O Ninja De Branco II escrita por Charlie


Capítulo 2
Capítulo 1 — Oliver Queen Está de Volta




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CINCO LONGOS MESES SEM FALAR com o meu melhor amigo.

Theo não tinha me dado notícias algumas e simplesmente tinha desaparecido do mapa. Bem, não tão do mapa assim, já que eu tinha conseguido falar com ele, quando ele tinha atendido o celular diretamente da China. Para quê que ele estava na China?!, quis perguntar.

Eu estava indo para casa, pois eu tinha acabado de sair da escola. Eu não encontraria meu irmão, Alex, lá. Ele tinha me dito pela manhã que estaria na empresa em que trabalhava. Então significava que eu estaria completamente sozinho. Queria voltar para o nosso QG para poder tentar falar com Theo novamente que nem na semana passada, mas ele não me atendeu quando eu tentei novamente após o término de nossa ligação. Eu não sabia se ele estava com raiva de mim por ter falado com ele, ou por ter dito aquelas coisas para ele. Eu só o queria de volta, mais nada.

Com Theo por perto, eu tinha o que fazer, tinha atenção e me sentia importante por ajudá-lo em suas visitas noturnas e a ajudar a combater — de uma forma não brutal de minha parte — o Ninja de Preto. Bem, acima de tudo e deixando toda essa parte de Ninja de Branco de fora, eu sentia muita falta do meu melhor amigo.

Mas eu não podia ficar no ponto de ônibus para sempre e pensar em Theo o tempo inteiro. Mas eu decidi o que iria fazer. Peguei o primeiro ônibus que apareceu que poderia me levar para a Mansão Queen. Thea me disse que eu poderia visitá-la, uma vez que ela estava completamente sozinha naquela casa enorme e, falar com ela, me fazia esquecer um pouco de Theo.

O caminho não foi tão longo assim e minha cabeça não parava de pensar em como seria o meu reencontro com Thea depois de quase uma semana — esse tinha sido o período sem vê-la. Tudo o que eu sabia era que ela estava no comando da boate do seu irmão mais velho e que era um pouco ocupada para estar em casa a não ser à noite. Mas eu não me importei tanto assim, uma vez que ela tinha dito aos funcionários que eu poderia entrar a hora que eu quisesse nos terrenos da casa e na casa.

Assim que desci do ônibus e cheguei aos arredores da casa, falei com o porteiro — acho que poderia chamá-lo assim —, mas eu não cheguei mesmo a adentrar na casa. Muito pelo contrário. Dei meia-volta, segui para o ponto de ônibus novamente e fui para um lugar que eu nunca pensei que iria: Iron Heights, a prisão onde se encontrava Moira Queen, a mãe de Theo.

O ônibus, desta vez, durou quase uma hora na estrada — claro, porque ele ia parando, porque se eu fosse de carro ou o ônibus fosse sem paradas, eu chegaria lá em bem menos tempo; mas isso é o de menos. Chegando perto daquele local enorme que era onde a mãe de Oliver, Thea e Theo, estava. Suspirando adentrei no local.

Os guardas tiraram todos os meus aparelhos eletrônicos, revistaram minha mochila, meus bolsos e, deixando tudo em um local, eu pude entrar. Disse para um dos guardas que iria visitar a sra. Queen, o guarda foi atrás da mesma em questão de segundos. Eu sabia que tinha sorte, pois eu tinha ido ao mesmo dia em que eram permitidas visitas, mas eu não sabia se a sorte realmente estava comigo, porque os guardas poderiam pensar que eu estava querendo alguma coisa e poderiam me prender ali mesmo.

Se eu fosse preso, eu acreditava que Alex surtaria. Disso eu tinha certeza. Ele nem sabia o que eu fazia com Theo o tempo inteiro para estar com ele. Eu só dizia que sempre fazíamos várias e várias coisas, mas nunca toquei no assunto do que aquelas coisas eram. Lógico, eu não era louco de dedurar meu melhor amigo enquanto ele lutava, digamos, contra os malfeitores dessa cidade chamada Starling City.

