como rosa... Uma cor que Atena só via no céu, ao entardecer. — Ainda bem que você ainda não se vestiu, vim trazer-lhe um presente!

Afrodite adentrou no quarto da loira, sem esperar respostas. Atena estava meio tonta, mas deixou a mesma passar... Quer dizer, aquela não era a primeira vez que conversavam? Como Afrodite já estava tão a vontade?

— Ahn... Olá Afrodite, o que te traz aqui? — perguntou Atena, coçando rapidamente o pulso, num ato de nervosismo.

— Nada demais, queria ver como a minha irmãzinha estava, e, é claro, trazer-lhe um presente. — Afrodite mostrou uma túnica grega, era coisa mais maravilhosa que Atena já tinha visto. Ela era de um azul claro, feito mar, com um ombro só e marcação na logo abaixo dos seios, um pequeno pedaço de pano caia na parte de trás, enquanto a frente era adornada de detalhes dourados. — Eu mesma fiz, na verdade era para mim, mas eu não curti o jeito como o azul claro não combinou com o meu cabelo, então eu prefiro que fique com alguém que possa usar, é claro que já mandei lavar e tudo mais... — Afrodite não parava de falar, deixando Atena um pouco mais tonta que antes.— Pode usar hoje? Diga que sim, por favor!

— Ahn... — Atena piscou várias vezes. — Eu creio que sim, só não sabia que seria algo tão... Especial...

—É claro que é especial, vou passear com as minhas duas irmãzinhas... — Afrodite sorriu. — Vejo você daqui a meia hora, no pomar de Dionísio, não se atrase.

Afrodite praticamente saiu correndo do quarto, deixando Atena com o presente e com uma pequena sensação gostosa de prazer.

Por mais que tenha imaginado que Afrodite era horrível, talvez a deusa não tivesse culpa do que aconteceu com seu coração... Na verdade, Afrodite havia sido muito legal...

E cantarolando baixo, a deusa começou a se arrumar.


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Notas finais do capítulo

[revisado]