Hermione abriu os olhos e sentou-se rapidamente, olhou em volta e constatou que tudo era verdade, não havia sido um sonho como ela preferia que tivesse sido.

A castanha olhou em volta e reconheceu o quarto onde tinha conversado com Valentim na noite anterior, tudo voltou com força total na mente da garota. Ela tinha de se libertar daquelas correntes e descobrir a verdade, descobrir o que havia acontecido no passado, quem eram seus pais?

Ela tinha de encontrar Meredith Wild, que era supostamente a sua mãe; tinha de descobrir a verdade sobre a sua origem; tinha que se libertar daquelas correntes; tinha de fugir daquele lugar e encontrar um abrigo.

Hermione decidiu que o que poderia fazer no momento era apenas libertar-se das correntes, depois ela pensaria em encontrar Meredith, saber sua origem e saber como fugir.

A garota pronunciou um feitiço que treinava há um tempo e se libertou facilmente das correntes sem nem precisar usar a varinha.

Alisou os pulsos que estavam presos pelas correntes anteriormente e saiu da cama logo em seguida, assim que abriu a porta viu um enorme corredor cheio de portas. Começou a maquinar planos de fuga, mas antes ela teria de encontrar Meredith. Ela não sairia daquela mansão antes de saber toda a verdade, ela não poderia viver com essa dúvida.

–Vejo que conseguiu se livrar das correntes, mas como? Eram correntes mágicas bem fortes- a voz de Valentim assustou Hermione.

–Onde. Está. Meredith?- Hermione falou pausadamente, mas sua voz não saiu ameaçadora como queria, saiu esganiçada e amedrontada.

–Ah, ela está no jardim, mas você não vai vê-la agora. Volte para o quarto como uma boa garota para conversarmos e depois você vai se arrumar como uma verdadeira dama e só ai você vai conhecer sua mãe.

Hermione achou melhor fazer o que ele estava mandando, por enquanto. Entrou no quarto e sentou-se numa poltrona ali presente, Valentim sentou-se de frente para a garota e a examinou como sempre fazia com as pessoas, ele notou como a menina era parecida com a mãe e por mais que não quisesse, ele ficou encantado, mas nada demonstrou.

–Hermione, eu sei que pode parecer estranho tudo isso que está acontecendo com você, mas saiba que tudo o que fiz e que estou fazendo é seguir um propósito, seguir o que acredito ser certo e gostaria muito que minha filha me apoiasse.

Valentim utilizava a verdade no que dizia, era o que ele realmente sentia. Muitas vezes ele sonhou em reencontrar a filha e treiná-la para seu propósito, ser um pai presente, vê-la sendo escolhida para a casa que ele sempre sonhou que foi a Sonserina, mas nada disso pode ser possível graças à guerra e a persistência de Meredith do lado contrário.

Valentim realmente queria ter sido pai, mas não pode devido às circunstâncias que estiveram presentes e Meredith negou-se a ter outro filho, não queria que o marido fizesse o filho virar um seguidor de Voldemort. Mas Valentim estava querendo correr atrás do prejuízo, de tudo que havia perdido da vida dela.

–Entendo que você queria que eu te apoiasse, mas eu lamento, não posso. Acredito na igualdade e não nessa separação idiota. E Valentim... Não me chame de filha até que eu descubra toda a verdade.

Depois disso, Valentim deu apenas ordens superficiais para que a castanha encontrasse roupas e o banheiro. Hermione saiu deixando Valentim cabisbaixo e triste. Ele queria recomeçar, mas depois do jeito que ele ficou com o tempo. Seria difícil mudar principalmente agora quando tinha de controlar uma mudança no mundo mágico.

Não, ele não podia se tornar sentimental agora, assumiu sua pose séria de sempre e saiu do quarto que agora iria pertencer à sua filha de agora em diante.

Hermione saiu do banheiro já vestida, estava com um lindo vestido azul que ia até um pouco antes de seus joelhos. A menina começou a andar pela mansão a procura do jardim onde Valentim havia dito que estava Meredith. Depois de alguns minutos ela encontrou o gigante jardim, ele era repleto de diferentes tipos de flores.

Em um lugar afastado, uma bela mulher de cabelos acastanhados mexia na terra, plantando uma rosa. Quando ela virou-se para Hermione, as duas surpreenderam-se com a semelhança e naquele momento todas as dúvidas de Hermione foram extintas, ela sabia que aquela à sua frente era Meredith Wild e era inegável que aquela era a SUA mãe.

–Hermione?

A mulher pronunciou o nome com medo de que a garota à sua frente negasse ser sua Hermione que ela teve de deixar para trás por motivos maiores no passado.

–Mãe?

Hermione pronunciou a palavra cautelosamente também amedrontada que ela negasse que fosse quem ela achou que fosse.

Mas o medo das duas dissipou-se no momento em que olharam profundamente no olho uma da outra, não tinha como negar o que eram e o que representavam uma para a outra.

A mais velha não queria nem que a mais nova respondesse, apenas correu ao seu encontro e a abraçou.