De qualquer forma, outro guarda me pôs em uma sala onde tinha uma mesa e duas cadeiras. Minutos depois, ele veio com uma senhora. Ela estava vestida em um uniforme de presa cinza ridículo, cabelos louros presos em um rabo de cavalo e totalmente sem maquiagem. Se eu não conhecesse bem a senhora Queen, eu não diria que aquela era ela. Ela continuava a mesma sem maquiagem, mas seu semblante era de acabada. Seus olhos que uma vez brilhavam estavam totalmente cansados e olheiras bem visíveis estavam abaixo de seus olhos; ela estava — acredite, é possível — feia.

Quando ela me olhou, sorriu de lado e sorri para ela da mesma maneira que ela tinha sorrido para mim. Uma coisa que não tinha estragado nela: seu sorriso. Ela sempre, mesmo se seu sorriso fosse uma linha, ela ficava graciosa. A senhora Queen era uma das mulheres mais lindas que eu já vi em toda a minha vida. Mesmo sem maquiagem. Porém, naquela ocasião, a cadeia a estava destruindo.

— Olá, sra. Queen — disse eu.

Ela se sentou à mesa que tinha diante de nós.

— Olá, Ernie — disse ela ainda sorrindo.

Ficamos em silêncio por um perídio e eu pensei em como poderia dar a notícia a sra. Queen de que eu tinha conseguido falar com Theo. Bem, eu tinha ido lá para falar exatamente isso, mas eu realmente não sabia como dizer à ela que eu tinha falado com um de seus filhos que não tinha lhe visitado na prisão.

— Sra. Queen — disse eu e tomei fôlego —, eu tenho algo para lhe dizer...

— Por favor, me chame de Moira — interrompeu-me la sorrindo.

Sorri de lado.

— Bem, Moira — disse seu nome. — Bem, ahn... o que eu vim lhe dizer é referente ao Theo.

Ela arregalou os olhos para mim e pôs as mãos não algemadas sobre a mesa.

— Por favor, fale... — ela pareceu preocupada.

Tomei mais fôlego.

— Bem, eu consegui entrar em contato com ele — disse eu.

— Verdade? — perguntou ela com um sorriso no rosto.

Ela deveria estar pensando o mesmo que eu: ter ele de volta. Aquilo seria a melhor coisa para mim e para ela também. Bem, ao menos eu achava, porque eu não sabia se ela sabia que Oliver também estava fora da cidade, mas também não resolvi tocar no assunto e era melhor assim, eu acho.

— Sim — confirmei. — Eu falei com ele na semana passada.

— E como ele está? Ele está bem? O que ele disse? Onde ele está? — perguntou ela fazendo uma pergunta atrás da outra sem ao menos respirar.

Sorri ao ver o jeito dela.

— Eu não consegui falar com ele por muito tempo — confessei. — Ele pareceu estar muito bem, lhe garanto. Bem, ele simplesmente disse que não voltaria para Starling City...

— Voltaria? — perguntou ela sem entender. — Mas onde ele está para não poder voltar? — ela fez ênfase na frase.

— Ele está na China, sra. Queen — disse eu.

— Mas o que ele faz tão longe?

— Não sei — dei de ombros. — Ele não me disse.

— O que mais ele disse? — perguntou ela.

Pensei por um momento, relembrando da conversa que tive com meu melhor amigo. Foi um período curto, é lógico. Mas foi bom falar com ele novamente. Eu já tinha quase esquecido de sua voz para ser sincero. Mas, enfim... eu tinha que lembrar o que Theo tinha dito e eu lembrava.

— Ele disse que não voltaria para Starling City — disse eu. — Ele não queria voltar. Eu falei que a senhora tinha ido... bem, detida — eu tinha que dizer daquela maneira. Eu não queria dizer a palavra presa, porque não queria ofendê-la. — Disse, também, que Thea estava sozinha naquela enorme casa e que Oliver não estava presente fazia cinco meses.

“Mas não adiantou de muita coisa, porque ele, mesmo assim, insistiu em dizer que não voltaria. Mas quando eu mencionei que a senhora tinha dito à mídia que ele era seu filho biológico, eu não sei o que aconteceu, mas a ligação foi finalizada”.

Ela não disse nada, apenas assentiu.

Eu sabia que aquilo poderia ser totalmente difícil de engolir para ela. Ela poderia achar que tinha sido tudo culpa dela, mas ela não tinha culpa nenhuma. Ela não tinha feito aquele terremoto surgir no Glades, tinha sido Malcolm. Ele era o real culpado e eu achava que aquele julgamento dela que estava prestes a acontecer era totalmente injusto.

