The Last Taste - Season 1 escrita por Henry Petrov


Capítulo 34
The Naked Truth


Notas iniciais do capítulo

OI POVÃO LINDAUM
Oi. Fazem alguns dias apenas e cá estou eu. Trazendo um novo capítulo de The Last Taste pra vocês. Esse capítulo é bem coloquial e passageiro, é cheio de revelações que serão melhor explicadas nos outros capítulos. Enfim, era só isso. Boa Leitura (:



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–Repete, por favor? - pedi

Ela suspirou, como se doesse repetir.

–Amber. Ela é sua irmã.

–Bella, acho que tem algo muito errado. - comecei. - Meus pais com certeza nunca fizeram sexo com qualquer pessoa que não fosse...

Fui interrompido. Na verdade, minha consciência me interrompeu.

Junho de 2004. Dia do meu aniversário. Uma reação química mal controlada causou o cancelamento das provas finais na escola. Obviamente, fui para casa. Com 8 anos recém feitos, o certo era ir para casa. Certo?

Errado. Um erro. Terrivel.

Eu mal pude ouvir meus próprios passos quando entrei na casa. Nem mesmo a porta se fechando. Gritos esganiçados vinham do segundo andar, abafando todo e qualquer som que ocorresse no andar de baixo. Corri para cima, apavorado. Outro erro.

–Mãe! Mãe! - gritei, subindo as escadas o mais rápido possível.

Com 8 anos, eu era retardado e não sabia o que era coordenação motora. Caí enquanto tentava subir um degrau invisível, quando a escada já tinha acabado. Saí deslizando pelo corredor e corri para o quarto dos meus pais.

–Mãe! - gritei, quando cheguei ao quarto.

Recuei com o choque da imagem. Minha mãe estava nua, sentada no colo de um rapaz de cabelos pretos. Os gritinhos não eram de dor. Eram de prazer.

Minha mãe estava concentrada demais para ouvir meus gritos ou me ver à porta, mas o seu companheiro viu. Ele soltou um palavrão e levantou o mais rápido possível.

–Gen! - ele exclamou, olhando para mim, apavorado.

Virei o rosto, com nojo.

–Peter! - minha mãe exclamou, enquanto pulava da cama para o chão, atrás de suas roupas.

O rapaz tapou suas “intimidades” com sua calça jeans.

–Acho melhor eu... - ele disse, engolindo seco. - Ir.

Dirigi-lhe um olhar fuzilante, agora que ele estava quase decente. Ele passou por mim, um tanto assustado e com medo de eu dar um piti. Eu comecei a chorar, mas não ousei esconder o rosto ou limpar as lágrimas. Eu queria causar o maior desconforto possível.

Minha mãe, já vestida, encarou o chão com os braços cruzados por alguns instantes. Com 8 anos, eu não entendia o que tinha acontecido. Minha mãe parecia procurar as palavras certas para explicar.

–Peter eu... - ela começou

–Mãe como a senhora...? - peguntei, angustiado, em meio a soluços e lágrimas. - A senhora estava...?

Eu nem sabia do que chamar.

–Isso é um pesadelo! - gritei, escorregando na parede até o chão.

Afundei meu rosto em meus joelhos, chorando alto.

–Oh, meu filho... - ela se aproximou, para me consolar

–Sai de perto de mim! - gritei, me arrastando para outro canto da parede. - Eu te odeio!

–Peter, não diga isso! - ela tentou parecer autoritária, mas tudo que conseguiu foi soar magoada. - Aquilo que você viu... Ah... É... É muito comum! Várias pessoas fazem isso!

Ela se agachou e acariciou meu joelho, dando um sorriso consolador.

–Pra quê?

Ela mordeu o lábio.

–Porque se amam.

Como ela se arrependeu de ter dito isso...

–Você ama aquele cara?! - voltei a gritar, ficando de pé. - E o papai?!

Ela levantou e voltou a abrir a boca, sem saber o que dizer. Não havia o que dizer.

–Eu nunca vou me esquecer disso. Nunca.

Agora, eu me sentia mais irritado do que triste. Sai do quarto, mas antes, olhei para trás uma última vez.

–Eu tenho nojo de você.

Então, continuei meu caminho.

Bella ainda me observava juntar as peças. Ela parecia preocupada.

–Minha mãe? E um outro cara? - disse, sem acreditari

Respirei fundo e perguntei:

–Uma filha?

Bella assentiu, apreensiva.

–Amber Jones. - confirmou ela. - Ela é linda, sabe? Como um anjinho.

Encarei Bella, incrédulo com seu comentário desnecessário. Ela deu de ombros.

–Não lembro da gravidez da minha mãe. - falei, forçando a memória.

–Nem tente. Não pode lembrar de algo que não viu.

