The Feather escrita por JunbellWrites


Capítulo 2
Capítulo 2 - Red Flavor of Ignorance


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo aqui, meus amiguinhos. Previsivelmente, eu estou com as coisas corridas aqui, então provavelmente eu não vá poder postar o terceiro capítulo... Mas enfim, espero que tenham gostado ^^



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– Você não pode estar falando sério! – Isoro quase gritava comigo – A garota?

– Sim! Mas eu não tive escolha, ela iria desconfiar se eu a levasse até a casa do zelador...

– Seu tolo – ele me interrompeu -, o que você esperava? Vá, ela já deve ter acordado a essa hora. Eu já vou com vocês, tenho que lavar as mãos.

Eu suspirei. Lucian e Diana eram apenas amigos de Primrose Lidwix, e que queriam protege-la. De mim. Eu não faria mal algum a ela. Eu até entendo o ponto de vista deles, meus olhos frios não são muito amigáveis.

– AAAAAAAHH!!! – um grito veio do quarto ao lado; era onde Primrose estava. Eu corri e abri a porta, encontrando Primrose de pé, suada e confusa, com medo.

Ela olhou pra mim.

– V-você... – ela mal conseguia falar – V-você é o Fagan?

– Sim, sou eu mesmo – eu estendi a mão para ela. Ela estava pálida e gelada, quando a toquei. Precisava de comida e bebida. Talvez houvesse alguma coisa no frigobar de Isoro...

– Obrigada, Fagan – ela disse, comendo um sanduiche de presunto que eu tinha encontrado – Por que eu estou aqui?

– Eu te trouxe aqui – respondi – E precisamos conversar com você.

Ela olhou pra mim, confusa.

– Precisamos? Nós? Quem está com você?

– Ora, ora, ora... Vejam quem acordou! – Isoro entrou no quarto, caminhando em direção á Primrose – Não me reconhece? Sou eu, o zelador Isoro Graça! Tenho notícias pra você, minha jovem...

– Q-quais notícias? – Primrose disse.

– Você tem em suas mãos um grande poder... O de tomar decisões.

– M-mas, que t-tipo de decisões? – Prim, pobre Prim.

– Decisões muito importantes, querida, que irão determinar o futuro, a vida e o dia de muita gente... Você, minha jovem, tem o poder de decidir o que acontecerá a cada aluno, cada professor, cada funcionário deste internato.

Primrose estava realmente muito confusa. Isoro continuou:

– Primrose, você está pronta para a sua primeira decisão?

Ela não respondeu. Ela estava com medo, eu senti. Eu até que a entendia, afinal, eu tive que sequestra-la, não tinha escolha...

– Muito bem, querida. Me dê sua mão... – Primrose estendeu a mão para Isoro – Isso. Agora, feche os seus olhos e durma. Estará tudo bem... Ficará tudo bem...

Prim se deitou na cama, com os olhos fechados.

Isoro pegou duas correntes de ferro e as prendeu nos braços de pernas de Prim. “Ela precisa disso, vai ter convulsões, e não queremos que ela se machuque.” Ela começou a tremer.

– Boa sorte, Primrose – eu disse, e fiquei sentado na cadeira de balanço velha de Isoro ao lado da cama. – Boa sorte...

Eu olhei para Isoro, e ele se sentou no banco encostado na porta do quarto.

Esperamos um pouco, até que ela começou a ter convulsões.

“Faz parte do todo”, Isoro disse. “As viagens para aqueles que não tem poderes, mas são invocados, podem ser dolorosas...”, ele acrescentou. Eu concordei.

Então Primrose adormeceu.

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Tudo era cor. Branca, tons de azul e verde eram destacados. Caminhei através da ponte, não sabendo onde eu estava indo.

Encontrei-me numa sala ampla, com o teto á mais ou menos quinze metros do chão. A sala era branca e iluminada, e as paredes eram como nuvens, esboços divinos eram sua decoração, e quatro cadeiras celestiais desocupadas preenchiam o ambiente.

– Primrose Lidwix – uma voz ecoou, grave e calma, pela sala – Você está prestes para se unir a nós, os Goddelinxs, para tomar sua primeira decisão.

Eu não entendia... Já ouvi falar de decisões... Lembro-me vagamente... Fagan... O zelador...

– O-onde eu estou? – perguntei, minha voz saindo como um sussurro.