Ela tinha avisado a todos em rede nacional que o Glades iria ser destruído e que o culpado era o Malcolm. Como alguém ainda poderia culpá-lo por um crime que ela tinha sido forçada a ser cúmplice? Ela tinha abordado o assunto dizendo que, se ela não contribuísse, os filhos dela, a família, poderia morrer. Que mãe ou pai não iria fazer o que mandassem para manter seus filhos seguros? Até mesmo eu faria o que quisessem. Até Alex, meu único irmão que tinha TOC, faria qualquer coisa para me manter seguro — e eu faria o mesmo por ele, é claro.

— Entendo o porquê que ele não quer voltar para casa... — disse ela totalmente tristonha depois de um grande silêncio que se propagou depois que eu tinha falado.

Afaguei sua mão gentilmente.

— Não é culpa da senhora — confirmei em dizer.

Ela sorriu de lado, mas apertou minha mão, também gentilmente.

— É muita gentileza sua dizer isso para mim — disse ela.

— O que é verdade — confirmei em dizer. — Theo desligou o telefone quando eu tinha dito que a senhora assumiu que ele era seu filho. Eu tenho esperanças que ele volte. Eu não quero perder meu melhor amigo, sra. Queen.

— E nem eu o meu filho — disse ela com firmeza.

Assenti para ela.

— Tenho esperanças. Eu continuo tentando ligar para ele, mas ele se recusa a atender. Ele é, desculpe dizer, muito teimoso nesses assuntos. Ele não atende minhas ligações faz uma semana, não dá sinal de notícia... é realmente frustrante.

Bati na mesa com certa raiva e pude ver alguns agentes penitenciários pondo as mãos em suas armas. A sra. Queen afagou minha mão sobre a mesa e olhou para os agentes penitenciários. Os policias tiraram as mãos de suas armas e voltaram para seus lugares.

— Desculpe — disse eu.

Ela sorriu para mim.

— Não tem com o quê se desculpar — disse ela. — Te entendo perfeitamente.

Assenti para ela e logo senti meus olhos lacrimejarem.

— Eu só... só... — funguei. — Eu só não entendo — a olhei e senti minhas lágrimas descerem. — Ele tinha tudo aqui. Podia fazer qualquer coisa aqui. Podia ir para qualquer lugar do país, mas foi parar na China. Sem dizer nada e nem ao menos deu notícias. Eu fiquei esses cinco meses sem falar com ele e foi totalmente frustrante. Fiquei pensando o tempo todo se eu tinha feito alguma coisa de errado para ele... — minha voz falhou.

Pus a mão no rosto e comecei a chorar abafadamente. Eu não queria que os outros presos que estavam recebendo visitas olhassem para mim. Mas eu tinha que ser forte também. Eu sabia que Theo não iria querer que eu chorasse por causa dele, eu acho. Mas, de qualquer forma, chorar me tornava fraco e eu provaria para ele que eu não era nada disso quando ele chegasse; e eu iria.

Quando senti minhas lágrimas secarem, olhei para ela e ela me olhava atentamente. Funguei pela última vez e sequei meus olhos.

— Tem horas que eu me sinto assim também, querido — disse ela. — É normal sentir raiva.

— Eu só não entendo... — falei fitando a mesa.

— Vai passar — disse ela e a olhei.

Ela sorriu gentilmente para mim e sorri de lado.

— Assim eu espero — disse eu.

— E como está minha filha? — perguntou ela depois de alguns minutos de silêncio.

A olhei e ela estava repleta de curiosidade.

— Ela está bem — disse eu. — Está gerenciando a Verdant de Oliver junto com um, digamos, amigo dela. Um tal de Roy.

Ela riu baixinho e assentia com a cabeça.

— É, digamos que ele é bem mais do que isso — disse ela.

Eu ri e assenti.

— O quê mais? — perguntou ela.

— Thea está triste, é claro. Sozinha naquela casa enorme, sem irmãos, sem mãe...

— Quem dera se ela pensasse em apenas sentir minha falta.

— É claro que ela está, sra. Queen — disse eu. — Thea pode estar assim agora, mas ela ainda vai vir te procurar. Sei disso. Ela não sabe o que não é ter uma mãe. É um vazio que ninguém pode preencher.