Ergui uma sobrancelha, esperando a explicação. Ela revirou os olhos.

–Onde você estava de agosto de 2004 a julho de 2005?

–Em casa. Na escola. - dei de ombros.

–Tente de novo.

Forcei a memória. Veio fácil, foi só pensar um pouco.

–Nova York. - lembrei finalmente. - Meu pai me levou a Nova York para visitar uns tios e me deixou para estudar em uma escola especial.

–Cerca de 11 meses. - comentou Bella. - O bastante para uma gravidez, um parto e um início de recuperação.

–Está me dizendo que minha mãe ficou grávida e meu pai esteve do lado dela por 9 meses esperando uma filha que não era dele? - perguntei rapidamente

–Exatamente. Mas ele sabia que era de outro. - respondeu ela.

–E como...? - eu não tinha palavras. - Por quê...?

–O que você queria que ele fizesse? - perguntou ela, erguendo a voz. - Jogasse sua esposa, mãe de seu filho, grávida na rua? Não. Além de estar lá durante a gestação e o parto, ele mesmo cuidou dos papéis da adoção.

–Ela é adotada? Como você quer que eu diga isso pra uma criança de 5 anos? - perguntei, com as mãos sobre a mesa

–Primeiro, aprenda matemática, ela tem 11. Segundo, ela ainda está no orfanato. Eu a vi com algumas enfermeiras. - ela disse, com uma naturalidade horrível.

–Ela é um...? - tentei perguntar.

Bella franziu o cenho.

–Como eu? - perguntei finalmente.

–Ah, aí eu não sei. - disse ela. - Depende de quem vem o Poder. Qual dos dois é Roman? Seu pai ou sua mãe?

–Vai saber. - dei de ombros.

–Provavelmente, ela é humana. - deduziu Bella, olhando para o lado por alguns segundos. - Ou então seria impossível quebrar o selo.

–Afinal, por que ela? - perguntei, entrelaçando os dedos sobre a mesa. - O que ela tem de tão importante para que seja um selo a ser quebrado?

Ela suspirou, como se dissesse “essa é a pior parte”.

–Partindo da ideia que ela seja humana, - ela começou, pondo os cotovelos sobre a mesa. - sua alma é pura humanidade. Pura.

–”Águas puras”. - citei.

Ela assentiu.

–Você consegue Peter. - disse ela, me fitando com seus olhos castanhos. - Pense. Como você a corromperia?

Forcei meu raciocínio. Amber era pura. Eu deveria torná-la impura. Impureza. Mal. Poder.

–Devo torná-la um demônio.

Bella assentiu.

–Não pode ser! - exclamei, levantando da cadeira. - É impossível!

–É difícil. Não impossível. - retrucou Bella, me encarando da cadeira.

Fiquei andando de um lado para o outro, apreensivo, feito uma galinha.

–Tem que ser ela? - perguntei. - Que tal um jogador de futebol imbecil? Hein?!

–Vai ser difícil transformar Amber. - disse Bella. - Multiplique isso por mil e não estará nem perto da dificuldade que será transformar outra pessoa.

–Por quê? O que faz dela tão especial? - perguntei, respirando fundo para me acalmar.

–Vocês dividem o mesmo sangue. Pelo menos metade. - respondeu ela, levantando também. - É uma conexão direta à Humanidade dela. Você vai plantar uma gotinha do seu Poder nela e fazer com que ele se alastre pela sua alma como um vírus contagioso.

Cocei meu pescoço, impaciente.

–Vai dar certo. - ela disse.

Bella tomou minha mão e a segurou, tentando transparecer confiança. Ela me olhou no fundo dos meus olhos, como se lesse cada pensamento da minha alma. Ela tomou meu queixo em suas mãos. Bella sorriu e coçou meu cabelo.

–Vai ficar tudo bem.

Ela sorriu. Nossos olhos estavam, de alguma maneira, ligados e presos um ao olhar do outro. Seu sorriso e o calor de sua mão em minha nuca eram intensos. Ela se aproximou mais. Seus lábios se partiram e seus olhos se fecharam. Seu lábio tocou o meu.

–O que você está fazendo?

Ela recuou, assustada. Ela olhou para o chão, um tanto irritada.

–Nada. - ela disse, dando um sorriso rápido.

Então, ela se apressou para sair do depósito. Ignorei sua tentativa de sedução. Bella era, acima de tudo, uma das únicas que ainda acreditava que no fundo, eu era bom. Era de se esperar que ela não desistisse de mim fácil.

Mas não tinha problema ela ter ido embora. Eu já sabia o que fazer.

–Você tem que parar com isso.

Meu pai não estava com um pingo de saco para ouvir meu discurso “é complicado”> Era de se esperar que ele não se importasse comigo desaparecendo depois do que acontecera antes.

