Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 23
Capítulo 23 - Primeiro dia no acampamento parte 1


Notas iniciais do capítulo

então meu povo, desculpem-me por não postar ontem (sexta-feira da Paixão, espero que entendam), mas aqui está para compensá-los.
Beijos
P.S.: Cap dedicado à Arya Stark di Angelo pela linda recomendação



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Enquanto eu e meus irmãos tomávamos café sentados à mesa de Apolo eu espiava meus horários do dia:

Quinta-feira:

08:00 - 09:00 Café da manhã e inspeção do chalé.

09:00 - 10:30 Grego Antigo

10:30 - 11:00 Colheita de morangos

11:00 - 12:00 Treino de esgrima

12:00 - 12:30 Mitologia grega

12:30 - 13:30 Almoço

13:30 - 15:30 Treino de rastreamento

15:30 - 17:00 Cartas para casa

17:00 - 18:00 Tempo Livre

18:00 - 19:00 Jantar

19:00 - 21:00 Torneio de vôlei

21:00 - 22:00 Canções em torno da fogueira

– Hum, Molly? – Chamei incerta sobre qual exatamente era a minha dúvida.

– Sim? – Ela perguntou após dar uma mordida no pãozinho que trazia na mão.

– O que exatamente temos que fazer nesse tempo livre? – Falei quando na verdade estava olhando para as palavras ‘cartas para casa’ e me perguntando onde minha mãe estava, e Peter, e Liz.

– Ah, é o horário que podemos escolher uma atividade qualquer, por exemplo, ir até a parede de escalada, ou fazer uma escultura, ou apenas ficar na praia de bobeira. – Ela deu de ombros e sorriu.

– Ah, entendi. – Murmurei ainda fitando o horário, aquelas três palavrinhas me fazendo sentir um aperto no coração.

– Não se preocupe, um de nós está em quase todos os seus horários hoje, bem, exceto na aula de grego antigo e no treino de esgrima, mas vai ficar tudo bem, todo mundo aqui é legal. – Molly me assegurou e eu assenti ao bebericar meu suco, alguma coisa começou a se revirar dentro do meu estômago.

Olhei ao redor, mas Linda não estava em nenhum lugar à vista na mesa de Afrodite.

Assim que terminamos o café Will no fez voltar para o chalé, parece que era a vez dos filhos de Deméter fazerem a inspeção. Em seguida fui até um campo aberto onde havia uns cinco pré-adolescentes com idades entre 12, 13 e 14 anos sentados e que se viraram para me olhar quando cheguei, mas Linda não estava entre eles, Quíron esperava por mim.

– Bem vinda Natália. – Ele falou e eu assenti com um sorriso. – Muito bem, agora vamos começar.

Procurei algum rosto conhecido para que pudesse me ajudar, mas não encontrei, embora houvesse um garoto loiro muito bonito que me encarava fixamente a cada poucos minutos, pelos olhos cinzentos eu pude deduzir que era um filho de Atena. Irmão da Annie.

Olhei ao redor e me perguntei onde ela poderia estar antes de voltar minha atenção para o que Quíron estava dizendo. Fiquei contente em perceber que não estava tão atrasada, grego parecia bem mais fácil que ler qualquer outra coisa sem falar que Quíron me ensinou algo enquanto trabalhava como professor na minha escola.

A aula de grego estava indo muito bem até Quíron falar:

– Então agora vocês irão escrever um breve resumo de seu mito favorito em grego antigo. – Houve um gemido coletivo e eu fiquei sem saber o que aquilo queria dizer. – Mas como falta pouco tempo para acabar o horário, vou deixar que façam essa atividade em dupla.

Os campistas ainda não pareciam muito contentes com aquilo, mas suas expressões pareciam menos chateadas, quase felizes, quase. Logo todos se dividiram em duplas e só sobrou eu e o garoto loiro sozinhos.