— Queria eu que ela pensasse assim... — disse ela tristonha.

Peguei em sua mão e apertei-a com afeto.

— Ela vai — disse eu com firmeza. — Acredite em mim.

Ela olhou nos meus olhos e as lágrimas que tinha nos seus caíram. Mas ela sorriu entre as lágrimas.

— Obrigada — disse ela.

Assenti para ela sorrindo com sinceridade.

A sra. Queen e eu ficamos conversando por um período curto sobre tudo o que podíamos. Como ela estava, como eu estava, como ela aguentava a prisão, como eu estava em meu desempenho escola e essas coisas. Mas, a principal de tudo, foi perguntar sobre onde se encontrava Oliver. Eu disse que ele tinha saído da cidade quase no mesmo período de Theo, mas que ele tinha dito para Thea — que tinha dito para mim — que iria para a Europa, mas não disse o país. Mas eu disse curto. Não tivemos mais conversa, porque os agentes penitenciários determinaram que nossa conversa tinha levado tempo demais e levaram a sra. Queen de volta para a sua cela, e me levaram para a entrada da prisão Iron Heights, onde eu peguei minhas coisas e saí dali o rápido possível.

Olhando em meu relógio, descobri que tinha conversando mais o que eu pensava com a mãe de Theo. Eu tinha ficado lá quase duas horas — o que eu até achei um tanto estranho, porque eu sabia que visitas não podiam ficar tanto tempo assim; o tempo era cronometrado e tudo, mas eu não questionei.

Mas, chegando ao ponto de ônibus, peguei o primeiro ônibus que poderia me levar de volta para casa de Theo e, sentando-me em uma das poltronas, pus meus fones de ouvido no ouvido e fui para a casa do meu melhor amigo com a conversa em que tive com a mãe dele em minha cabeça.


Quando eu finalmente tinha chegado à casa de Theo, tudo ali estava um completo silêncio.

Os funcionários não pareciam estar presentes, exceto uma empregada que veio até a porta para abri-la para mim. Quando eu disse que estava esperando por Thea, ela disse que eu poderia ficar na sala de estar para esperá-la. Ela era até simpática, a empregada.

A sala de estar era imensa, é claro. Eu já estive naquele local e estava completamente igual à antes, não tinha mudado nada. Tinha dois sofás imensos e confortáveis. Duas poltronas radiantes, uma lareira e alguns quadros, e tevê. Bem, eu não sabia o porquê ter uma tevê em uma sala de estar, mas tudo bem; não questionei.

Tirando minha mochila de minhas costas, sentei-me em um dos sofás incrivelmente confortáveis. Tirei meu celular do bolso e mandei um torpedo para meu irmão dizendo que eu estava na casa dos Queen e que não era para ele se preocupar porque um dos motoristas dos Queen poderia me levar em casa. Sim, Thea e Theo já fizeram os motoristas deles me levarem em casa diversas vezes, então ele poderia me levar mais essa.

Mas, ainda sentado no sofá, tirei meu iPod — presente do Theo — da mochila, o liguei e, apertando em um aplicativo, tentei localizar Theo na China ou em qualquer outro lugar. Porém, sem sucesso. Não apareceu nenhum pontinho vermelho na tela do iPod, o que me deixou completamente triste e frustrado.

Como eu tinha dito à mãe de Theo, eu não sabia se ele tinha realmente saído de Starling City por conta do Glades destruído ou se eu tinha feito alguma coisa. Eu sabia que podia ser, na maioria do caso, por conta do Glades destruído, mas e se fosse, também, por minha causa? Eu não suportaria essa ideia. Não me perdoaria por isso.

Ainda fitando o iPod sem mostrar nada a minha mão, continuei a olhar a tela mostrando a Terra girando e aquilo estava começando a me deixa mais para baixo do que eu já estava. Mas eu não podia desistir, não é mesmo? Apertei o botão no canto superior à direita da tela do iPod e algo aconteceu.

A Terra deu um giro de quase 360° e parou bem no Continente Asiático e o pontinho vermelho que deveria ser Theo usando seu celular, cartão de crédito ou até mesmo seu kimono, apareceu. Eu sabia que ali era a China, uma vez que eu tinha conseguido localizá-lo. Mas eu estava enganado. Aquilo não parecia ser a China, aquele formato de dragão... aquilo estava... errado. Theo não estava mais na China, estava no Japão!

