O Ninja De Branco II escrita por Charlie


Capítulo 1
PRÓLOGO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486795/chapter/1

Ernie





CINCO GRANDES E DEMORADOS meses se passaram quando Ernie voltou ao QG. Na verdade, o garoto ia até o QG, mas não tinha ânimo para entrar nele novamente. Ele só ia até a porta da frente, depois dava meia volta e voltava para casa. Tudo estava empoeirado, mas nada tinha saído do lugar desde a última vez em que o garoto esteve ali. Ernie não queria voltar para aquele lugar, onde ele tinha tido sua última conversa com Theo. Mas Ernie sentia que precisava ir até lá. Era como se Theo estivesse com ele quando Ernie pisava no QG.

Adentrando no local empoeirado, Ernie não podia deixá-lo daquela maneira e o limpou todo. Talvez ele esteja contraindo TOC do seu irmão mais velho, mas Ernie não deu tanta importância para aquilo. Quando o menino se sentou na frente do computador e ligou os monitores, viu que o monitor nada mostrou, ficou frustrado e triste. Frustrado porque não tinha notícias de Theo fazia cinco meses e triste porque não tinha notícias do amigo fazia cinco meses.

Muita coisa tinha acontecido enquanto Theo esteve fora. A mãe dele, Moira Queen, tinha anunciado que Theodor Jasper Queen era o seu filho biológico, o terceiro filho de Moira Queen que havia falecido. Ernie lembrava muito bem quando uma das câmeras do jornal do canal 7 havia mostrado a cara incrédula de Thea naquele anuncio. Depois disso, a sra. Queen havia sido presa e seu julgamento estava para acontecer. Thea havia assumido a gerência da boate de Oliver Queen, a Verdant — Ernie via Thea algumas vezes na boate e ela mesma falava com ele e disse que o garoto era livre para ir a casa dos Queen quando quisesse, o que era nobre da parte dela — e Ernie ia algumas vezes para conversar com a irmã de seu melhor amigo. Ernie e Alex se aproximaram novamente — aquela maré de não ver Alex direito tinha sumido e todos os dias os irmãos sempre viam algum jogo de futebol americano, beisebol, ou alguns jogos da NBA na tevê da sala de sua casa. Ernie não era mais perseguido por aqueles garotos na escola — bem, ao menos em parte da semana. Ernie sentia muita falta de Theo por conta disso. Não que o amigo fosse sua solução para aqueles caras, pois Ernie conseguiu se defender algumas vezes, mas porque ele se sentia mais seguro ao lado de Theo

De qualquer forma, quando Ernie tentou verificar o kimono de Theo novamente, o monitor, nem do iPod e nem do computador, mostrou alguma coisa. Era como se o kimono tivesse sido destruído. Ernie tentou rastrear o celular de Theo, mas nada. Também parecia que Theo não usava o telefone mais. Mas ele tentou mais uma coisa... Ernie sabia que se ele fizesse aquilo e fosse descoberto, ele poderia ser preso. Mas ele arriscou mesmo assim, afinal, quatro anos invadindo contas e mais contas, programas e mais programas, linhas e mais linhas dos outros sem ser pego tornava aquilo interessante e divertido.

Ernie mexeu no computador freneticamente e começou a confiscar a conta bancária de Theo. Ernie se sentiu completamente um ladrão, mas ele tinha que conferir onde o amigo estava. Ele não aguentava mais aquele sumiço de cinco meses de Theo. Ele o queria de volta.

Por azar, Ernie só descobriu que Theo tinha sacado mais de três mil dólares no banco de Starling City um dia depois de o Glades ser destruído. Ernie achou aquilo estranho, pois ele não sabia o porquê que o amigo sacaria uma quantia daquela em dinheiro. Theo não era do tipo que exibia sua fortuna como o seu irmão mais velho Oliver. Porém, Ernie pesquisou mais. Ele mexeu mais em seu computador — também era de Theo, mas ele dizia a si mesmo que era dele, já que Theo mal mexia no computador —, invadiu mais extratos bancários do amigo e teve uma surpresa.

Por sorte, Ernie verificou o extrato de Theo novamente e viu que o amigo estava... na China. O que Theo faz na China?, perguntou-se Ernie. O garoto franziu a testa e tentou verificar a última conta de do amigo e, quando verificou, viu que Theo ainda residia na China. Pelo que parecia, Theo estava na China dois dias depois do terremoto no Glades e desde então anda sacando pouca quantia em dinheiro — talvez por estadia em algum hotel.

