–Nathan? - perguntei

–Que Nathan? - perguntou Sophie, virando-se para vê-lo.

–Aquele que estava tomando chá com Lucy quando chegamos da Terra, logo depois de minha mãe... - me recusei a completar.

–Nathan Brooks. - disse Hanna. - A quanto tempo.

Ele franziu o cenho, olhando para trás.

–Ah, eu sou Nathan. - ele riu, caindo para um lado. - Foi mal, tinha esquecido.

–O que faz aqui? - perguntou Sophie, confusa

–Estão esperando por Deus, não é? - ele perguntou, um tanto entristecido. - Bom, é melhor esperarem sentados.

–Como é? - perguntou Hanna, abismada

–Ele se foi, garota. - ele disse, sentando em uma pedra. - Nojo dos humanos? Do que se tornaram? Medo? Não sei. Só sei que Ele não está aqui e não vai parar Lúcifer e Miguel como vocês imaginavam.

–E como sabe de tudo isso? - perguntou Sophie, curiosa

–Meu nome não é Nathan Brooks e não sou amigo de Lucy. - ele disse, pulando da pedra.- Meu nome é Rafael e sou tetera-tetera-avô de Lucy.

–Tipo, o arcanjo? - perguntou Hanna

–Tipo, eu sou o arcanjo. - ele respondeu.

–Isso explica a luz. - resmunguei

Ele sorriu.

–Eu esperava que Ele viesse, sabe? - ele disse, olhando para cima. - Gabriel esperava que ele nos reunisse de novo, queria que voltássemos a ser uma família. Bebezão. Eu não. Eu queria que o Papai os mandasse para longe. Se Lucy e Mary querem se destruir, que se destruam em Júpiter. Não aqui. Mas Ele não veio. E sobra para nós limpar essa sujeira. Sujeira que ele começou quando permitiu que Lúcifer vivesse.

–Deixa eu adivinhar, você quer que nós os paremos. - falei, estreitando os olhos

–Exatamente.

–Nem morto! - exclamei – Eu não vou me meter nos seus dilemas familiares! Já tenho os meus, cuide dos seus.

–O problema, caro Roman, é que seus dilemas familiares acordam os vizinhos. Os meus dilemas familiares destroem a Terra! Você sabia que eles vão destruir tudo e matar qualquer um que se oponha a eles? E que, não importa quem vencer, vão transformar a Terra em uma coisa que vocês nem vão reconhecer como casa?

Ergui uma sobrancelha.

–Se Miguel vencer, você está morto, Peter. Se Lúcifer vencer, você está morta, Hanna. - ele resumiu. - Não é uma questão de escolha. Vocês vão ter que pará-los.

–Então é isso?! - vociferei, irado. - Passamos por tudo isso para começar o Apocalipse?!

–Não, Peter! - ele vociferou de volta – Passou por tudo isso na esperança de que Deus corrigisse seus erros! Mas agora, que Ele não veio, temos que sobreviver às consequências!

–Eu não vou ser fantoche de Arcanjo. - contestei

–Você não fará isso por mim! - ele gritou. - Fará isso pelos humanos, fará isso pela sua casa!

–Tá tudo errado, tá tudo errado... - resmunguei. - Era pra Ele ter voltado... Você sabia disso, não é? Sabia que Ele não voltaria!

–Não, não sabia! Como você acha que eu estou me sentindo, hein? Meu pai, o ser que mais amei por toda a minha vida, quando finalmente achei que irei revê-lo, ele se esvai mais uma vez! Como você acha que estou me sentindo? Eu estou aqui para consertar as coisas, Peter!

Ele suspirou, acalmando seus ânimos.

–Peter, juntos, eu, você, Hanna, Sophie... - ele continuou. - Podemos acabar com isso. Você é um escolhido. Você tem o poder de impedi-los. É o seu destino. Talvez se, deixarmos tudo livre, arrumamos essa bagunça, Papai retorne. Se obtivermos sucesso, a Terra nunca terá tanta vida e paz correndo em sua atmosfera. Mas se falharmos... Nenhuma pedra permanecerá sobre pedra. Não sobrará vida na Terra.

Então, ele olhou para um bando de nuvens cinzentas se aproximando do Monte.

–Vem tempestade chegando, garotos. - ele disse.

E com um suspiro, terminou:

–E temos de estar preparados para quando ela chegar.