Um pigarro me desligou do iPod. Quando olhei em direção ao pigarro, vi uma figura que se parecia tanto com Theo que quase corri até ele para abraçá-lo. Porém, aquele era mais alto e um pouco mais forte. Parecia que tinha acabado de aparar sua barba e me olhava com certa curiosidade, jogando a cabeça de lado. Eles eram muito parecidos!, pensei um tanto perplexo por conta da semelhança. A única diferença que eles tinham era que Theo tinha cabelos até os olhos, onde formavam pequenos cachos. Mas aquele não era Theo.

Aquele era Oliver Queen.

Oliver veio até a mim.

— Você é o Ernie — disse ele estendendo a mão para mim. — O amigo do meu irmão mais novo, certo?

Assenti e peguei em sua mão, balançando-a.

— Sim, sou eu — disse eu e soltei sua mão. — E você o Oliver, irmão mais velho do Theo. Cara, vocês são muito parecidos.

Ele riu.

— É, esse sou eu — disse ele ainda rindo.

Sorri de lado.

— Eu... eu pensei que você estava na Europa — disse eu.

Ele sorriu de lado.

— Bem, é. Eu estive lá por alguns meses — ele fitou o chão.

— De qualquer forma — disse ele me olhando novamente. — Bom te ver de novo — ele sorriu.

Sorri de volta.

— Você também — falei.

— Onde está meu irmão que não o vejo com você?

O olhei com certo choque. Não me surpreenderia que ele não soubesse de Theo. Afinal, Theo mesmo me disse que Oliver era um perfeito idiota e que não ligava para nada a não ser festas, mas, ali, ele não parecia ser um idiota. Algo nele estava mudado, ele parecia mais responsável.

— Você não sabe, não é? — perguntei em um sussurro.

— Desculpe — ele se inclinou mais para frente —, eu não entendi.

Suspirei tristonho.

— Theo... ele... ele não está aqui. Ele foi... foi embora.

Doeu em admitir aquilo.

Em parte, eu não queria admitir aquilo. Em outra parte, eu tinha que admitir aquilo. Afinal, Oliver era irmão do Theo e ele tinha que saber onde o irmão se encontrava ou em que situação se encontrava. Assim como Thea. Ela também tinha que saber sobre Theo e eu, o próprio Ernie, tinha que dizer onde Theo estava. Mesmo eu sabendo que quando ele voltasse — se ele voltasse — me mataria por dizer sua localização a seus irmãos. Eu tinha certeza disso.

— Como assim “foi embora”? — perguntou ele fazendo aspas no ar.

Respirei fundo.

— Ele sumiu — disse eu. — Simplesmente sumiu. Só consegui conversar com ele apenas uma vez há cinco meses atrás e uma semana passada. Tentei ligar para ele do computador e só dá ocupado. Liguei para ele pelo celular e vai direto para a caixa postal. E-ele... ele... ele não quer me atender — finalizei a fala fitando o chão completamente frustrado.

Eu realmente devia ter feito algo ao Theo, só podia ser. Por que mais ele não me atenderia? Isso era tão... frustrante! Eu não queria perder meu melhor amigo, o motivo de minhas ligações era para tê-lo de volta; só boas intenções. Mas, ele não me atender, realmente significava que eu tinha feito algo errado e eu tinha o direito de saber, não?

Por que não me atender? Por que não ligar? Por que não querer falar comigo? Eu era o culpado daquilo tudo? E se eu tivesse descoberto antes que Malcolm tinha outra máquina para causar terremotos e dissesse ao Theo? Se eu descobrisse e tivesse contado a ele, ele me perdoaria? Tantas perguntas, mas nenhuma resposta. Era completamente frustrante.

Senti meus olhos lacrimejarem novamente, mas segurei o choro. Eu não iria chorar na frente de Oliver Queen. Theo me acharia fraco e principalmente se eu chorasse perto de seu irmão.

Eu também nunca entendi essa rixa que os dois tinham. Oliver parecia um cara legal. Riquinho, mas legal, gente boa, educado e bacana. Mas Theo sempre dizia que ele era um completo panaca metido a besta. Eu não o vinha como um panaca, ele parecia qualquer coisa, menos um panaca. Talvez metido, porém não demonstrava isso ali para mim; ao menos não agora, quem sabe?

