-Tom... Tommy... Tommy, acorda... – Bill murmurava, cutucando o que dormia ao seu lado.

-Que é? – resmungou em resposta.

-Tommy... Eu quero bolo. Com leite. – sussurrou.

-O quê? – perguntou o gêmeo, incrédulo.

-Bolo e leite. – repetiu.

-Você me acordou pra isso? Vai lá e pega! – respondeu, virando para o outro lado e cobrindo-se.

-Mas tá escuro... Por favor Tommy... – a voz de Bill saiu manhosa, de um modo que persuadiria o irmão.

Tom suspirou, não acreditando naquilo. Bill possuía um grande efeito sobre si, mas não para ser usado dessa forma. Esmurrou o cobertor, atirando-o de qualquer jeito sobre o outro. Arrastou-se para fora da cama, tateando as paredes do pequeno apartamento até chegar à cozinha. De olhos fechados – e acreditando ainda estar dormindo – pegou o que Bill lhe pedira.

-Leite quente! – advertiu Bill, fazendo-o dar meia volta, já que estava de saída.

-Você é uma criança muito folgada Bill... – resmungou, enquanto assistia o copo repleto de leite girar no microondas.

Arrastou-se de volta para o quarto, permanecendo com os olhos fechados.

-Toma. – empurrou o copo e o prato para cima do outro.

Bill sorriu largamente, e seus olhos brilharam. Sentado na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, apoiou o prato sobre o joelho, e com a ajuda da colher colocou todo o pedaço de bolo dentro do copo, mexendo até que tudo se tornasse uma grossa pasta.

-Eca Bill! – exclamou Tom, enquanto o outro levava uma colher cheia a boca.

-O que? – perguntou, após engolir.

-Isso é nojento!

Bill encarou o copo, como se só agora percebesse o que de fato havia feito. Deu de ombros, continuando a comer.

-Você é louco. – murmurou Tom, voltando a deitar-se ao lado do irmão.

Bill terminou de comer rapidamente, desligando seu abajur e deitando-se também.

-Obrigado. – murmurou, enroscando-se em seu igual.

-Você tá cheirando a bolo. De baunilha. – comentou Tom, deixando escapar um bocejo.

Bill sorriu, beijando levemente sua nuca, sabendo que agora – com o desejo saciado – poderia dormir tranquilamente.