– Você está aonde deveria estar, Primrose. As decisões que você irá tomar serão muito importantes. Isoro já lhe explicou isso, creio eu. As decisões são apresentadas por mim e mais três dos nossos. São decisões que irão traçar a linha da vida de cada estudante no seu internato, cada professor, empregado, a vida, o rumo daquele internato. Eu lhe apresento sua primeira decisão, Primrose. Abra a caixa.

Uma caixa preta e pequena apareceu de repente. Seguindo a ordem daquela voz, eu peguei a caixa e a abri. Uma fumaça vermelha saiu da caixa, e eu senti um frio percorrer o meu corpo, que depois se tornou uma sensação confortável e quente, tomando conta do ambiente.

A fumaça que no chão caia se levantou, formando duas bolas de fumaça na minha frente. Duas imagens se formaram: uma mostrava Diana andando pelo corredor, como se fosse uma câmera espiã que a estava filmando. Algumas garotas a encurralaram, e começaram a rir dela. A outra mostrava um menino magro, esquelético, raquítico, sendo espancado por valentões no banheiro. Eu identifiquei o rosto do garoto: Maxwell, o irmão de Lucian!

– O que significa isso? – eu perguntei, confusa.

Eu ouvi a voz suspirar e, com um tom impaciente, porém gentil, me respondeu:

– Você pode salvar Diana dessas garotas, sendo assim Maxwell pode se machucar feio. Mas se você decidir salvar Maxwell, Diana ficará na pior.

Eu pensei. Se eu salvar a minha melhor amiga, Maxwell irá ficar machucado, e Lucian teria que cuidar dele o resto dos dias, ou seja, ele não me incomodaria mais...

Eu senti medo, senti tudo. Não podia ser muito mais do que isso, podia?

– Acho que seus amigos estão precisando de ajuda... – a voz disse, e eu olhei para as imagens... Realmente, Diana estava em apuros: as meninas agora puxavam seus cabelos.

– Mas quem vai salvar Diana? – eu perguntei.

– Isoro irá salva-la. Eu o avisarei.

– Como? – eu perguntei. Sério, isso é impossível.

A voz não retribuiu, me deixando no vácuo.

– E-eu escolho salvar a Diana! – eu disse, por fim.

– Pois bem... Saiba que não existem decisões certas nem erradas, só existem as ruins e as boas.

Eu não fiquei triste depois daquilo, nem senti remorso, nem nada. Minha consciência estava limpa...

Um corvo pousou em cima da caixa. Ele olhou pra mim e depois decolou. Eu olhei para cima e vi... Um bando de corvos, centenas deles, voando sobre mim. Suas penas começaram a cair, e assim como um furacão, elas me cercaram, uma por uma. Fechei os olhos, e eu senti toda a dor da droga voltar, e eu acordei naquele quartinho, Fagan e Isoro olhavam para mim.

Como doía!

Fagan seu filho da mãe...

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– Primrose! Primrose! PRIM!

Acordei gritando no mesmo tom de quem gritava comigo. Eu me virei e Diana estava gritando o meu nome feita louca.

– DIANA! Eu já acordei, sua mula! – eu disse. Ela parou de gritar e sorriu.

– Vamos! É domingo! – ela disse, animada. Eu não estava animada. Fazia uma semana desde aquele dia. Diana, quando me viu naquele dia, estava chorando e correu para mim, me abraçando. Ela me perguntou onde eu estava, e Isoro respondeu por mim, dizendo que eu tinha sido picada por uma abelha, e eu precisava de remédios. Ela acreditou nisso, então sem problemas. Como eu pensei, Lucian passou a semana toda cuidando do irmão dele, que não denunciou os valentões.

Eu vesti a minha camiseta e um jeans surrado, sem muita apresentação, afinal, é domingo.

– Com licença. Obrigado. Ah, perdão, Anna, foi sem querer... – Lucian passava com o irmão dele pelas pessoas. Todo mundo decidiu tomar o café na lanchonete, ou seja: pessoas, gritaria, comida. Mais pessoas, mais gritaria. Mais comida, menos espaço pra respirar. Um caos total.

– Hey! – Diana disse para mim – Lucian! Rápido!

Peguei meu sanduíche de presunto e meu café e fui correndo para a saída. Eu estava me afastando de Lucian, pelo bem da humanidade, então fui lanchar lá fora.

Como sempre desde aquele dia, Fagan estava embaixo da árvore. Daquela árvore.