– Hum, oi. – Ele falou quando se aproximou, reparei que ele parecia ser apenas um ano mais velho que eu, mas seus olhos o faziam parecer alguém muito mais velho. – Parece que vamos ter que fazer a atividade juntos.

– Oi. – Murmurei e endireitei os ombros. – É, parece que sim.

– Meu nome é Leonard Griffin. – Disse e estendeu a mão. – Mas todo mundo aqui me chama de Leo.

– Meu nome é Natália Vasconcelos, mas meus amigos me chamam de Nat. – Falei apertando a mão dele, que sorriu. – O que foi?

– Eu sei, a nova campista, União Rara. – Seu tom estava divertido, mas não parecia de deboche. Estendi o papel para ele escrever primeiro. – Damas primeiro.

Revirei os olhos e comecei a escrever.

– Você está bem? – Ele me perguntou quando estava quase na metade da redação. – Soube que você ficou apagada por dois dias a Annie estava quase morrendo de preocupação.

Dei de ombros, um tanto desconfortável.

– É, mas estou bem, só precisava descansar, sabe, muita coisa para processar, maga egípcia, semideusa... – Falei sem olhar para ele, não queria acrescentar bruxa à lista.

– Ah. – Leonard falou antes de ficar completamente em silêncio.

– Onde ela está? – Perguntei passando o papel para ele, que deu um sorriso ao ver que meu mito favorito era Eros e Pisquê. – A Annie, quero dizer.

– Ela e Mark voltaram para a escola, um internato chique ao norte de Londres, parece que eles têm uma bolsa de estudos lá. Só os deixaram vir porque um de nossos irmãos morreu. – A voz dele ficou mais baixa na última palavra.

– Sinto muito. – Murmurei e ele deu de ombros, mas claramente o assunto doía nele.

– Ian era um bom amigo e um ótimo lutador, mas todos nós aqui no acampamento sabemos que o próximo monstro pode muito bem ser o último. – Estremeci quando ele disse isso, afinal agora essa também seria minha vida.

– Sinto muito. – Repeti e ficamos em silêncio até o final do horário.

Quando a aula acabou e todos começaram a se afastar ele perguntou.

– Qual é o seu próximo horário?

– Hum, deixa eu ver. – Falei remexendo nos bolsos e olhando o papel depois de finalmente encontrá-lo. – Agora é colheita de morangos em seguida tenho treino de esgrima.

Leonard assobiou baixinho ao som desse último e eu ergui uma sobrancelha para ele.

– O professor do treino de esgrima é o Kevin, ele é União Rara, como você.

– Sim, e? – Perguntei sem saber como devia reagir.

– Ele pega um tanto pesado com os campistas novos, acho que é a forma dele de se manter longe de todo mundo.

– Hum, professor legal, mas vou lidar com isso depois. – Murmurei decidida a passar por uma coisa de cada vez. – Onde ficam os campos de morangos?

Ele apontou para uma área enorme próxima aos estábulos, onde várias garotas com vestidos em diferentes tons de verde e alguns adolescentes de camiseta laranja estavam.

– Ficam ali, agora eu tenho que ir, hora de verificar o estoque, até depois Nat! Espero que tenhamos mais algum horário juntos! – Ele falou antes de sair correndo.

– Até depois Leo! – Gritei enquanto ele ainda podia ouvir e comecei a seguir na direção dos campos de morangos, parecia que Molly tinha razão, o pessoal realmente parecia ser bem legal.

Colher os morangos foi divertido, conheci mais alguns campistas, principalmente filhos de Deméter e três filhos de Dionísio, Jack estava comigo nesse horário e me ensinou o que eu tinha que fazer exatamente, mas eu senti muita falta de Linda e de Liz, elas saberiam me animar como ninguém naquele momento.

Quando o horário acabou lavamos nossas mãos e Jack me levou até a arena.

– Cuidado está bem? – Ele falou e eu ergui um polegar par ele.