Ernie começou a mexer no computador novamente — ele não sabia o que realmente estava fazendo, mas conseguiu chegar aos registros telefônicos do amigo. Era loucura, mas parecia que Theo não usava o celular desde, também, de sua saída depois do terremoto no Glades. O que Theo queria com aquelas coisas? Por que o amigo não tinha entrado em contato com ele para ao menos dizer um simples “Oi”? Por que Theo não tinha dito para onde foi? Por que ele tinha realmente sumido? Ernie quis perguntar, mas ele não sabia como.

Talvez se Ernie ligasse para ele e Theo atendesse... mas era arriscado. Se o amigo não se comunicou com Ernie durante cinco meses, não seria agora que ele iria entrar em contato. Ernie sabia que Theo queria um tempo sozinho, mas aquilo estava matando com o garoto. Ernie não aguentava mais estar longe do amigo. Ele queria Theo de volta.

Então Ernie fez aquilo que ele prometeu a si mesmo que não faria: ligou para Theo.

Ele discou os números no computador — após pegar o código da China — e o celular de Theo chamou.

Após cinco chamadas, uma voz grossa e masculina disse:

— Alô?

Ernie se conteve, pois ele tinha reconhecido aquela voz. Ele hesitou por um tempo.

— Alô? — perguntou a voz novamente.

Ernie tomou fôlego e prendeu a respiração.

— Theo? — perguntou Ernie. — Theo é você?

Ernie sabia que era o amigo, mas tinha que se certificar. Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Ernie, mas não de tristeza, mas, sim, de felicidade. Ele realmente tinha escutado a voz do amigo depois de cinco longos meses. Ele estava emocionado.

— Ernie? — perguntou Theo e Ernie soltou o ar, feliz. — Ernie, moleque, é você mesmo? Que saudade, cara...

Ernie sabia que Theo não podia vê-lo, mas balançou a cabeça em positivo mesmo assim.

— Sim, Theo, sou eu — disse Ernie. — Também estou com saudades de você. Cara... você sumiu! O que faz na China? Por que não me ligou? Cara, tem muita coisa rolando por aqui! Você tem que voltar para Starling...

— Opa, pode parar por aí, Ernie — interrompeu Theo. — Eu não vou voltar para Starling City, Ernie. Se foi por isso que ligou...

— Theo, você não entende — cortou Ernie. — Você precisa voltar. Seu irmão sumiu também...

— Não me importo com ele — interferiu Theo de má vontade.

— ... você tem que ver como esta cidade está uma loucura — prosseguiu Ernie como se Theo não tivesse dito nada. — Sua irmã está sozinha naquela casa enorme. Eu não tive mais notícias suas. Você não ligou, não disse para onde ia. Eu fiquei preocupado. Sabe o quanto eu tive que mentir para sua irmã dizendo que não tinha visto você no dia do terremoto do Glades? — perguntou Ernie e agora ele estava chorando.

Aquilo não era mais uma ligação comum, já era um desabafo para o garoto. Quanto mais ele falava, mas se sentia aliviado. Era como se seu coração voltasse a bater com a esperança de ter o seu amigo de volta.

— Não me lembre disso — disse Theo. — Eu não vou voltar.

— Theo, sua mãe foi presa — disse Ernie mais sério.

Houve um grande silêncio ao telefone.

— Theo? — perguntou Ernie depois de dois longos minutos. — Theo, ainda está aí?

Mais silêncio.

— Quando ela foi presa? — perguntou Theo sério depois de um longo silêncio.

Ernie soltou o ar.

— Logo assim que ela tinha dado aquela entrevista — confirmou Ernie. — Você precisa voltar. O julgamento dela está próximo.

Ernie conseguia ouvir a respiração do amigo pelo celular.

— Isso não é o bastante para eu voltar — disse Theo seco. — Sabe que eu nunca me dei bem com ela direito...

— Theo — interrompeu Ernie agora completamente sério —, ela disse à imprensa que você era o filho biológico dela.

Depois disso a ligação foi finalizada e Ernie não conseguiu mais falar com Theo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Ninja De Branco II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.