Hermione assustou-se, mas retribuiu o abraço e soube naquele momento que o que Valentim havia dito ou o que seus sonhos lhe mostravam não tinham uma verdadeira importância, a pessoa que estava na sua frente era sua mãe e isso era inegável.

Assim que se separaram Meredith analisou cada pedacinho de sua menina que estava tão grande, tão mudada, mas o coração de mãe não se engana de maneira alguma e ela sabia que aquela era a sua pequena Hermione.

–É você mesmo Hermione?

–Sim... Mãe

Meredith passou suas mãos pelo rosto da filha sentindo e gravando cada pedaço do rosto da garota que estava encoberto por lágrimas de tão emocionada que se sentia ao estar reencontrando a mãe.

–Você a encontrou!

A voz de Valentim soou atrás das duas mulheres que nem notaram a aproximação do homem que tinha observado a cena das duas de longe até ter coragem de aproximar delas.

–É ela! Valentim... É ela- Meredith falou.

Na voz de Meredith notava-se a emoção sentida. Hermione notou que Valentim olhava para sua mãe de uma forma amorosa que ela nunca pensou em ver nele, ela retribuía o mesmo olhar e na mesma intensidade. Hermione sabia que nem tinha que perguntar se a história de Valentim era real, ela sabia que era, mas ela precisava ouvir da boca de Meredith que tudo o que o homem havia lhe contado era real, que ele não a havia enganado.

–Meredith, eu sei que talvez não seja um bom momento, mas gostaria de conversar algumas coisas com você.

–Claro, querida, venha.

As duas mulheres seguiram para a sala de estar, sem a companhia de Valentim que preferiu deixa-las a sós.

–Eu vou direto ao assunto... Quem é meu pai e qual minha história? Eu sei que pode não ser o que esperava que eu perguntasse, mas é uma pergunta que não sai da minha cabeça.

–Seu pai é Valentim. E quando eu estava grávida de você ele nem sabia, não por que eu não queria que ele soubesse, mas por que ele estava do lado de Voldemort e eu do lado da Ordem da Fênix, lados opostos. No dia do seu nascimento, seu pai apareceu na casa onde eu estava abrigada. Eu achei que ele tinha ido até lá para se redimir e seguir no lado certo, mas me enganei e como estava fraca do parto que acabara de acontecer, desmaiei nos braços de seu pai.

“Valentim me levou até sua mansão junto com você e quando eu acordei percebi onde estava. Eu não queria ficar longe de você, juro, mas não queria que ele te transformasse numa comensal então mandei que ele te levasse para o mundo trouxa onde você estaria segura então eu fiquei com ele. Você ficou conosco até completar um ano e depois ele te levou para a casa dos Granger. Dumbledore sempre me contou tudo que acontecia com você e não o culpe por não ter lhe contado e não culpe seu pai por nada, meu anjo, ele não queria te levar embora, mas foi preciso”.

–Oh mamãe

A castanha desabou em lágrimas no colo da mãe que a abraçou e afagou seus cabelos dizendo que agora tudo ficaria bem, Meredith também chorava muito por que agora tinha sua filha perto de si, não eram fotos que Dumbledore mandava ou notícias dadas por cartas, ela estava bem ali na sua frente.

De longe, Valentim observava a cena. Meredith havia contado sobre como ele não queria levar a sua menina embora, nem mesmo ele tinha coragem de dizer isso à filha depois de tudo que havia feito, ele não se sentia bem nem de estar perto de uma menina tão pura quanto Hermione sendo ele um pai tão ruim.

No seu canto, o homem deixou que algumas lágrimas molhassem seu rosto alvo, mas não se importou por que o mais importante eram as duas mulheres que ele amava sentadas naquela sala. Olhá-las assim lhe lembrou de algo que acontecera há muitos anos...

Flash Back on

Meredith e Hermione estavam na sala de estar, Hermione era uma linda garotinha e puxava os cabelos da mãe que ria junto com a garota.

Valentim vendo a cena aproximou-se e brincou com a filha pequena, ela tinha poucos meses e ele sabia que quando ela fizesse um ano ele teria de levá-la para o mundo trouxa mesmo que ele não quisesse se separar de sua princesa.

–Papa

Hermione pronunciou suas primeiras palavras aos oito meses olhando diretamente para seu pai e sorrindo de maneira doce. Naquele momento, Valentim queria esquecer-se do pedido de Meredith e manter sua filha consigo até o fim da vida, mas ele sabia que no mundo trouxa ela estaria segura.

–Papa

Hermione passou o dia repetindo a palavra e a cada vez que ela dizia, ele se derretia por dentro e dava beijos por todo o rosto da filha.

Flash Back Off

Valentim lembrou-se daquele dia com extremo carinho e estava tão perdido em suas lembranças que nem notou quando a filha levantou de onde estava e foi ao seu encontro e o abraçou.

–Papai me perdoa...

Ela chorava e Valentim a consolou lhe dando um abraço forte que não pode lhe dar devido a tudo que aconteceu e disse apenas três palavrinhas:

–Eu te amo.