— Ollie, está em casa? — perguntou a voz de Thea.

Oliver e eu olhamos para o lado e Thea apareceu.

Cabelo castanho cortado até a altura dos ombros, olhos iguais aos do Oliver e de Theo. Salto alto nos pés e uma roupa incrivelmente perfeita em seu corpo — blusa sem manga e short curto. Ela estava linda, como sempre. Ela parecia ser mais velha, mais amadurecida do que antes. Ela estava me lembrando de alguém completamente responsável.

— Ei, Ligeirinha — disse Oliver. Ele foi de encontro com ela e a abraçou rapidamente.

Ela se soltou dele.

— Age como se não tivesse me visto mais cedo — disse ela.

— Um abraço é sempre bem vindo, não? — interveio Oliver com uma piscadela.

Os dois riram e eu tive que rir também. Era bacana de vê-los juntos. Mas só faltava aquele de quem eu sentia mais falta ali: Theo.

Theo nunca foi de ser um grude com os irmãos e tampouco tinha um vínculo tão forte com eles, somente tinha uma afeição maior com Thea, mas também não chegava a ser tão grande assim. Mas, como ele mesmo tinha me dito uma vez, ele amava Thea, independente de qualquer coisa.

Thea se virou para mim e sorriu.

— Oi, Ernie — disse ela vindo até a mim e me abraçando.

Abracei-a de volta.

— Ei, Thea — disse eu.

Ela se afastou e ficou perto do irmão.

— Então, sobre o que estavam falando, posso saber? — perguntou ela.

Respirei fundo novamente. Eu sabia que sentiria aquela dor no coração sempre que falasse sobre aquele assunto, mas eu era obrigado a falar. Eu tinha que dar satisfações a eles. Eu tinha que contar qualquer coisa referente a Theo — mesmo ele me matando quando descobrisse que tinha sido eu a passar as informações.

— Theo... — disse eu tristonho.

Ela assentiu completamente igual a mim: tristonha.

— Sinto falta dele — disse ela.

— Eu também — falei.

— Eu também — disse Oliver e o olhei.

Ele realmente parecia estar falando a verdade, pois ele fitou o chão e pareceu completamente tristonho como Thea e eu. Era completamente estranho ver Oliver daquela maneira, uma vez que eu nunca tinha visto algo parecido na vida, mas tudo bem.

— Tem alguma ideia de onde ele possa estar? — perguntou Oliver.

Assenti para ele.

— Japão — falei.

Eles dois me olharam com os olhos arregalados.

— Japão? — disseram em uníssono.

— Não me pergunte o porquê, porque eu também não sei — confessei. — Theo não me disse nada e se eu não tivesse falado com ele há cinco meses atrás e há uma semana atrás, eu nem sabia que se ele ainda estava vivo.

Eles assentiram para mim.

Mas algo aconteceu rapidamente.

Oliver e Thea trocando um olhar e ambos assentiram um para o outro. Oliver mexeu em seus bolsos e tirou o celular de lá e começou a digitar um número no celular, e pôs ele no ouvido. Parecia que Thea tinha entendido perfeitamente o que Oliver tinha feito e foi para mais perto dele e tentou por o ouvido no celular de Oliver, como se quisesse escutar o que o celular transmitia. Thea tirou seu celular do bolso também e balançou-o para mim.

— Caso ele não atenda ao Oliver — disse ela.

— Mas ele vai me atender — disse Oliver revirando os olhos.

— Vocês não se davam muito bem direito.

— Isso... isso é passado — disse Oliver na defensiva.

Thea bufou.

Eu não estava entendo mais nada. O que diabos que eles estavam fazendo?, quis perguntar. Estavam falando coisa com coisa. Para quem estavam ligando? E para quê ligar a essa hora da noite?

Noite?

Droga!, pensei. Alex irá me matar. Eu tinha que ir direto para casa quando saísse de casa. Mas eu me acertava com meu irmão depois, eu tinha que terminar de falar com os Queen primeiro. Desculpe, Alex, pensei. Eu amo muito você, irmão, mas Theo é o assunto do momento e eu não posso deixar isso passar.

— O que estão fazendo? — perguntei.

Oliver, que fitava o vazio, me olhou, mas foi Thea quem falou:

— Ligando para Theo — disse Thea.


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