–Eu sei, mas é porque é...

–Complicado. - ele completou, enquanto podava o jardim da mamãe. - Por que você não desaparece de novo e descomplica tudo de uma vez por todas antes?

Não respondi. Passei os momentos seguintes tentando entender o que ele queria dizer com “desaparecer”. Sacudi a cabeça, tentando expulsar maus pensamentos.

–Pai, eu realmente preciso falar com o senhor sobre uma coisa séria. - falei, com um tom autoritário.

Ele se levantou para me encarar.

–E antiga. - completei.

Ele revirou os olhos e começou a tirar as luvas de jardinagem.

–Você sabe sobre a Amber, suponho.

Assenti, cruzando os braços.

–Pai, quem de vocês tem sangue Roman? - perguntei, apreensivo. - O senhor ou a mamãe?

Ele estreitou os olhos.

–Que tipo de pergunta é essa, Peter? - ele perguntou

–Porque se a mamãe for Roman, herdeira dos Roman, isso significa que a Amber é... - não tive coragem de completar.

Ele parecia um tanto preocupado agora.

–Um demônio? - ele completou

Franzi o cenho, confuso.

–O senhor sabe? - perguntei, impressionado.

Ele deu um riso leve e assentiu.

–Desde quando?

–Desde antes de você, só pra deixar bem claro. - ele dirigiu-se a saída da estufa.

Segui-o, querendo mais respostas.

–Venha, quero lhe mostrar uma coisa.

Saímos da estufa e fomos em direção ao carro de meu pai. O jardim ficava no quintal da mansão e a estufa ficava logo no centro, onde ficavam as plantas mais estimadas de minha mãe. Agora, era um lugar um tanto sem sentido, pois não havia mãe ou casa para torná-las importantes. Eram só os restos do que um dia fora onde eu e minha família moramos por cerca de quinze anos.

–Qual a história? O que disseram sobre a casa? - perguntei, observando os destroços.

Não sobrara quase nada. Parecia que tinham tacado mais fogo para que parecesse mais destruída, como se quisessem dar uma desculpa mais exagerada.

–Vazamento de gás durante uma festa mal supervisionada. Quase fui preso por isso. - falou meu pai, procurando coisas no porta-mala do carro. - Disseram a mesma coisa da casa de Bella. O que é um problema falso, uma onda de vazamentos de gás.

Ri de leve. Era um tanto engraçado observar as pessoas procurando respostas para coisas que não entendiam. Na verdade, te faz sentir especial quando você sabe de uma coisa que poucos sabem, como um segredo.

Finalmente, meu pai encontrou o que procurava.

–Era para termos voltado.

Franzi o cenho. Ele me entregou um livro rosa, todo empoeirado, com o nome “Mark” estampado na capa.

–O seu álbum antigo? - perguntei. - O que isso tem a ver?

–Lembra o que dizíamos quando você queira vê-lo? - perguntou ele, olhando para o livro, compadecido.

–Que eram suas, antigas e quase impossíveis de se ver. - lembrei, tirando a poeira. - Era o único álbum que nunca abríamos durante os aniversários, natais e coisas do tipo.

Ele me encarou um pouco. Abri o álbum.

Não eram fotos antigas, velhas, sujas, impossíveis de se ver ou tampouco fotos do meu pai. Eram minhas. Eu brincando em um campo esverdeando, pulando sobre uma cama, eu posando para uma foto sentado em um muro, observando um lago que se erguia atrás de mim. Continuei a passar as folhas. Eram tantos lugares, tantas fotos. Todas minhas. Porém, a última era diferente.

Eu estava com uma família. Havia uma mulher, com um longo vestido branco, cabelos repicados, olhos azuis, um colar de sol e um sorriso lindo. Ao seu lado, um homem de longos cabelos ruivos, usando uma armadura, com ombros de ferro, um peitoral dourado e uma calça feita da malha de aço. A mão da mulher repousava no ombro de uma menina de cabelos ondulados e escuros, com os olhos mais bonitos que eu já vira. Ao seu lado, estava eu, com meus cabelos lisos e louros caindo em meus olhos e uma blusa vermelha, com a mão nos bolsos e um sorriso tão bonito quanto o de uma criança de 4 anos, que era mais ou menos minha idade nas fotos. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia me lembrar daquelas fotos. Bom, faziam mais 14 anos que aquilo tinha acontecido.

–Quem são? - perguntei

–Rainha Miranda, Rei Duncan e sua filha...

Ele hesitou, forçando a memória.

–Sophie.

Olhei para ele assustado.

–Isso mesmo.

Ele olhou para a foto uma última vez.

–Sophie Hough.


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Notas finais do capítulo

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