– Pode deixar maninho. – Falei e ele sorriu antes de assentir.

Honestamente, eu não estava com medo do professor, estava era curiosa para vê-lo mais de perto, afinal ele era um União Rara também, podia me ajudar a lidar com tudo aquilo.

Fiquei de pé ao lado dos outros campistas, esperando o garoto chegar e procurando desesperadamente por Linda, mas ela também não estava ali.

Quando o garoto parou à frente da turma meus pensamentos foram varridos da minha cabeça, notei que ele era pálido, como o Nico, tinha aproximadamente 1,70 de altura. Não parecia ser tão musculoso quanto alguns garotos que eu havia visto no acampamento, nem tão magro. Os cabelos dele eram negros, um pouco compridos, rebeldes e espetados.

Mas a parte que mais me assustou foram seus olhos, sombrios e negros como a noite. Os outros campistas recuaram assim que ele chegou, mas eu não. Ele fez um pequeno movimento com os lábios, percebi que ele estava sorrindo para mim. Estranho, mas não mais estranho que ele se aproximar de mim e estender uma das mãos.

– Kevin Wayne. – Disse com uma voz grave e suave ao mesmo tempo (N/Marina: Entendedores entenderão). – Seja bem-vinda.

Estendi a mão, um tanto desconfiada, e apertei a mão dele.

– Natália Vasconcelos. – Falei um tanto desconcertada. – E obrigada.

Ele deu aquele quase sorriso novamente, como se estivesse desfrutando de uma piada particular e se afastou antes de começar a falar para todos. Durante toda a aula eu fiquei sem entender o que foi aquilo, podia sentir o olhar dos outros campistas na minha direção, mas fiz o melhor que pude para ignorar, teria sido muito melhor se Linda estivesse ali comigo.

Ele me arrumou uma espada, mas não ficou muito boa na minha mão, dei de ombros e prossegui.

Depois que acabou o horário parece que a história do instrutor de esgrima ter falado comigo se espalhou rapidamente como fogo em palha seca, logo, aonde quer que eu fosse apontavam para mim e começavam a cochichar. Tinha vontade de perguntar qual era o problema, mas não queria arrumar confusão.

Rumei para a aula de mitologia, o mito era sobre Dédalo e Ícaro, mas eu estava tão distraída que o tempo passou como um piscar de olhos e fui para o refeitório almoçar.

Meus irmãos me bombardearam de perguntas sobre como estava sendo meu dia e se era mesmo verdade que o filho de Hades, Kevin, havia falado comigo, eu respondi entre as mordidas no bife que sim, ele havia falado comigo, que não, ele não foi cruel comigo durante o treino.

Somente quando estava quase acabando a refeição foi que reparei uma coisa:

– Onde está o Logan? – Perguntei e todos se calaram por um momento.

Foi Will quem respondeu.

– Voltou para a escola. Só veio para a queima da mortalha do filho de Atena.

Assenti com a cabeça, parece que aquele Ian era realmente querido no acampamento.

Fui para o bosque para o treino de rastreamento, dessa vez Marcus estava comigo e me explicou coisas muito interessantes e como rastrear alguém de uma forma rápida e precisa, o instrutor era um filho de Ares chamado Rocky, que parecia bem amigável até a hora que algum engraçadinho decidiu que seria divertido esconder a espada dele.

Quando o horário acabou eu e Marcus nos separamos, era hora de eu escrever alguma coisa para a minha mãe, fui para o chalé, separei papel e caneta, mas nada vinha à minha cabeça. Gastei metade do tempo tentando decidir o que contar, por fim acabei narrando tudo o que aconteceu comigo depois que nos separamos no museu.

No final perguntei: E você, onde está? Espero que esteja bem.

Lacrei a carta e a deixei sobre a mesa com algumas moedas em cima, esperava que Hermes entendesse a indireta, e fui dar uma volta pelo acampamento para procurar por Linda.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, reviews?



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