Eu não fiquei brava com ele, mesmo que ele tenha me sequestrado. Ele sabia que me levar até a casinha do zelador seria estranho, e que eu iria recusar. Ele já tinha me pedido desculpas, então estava tudo bem, exceto pelo fato de que Diana e Lucian ainda me olhavam feio quando eu passava conversando com Fagan. Diana, melhor amiga, e Lucian, meu ex-namorado. Éramos só o casal da turma...

– Olá. – Fagan disse, sorrindo, enquanto eu me aproximava.

– Oi – eu respondi – O que há de novo?

Eu me referia á nossa tartaruga de estimação, a Gonito. Porque Gonito? Quando a encontramos, pensávamos que era macho, e levamos para Isoro, e no caminho inventamos esse nome. Quando Isoro disse que era fêmea, já era tarde demais.

– Ela continua parada, faz meia hora...

– Que notícia mais... Previsível! – eu falei, e nós dois rimos.

Fagan era um menino bonito, eu admito. Seus cabelos castanho- escuro eram longos, na altura do queixo, e a sua franja cobria um pouco da testa. Era todo bagunçado, como um furacão. Seus olhos eram brilhantes, e seu sorriso era reconfortante, de certa forma. E eu procurava não me aventurar nisso. Eu tinha acabado de terminar com Lucian, e não seria certo se eu me apaixonasse por alguém tão cedo...

Ficamos observando e conversando com a nossa Gonito. Conversamos até a hora do almoço, que era ao meio dia e meia nos finais de semana.

Ao chegarmos ao refeitório, nos separamos mais uma vez, para podermos conversar na casa de Isoro á noite.

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– Eu tinha a idade de vocês, e eu ficava a noite toda acordado, pensando em jeitos de sair daquela casa, mas havia câmeras de segurança em cada canto, cada cômodo, até fora da casa... – Isoro tomou mais um pouco do uísque – Eu tive sorte de encontrar o Ronald, ele era um bom amigo... Mas eu era tão imaturo naquela época... Só pensava em mim...

Eu sabia como aquela história terminava, e eu já tinha contado o final para a Prim.

Pensei por um breve momento que Isoro fosse chorar, mas ele era um homem forte, casca grossa.

– Me desculpe... Eu... – Isoro abaixou a cabeça. Prim se levantou e abraçou Isoro.

Ela era tão gentil... Ela me lembrava a minha ex, Caroline. Eu sinto saudades dela ás vezes. Terminamos por causa desse internato.

– Está tudo bem, cara – ela disse – Eu prometo que não vou fazer nenhuma bobagem.

– Bom mesmo, criança... – Isoro se levantou e guardou a bebida.

– Isoro... Como você e Fagan se conheceram? – ela perguntou.

Eu fiquei surpreso. A Prim me olhou curiosa.

– Quanto Fagan era bebê, eu conheci a mãe dele. Nos tornamos grandes amigos, eu e a mãe do moleque. Quando ela adoeceu e morreu, não havia ninguém para cuidar dele.

“Encontramos o testamento dela no porão da casa, e ela disse que queria que eu cuidasse de Fagan, então foi o que eu fiz. Ele morou no meu apartamento durante um ano, e quando não podíamos mais pagar as contas, eu procurei um emprego, e encontrei um como zelador desse internato.

“Fagan saiu da escola dele e se mudou pra cá comigo. E como eu consegui pagar o internato? O primeiro ano foi com a herança de Fagan, e esse ano está sendo com o meu salário... O dinheiro que eu ganho aqui não é muita coisa, mas serve.”

Quando Isoro terminou de falar, Prim e eu nos despedimos de Isoro e fomos embora.

– Então Isoro é como um pai pra você? – ela perguntou no caminho.

– Basicamente. Ele ajudou a minha mãe a me criar, com a ausência do meu pai de verdade.

– O que aconteceu com o seu pai de verdade?

Eu suspirei. Meu pai tinha saído de casa quando eu nasci. Minha mãe disse que ele não queria ter um filho, mas ela não queria abortar. Quando eu nasci, meu pai fugiu de casa.

– Ele era um idiota... Só isso. – Eu disse, pelo próprio bem de Prim.

– Entendo... – ela disse, olhando para o chão enquanto nos dirigíamos para a porta do internato. Ela olhou o relógio, depois sorriu para mim e disse:

– Uma corrida até a porta?

Eu sorri, e ela contou até três.

Um.

Dois.

Três.

– JÁ! – saímos correndo e empurrando um ao outro até a porta.


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